Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

WikiLeaks engana com texto falso de ex-editor do NYT

Foi uma grande confusão. Um artigo assinado por Bill Keller, ex-editor-executivo do New York Times, publicado na internet no fim de julho, enganou muita gente. Nele, Keller – que comandou o Times por oito anos e hoje escreve para o jornal – faz uma defesa do WikiLeaks e pede que empresas como Visa, Mastercard e American Express “tomem posição contra o uso de embargos financeiros para proibir que voluntários contribuam com organizações de mídia protegidas pela Primeira Emenda e por leis de liberdade de expressão”.

Tratava-se, na verdade, de um post falso. A URL entregava a peça: um endereço real do Times começaria com http://www.nytimes.com/; já o do suposto artigo do jornalista vinha de http://www.opinion-nytimes.com/ – o domínio, verificou-se mais tarde, foi registrado no fim de março. Keller foi para o Twitter avisar que o texto não era seu. “Há um editorial falso circulando com o meu nome, sobre o WikiLeaks. Ênfase em ‘falso’. Não é meu”, escreveu no microblog.

Conta falsa

Houve então quem achasse que a mensagem no microblog também era falsa. Não era, mas de fato existia uma conta falsa atribuída a Keller no Twitter – nela, os dois “ll” em Keller foram substituídos por um “l” minúsculo e um “i” maiúsculo. A conta, que divulgava o artigo falso, foi encerrada – o link para o texto também foi retirado do ar. Antes disso, no entanto, a pegadinha chegou a enganar até o colunista de tecnologia do Times Nick Bilton – ele retuitou o link para o texto falso, e depois avisou a seus seguidores que havia apagado a mensagem ao descobrir que o texto não era realmente de Keller.

A história não terminou por aí. Alguns dias depois, o próprio WikiLeaks assumiu, também no Twitter, a responsabilidade pela “brincadeira”. “Sim. Nós admitimos. O WikiLeaks (Assange & companhia) e nossos grande colaboradores estão por trás da bem sucedida peça do bloqueio de bancos no @nytkeller”, afirmou o site no perfil @wikileaks.

“Eu vejo isso mais como uma pegadinha infantil do que como um crime contra a humanidade”, afirmou Keller a Ed Pilkington em artigo no Guardian. “É uma sátira fraca. Eu levaria mais a sério se fosse de fato engraçada”. O caso, no mínimo, demonstra como é difícil atestar a veracidade da gigantesca quantidade de informação que circula diariamente na internet. Com informações de Andrew Beaujon [Poynter, 30/7/12] e de Brian Barrett [Gizmodo, 29/7/12].