Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Metro entra na disputa por distribuição vespertina

O presidente e executivo-chefe do grupo sueco Metro International, Pelle Tornberg, pode ser considerado o rei da indústria dos jornais gratuitos – que, por sua vez, apresenta crescimento acelerado. Há onze anos, ele lançou a primeira edição do Metro e, desde então, viu sua tiragem global diária atingir 18,5 milhões de cópias, com 59 edições em 18 idiomas publicadas em 86 cidades de 19 países.

Agora, Tornberg está disposto a garantir um dos mercados mais notáveis do Metro: Londres. O diário está com o monopólio de distribuição no metrô londrino ameaçado. No ano passado, o Office of Fair Trading (OFT), órgão antitruste do Reino Unido, determinou que o direito exclusivo da Associated Newspapers, que publica o Metro em Londres, sobre o metrô londrino era contrário ao interesse público. Em um acordo com a OFT em fevereiro deste ano, a Associated conseguiu manter o monopólio de jornais gratuitos matutinos, mas o período da tarde está aberto para outros diários.

Na semana passada, Tornberg e a Associated Newspapers mostraram interesse em fazer uma oferta para ocupar também o espaço da tarde no metrô. E o News International – braço britânico de jornais do império de mídia de Rupert Murdoch, não quer ficar de fora e também deve entrar na disputa.

Projeto duvidoso

Em 1995, o projeto de depender exclusivamente de lucros de anúncios para financiar um jornal não era considerado algo provável – até o próprio Tornberg estava cético em relação ao sucesso de um diário gratuito. Ele trabalhava, na época, no grupo sueco Kinnevik Media. ‘Na verdade, eu recomendei ao conselho que nós deveríamos rejeitar a idéia. Foi realmente estúpido, porque eu estava apresentando um projeto e ao mesmo tempo achava que tínhamos muitos outros mais convenientes. Felizmente, eles rejeitaram minha proposta’, relembra.

Cerca de 74% dos leitores do Metro têm menos de 50 anos – o público mais atrativo para os anunciantes. ‘Quando começamos na Suécia, as pessoas afirmaram que, na melhor das hipóteses, era um jornal para imigrantes, crianças de escola e ladrões’, conta Tornberg. ‘Mas o perfil de nossos leitores e anunciantes não coincide com esta idéia em nenhum dos países que operamos’.

Resistência parisiense, sucesso londrino

‘Quando lançamos a edição de Paris, em 2002, enfrentamos muita resistência das editoras. Tivemos três caminhões destruídos, cópias jogadas no rio Sena e distribuidores atacados. Fiquei muito feliz quando conseguimos lucrar, no ano passado’, afirma ele. Já em Londres o panorama é outro. ‘Londres é a melhor cidade para jornais do mundo. Ninguém nunca teve sucesso em fazer um jornal gratuito à tarde funcionar, mas há espaço para mais competidores’, conclui. Informações de Mark Kleinman [The Sunday Times, 16/4/06].