Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Queda com publicidade preocupa jornais nos EUA

Para os jornais americanos, fevereiro foi o pior mês em relação a lucros com anúncios publicitários. Comparado com o mesmo período do ano passado, o mês registrou maior queda nos ganhos com publicidade nos veículos impressos, embora os gastos com anúncios nos sítios dos jornais tenham aumentado.

A questão preocupante para as empresas jornalísticas é: o fato é pontual ou seria um sinal de um problema sistêmico que está se agravando? ‘Não sei se é possível afirmar que isto possa significar uma nova tendência’, opina Barry Parr, analista de mídia da Júpiter Research. ‘Mas trata-se de números assustadores, especialmente quando não estamos em recessão’.

Lauren Rich Fine, analista da Merrill Lynch, alerta que não é necessário ‘ter reações exageradas por conta de números referentes a apenas um mês’. Já Mark Fratrik, economista da BIA Financial Network, discorda. ‘É fundamental entender o que está acontecendo com os jornais. Os jovens, que são o público que os anunciantes mais querem atingir, não estão mais lendo jornais’, diz.

Fevereiro negro

No USA Today, maior jornal dos EUA, os lucros com anúncios caíram 14% em fevereiro, comparado com dados do ano passado. A Gannett, proprietária do diário, informou que, neste mesmo período, a queda total com publicidade, incluindo todas as suas publicações, foi de 3,8%.

A situação também não foi favorável para o grupo The New York Times Company, que registrou queda de 6% no total – e 7,5% apenas no New York Times. No New England Media Group, que inclui o Boston Globe, o declínio foi de 4%. Já no Wall Street Journal, publicado pela Dow Jones, a queda foi ainda maior: 10%.

Nenhuma editora escapou da má fase. A Tribune Company, proprietária do Los Angeles Times, Chicago Tribune e Baltimore Sun, reportou perdas de mais de 5% – o mesmo que os jornais da McClatchy, Miami Herald, Sacramento Bee e Lexington Herald-Leader. Os mercados menores também foram atingidos. Tampa Tribune, Richmond Times-Dispatch e Winston-Salem Journal tiveram queda de 5,8%.

Migração

As empresas jornalísticas colocaram a culpa da situação ruim na migração dos classificados do impresso para a internet, especialmente para sítios gratuitos como o Craig’s List. Paralelo à queda com anúncios, ocorre também um grande declínio de tiragem. Em 1984, a circulação total dos diários nos EUA atingiu seu auge, com 1.600 jornais pagos com tiragem de 63 milhões.

Com o crescimento da TV a cabo e, posteriormente, da internet, os números começaram a diminuir. Hoje, existem 1.450 jornais pagos com circulação total de 53 milhões. As quedas com tiragem vêm se acentuando nos últimos dois anos. Os lucros com anúncios na rede continuam a crescer, incentivando muitos jornais a investir em seus sítios. Mas, até agora, os valores são pequenos para compensar a perda com anúncios nas versões impressas. Informações de Katharine Q. Seelye [The New York Times, 26/3/07].