Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jorge Cecílio

JB PREMIADO

“JB premiado”, copyright Jornal do Brasil, 14/08/02

“O Jornal do Brasil foi agraciado ontem com o I Prêmio Ricardo Bueno de Jornalismo Econômico

O Jornal do Brasil foi agraciado ontem, pelo Conselho Regional de Economia do Rio, com o I Prêmio Ricardo Bueno de Jornalismo Econômico, pela reportagem Bancos têm lucro recorde no Real. Publicada em novembro do ano passado, foi produzida pela editora de Economia, Sônia Araripe, e pelas repórteres Vera Batista e Katia Luane e mostrou que o setor financeiro foi o que mais se beneficiou dos oito anos de governo Fernando Henrique. O prêmio, entregue pelo economista Paulo Passarinho, foi criado em homenagem ao jornalista e economista Ricardo Bueno, falecido em 99.”

 

INTERNET

“Brasileiro fica mais tempo ligado à internet”, copyright O Estado de S. Paulo, 3/08/02

“Mais uma vez a internet brasileira bateu um recorde: em julho, os internautas passaram mais de 10 horas conectados à web a partir de computadores residenciais, tempo 27% maior que o período médio de navegação registrado no mesmo mês de 2001. A nova marca equivale ao tempo que os europeus gastam acessando a internet.

A média de navegação de 10 horas e 22 minutos no País foi registrada em julho pelo Ibope eRatings e puxada, sobretudo, pelo aumento no número de acessos em banda larga. ?Com o acesso em banda larga, que cresceu muito no último ano, o tempo de navegação sobe bastante?, diz o analista de internet do instituto, Alexandre Magalhães.

Em junho, o número de usuários únicos que acessaram a internet em banda larga foi de 1,580 milhão, ante os 575 mil acessos no mesmo período de 2001. ?Como há tendência de crescimento no número de usuários de banda larga, é muito provável que o tempo de navegação também continue crescendo?, diz Magalhães.

As férias escolares também podem ter influenciado no tempo de navegação. ?De fato, o público da internet é jovem mas, se por um lado, os alunos estão mais tempo em casa, por outro, também viajam mais?, diz ele.

Além do aumento no tempo gasto na web, que coloca os brasileiros nos mesmos padrões de navegação dos países europeus, o número de internautas também cresceu em julho. No mês passado, 7,8 milhões de usuários domésticos acessaram a internet pelo menos uma vez, o equivalente ao crescimento de 2,9% sobre o número de usuários únicos de junho.”

“Email aos vinte”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 18/08/02

“Em cada cartão de visitas paira hoje um email. O resumo de um nome ou apelido separado dum domínio da Internet pelo a com rabicho que dá forma à arroba. Segundo o International Data Center, 10 bilhões de emails são disparados todo dia – o número chegará a 35 bilhões em 2005. Em países como a Inglaterra, envia-se já mais emails por dia do que cartas. Trata-se da mais rápida e intensa revolução de comunicação já vivida pela humanidade – incluindo-se aí a escrita, a imprensa, o telefone, o telégrafo. Nesta última semana, o email fez vinte anos.

E, nestes últimos vinte anos, ele foi entrando discretamente na vida de meio mundo deixando um lastro de problemas que contribuem para as pequenas aporrinhações do dia-a-dia. Uma mensagem com múltiplos arquivos anexos enviada por um Outlook Express, por exemplo, não é bem lida por outros softwares de email como Eudora ou Lotus; diferentemente da carta, o que o remetente vê na tela do seu computador não tem a mesma cara que o destinatário recebe; filtrar mensagens indesejadas é uma tarefa quase impossível; principalmente, perde-se a privacidade.

?É claro que temos mais acesso às pessoas?, explica o professor Paulo Vaz, da Escola de Comunicação da UFRJ. ?Mas isso quer dizer também que elas entram em contato com a gente quando querem. Acabamos trabalhando toda hora. Perdemos o tempo livre? Não quer dizer, no entanto, que não se trata de uma história de sucesso. ?O email é bom porque é ruim?, explica o professor Silvio Meira, um dos pioneiros da construção da Internet brasileira. ?As únicas coisas que evoluem rapidamente são as que não são práticas. Em tecnologia o que não evolui é justamente aquilo ao qual as pessoas se adaptaram. O email é simples demais, por isso fácil de botar no computador, no celular, onde for.?

Pioneiros

Trocava-se mensagens de texto na Internet desde 1971. O método, no entanto, era uma gambiarra no sistema. Só em agosto de 1982 que Jonathan Postel e David Crocker publicaram dois RFCs, o 821 e o 822, estabelecendo um protocolo, um padrão para o correio eletrônico. RFCs são a documentação técnica da Internet, as plantas de como funcionam seus meandros. São artigos em grego para a maioria dos mortais, em geral escritos com bom humor que já nasce no nome genérico: RFC quer dizer Request for comment, algo como Apresentação aberta para comentários – nunca um padrão nasce imposto.

E é por isso mesmo que quando um grupo de programadores, como Postel e Crocker fizeram em meados de 82, decidem aproveitar algum de seu tempo livre para bolar gratuitamente uma solução simples para algo que aflija a rede sua solução é adotada. Cada uma das 10 bilhões de mensagens disparadas nas próximas 24 horas serão fruto daquelas horas livres dos dois, dum padrão simples que eles apresentaram.

O email que herdamos, pois, é invisível. Não tem o charme do mp3, o fascínio da Web ou a promessa do vídeo por demanda e, ainda assim, é o mais popular uso da Internet. Foi desenvolvido em 1982 para uma rede que congregava traço, praticamente zero percentual da população do mundo. Hoje, 10% dela está online, mais de 500 milhões de pessoas. E como toda tecnologia que se populariza com tanta rapidez, apresentou soluções e criou problemas.

No início dos anos 1990, a rede como o email eram vistos por boa parte da academia como libertadores. Teríamos todos mais tempo livre porque poderíamos trabalhar quando quiséssemos. Como quase todo mundo, o professor Paulo Vaz foi um dos defensores desta visão. ?Acho que a gente tinha uma idéia de tecnologia um pouco como a do ?Tempos modernos? do Charles Chaplin?, ele conta. ?A tecnologia nos dominava. Quando veio o computador e a Internet, pareceu que a tecnologia estava finalmente sob o nosso controle.? Ele sorri e dá uma pausa. ?Mas o que acabou acontecendo foi que o email trouxe uma aceleração da vida cotidiana. Em primeira instância, eu respondo no meu tempo. Mas o que não se viu é que foi criada uma sobrecarga de trabalho. Mais e mais gente está nos procurando.?

?As pessoas reclamam a toda hora que recebem emails demais?, completa Vint Cerf, um dos ?fundadores? da tecnologia que sustenta a Internet. ?Alguns, no entanto, acham que ele é muito ineficiente quando comparado a sistemas de mensagens instantâneas? a exemplo do ICQ. Para Vaz, o que talvez falte seja uma nova etiqueta. ?Em alguma medida vamos criar modos de lidar com isso. Por exemplo, em quanto tempo é correto responder uma mensagem??

Vida escancarada

?A prioridade para se solucionar no email?, vê Silvio Meira, ?são meios eficientes para evitar o spam. Qualquer um pode nos mandar mensagens mas como eu evito que o mundo tente falar comigo? Não é um problema nada simples de resolver, mas é preciso.? A questão, afinal, é cultural ou tecnológica? Não há duas respostas iguais. Por um lado, não há, na Internet, uma boa definição de que espaço é público e qual é privado – o problema é cultural.

Por outro, no entanto, falta tecnologia, consenso e criatividade. ?Todo mundo é criativo demais na direção errada?, explica Silvio. Se empresas como Microsoft, Lotus e Qualcomm, só para citar algumas, implementam novidades nos seus sistemas de correio de mensagens, nenhuma quer abrir mão do seu formato. Na falta de um padrão, não muda nada ou duas pontas não se comunicam. O professor acha também que a falta de uma unidade gráfica atrapalha. Por ser principalmente texto, cada programa apresenta as mensagens de uma forma distinta.

?Daqui a dez, vinte anos, a gente vai mandar email de texto??, ele pergunta. Sua aposta é que não. ?Vai ser de voz, algo sofisticado, vou enviar para você uma mensagem e falar ?Olha, abre aí esse arquivo na página quatro, vê a tabela três, e quando a mensagem chegar para você o arquivo já estará aberto no ponto que eu determinei porque o programa entendeu?.?

Esse ponto, no entanto, não chega através da evolução do correio eletrônico que temos hoje. Na briga constante entre empresas e na falta de padrões, Silvio acredita que o email não vai evoluir – será substituído. ?Ele vai ser como o Telex, vai ser usado, usado, usado, aí um dia vai aparecer um Fax dele, uma coisa nova que vai torná-lo obsoleto.?

Aos vinte anos, email é um inferno cotidiano para quem lembra de como era lenta e tranqüila a vida. No entanto, que seria da vida sem ele? O contato rápido e quase gratuito com a família no exterior, a integração de pessoas separadas geograficamente com uma comunhão de interesses. ?Há uns dez anos, a gente tinha uma limitação geográfica na Universidade?, conta Paulo Vaz. ?Hoje coordenar pesquisa é muito mais simples.?

Os resultados se vêem. O mapeamento do genoma humano, por exemplo, veio muito mais cedo porque os cientistas podiam trabalhar em lugares distintos sem perder o convívio diário. E este é só um exemplo. Há vinte anos, pois, Jonathan Postel e David Crocker deram uma contribuição incalculável, com conseqüências duras talvez, mas cuja simplicidade elegante botou o mundo para trabalhar em conjunto. História se faz assim.”

 

PIRATARIA

“Grupo discute em Brasília formas de combate à pirataria”, copyright O Estado de S. Paulo, 13/08/02

“Com a presença de artistas e representantes do mercado fonográfico e livreiro, reuniu-se ontem pela primeira vez, no Palácio do Planalto, o grupo encarregado de definir regras para combater a pirataria e garantir o recolhimento de direitos autorais. O objetivo é propor alternativas à numeração de CDs e livros, proposta que foi vetada no mês passado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

O grupo tem 30 dias para sugerir propostas, que serão submetidas a consulta pública e servirão de base a um decreto presidencial. Entre as idéias discutidas ontem está a impressão de um código de barras em obras literárias e científicas ou de um selo de identificação em CDs.

?Ainda não se decidiu por uma metodologia. O que se sabe é que é preciso ter alguma forma de controle para as pessoas saberem quanto foi vendido?, disse o cantor e compositor Roberto Frejat. Segundo ele, o argumento de que a adoção de selos ou códigos de barras encareceria o produto final não é verdadeiro.

Isso porque o custo adicional ficaria em torno de R$ 0,30 por unidade, podendo cair para até R$ 0,01, no caso de CDs e livros com altas tiragens. ?Talvez não chegasse a 1 centavo por disco?, disse Frejat, enfatizando que a preocupação central do grupo é com o aperfeiçoamento das regras do direito autoral e não com o combate à pirataria. ?O problema da pirataria é da polícia e da Receita Federal.?

O diretor da União Brasileira de Escritores, Paulo Oliver, disse que a proposta do código de barras ?foi bem aceita?. A idéia, segundo ele, é que cada edição tenha um código diferente. Ele destacou que escritores consagrados não enfrentam problemas com direito autoral, uma vez que recebem pagamentos já antes do lançamento da obra. ?O médio e o pequeno é que têm dificuldades para saber como estão vendendo?, disse Oliver.”