A curva de crescimento das vendas de e-books no Brasil, no primeiro ano de atuação dos grandes players internacionais (Amazon, Apple, Google, Kobo), é maior do que a curva de crescimento no mercado dos Estados Unidos na mesma situação.
Lá, em 2008, ano seguinte ao ingresso do Kindle no mercado, a venda de e-books representava 1,17% do total do mercado editorial no segmento “trade” (obras gerais, que não incluem didáticos, religiosos ou técnicos).
Em uma projeção para 2013 – dados oficiais devem ser divulgados em agosto, alguns dias antes da Bienal Internacional do Livro em São Paulo – os e-books devem chegar a 2,5% do total do faturamento do segmento no mercado editorial brasileiro.
A projeção é da edição mais recente do Global E-book Report, relatório publicado periodicamente pela empresa de consultoria alemã Rüdiger Wischenbart (RW).
O CEO do site especializado no mercado editorial Publish News, Carlo Carrenho, autor do capítulo do relatório que trata do Brasil, sinaliza na direção de um 2014 otimista para o mercado de livros digitais no País.
“A estimativa é de que a Amazon já ocupe 30% do mercado brasileiro, junto com a Apple, também com 30%”, projeta Carrenho. “Google e Saraiva dividem a segunda posição com 15%, em seguida vem a Kobo, com 5% e outros players menores, também com 5%.”
Compras do governo
Uma das explicações para essa divisão – não tão comum nos outros mercados, especialmente no americano e europeu – é a alta difusão de tablets e smartphones no Brasil nos últimos meses: de acordo com dados da IDC, 7,9 milhões de tablets e 35 milhões de smartphones foram vendidos no Brasil em 2013.
A questão é que a Amazon vai começar, nos próximos meses, a vender livros físicos e outros bens materiais pelo site. Desde fevereiro de 2014, a empresa utiliza um esquema de logística próprio para importar os Kindles. Agora, já com contratos assinados com as principais editoras do País, a operação física da Amazon deve preocupar especialmente as livrarias mais tradicionais, de acordo com Carrenho.
“As vendas de livros físicos devem ajudar muito a venda de livros digitais da Amazon, mas também deve causar problemas para as livrarias tradicionais”, afirma.
Outro fator que deve jogar os números de vendas de livros digitais para cima nos próximos meses é a previsão de aprovação das modificações na Lei 10.753/2010, que institui a Política Nacional do Livro. Uma das propostas é incluir “equipamentos cuja função exclusiva ou primordial seja a leitura de textos em formato digital” na lista de isenções da Lei, que isenta livros físicos.
Se essa modificação for aprovada, o preço dos leitores digitais (E-readers) deve cair vertiginosamente, porque os impostos que incidem sobre importações de aparelhos eletrônicos podem chegar a 60% do valor total, de acordo com o relatório da RW. Outro bom sinal para o mercado.
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para 2015, que prevê a aquisição de mais de 80 milhões de livros, também incluiu obras digitais na sua seleção. Conforme o relatório da RW, essa e outras compras do governo somam mais de 25% da receita dos editores. Sem dúvida, uma boa previsão.
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Guilherme Sobota, do Estado de S.Paulo