Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Profissionais de imprensa são alvo de censura nas redes sociais

Com a popularização das redes sociais, jornalistas e organizações de notícias vêm ampliando o uso de sites como o Facebook e o Twitter para levar conteúdo seu público. Por outro lado, os casos de censura de conteúdo noticioso nestas mesmas redes são cada vez mais frequentes. Países como Turquia, Rússia e Irã estão entre os que já tentaram encontrar formas para controlar e impedir que conteúdo considerado prejudicial fosse postado na internet.

Em janeiro, jornalistas turcos foram notificados pelo Twitter que uma corte do país havia expedido um mandado ordenando que seus tuítes fossem removidos após um juiz ter reclamado que eles eram difamatórios. No caso, os tuítes envolviam notícias sobre policiais que trabalhavam numa investigação por escuta telefônica que o próprio juiz tinha aprovado.

Aysun Yaz?c?, repórter que cobre o sistema judiciário para o jornal Taraf, deletou sua mensagem após receber o email do Twitter. “Como correspondente, eu apenas compartilhei uma notícia que era verdadeira com os meus seguidores. Compartilhar esse tipo de notícia faz parte do meu trabalho”, afirma.

Já Dicle Ba?türk, editora de política do Taraf, não apagou o mensagem, apesar de também ter recebido o email do Twitter. Dias depois, ela recebeu outro email do Twitter avisando que a companhia teria que remover o conteúdo.

Casos como esses, em que redes sociais são obrigadas a retirar conteúdo por causa de ordens judiciais, são comuns na Turquia. Recentemente, o Facebook removeu imagens do profeta Maomé cumprindo uma ordem judicial turca.

Grupos de defesa da liberdade de expressão já criticaram o Twitter e o Facebook por obedecerem ordens judiciais e removerem conteúdo em países onde não têm escritórios. De acordo com eles, muitas vezes as mensagens postadas por repórteres e usuários nessas redes sociais são importantes fontes de informação em países onde a informação é restrita. Um exemplo é o caso das eleições presidenciais no Irã, em 2009, quando veículos de comunicação estrangeiros se basearam em informações compartilhadas por usuários no Twitter.

Liberdade em declínio

De acordo com Adrian Shahbaz, pesquisador da organização americana Freedom House, nos últimos anos ocorreram diversos casos de veículos de comunicação que foram proibidos de reportar em países como Israel, Brasil e Reino Unido por causa de ordens judiciais. Estes tipo de proibição, porém, torna-se mais complicada quando se trata da internet. “Agora os governos estão procurando criar novas leis e, em certos casos, impor leis que no passado eram aplicadas apenas para a mídia impressa. A liberdade na internet está em declínio, e a liberdade das pessoas se expressarem nas redes sociais, também”, afirma Shahbaz.

Mesmo quando os jornalistas não são os alvos diretos da censura nas redes sociais, ela pode atingir suas fontes. Em 2014, na Rússia e na Turquia, contas do Twitter que vazaram documentos confidenciais foram bloqueadas pela empresa após ordens judiciais.

Google, Facebook e Twitter publicam relatórios bianuais em que listam os pedidos de remoção de conteúdo vindos de governos. Porém, não é especificado nesses relatórios quantos desses pedidos são relacionados a jornalistas e veículos de comunicação.