Thursday, 31 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Banida novamente. Desta vez, do Irã.

O governo iraniano fechou os escritórios da rede al-Jazira em Teerã. A emissora é acusada de incitar conflitos étnicos no sul do país, informa Stephen Brook [The Guardian, 19/4/05]. A al-Jazira foi a primeira emissora a noticiar a existência de uma carta, atribuída ao ex-vice-presidente Mohammad Ali Abtahi, que continha planos de mudanças na composição étnica do país. Segundo as autoridades, a carta em questão seria forjada.

A informação provocou um tumulto entre manifestantes árabes e forças de segurança na província de Cuzestão, próxima à fronteira com o Iraque. Pelo menos três pessoas morreram e 200 prisões foram feitas durante o conflito.

A al-Jazira abordou a confusão também em talk shows, o que levou as autoridades a abrirem uma investigação sobre o tipo de cobertura que havia sido feito. ‘Nós suspendemos as atividades da emissora no Irã para investigar seu papel no conflito em Ahvaz [capital de Cuzestão]’, afirmou um funcionário do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica. ‘Nós esperamos que ela respeite a integridade e a segurança do país. Se for comprovado que a al-Jazira cometeu um crime, será processada’, completou.

Abtahi negou a autoria da carta, que defendia mudanças étnicas na região do Cuzestão, dizendo que os árabes deveriam emigrar e nomes de cidades árabes deveriam ser trocados por nomes persas. Os persas são maioria no país, chegando a 51% da população. Os árabes, que são apenas 3% da população total, são maioria no Cuzestão – o que levou ao conflito.

A al-Jazira, financiada pelo governo do Catar, é popular entre os iranianos de origem árabe, mas tem desagradado alguns governos no Oriente Médio: foi banida do Iraque, no ano passado, e já enfureceu autoridades na Arábia Saudita, Jordânia, Kuait e Bahrain por sua política de transmitir pontos de vista de oposição e críticas aos governos.