Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O golpe visto por dentro

[do release da editora]

Um militar, cassado pelos próprios militares, por não ter apoiado e reconhecido o golpe militar de 64. Em seu novo livro O golpe militar e civil de 64 – 40 anos depois, Ivan Cavalcanti Proença, por meio de narrativas autobiográficas, relata fatos surpreendentes que antecederam e sucederem o golpe militar e civil. Um testemunho de quem viveu o golpe de muito perto, mostra como agiram os detentores do poder, abordando ainda o que poderia ter sido feito para evitar a ação dos golpistas. E explica o motivo de considerar o golpe como também civil.

Proença revela os bastidores do golpe, denunciando a preparação ideológica do IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), ambos em permanente contato com a Escola Superior de Guerra e beneficiários de verbas dos fundos americanos e da CIA, que trabalharam para a formação da opinião pública a favor do golpe. O livro aborda ainda os interesses americanos por trás do golpe, a Operação Condor, as ‘marchas da família’, além de relembrar o episódio CACO (Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, da Faculdade de Direito da UFRJ), no qual teve participação considerada heróica, por ter salvo estudantes encurralados na faculdade.

Preso e cassado pelos militares, Proença conta também a farsa em que se transformou a anistia aos atingidos pela repressão do golpe militar e civil. O livro ainda traz como anexos trecho da ficha do capitão Ivan Proença nos órgãos de segurança, o poema que gerou suas ‘cassações’ nos locais onde lecionava, o telegrama recebido da UFF impedindo que prestasse o concurso para o magistério, entre outros documentos. Trata-se de um valioso relato que permite aos leitores conhecer um pouco mais sobre a preparação, a eclosão e as conseqüências do golpe de 64.

O autor

Professor de Português e Literatura Brasileira, licenciado pela UERJ, mestre em Literatura Brasileira e doutor em Poética pela UFRJ, professor-titular da FACHA em Cultura Brasileira, Proença foi rotulado como de ‘esquerda’ por ter sido contra aqueles que queriam tirar Jango Goulart do poder e por ter ajudado estudantes que, ao se oporem ao golpe no Largo do Caco, foram atacados pelos golpistas que os encurralaram na Faculdade de Direito da UFRJ, com bombas de gás lacrimogêneo. Preso, Proença foi levado para a fortaleza de Santa Cruz e, depois, para o forte Imbuí. Cassado e perseguido por 20 anos, até hoje continua sem a anistia ampla e irrestrita.