Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Radiografia de um crime

[do release da editora]

Menos de 50 dias após o desfecho do mais longo caso de cárcere privado da história criminal do estado de São Paulo, chega às livrarias de todo o país A tragédia de Eloá – Uma sucessão de erros.

Lançado pela Editora Landscape, o livro é de autoria do jornalista Marcio Campos, experiente repórter de televisão que acompanhou in loco todo o episódio. Sem a pretensão de analisar ou de emitir julgamentos de valor em relação a quaisquer aspectos do caso, a obra é um completo e minucioso relato dos fatos. E apresenta-se também como uma ferramenta de debate para os que querem compreender a história ‘como um todo’ e refletir sobre questões como a conduta da imprensa em relação ao seqüestrador Lindemberg Alves e às fontes oficiais, as relações entre Eloá Pimentel e sua família e o envolvimento da amiga, e também vítima, Nayara Rodrigues da Silva. O livro traz detalhes de bastidores e aspectos pouco abordados pela imprensa – é, portanto, um ótimo ‘guia ético’ para estudantes de Jornalismo, Rádio e Televisão.

Um ‘instantâneo’ dos fatos

Principal repórter do telejornal Brasil Urgente, ancorado por José Luís Datena – que, aliás, assina a quarta-capa –, Marcio Campos, 34, é a antítese da maioria dos jornalistas policiais. Sereno e de fala tranqüila, Campos tem a seu favor uma história de grande credibilidade na imprensa paulista. Mineiro de Cruzília, começou no rádio aos 17 anos, na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, e logo depois conseguiu uma oportunidade na afiliada do SBT em Varginha, MG. Passou pela Band Vale e em 1999 chegou à Band de São Paulo. Um ano depois, foi para TV Record, onde acabou sendo convidado por José Luís Datena para integrar a equipe do Cidade Alerta. Passados três anos, retornou à Bandeirantes, chamado por Datena, para fazer com ele o Brasil Urgente – além de fazer as principais coberturas, Campos substitui o apresentador titular nos programas de sábado.

Para Campos, o livro é o reconhecimento do trabalho jornalístico sério que a emissora faz dentro da cobertura policial. ‘Relatei o que vivi naqueles cinco longos dias de cobertura extenuante, tudo o que conto é o que acompanhei, dezoito horas por dia, da janela de um apartamento em frente à casa de Eloá’, diz. ‘No livro não julgo, não opino; ofereço subsídios para que cada um faça a sua análise dos fatos’, completa o autor.

Segundo ele, o caso está longe do fim, vários desdobramentos estão ainda por vir. Mas é um ‘instantâneo’, uma radiografia completa e detalhada de tudo o que aconteceu naquele conjunto habitacional de Santo André de 13 a 17 de outubro, data do trágico desfecho, incluindo ainda tudo de relevante que surgiu depois – ‘até 10 de novembro, data em que entreguei os originais à editora’.

Falta de diálogo

Convidado pela Editora Landscape a escrever o livro, Marcio Campos não hesitou em encarar o desafio. Para escrever as 112 páginas de ‘A tragédia de Eloá’, não interrompeu seu trabalho como repórter, fez, inclusive, coberturas fora de São Paulo; apenas pediu à família que fizesse uma viagem de alguns dias, para que pudesse dedicar-se integralmente ao texto. Nesse período, quando não estava no ar ou apurando alguma informação, Marcio Campos reassistiu a todas as suas entradas no telejornal e decupou horas e horas de cobertura das demais emissoras. Teve acesso às principais peças do inquérito, consultou o arquivo de jornais e revistas e entrevistou diversas fontes que não haviam sido ouvidas por ele durante a cobertura ao vivo.

Além de atender ao público em geral e a todos os interessados em saber mais sobre ‘o caso Eloá’, bem como a estudantes e acadêmicos, Campos destaca um público desejado para seu livro: pais de adolescentes. Segundo ele, uma das questões-chave na história de Eloá foi a falta de diálogo transparente entre a garota e a família, o desconhecimento do que se passava com ela e o namorado que viria a ser seu algoz.