Vejam minha situação: sou carioca e moro em Minas Gerais, tenho parentes e amigos em oito estados brasileiros que, somados, têm território maior do que a Europa ocidental, trabalhava no Banco do Brasil até o mês passado (o que me permite ter acesso a informações do país inteiro por meio de grupos de comunicações internas e fóruns online) e nunca fiquei sabendo que o Sr. Lula fosse alcoólatra! Repare que estamos num país em que a imprensa, no âmbito patronal, é maciçamente conservadora e segue os passos do governo rigorosamente e, majoritariamente, sob a ótica da oposição.
Acho que o Sr. Larry Rohter foi expulso porque a lei brasileira para estrangeiros que aqui trabalham permite esse procedimento – ao mentir, ele extrapolou a função jornalística e tornou-se um agressor das leis, logo não foi censura, mas punição legal – por sinal, muito semelhante à adotada nos EUA em casos semelhantes. Pelas minhas convicções, o Sr. Larry Rohter deveria ser processado por calúnia, difamação e injúria (figura legal existente nas leis brasileiras e perfeitamente cabível).
Quanto à qualidade jornalística da informação, observar os pontos fortes ou fracos dos governantes faz parte do trabalho do repórter, mas carregar nas tintas em cima de informações superficiais ou de fontes suspeitas é uma das coisas que caracteriza a imprensa incompetente ou marrom.
J. Afonso
Onde começa a ofensa
Acho que houve um grande corporativismo da imprensa. O fato de o jornal achar a matéria correta já justifica a atitude do governo. Tem que haver respeito pelo ser humano, principalmente um chefe de Estado. Temos que definir até onde vai a liberdade de imprensa e onde começa a ofensa.
Tiago Pereira, estudante, Rio de Janeiro
Circo de miliquinhos
Errou o NYT ao publicar a péssima matéria de Larry Rohter? Com toda a certeza. E ficou pior a emenda que o soneto. A atitude do governo ao cassar o visto do correspondente foi digna de um circo de cavalinhos. Ou de um circo de ‘miliquinhos’… Onde fica a liberdade de expressão nessa história? Existe alguma criatura pensante nesse governo? Ou será que os ‘companheiros’ do governo acham que uma tolice rematada justifica uma besteira?
Ricardo SantAnna, designer gráfico, Divinópolis, MG
Com a mídia na mão
Muito boas as considerações sobre o caso do ‘porre’ do presidente Lula. Agora tenho visto gente dizendo que isso não representa ameaça à liberdade de imprensa. São outros ‘bêbados’. Já que o presidente fez isso com um correspondente estrangeiro, o que vai acontecer quando liberar dinheiro do BNDES para as empresas de comunicação e ficar com elas na ‘mão’? Com certeza haverá interferência do governo nestas instituições. Depois deste caso, duvido que o presidente ou qualquer outro integrante do governo não peça a demissão de algum jornalista que realizar matéria comprometedora sobre este governo (cujo estoque parece ser inesgotável) ou até mesmo de aliados. A liberdade da imprensa brasileira esta correndo risco, sim, pois se as empresas ficarem na mão do governo não vou confiar mais no que será impresso nos jornais, e olha que hoje já tenho dúvidas do que está sendo escrito por aí.
Emerson Santos, engenheiro, Vitória
Atitude insensata
Realmente a matéria é leviana, mas a atitude tomada pelo governo foi insensata. Acredito que o NYT e o jornalista deveriam ser processados. Considero a ‘expulsão’ do jornalista uma atitude contraditória em relação à história de vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Suponho que o presidente tenha sido mal-assessorado nesta situação; só desejo que esta atitude não se torne ‘lugar-comum’ nesta administração.
Ieda Porfírio, assessora de comunicação, São Paulo
Liberdade para alguns
Sugiro que o Observatório da Imprensa faça um levantamento das últimas prisões e condenações de jornalistas brasileiros (principalmente dos pequenos jornais) por desacato a juízes e autoridades. E quantas vezes entidades como OAB e Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) se pronunciaram contra prisões e condenações pelo chamado ‘crime de imprensa’? No momento lembro de um caso no estado do Rio. Avelino Ferreira, do O Miracemense, foi parar na cadeia por criticar decisão de um magistrado carioca. Prender e condenar jornalista brasileiro pode! Suspender o visto de jornalista americano, para algumas entidades e jornalões que se consideram paladinos da liberdade, não pode?
Edson Araújo
Nota do OI: Prezado Edson, o caso do jornalista Avelino Ferreira foi registrado pelo Observatório na edição nº 240 (2/9/2003), nas matérias ‘Jornalista preso por delito de opinião’ (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/cadernos/
cid020920031.htm) e Aspas em (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/
cadernos/cid020920035.htm).