Saturday, 04 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Dois jornalistas franceses assassinados no Mali

Dois jornalistas franceses foram mortos no norte do Mali, no sábado (2/11). A repórter Ghislaine Dupont e o engenheiro de som Claude Verlon, da rede estatal Radio France Internationale (RFI), estavam na cidade de Kidal, onde haviam entrevistado Ambery Ag Rissa, líder do grupo separatista tuaregue Movimento Nacional pela Liberação de Azawad (MNLA). Os dois foram sequestrados por homens armados ao sair da casa de Rissa. Eles já haviam estado na cidade para reportar o primeiro turno das eleições presidenciais, em julho.

Kidal sofreu uma intervenção liderada pela França em janeiro deste ano para retirar militantes ligados à al-Qaeda que haviam tomado controle da parte norte do país. Tropas francesas continuam no Mali junto com forças de paz da ONU para “proteger os civis sob ameaça iminente de violência física”. Em uma declaração emitida no domingo (3/11), o Conselho de Segurança da ONU condenou os assassinatos e fez um apelo para que as autoridades do Mali investiguem o caso e punam os responsáveis.

Ghislaine Dupont, de 57 anos, cobria a África para a RFI há mais de 25 anos. Ela esteve nas guerras civis em Angola, Serra Leoa e no Congo, de onde foi expulsa em 2006 em retaliação a seu trabalho. Em setembro, ela havia sido promovida ao conselho editorial da estação. Verlon, de 55 anos, trabalhava na RFI desde 1982, acompanhando a cobertura em países como Líbano, Iraque e Afeganistão.

Crime duplo

Eles são os primeiros jornalistas mortos no Mali por aparente ligação com seu trabalho desde que o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) começou a listar este tipo de crime, em 1992. “O CPJ está chocado e triste com os assassinatos de Ghislaine Dupont e Claude Verlon, que dedicaram suas vidas a informar o mundo sobre países e regiões voláteis do mundo”, afirmou Mohamed Keita, coordenador da organização na África. “É ainda mais dolorido ter que adicionar o Mali à nossa lista de países onde jornalistas foram mortos por fazer seu trabalho”.

Em uma coletiva de imprensa, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou acreditar que os assassinatos teriam sido cometidos por terroristas com ligação com a al-Qaeda. Os corpos dos jornalistas foram encontrados a cerca de 15 quilômetros da cidade. “Um crime contra jornalistas é um crime duplo – é um crime contra pessoas que foram friamente assassinadas em circunstâncias abomináveis, mas também é um crime contra a liberdade de se informar e de informar”, declarou o ministro. Segundo a RFI, investigações estão sendo conduzidas em Mali e na França, e suspeitos já foram detidos.