Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mídias tradicionais rendem-se aos podcasts

Você já ouviu falar em podcasting? As grandes empresas de rádio já, e algumas das mais importantes estão correndo para adaptar sua programação a ele. O objetivo delas é conquistar a atenção e a fidelidade de jovens ouvintes, cada vez mais antenados com as mais novas tecnologias; o risco que correm é o de gastar tempo e dinheiro em uma tecnologia que pode nunca se tornar de massa.

Podcasts são programas de áudio disponíveis para download em computadores e aparelhos de MP3 portáteis, como o iPod, da Apple. O primeiro podcast (junção de iPod com ‘broadcast’, que em inglês significa transmissão de rádio ou TV) surgiu há mais de um ano, pelas mãos de Adam Curry, ex-VJ da MTV americana, e o programador Dave Winer. Eles colocaram na rede um programa de áudio que ficava disponível para ser baixado e ouvido quando o internauta quisesse.

Para os ouvintes, a vantagem do podcast é a conveniência. Os programas favoritos ficam disponíveis para download automaticamente da internet, normalmente de graça. Os ouvintes podem ouvi-los quando e onde quiserem, se tiverem um tocador de MP3.

Lições do passado

Como outras novas tecnologias, o podcasting pode não ser tão bem recebido pelo grande público ou não se tornar um modelo de negócios rentável. Mas a indústria de mídia está determinada a evitar a repetição de experiências anteriores de empresas que demoravam a lidar com as novas tecnologias. Nas lições do passado, estão o Napster e o sistema de rádio por satélite, que prejudicaram a venda de CDs e as estações de rádio convencionais.

Um dos problemas para as companhias de mídia em oferecer podcasting é a ameaça de boicote aos veículos tradicionais: pessoas que estão ouvindo a podcasts nos seus tocadores de MP3 podem fazê-lo em qualquer lugar, e não necessariamente ficam sentadas em frente à televisão ou escutando a uma emissora de rádio tradicional. ‘Eu não escuto mais ao rádio quando dirijo’, declarou o universitário de Salt Lake City Tim Brown, que usa um aparelho portátil para tocar podcasts em seu carro.

Na recente conferência Digital Hollywood, em Los Angeles, foi discutido o ‘clipcasting’ ou podcasts enviados para celulares. Há ainda muitos obstáculos a esclarecer antes dos podcasts tornarem-se comuns em todo lugar. Apenas 15% das casas americanas têm um tocador portátil de MP3, de acordo com a Associação de Consumidores de Eletrônicos dos EUA.

Investimento e redefinição

Poucas empresas estão fazendo mais do que a Clear Channel, maior rede de rádio dos EUA. Ela oferece a programação de mais de 40 emissoras diferentes no formato de podcasts. Uma outra parte da empresa, Premiere Radio Networks, está experimentando oferecer podcasts pagos de programas populares.

Diante das novas tecnologias, emissoras de rádio tentam redefinir-se. ‘Nós não estamos limitados a uma única plataforma de distribuição’, afirma John Hogan, chefe de rádio da Clear Channnel. Outro executivo da empresa, Evan Harrison, afirma receber retornos diários de pessoas de diversos países, inclusive do Brasil. ‘Se colocamos à disposição os melhores programas de nossa programação, vamos fazer com que nossa audiência cresça’, diz ele.

Além de atrair mais audiência, os podcasts podem atrair mais anunciantes. Como primeira experiência de publicidade gratuita, os podcasts da Clear Channel incluem um anúncio de 15 segundos antes do programa – tempo curto o suficiente para que as pessoas não pulem nem se chateiem com a propaganda, acredita Harrison. Informações de Sarah McBride e Nick Wingfield [The Wall Street Journal, 10/10/05].