Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Não leram o projeto

Lendo este Observatório pude notar um fato que vem se repetindo: as pessoas criticarem o projeto do CFJ tomando como base apenas a matéria equivocada da outrora simpática Folha de S.Paulo. O que notei, após acessar o site da Fenaj e ler o projeto, é que a maioria dos críticos sequer leu o projeto. E se leu, não entendeu ou não quis entender. É lamentável que jornalistas se posicionem contra um projeto que vem dar dignidade a uma das únicas profissões que não tem seu Conselho. Por isso é que se vêem centenas de jornalecos por todo o país, feitos por aventureiros, e ainda redações, inclusive de grandes jornais, tomadas por não-jornalistas que têm apenas compromisso com quem lhes deu o emprego, e não com a ética profissional. Lamentável!

Cláudio Curado, Goiânia



É preciso ler

Muito estranhei o posicionamento contrário à criação do Conselho Federal de Jornalismo. Tenho uma cópia encadernada da proposta desde 2001, quando representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo visitaram minha cidade. E até onde pude apurar, conselhos profissionais são formados pelos próprios, e não pelo poder público. E para concluir, censura faz quem não aceita opinião contrária, mudanças, regulamentações, nem discute o desconhecido. Antes de criticar é preciso ler, atentamente, para dar informações corretas. Aliás, a proposta do Conselho prevê penalização para profissionais que disseminem informações erradas. Se conseguirmos reduzir o número de jornalistas que agem dessa forma teremos alcançados uma grande vitória.

Stela Martins, jornalista, São Carlos, SP



A liberdade que imprensa

A sociedade não confia nos jornalistas, os pobres não lêem e a imprensa burra nunca encabeçou uma campanha pela educação (quanto mais letrada for a sociedade, tanto mais se vai vender jornais, idiotas!). A mídia é uma abstração, os veículos estão nas mãos de políticos, pastores, empresários inescrupulosos, publicitários; de uma corja de canalhas. A ética jornalística. bem, creio que é mais sensato falar em ética de cada veículo. O jornalismo só ganha corpo quando tremulam os seus baluartes corporativos. Aí todo mundo é colega (Diogo Mainardi, Boris Casoy e, no túmulo, revira-se Paulo Francis, encabeçando a categoria).

Para os jornalistas o visto negado ao trânsfuga Larry Rohter foi mais importante do que a autocrítica. ‘Lula transformou um problema menor em uma grande trapalhada’. Não existe texto impessoal, isto é um paradoxo. Jornalista é que não tem opinião, ele transpira a opinião do veículo que o emprega. E qual é a intenção do boss que lhe paga? O que o impulsiona? Todos querem um Estado mínimo, onde podem maximizar as suas irresponsabilidades em busca do vil metal. Dinheiro, trata-se de dinheiro e não de princípios. O projeto que cria o Conselho Federal dos Jornalistas é da Federação Nacional dos Jornalistas. Mas, como no caso do Larry, é melhor desviar para o governo barbudo e bolchevique. Enquanto isso, os jornalistas são motivos de chacota. Pelas redações proliferam os Repórteres Vesgos.

Lelê Teles, publicitário, Brasília



Sem panos quentes

Mais uma vez vocês, jornalistas, mostram o quanto são corporativistas. Falam em liberdade de imprensa como se isso não significasse tão somente a liberdade dos publishers. Francamente, de que liberdade de fato estamos falando? Quem tem liberdade para dizer o que pensa num jornal? Vamos parar de hipocrisia independentemente de estarmos discutindo o CFJ ou qualquer outra coisa. Há um fato gravíssimo que insistimos em ignorar que é a manipulação das informação em favor de um ou de outro lado da notícia. Há a irresponsabilidade de quem faz jornalismo. Há também a impunidade de quem faz jornalismo com má fé. Entretanto basta uma mea-culpa e tudo bem.

É isso que os jornais americanos estão fazendo ao referenciar a cobertura totalmente distorcida da ameaça iraquiana. Dizer que isso se deveu a uma soma das loucuras individuais dos jornalistas é cretinice. A linha editorial estava notadamente pautada! Os editores e publishers – estes sim! – privaram a população de ter acesso à informação que existia mas era censurada. Nenhuma análise-besteirol de jornalista pode apagar esse fato. Nenhuma idéia abstrata de liberdade de imprensa poderia acobertar um tamanho ato de má-fé e de irresponsabilidade social. Sem panos quentes!

Renato Calado Siqueira, engenheiro, São José dos Campos, SP



Vide Ibsen Pinheiro

A criação do conselho nada tem a ver com Lula, Dirceu ou censura. A idéia já existia há mais de 20 anos (antes da Constituição de 1988). Se há erros, cabe aos parlamentares, aos jornalistas corrigir, debater e chegar a um consenso. Induzir o leitor a pensar que o projeto é uma vingança do governo contra a imprensa, contra o denuncismo, é uma canalhice. Se um médico erra é punido pelo CRM (composto por médicos). Se um engenheiro erra é punido pelo Crea. Se um mau jornalista acaba com a honra de uma pessoa ou passa informações falsas por que não deve ser punido?

Não se está aqui cerceando a liberdade de expressão, esta está assegurada pela Constituição. O que não se pode é confundir liberdade de expressão com exercício de um poder para arruinar a vida de pessoas impunemente (vejam o exemplo da Escola Base e da revista IstoÉ desta semana a respeito de Ibsen Pinheiro.)

Jorge Luiz Cursino Roriz, estudante de Jornalismo, Salvador