Thursday, 02 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Inteligente e pertinente

O colega Luciano Martins Costa continua participando, neste OI, como um dos mais lúcidos e criativos articulistas sobre temas da contemporaneidade envolvendo a mídia, a imprensa e os atores desse concerto caótico. Seus textos, além das análises inteligentes e pertinentes, com freqüência também incentivam os próprio críticos de plantão e os ‘observadores’ a se auto-observarem. Nos fazem lembrar que excesso de informação e tagarelice, mesmo que travestidas de pseudo-erudição e intelectualidade, não significam necessariamente sabedoria, lógica, sensatez e contribuição à busca e elucidação da verdade.

Esta instituição decadente e falaciosa que autodenominou-se de ‘Quarto Poder’ há muito carece de uma legitimidade muito mais real e coerente para justificar, afinal, quem lhe outorgou tal questionável status. Quanto se trata de ela mesma se criticar e ser revista com objetividade e isenção, a imprensa e seus poderosos protagonistas não demonstram a mínima humildade, sobriedade, serenidade e eqüidistância para o reconhecimento e a análise minimamente racionais dos fatos e contextos com relação aos quais ousam apresentar-se com a mítica e impossível isenção e imparcialidade.

Basta ler este OI para que se colecione um conjunto impressionante de julgamentos, sentenças, generalizações, acusações sumárias e desmontes taxativos de pessoas, idéias e conceitos: muitas vezes de forma antiética, sem respeito e consideração pelos valores que deveriam pautar a humana comunicação e um jornalismo decente, civilizado. Em nome da liberdade de expressão e da ausência de censura, egos inflados e rancorosos não têm pudor de expor de qualquer modo suas vaidades e preconceitos, suas próprias censuras (veladas ou explícitas), seu autoritarismo e convicções pessoais arraigadas: muitas vezes cegas ao interesse coletivo maior e à real essência do que seria um debate democrático.

A pergunta que fica é a seguinte: como se auto-observam os observadores e como se auto-regulam os críticos? Não seria o momento de se inserir a fundamental questão do autoconhecimento e da expansão da consciência no debate sobre quem pretende exercer a crítica e a observação sobre a mídia e sobre os outros de forma tão freqüentemente apressada, parcial, embaçada, virulenta, destrutiva e passional?

Mário Xavier, jornalista, Florianópolis



Lucidez e realismo

Até que enfim um artigo lúcido e realista. Parabéns e obrigado.

José Henrique Borges de Moura, artista plástico, Matozinhos, MG



Seriedade e imparcialidade

Parabéns pela matéria. Fico feliz em ver que tão importante tema – o desempenho sofrível do nosso jornalismo – começa a ser analisado com seriedade e imparcialidade. Esperamos que esse tom prevaleça em substituição à autêntica ‘baixaria’ que temos assistido nesses últimos meses. E se tivéssemos o conselho?

Edson Pessoa, administrador, Belo Horizonte

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Direito cerceado

Historicamente o jornalismo sempre foi moldado de forma a servir a alguém. Seja defendendo ou acusando, não há imparcialidade e todos sabemos, assim como não o há em outras profissões que têm um papel igualmente social. Porém, cercear o direito do jornalista em cumprir seu papel é tosco e intolerável, pois demonstra o quanto o atual governo está acuado diante de tantas evidências sobre uma atuação viciada e sem o compromisso para o qual foi originalmente eleito. Devemos lutar cada vez mais por esta liberdade, para realmente sermos livres das amarras que nos prendem ao poder dos governantes medíocres.

Marcos Piaia, jornalista, Cascavel, PR



Crea tutelado

Deu no Ziglobi que o Crea vai ‘investigar’ o trem dos pedaços que caíram de um prédio no Centro do Rio. Olha o autoritarismo aí em ação. Que que o Estado – pois, como os editorialistas e articulistas ziglobais e o Sr. Dines demonstraram sobejamente, esses tais ‘conselhos’ não passam de instrumentos de tutela dos profissionais pelo Estado – tem que se meter?!? E a liberdade de expressão arquitetônica, como é que fica? E o direito dos proprietários e ocupantes de materem ou não os imóveis como lhes aprouver? Os supostos prejudicados que corram às barras dos tribunais! Se continuar assim, daqui a pouco veremos sequazes do Crea fazendo ‘visitas’ (cf. Luiz Garcia) a canteiros de obras, prepostos do Cremerj fazendo ‘visitas’ a hospitais, e por aí afora – é a sovietização em marcha! Aliás, a exigência de diploma universitário e registro profissional já é um atentado à democracia: assim como, segundo o presidente da ABI, ‘qualquer pessoa que saiba escrever pode ser jornalista’, qualquer pessoa que saiba fazer cálculos pode ser engenheiro, qualquer pessoa que saiba desenhar pode ser arquiteto, e, por que não, qualquer magarefe pode ser cirurgião, né?

Carlos Eduardo Martins, Rio de Janeiro