Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O custo do escândalo na BBC

A BBC pagou a seu ex-diretor-geral, George Entwistle, US$ 772 mil (cerca de R$ 1,6 milhão) após menos de dois meses no cargo, porque essa era a única maneira viável de o fazer sair da empresa na esteira do escândalo envolvendo o apresentador Jimmy Savile, disse na terça-feira (27/11) lorde Chris Patten, presidente da BBC Trust, conselho que representa os contribuintes que financiam a rede pública britânica.

Entwistle renunciou este mês, muito criticado pela cobertura feita pela emissora do escândalo de pedofilia que implicou uma das maiores estrelas da BBC e levantou questionamentos sobre suas opiniões de jornalismo. Lorde Patten disse à Comissão de Cultura, Mídia e Esporte do Parlamento, que investiga o escândalo, que o pagamento do salário referente a um ano de serviço foi “uma grande quantia de dinheiro”, mas os advogados da emissora aconselharam que fazer um acordo com Entwistle sairia mais barato do que demiti-lo. “Não tínhamos argumentos para demiti-lo”, disse Patten. “Podíamos aceitar um acordo consensual de 12 meses ou a situação evoluiria e nos encontraríamos com o quadro de uma demissão litigiosa ou uma demissão injusta.”

O ex-diretor-geral perdeu a credibilidade depois de não ter conseguido dar uma explicação convincente para a decisão do telejornal Newsnight, o principal da BBC, de engavetar uma investigação sobre o caso Savile. O mesmo programa também acusou equivocadamente o ex-tesoureiro do Partido Conservador, lorde Alistair McAlpine, de estar envolvido no escândalo.

A questão do Newsnight está sujeita a uma investigação independente que deverá terminar no mês que vem, segundo Patten. Ele disse que, apesar de seus problemas, a BBC ainda representa televisão de qualidade. “Quem disser que a BBC é uma porcaria, deveria ser obrigado a assistir por uma semana à TV italiana, francesa ou americana”, disse.

A BBC nomeou recentemente Tony Hall, ex-chefe da divisão de jornalismo da emissora, para o cargo de diretor-geral. Informações de Robert Barr [Huffington Post, 28/11/12].

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