A polêmica história sobre as escutas telefônicas instaladas pelo extinto tabloide londrino News of The Worldganha mais uma página. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu que a News Corp e a 21st Century Fox [as duas empresas resultantes da divisão do grupo News Corporation] não vão enfrentar quaisquer acusações formais para responder por seus atos.
Em 2006, descobriu-se que o News of the World [que pertencia à News Corporation, do magnata Rupert Murdoch] passou anos monitorando ilegalmente cerca de quatro mil pessoas, inclusive celebridades e políticos, a fim de conseguir informações para reportagens sensacionalistas. O caso ganhou grande repercussão nacional e internacional em 2011, quando se descobriu que dentre as vítimas das escutas estava uma adolescente desaparecida – a qual foi encontrada morta posteriormente. Por conta dos escândalos, o tabloide foi fechado em julho daquele ano.
Também em 2011, o FBI entrou na investigação para averiguar as denúncias de que funcionários do News of the World haviam invadido os registros telefônicos de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. A investigação examinou, ainda, alegações de tentativa de suborno de funcionários públicos em Londres, a qual violava uma lei americana contra práticas de corrupção no exterior.
De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, não há provas suficientes para condenar a News Corporation; no entanto, caso surjam novas informações ou provas, o inquérito pode ser reaberto.
Maratona de julgamentos
A decisão de não processar a News Corp ocorre meses após uma verdadeira maratona de julgamentos que resultou na absolvição de Rebekah Brooks, ex-diretora-executiva da divisão britânica do grupo e ex-editora-executiva do News of the World, e na condenação de Andy Coulson, que também foi editor-executivo do tabloide,e de mais quatro funcionários da companhia: Greg Miskiw, Neville Thurlbeck, James Weatherup e Ian Edmondson. Um sexto ex-funcionário do News of the World, o repórter Dan Evans, também se declarou culpado.
Onze jornalistas do tabloide The Sun [também parte da News Corporation] chegaram a ser julgados por grampos; quatro foram inocentados e cinco ainda enfrentarão novas sessões nos tribunais. Apenas um foi considerado culpado até agora, sendo condenado por grampear celulares.
Condenação improvável
De acordo com especialistas, era mesmo improvável que a News Corp enfrentasse uma investigação nos EUA, a menos que pudesse ser provado que seus funcionários grampearam telefones estando em território americano.
O advogado norte-americano Norman Siegel – que representou familiares das vítimas do 11 de setembro que tiveram seus telefones grampeados – declarou-se surpreso com a absolvição da empresa. Ele pretende apelar à Procuradoria Geral para que o inquérito não seja encerrado.
Gerson Zweifach, advogado da News Corp e da 21st Century Fox, disse que o grupo sente-se grato pela conclusão do assunto e que “reconhece a justiça e profissionalismo do Departamento de Justiça americano ao longo da investigação”.