Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

TV pública terá 40% de produção independente

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 1 de novembro de 2007


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Google já vale dez vezes mais que a GM


‘San Francisco – Menos de um mês após alcançarem a marca de US$ 600, as ações do Google ultrapassaram ontem os US$ 700 – fecharam cotadas a US$ 707. Com o crescimento, o valor de mercado da empresa alcançou US$ 220 bilhões, o que torna o Google a quinta maior empresa dos EUA em valor de mercado, atrás apenas da ExxonMobil (US$ 506 bilhões), General Electric (US$ 415 bilhões), Microsoft (US$ 333 bilhões) e AT&T (US$ 253 bilhões). O site de buscas já vale dez vezes mais que a General Motors, a maior fabricante de automóveis do mundo.


A alta de 1,76% de ontem nas ações foi atribuída à notícia de que o Google se aliou a outras empresas da internet especializadas em redes sociais para desenvolver aplicativos comuns, por meio da plataforma OpenSocial. O Google, dono do portal Orkut, quer desafiar os maiores concorrentes da área, como o MySpace e o Facebook. A empresa disputava com a Microsoft a compra de uma fatia no Facebook, mas a Microsoft acabou levando a melhor, pagando US$ 240 milhões por uma fatia de 1,6%.


Além disso, o mercado reagiu bem à notícia de que o site de buscas negocia com a Verizon, a segunda maior operadora de telefonia celular dos Estados Unidos, a colocação de aplicativos do Google nos seus aparelhos. Com esses programas, os usuários poderão utilizar serviços como o de buscas, o GoogleMaps e o Gmail usando qualquer celular da Verizon.


A imprensa americana afirmou ainda que o Google anunciará em duas semanas o lançamento de um software que permitirá a outros fabricantes oferecerem aparelhos com aplicativos da empresa. Também há notícias, não confirmadas pela empresa, de que o Google produzirá um aparelho próprio com o nome de gPhone.


DESDOBRAMENTO


Os co-fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, vêm resistindo aos pedidos de desdobramento das ações da companhia para torná-las acessíveis a mais pessoas. A teoria defendida por eles é que ações com preço alto tendem a atrair investidores mais pacientes e instruídos, que dão mais atenção à estratégia de longo prazo do que à capacidade de atingir metas de curto prazo.


Até agora, a filosofia gerou retornos impressionantes. Um investimento de US$ 10 mil em ações do Google ao preço da oferta pública inicial de agosto de 2004, US$ 85, valeria hoje mais de US$ 80 mil.


Brin e Page são os maiores beneficiados, com fortunas de mais de US$ 20 bilhões cada um. Pelo menos outros dois executivos do Google, o presidente Eric Schmidt e o diretor de vendas Omid Kordestani, também se tornaram bilionários.’


 


SÃO PAULO
O Estado de S. Paulo


Jornal gratuito na rua tem de ser registrado


‘A Câmara aprovou ontem, em primeira votação, projeto que libera a distribuição dos jornais gratuitos nas ruas. A proposta altera a redação da lei sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab que só autorizava a distribuição gratuita de publicações com no mínimo 80% de conteúdo jornalístico. A nova redação permite a distribuição gratuita de jornais e periódicos desde que se enquadrem na Lei de Imprensa, que obriga o registro dos veículos nos cartórios de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.’


 


CULTURA
Jotabê Medeiros


Sob acusação de plágio, edital é anulado


‘Deu no Diário Oficial do Estado de São Paulo, na terça-feira: foi anulado o edital do PAC 2, intitulado Edital de Arte Pública. O texto do governo diz que o edital foi anulado por conta de ‘imperfeições’. O concurso destinava até R$ 100 mil para projetos artísticos de intervenção urbana.


Segundo nota de André Sturm, responsável pelo fomento da secretaria, o PAC 2 foi anulado ‘porque a definição do objeto (Arte Pública), por ser nova, provocou dúvidas entre os proponentes. Por essa razão, havia a possibilidade de alguns projetos serem recusados. Como o tempo até o final do ano é curto e a quantidade de esclarecimentos poderia se avolumar, isso poderia prejudicar a conclusão do certame ainda neste exercício e a conseqüente perda dos recursos orçamentários. Na próxima semana será publicado um novo edital.’


Mas havia um outro motivo: o edital foi objeto de um pedido de impugnação movido pelo grupo Ludicidade, encabeçado pela produtora cultural Magda Sento Sé e pela artista plástica Renata Bueno. No ano passado, Magda e Renata tiveram um projeto de intervenção urbana incluído no Edital de Artes Visuais e Novas Mídias. ‘O edital deste ano era um plágio do nosso projeto’, acusa Magda, que entrou com o pedido de impugnação há uma semana. Anteontem, ela viu o resultado: a anulação no Diário Oficial.


Sturm, da secretaria, confirmou que a ação dos produtores levou ao cancelamento. ‘O pedido de impugnação tratava do objeto do edital. Foi um dos motivos. Teríamos que responder e isso tomaria tempo e comprometeria a sua realização’, explicou, na nota enviada ao Estado.


O Programa de Ação Cultural (PAC) foi iniciado na gestão de João Batista de Andrade, no último ano do governo Alckmin, e previa dotação inicial de R$ 20 milhões. No exercício de 2007, recebeu apenas R$ 10 milhões. Para 2008, a redução será mais drástica: a dotação prevista é de R$ 4 milhões. Ao encaminhar a proposta orçamentária de 2008, o governo comemorou a ‘elevação’ da verba da secretaria para R$ 350 milhões, ‘quase 28% superior à de 2007’. Mas a diferença, que é de R$ 65 milhões, destina-se ao programa Museu Vivo, orçado em cerca de R$ 68 milhões (desse valor, metade será destinada ao Museu de Arte Contemporânea, que irá para o prédio do Detran).’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


SBT quer Ídolos


‘Lá vem briga pela frente. O SBT resolveu reivindicar o direito de produzir uma terceira temporada de Ídolos, versão brasileira de American Idol, formato da Flemantle. Tudo estaria dentro da normalidade se a Record não tivesse quase fechando com a mesma Flemantle – dona também do formato O Aprendiz – a realização de uma nova versão de Ídolos.


O SBT, que pretende ir buscar seus direitos na Justiça, disse que já havia enviado à Fremantle documento onde demonstrava interesse em produzir uma nova edição do reality musical. E que, como já havia produzido duas edições anteriores (uma 2006 e outra em 2007), tinha prioridade contratual.


A Record, por sua vez, continua negociando a atração com a Fremantle. A emissora alega que o SBT quebrou seu contrato com a produtora internacional uma vez que fez várias intervenções no formato sem consultar a parceira.


A idéia da Record é estrear uma nova versão de Ídolos – com outros apresentadores e jurados – ainda no primeiro semestre de 2008.


Nenhuma das duas emissoras pretende desistir do formato.’


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 1 de novembro de 2007


COPA 2014
Carlos Heitor Cony


Bafio perigoso


‘RIO DE JANEIRO – Manchete de ontem de um jornal: ‘A Copa é nossa’. Tudo bem, é isso mesmo, a Copa do Mundo de 2014 será aqui mesmo. Temos vontade e tempo para preparar o torneio, dinheiro há de se arranjar, afinal, um evento mundial de tamanho porte é um desafio para obras de infra-estrutura que transcendem o esporte e já se tornaram dramaticamente necessárias.


Trens-balas ligando as principais cidades brasileiras, principalmente as do Sudeste -Rio, São Paulo e Belo Horizonte-, seriam prioritários. Além de superinvestimentos na segurança, malha rodoviária, aeroportos, comunicações etc. A Copa um dia acaba, mas a modernização de importantes setores de nossa realidade ficará.


Gostei de ver a foto da turma que representou nossas cores em Zurique. Romário com aquele jeitinho de quem acredita no que faz, Dunga com um laço na gravata que aprendeu com o rabino Sobel, Lula cansado de guerra, mas dando para o gasto e pensando se ainda será presidente daqui a sete anos. Mas, acima de tudo, o nosso mago de plantão, que não embarca em canoa furada. Paulo Coelho aprendeu a ler ‘sinais’ -todas as coisas têm sinais, e parece que só ele os entende e deles tira proveito.


Tenho certeza de que ele não entraria na jogada se não estivesse em importante missão esotérica. Ele nem precisará fazer qualquer tipo de bruxaria, bastam os eflúvios de sua presença, sua química pessoal e sua alquimia profissional para nos dar a certeza de que a Copa, que já é nossa, será mais nossa em 2014.


Em princípio, sou pessimista nato e naturalizado. Suspeito de qualquer alacridade antecipada. Senti no noticiário de ontem (‘A Copa é nossa’) um bafio temerário do ‘já ganhou’. Também não é qualquer dia que pratico a temeridade de ressuscitar a palavra ‘bafio’.’


 


TV PÚBLICA
Folha de S. Paulo


TV pública deverá ter 40% de produção independente


‘A programação da TV pública, cujo início está previsto para 2 de dezembro, terá 40% de produção independente, disse a diretora-presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel.


A escolha das produtoras, segundo ela, será feita a partir de editais temáticos. ‘Não serão escolhas voluntárias, do tipo: ‘Gosto de você, gosto do seu programa’. Será por edital quando precisar de uma programação para a qual [a empresa] ache que a produção independente é vocacionada. Por exemplo, documentários.’ O restante da programação será de produções regionais (40%) e da própria empresa (20%). No entanto, a programação inicial não terá esta estrutura.


O Conselho de Administração da EBC tomou posse ontem no prédio da TV Educativa, no Rio. Fazem parte dele, além de Cruvinel, Franklin Martins, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), José Artur Filardi Leite (representante do Ministério das Comunicações), Alessandra Cristina Azevedo Cardoso (do Ministério do Planejamento) e Ricardo de Almeida Collar, indicado pela Secom. Foram empossados como diretora de jornalismo, Helena Chagas, e como diretor administrativo-financeiro Deucimar Pires.


O conselho vai ‘orientar os negócios da EBC, eleger e destituir membros da Diretoria Executiva, autorizar abertura ou fechamento de unidades, contratar projetos e pesquisas’, diz nota da Presidência.’


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Folha Online estréia hoje blog sobre Poder Judiciário


‘A Folha Online coloca no ar hoje o ‘Blog do Frederico Vasconcelos’, que trará informações sobre o Judiciário, o Ministério Público, a administração pública e atividades de advogados e da polícia, sob o enfoque do interesse do cidadão.


Repórter especial da Folha, onde trabalha desde 1985, o jornalista Frederico Vasconcelos, 63, dedicou-se nos últimos anos à cobertura de assuntos da Justiça -área que tem atraído mais atenção da imprensa, como ocorreu em algumas das decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal neste ano.


‘Além de divulgar fatos inéditos do Judiciário, o propósito é abrir um espaço para acolher a opinião de especialistas, promover o debate sobre a coisa pública e valorizar o contraditório’, diz o jornalista sobre o blog, disponível em www.folha.com.br.


Vasconcelos é autor dos livros ‘Fraude’ (Scritta), sobre os bastidores de importações superfaturadas no governo Quércia, e ‘Juízes no Banco dos Réus’ (Publifolha), resultado de investigações sobre a Justiça Federal em SP, que obteve o Prêmio Jabuti 2006 (segundo lugar, categoria livro-reportagem).’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Entre Brics e crimes


‘A ‘Economist’ viu na Copa 2014 a entrada do Brasil na ‘competição informal Bric’. Na China, Olimpíada; na Índia, os jogos da Commonwealth; na Rússia, a Olimpíada de inverno. ‘Parece que, para toda grande economia em crescimento, com infra-estrutura ruim e respingando corrução, um grande evento esportivo é hoje um ‘must’.’ Vê vantagens no Brasil, que já tem estádios, enquanto a China faz os seus, mais metrô e até aeroporto. E semelhanças com a Índia, ‘a outra grande democracia’, nas oportunidades à fisiologia legislativa etc. Daí a ‘entourage’ de Lula em Zurique.


De sua parte, na cobertura inglesa que prioriza a disputa pela Copa 2018 e segue crítica ao Brasil, o ‘Guardian’ ironizou que a Inglaterra, para ter chance, deve ceder à exigência de ‘estatísticas assassinas’ da Fifa, como a África do Sul e o Brasil. ‘É preciso perder inteiramente o controle de nossas ruas. Guerra de gangues e assassinatos têm que crescer em espiral.’


SEMPRE IGUAL


O ‘Jornal Nacional’ deu mais atenção à CPI que livrou ‘Carlos Wilson, do PT’, mas o foco era outro ao longo do dia nas manchetes de G1, UOL, da Folha Online. Nesta última, por exemplo, o enunciado foi ‘Acusado por tentativa de homicídio, tucano renuncia’. Outro, ‘Deputado Cunha Lima (PSDB-PB) renuncia’.


Seu julgamento estava para ocorrer no Supremo e agora, 14 anos depois, recomeça na primeira instância. Diz ele, ‘como igual que sempre fui’.


DIREITO DO HOMEM


Manchete do portal Terra, ontem à tarde, ‘Supremo mantém a condenação de Salvatore Cacciola e facilita a extradição’. Agora, avalia-se, ‘ganha mais força o pedido junto ao governo de Mônaco’.


Na TV Justiça, o advogado do ex-banqueiro destacou que ele foi inocentado no Superior Tribunal de Justiça, na ação civil. E Marco Aurélio Mello, ministro que o soltou e votou por ele, de novo, disse ter sido mal interpretado pela frase ‘a fuga é um direito do homem’.


‘LA PRESIDENTA’


No título da longa reportagem do ‘Washington Post’, ontem, ‘América do Sul lidera na era de La Presidenta’. Como ‘Miami Herald’ há duas semanas e outros tantos desde então, o jornal viu na eleição de Cristina Kirchner na Argentina, que se junta a Michelle Bachelet no Chile e talvez ‘uma mulher chamada Dilma Rousseff’ por aqui, um ‘movimento’. Que, por enquanto, em nada mudou a situação da mulher na ‘terra do machismo’, sem direito a aborto etc. O ‘Guardian’, em artigo, também foi por aí.


E o ‘Valor’ deu ontem que a ‘carta Dilma ganha força’.


COMEÇOU A IPTV


Em meio a posts anunciando, em seu próprio portal iG, que as ‘novas plataformas quebram os monopólios’, a Brasil Telecom lançou ontem sua IPTV, televisão transmitida on-line. É mais ou menos como a TV por assinatura já existente, mas com seleção dos programas. Chama-se Videon e, por enquanto ao menos, tem por atração os filmes da HBO. Começa por Brasília.


Uma primeira experiência, não comercial, está no ar desde o último mês, no site da Universidade de São Paulo. E outros provedores comerciais já preparam suas IPTVs.


INTERNACIONALIZAÇÃO


Enquanto Google e Facebook se enfrentam pelo crescente mercado das redes sociais nos EUA, com a primeira agora associando o Orkut a outras ferramentas, tipo Friendster, por aqui estreou o site brasileiro daquela que é ainda a maior rede dos EUA, MySpace. Em Beta, o site MySpace Brasil, ancorado no ‘mundo pop’ como o original, destaca as bandas NX Zero, Cachorro Grande e Forgotten Boys.


Avalia o blog de Tiago Dória que é mais um passo na ‘internacionalização’ das operações brasileiras em 2007, antes com YouTube e Flickr. E até dezembro, segundo o site da ‘PC World’, com a nova pesquisa de vídeo da AOL.’


 


ATENTADO EM MADRI
João Batista Natali


Jornais de dentro e de fora da Espanha têm visões divergentes sobre sentenças


‘Dependendo do ângulo político, foram dois, e não apenas um, os julgamentos dos indiciados pelo atentado de 2004 nos trens de Madri. Um dos ângulos é representado pelo ‘El País’, de centro-esquerda e que apóia o primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero.


‘Nenhuma prova aponta o ETA’, dizia a manchete de sua edição eletrônica, em referência ao grupo separatista basco que, antes do atentado islâmico de 2004, exercia o monopólio do terrorismo espanhol.


O ataque aos trens ocorreu às vésperas das eleições legislativas em que o PP (Partido Popular), conservador, era favorito. Os terroristas muçulmanos se vingavam da participação espanhola na invasão do Iraque. O então premiê, José Maria Aznar, tentou envolver o ETA, mas conseguiu apenas por algumas horas. A polícia identificou os simpatizantes da Al Qaeda, e os socialistas de Zapatero ganharam a eleição.


O outro ângulo do julgamento foi dado pelo ‘El Mundo’, jornal próximo do PP. Sua manchete era de que o atentado de Madri ficou sem um mentor intelectual, uma crítica à decisão de inocentar o suposto cérebro da operação.


Mariano Rajoy, atual líder do PP, disse que apoiaria uma reabertura do processo, diante da não-condenação dos idealizadores da carnificina.


Fora da Espanha também surgiram leituras diferentes. Em Paris, o ‘Le Monde’, simpático aos socialistas espanhóis, dá a entender que o Judiciário cumpriu seu papel: ‘Três principais acusados são condenados à pena máxima’.


Em Londres, o conservador ‘Times’ exprime a lógica da oposição. Dá título para a absolvição do ‘cérebro’, sem levar em conta que a única prova contra ele era frágil.


Nos EUA, o ‘New York Times’ destacou em título que sete réus foram absolvidos. Com o terrorismo incorporado à cultura jornalística, isso é mais importante que a existência de 29 réus e os milhares de anos a que três deles foram condenados. A CNN, na internet, vai na mesma direção. Em texto editorializado, assusta-se porque só três foram condenados por homicídio em massa e cita um especialista espanhol para quem havia evidências para condenar muito mais.


A mídia americana tem dificuldades para explicar que a Espanha, como os demais 26 países da União Européia, não tem pena de morte.’


 


EUA 2008
Folha de S. Paulo


Hillary sofre ataque de rivais democratas


‘DO ‘NEW YORK TIMES’ – A senadora Hillary Rodham Clinton foi submetida a um ataque duro dos outros pré-candidatos presidenciais democratas na noite de terça-feira, num debate em que seus adversários contestaram sua coerência e a acusaram de estimular o presidente Bush a preparar a invasão do Irã.


No sétimo encontro dos pré-candidatos do partido, pareceu que Hillary estava se defendendo de críticas vindas de todos os lados, refletindo a vulnerabilidade decorrente de sua condição de candidata favorita -a dois meses da primeira primária, em janeiro, ela é a preferida de 38% dos eleitores democratas, contra 24% que preferem Barack Obama e 12% que votariam em John Edwards.


Hillary foi atacada por não propor planos específicos para a Previdência Social e contestada por ter votado a favor da designação da Guarda Revolucionária iraniana como organização terrorista. Foi tachada de dissimulada e de símbolo do establishment de Washington.


Obama acusou Hillary de ‘mudar de posição quando isso é politicamente conveniente’, apontando para o Nafta, a tortura e a guerra no Iraque. Mas ele foi sobrepujado pelo ex-senador da Carolina do Norte John Edwards, que contestou repetidamente as credenciais e a credibilidade de Hillary.


‘A senadora Clinton afirma acreditar que pode ser a candidata da transformação, mas defende um sistema de Washington que é corrupto e não funciona mais’, disse Edwards. Ele acrescentou: ‘Acho que a população americana merece um presidente dos EUA que lhe dirá a verdade, que não dirá uma coisa em um momento e algo diferente em outro’.


Hillary Clinton chegou ao debate sabendo que seria alvo, mas, à medida que o tempo passava, pareceu estar surpresa com a intensidade com a qual era questionada. Como evidência de que está transmitindo uma mensagem clara, ela apontou para o fato de que os republicanos a vêm atacando constantemente. ‘Os republicanos e sua obsessão constante comigo demonstram claramente que eles obviamente pensam que estou me comunicando com eficácia sobre o que farei como presidente’, disse Hillary.


Edwards e Obama quase se atrapalharam ao oferecer uma interpretação diferente. ‘Parte da razão pela qual os republicanos são obcecados com você, Hillary, é que esse é um combate que eles se sentem à vontade em travar’, disse Obama. ‘Outra visão do porquê de os republicanos não pararem de falar da senadora Clinton, senadora, é que eles podem realmente querer concorrer com a senhora’, disse Edwards. ‘Acho que, se as pessoas querem manter o status quo, sua candidata será a senadora Clinton.’


Hillary se negou a dizer se pressionaria o Arquivo Nacional a trazer a público correspondências entre ela e Bill Clinton, quando este era presidente. Foi acusada de falta de transparência.


Tradução de CLARA ALLAIN’


 


CHADE
Folha de S. Paulo


Sarkozy muda discurso e pede libertação de jornalistas


‘Após quase uma semana de condenações veementes à ONG Arca de Zoé, que tentou embarcar ilegalmente 103 crianças africanas para a França no dia 18, o presidente Nicolas Sarkozy tentou ontem ‘sensibilizar’ o presidente chadiano, Idriss Deby, sobre a ‘presunção de inocência’ de todos os envolvidos. Ele pediu a soltura imediata dos três jornalistas franceses que acompanhavam os seis integrantes da ONG presos e os sete espanhóis responsáveis pelo vôo charter.


Na ex-colônia francesa, centenas de pessoas protestavam em Abéché, onde o grupo foi preso. Com a acusação formal ontem de um piloto belga, sobe para 17 o número de europeus processados por conexão com a ação. Dois chadianos também estão presos.


A Arca de Zoé diz ter feito a operação para salvar os pequenos de uma morte quase certa, mesmo alertada pelo Ministério das Relações Exteriores da França sobre a ilegalidade do plano. As crianças, apresentadas como ‘órfãos de Darfur’ (região conflagrada no Sudão), seriam entregues a famílias européias, que pagaram até 6.000 pelo transporte.


A ONU diz que, aparentemente, alguns dos ‘órfãos’ são chadianos e têm família. Pequenos, nem todos conseguem dizer o nome e explicar de onde vieram, mas choram e chamam por seus pais. Famílias de crianças desaparecidas estão visitando o orfanato onde o grupo está alojado em busca dos filhos.’


 


NEGÓCIOS
Folha de S. Paulo


Anatel aprova compra da TVA pela Telefônica em São Paulo


‘A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou ontem a compra das operações de cabo da TVA pela Telefônica em São Paulo. A agência já havia aprovado a compra das operações da TVA no resto do país.


Em São Paulo, porém, a Anatel entendeu inicialmente que a Telefônica não poderia ter o controle da TVA porque a legislação proíbe que uma companhia telefônica tenha uma empresa de TV a cabo na mesma região.


Para alterar a definição e permitir a compra, a Anatel exigiu que a Telefônica mudasse o contrato de acionistas firmado com a TVA. Além de reduzir a participação da empresa de telefonia para abaixo de 20%, como determina a legislação, a Anatel exige que não exista nenhum tipo de poder de veto na sociedade.


‘Está eliminada qualquer hipótese de controle acionário ou societário da Telefônica [na TVA]’, afirmou o conselheiro da Anatel Antonio Bedran, relator do processo.


A agência já havia pedido que essa modificação fosse feita à Telefônica e à TVA em julho deste ano.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo compra game que dá US$ 10 milhões


‘A Globo negocia com a Sony a compra do formato do game ‘Power of 10’, que promete a maior premiação da TV: US$ 10 milhões (R$ 16,9 milhões) nos EUA e 10 milhões na Europa (R$ 24,383 milhões).


O formato será um dos novos quadros do ‘Domingão do Faustão’ em 2008. Deverá se chamar ‘O Jogo do Dez’. A Globo ainda discute qual será o prêmio. As possibilidades são R$ 1 milhão, R$ 2 milhões ou R$ 10 milhões com um altíssimo grau de dificuldade para os participantes. Mesmo que venha a oferecer R$ 10 milhões, a Globo irá ‘deflacionar’ o prêmio brasileiro em cerca de 40% (pelo dólar de anteontem).


O jogo reúne dois participantes que respondem a perguntas baseadas em pesquisas (por exemplo: quantos brasileiros têm medo de avião?). As respostas são sempre em percentuais. Ganha aquele que responder número mais próximo do resultado da pesquisa. O vencedor parte para uma segunda leva de questões, em que poderá ganhar de US$ 1.000 a US$ 10 milhões (nos EUA).


‘Power of 10’ estreou em agosto na CBS, como um programa de verão, apresentado pelo comediante Drew Carey. Pagou US$ 1 milhão a um estudante de 19 anos, o maior prêmio já dado pela CBS, sem contar reality shows. O formato já foi vendido para Alemanha, França, Austrália, Grécia e Chile. Nos EUA, já está prevista uma segunda temporada.


FICHAS Silvio Santos está apostando alto no elenco da Band. Depois de assediar José Luiz Datena para apresentar um novo ‘Aqui Agora’, partiu para cima de Marcia Goldschmidt.


DESFALQUE 1 A Record acaba de tirar mais uma afiliada do SBT. Em 90 dias, a Rede SC, com geradoras em Florianópolis, Blumenau, Joinville e Chapecó, trocará a programação de Silvio Santos pela de Edir Macedo. Assim, a Record melhora sua cobertura em Santa Catarina e deixa o SBT fora do ar no Estado, ainda que temporariamente.


DESFALQUE 2 A atual afiliada da Record em Florianópolis passará a transmitir a Record News. Já as afiliadas de Xanxerê e Itajaí continuarão com a Record.


CANO Cléo Pires, que causou mal-estar ao faltar a um ‘Domingão do Faustão’, mas foi ‘inocentada’ (houve falha de comunicação), volta neste domingo ao quadro ‘Pistolão’, apadrinhando grupo de comediantes.


TV CARA Um mesmo filme, ‘Na Companhia do Medo’, passou anteontem quase simultaneamente em três canais: Universal Channel (21h), AXN (22h) e People+Arts (22h). Que lixo!


TIROTEIO Apesar da ameaça do SBT de ir à Justiça e fazer ‘Ídolos 3’ mesmo sem contrato, a Record deve assinar com a Fremantle pelo formato de ‘Idol’. O SBT diz que enviou fax à Fremantle em 12 de julho, 34 dias antes do prazo, manifestando interesse no reality show.’


 


Laura Mattos


A culpa é do sistema


‘Aos 63 anos, o ator Ney Latorraca sabe que a culpa nem sempre é do sistema. ‘Tive duas úlceras e uma diverticulite por ser muito exibido. Queria aparecer de qualquer jeito.’ A partir de amanhã à noite, ele será Katedref, todo-poderoso de uma grande companhia, o vilão da série ‘O Sistema’, da Globo. ‘Ele vai usar fralda. Os poderosos são pessoas infantis.’ À Folha, o intérprete de grandes personagens humorísticos falou sobre a infância pobre, o desejo de reunir os corpos do pai e da mãe e da transformação de ‘deslumbrado’ para alguém que valoriza ‘rituais sagrados do cotidiano’.


FOLHA – Como se sente como o grande vilão do sistema?


NEY LATORRACA – Katedref tem uma coisa infantil. Os poderosos são infantis, mimados. Havia a proposta da Fernanda [Young] e do Alexandre [Machado, autores de ‘O Sistema’] para eu fazer nu, e colocariam uma tarja. Mas disse que achava que ele deveria usar fralda, porque mostra bem o que ele é.


A secretária passa talquinho porque está assado. É uma criança rebelde, reclama de tudo, porque mexem no brinquedo dele, que é o sistema.


FOLHA – O sr. é vítima do sistema?


LATORRACA – Estou enlouquecendo porque sou assinante da Net, e minha banda larga não entra há mais de dez dias, e no final do mês vem o boleto. Telefono e falam: ‘Um momentinho, aperte a tecla 2’. Digo tudo e mandam apertar outra tecla.


Ontem, quando fui me deitar, fiquei tenso porque liguei para o serviço despertador. ‘Aperte a tecla 1.’ E quando me ligam nuns horários estranhos e me chamam de Antônio [seu nome é Antônio Ney Latorraca]… Sei que é cilada, é telemarketing.


FOLHA – Como é criticar o sistema em um programa da TV Globo?


LATORRACA – Não é isso, mas uma proposta de humor. O exercício é tentar trazer um recado, uma gargalhada ou uma lágrima, sem pretensão. Não existe essa coisa de ‘viemos para mudar o sistema’. E o humor é nobre. Fiz muita coisa até chegar ao Katedref.


FOLHA – Seus pais trabalharam em cassinos. Como foi ter uma infância pobre, ser excluído do sistema?


LATORRACA – Estou falando muito nisso ultimamente. Meus pais morreram, estou com 63 anos, e há momentos em que eles vão se aproximando de mim, da minha maneira de ser. Éramos pobres, morávamos numa pensão. Não tinha muita coisa, nunca soube o que era brinquedo, história em quadrinhos. Mas fazia sucesso no colégio. Mostrava aos colegas como montar uma caixa de madeira, e aí já estava representando. Estava achando um barato ser diferente dos outros.


FOLHA – A exclusão é, de certa forma, enriquecedora?


LATORRACA – Claro. Tudo para mim é lucro. Os diversos personagens, a roupa do personagem. Meus pais passaram pelo cassino, depois foram trabalhar com Grande Otelo, meu padrinho de batismo. Com aquela vida, tinham medo que não fosse dar certo para mim. Mas dizia que ia vencer e colocar o sobrenome deles nos letreiros. E consegui. Meu pai morreu em 1988, minha mãe, em 94. Tinha muita ligação com ela, mas agora me arrependo de ter falado muita coisa para meu pai…


FOLHA – Do que se arrepende?


LATORRACA – Ah, de ter dito algumas bobagens. Estou em um resgate. Antes, só tinha foto da minha mãe no porta-retratos. Agora coloquei uma dele junto. Ele está enterrado em Santos [litoral de SP, onde Ney nasceu], e ela, no Morumbi [SP]. Estou com vontade de juntar os dois. Quando morreram, já estavam separados, mas quero uni-los. Não é nada mórbido, mas um ritual que quero fazer.


Fui ficando mais maduro. Estou acreditando piamente no meu cotidiano. Não acredito mais nos grandes eventos. O cotidiano é o sagrado para mim, meus rituais, pegar o meu livro, andar, tomar banho com minha toalha branca, morar bem, falar no telefone com as pessoas, tratar bem a imprensa porque aí ela me trata bem. Gosto de ser reconhecido, sou vaidoso.


FOLHA – A sua relação com a imprensa não era boa?


LATORRACA – Eu era muito ‘oba-oba’, deslumbrado. Sabe a pessoa de SP que chega ao Rio e sai em escola de samba? E aí fica impossível, não sai só em uma escola, sai em 12, ninguém agüenta. E aí precisa ter úlcera para ficar ‘menos’.


FOLHA – É uma metáfora ou teve mesmo uma úlcera?


LATORRACA – Tive duas úlceras e uma diverticulite por ser muito exibido. Queria aparecer de qualquer jeito. Não precisa disso, gente. Está lá o trabalho já. Ando pela Lagoa, e vão me cumprimentando. Dependendo do personagem pelo qual me chamam, sei a idade do fã. Pode ser Mederix [‘Estúpido Cupido’, 76], Barbosa [‘TV Pirata’, 88]. Outro dia me chamaram de Eduardo [‘Da Cor do Pecado’, 2004]. Meu Deus!


FOLHA – Em seu blog, você conta que, enquanto anda pela Lagoa, liga do celular e deixa recado sobre seus compromissos na sua secretária eletrônica. Não dá para se desligar nem um pouco do sistema?


LATORRACA – É difícil, mas tenho um momento contemplativo. Vejo passarinhos namorando, flor, essas vacas [Cow Parade].


FOLHA – Está gostando de ter blog?


LATORRACA – Estou começando. Escrevo em um bloco de papel, a lápis, daqueles com borracha na ponta, e passo para o computador. Não pode ser uma coisa pretensiosa. É péssimo virar busto, como aqueles de gesso que ficam em cima do piano. Não posso acreditar em mim e falar: ‘Tô arrasando, né?!’ Não. Estou fazendo o meu trabalho.


FOLHA – Capitão Nascimento, de ‘Tropa de Elite’, diz que ‘o sistema não existe para resolver problemas das pessoas, mas para resolver os problemas do sistema’. Vê paralelo entre a crítica do filme e a da série?


LATORRACA – São dramaturgias diferentes. Mas a série também é crítica. O humor é uma arma forte, podemos dizer coisas terríveis e dar grandes recados.


FOLHA – ‘O Sistema’ parece ser inovador. Mas certamente não será mais do que ‘TV Pirata’, não acha?


LATORRACA – Não sei nem se tem essa preocupação. Quando era o Barbosa, nunca imaginei que seria aquele sucesso. Ninguém esperava que aquilo fosse funcionar como uma mudança.


FOLHA – ‘Pânico’ é revolucionário?


LATORRACA – Não sei, mas gosto. Também gosto de algumas coisas do ‘Zorra Total’, Tom Cavalcante fazendo Ana Maria Braga, da crítica que o Miguel [Falabella] faz de condomínios da Barra [‘Toma Lá Dá Cá’], do ‘Casseta & Planeta’, especialmente nas sátiras às novelas.


FOLHA – Prefere ‘Casseta’, da Globo, ou ‘Pânico’, da Rede TV!?


LATORRACA – Tudo bem, fui simpático até agora… Mas não, não vou responder [risos].’


 


Pedro Butcher


‘Mordaça’ analisa censura em detalhes


‘Em geral confinada nos períodos da ditadura militar, a reflexão sobre a censura no cinema brasileiro ganha um panorama bem mais amplo em ‘Mordaça’, série de reportagens que começa a ser exibida hoje e segue até o dia 6 de dezembro, sempre às quintas-feiras, no Canal Brasil.


Dirigida e apresentada por Simone Zuccolloto, ‘Mordaça’ aborda a censura do começo do século 20 até a Constituição de 1988. O enfoque evita simplificações, detalhando transformações históricas e mostrando como a censura não foi apenas uma imposição do Estado, mas o reflexo de uma demanda de parte da sociedade.


As questões morais, por exemplo, muitas vezes tiveram mais peso que as questões políticas. Filmes eróticos eram exibidos livremente, até que, por demanda de cidadãos incomodados, o departamento de censura (antes dedicado ao teatro) passou a ocupar-se do cinema.


Entre os grandes trunfos da série está uma entrevista com Coriolano Loyola Cabral Fagundes, censor dos anos 60 até 1990. Ele trabalhou sob a chefia da temida Solange Hernandez e depois, no processo de abertura, tornou-se chefe. Outro trunfo é o vídeo que registra a reunião do Conselho Nacional de Censura, estabelecido já nos anos de abertura, para discutir ‘Rio Babilônia’, de Neville D’Almeida.


MORDAÇA


Quando: hoje, às 21h; até 6/12


Onde: Canal Brasil’


 


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