Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Dunga contra todos e todos contra Dunga


Leia abaixo a seleção do OI com artigos sobre a Copa do Mundo publicados de sábado (19/6) a terça-feira (22/6).


 


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O Globo


 


DESTEMPERO


Marceu Vieira


A Dunga, perguntas que não querem calar, 20/6


‘Dunga, como você conseguiu o emprego de técnico da seleção brasileira?’. A pergunta inocente, sem qualquer intenção de aborrecer o treinador, ficou sem resposta.


Foi feita pelo adolescente Gift Matseke, de 15 anos, morador da favela de Alexandra, a maior e mais miserável de Johannesburgo. O GLOBO pediu a 20 crianças e jovens sul-africanos perguntas para Dunga. O técnico — que hoje põe novamente seu prestígio à prova, no segundo jogo do Brasil na Copa, contra a Costa do Marfim, às 15h30m, no Soccer City Stadium, em Johannesburgo — recebeu as questões dois dias antes da estreia da seleção contra a Coreia do Norte (vitória de 2 a 1). Mas não as respondeu.


A curiosidade mais recorrente da criançada é a ausência de Ronaldinho Gaúcho. O jogador do Milan é um grande ídolo em Alexandra, um amontoado de barracos de zinco e casebres de alvenaria, com mais de 470 mil habitantes, todos negros, segundo o último censo do governo local, onde brancos forasteiros, quando ousam atravessar suas vielas, são chamados de ‘mulungus’ — referência pejorativa aos antigos opressores do apartheid, extinto oficialmente em 1994 por Nelson Mandela. Ronaldinho, ali, é rei.


— Ele é demais, queria muito ser como ele. Dunga, por que você não o trouxe para cá? — perguntou Unathi Vinindwa, de 16 anos.


Perto dele, Thabo Kubheka, da mesma idade, insistiu no tema: — Dunga, você se arrepende de não ter trazido o Ronaldinho para a Copa?


Pedaladas de Robinho O único jogador da seleção brasileira que rivaliza em prestígio com o craque preterido pelo técnico da seleção é Robinho.


O camisa 11 do Brasil foi o segundo mais citado nas questões da meninada. Stalney Skhosara, de 14 anos, disse que gostaria de fazer a seguinte pergunta a Dunga: — Quem ensinou ao Robinho o drible das pedaladas? Talvez o nosso treinador não soubesse. Mas, com certeza, teria uma resposta na ponta da língua para Domenic Mzima, de 16 anos: — Por que você virou técnico? Para ganhar dinheiro? Kaká também foi bastante lembrado na enquete. Entre um chute e outro numa bola para lá de gasta, numa viela de Alexandra, o pequenino Thabo Ramosno, de apenas 7 anos, pediu para saber: — Quem ensinou Kaká, que é branco, a jogar futebol? Em Soweto, o bairro-símbolo do apartheid, onde vivem cerca de 3,5 milhões de pessoas, Kaká também foi um dos principais alvos da curiosidade das crianças: — Dunga, o Kaká parece um pop star. Você sabe se ele tem algum cantor preferido? — perguntou Brendan Solomon, de 13 anos.


A inocência das perguntas não quebrou o gelo de Dunga.


Joey Masilela, de 15 anos, mandou para o treinador mais uma singela dúvida: — Dunga, foi o Ronaldinho que não quis vir para a Copa? Charles Mokoena, de 14 anos, também de Soweto, não escondeu suas intenções: — Para ser um grande jogador de sucesso e ganhar dinheiro, como Kaká e Robinho, o que eu devo fazer? E lá veio de novo Robinho, quase um super-herói para o adolescente Kagelo Lefakane, de 13 anos: — O Robinho já sabia dar o drible das pedaladas quando tinha a minha idade?


Quem influenciou Dunga? Linda Khubeka, de 15 anos, que, apesar do nome, é menino, teimou numa dúvida sobre Ronaldinho Gaúcho: — Dunga, quem não quis que o Ronaldinho Gaúcho viesse à Copa do Mundo? Foi você ou outra pessoa? Mais uma, ainda em Soweto, sobre o meia do Milan: — Você viu o Ronaldinho começar a jogar? Ele já jogava bem assim? — quis saber Swprise Nlohlda, de 13 anos.


A criançada negra da África do Sul é fanática por futebol.


Quase todos os jogadores brasileiros que atuam ou atuaram pela seleção ou no exterior são conhecidos deles. Até o próprio Dunga, que atuou no Pisa, no Fiorentina e no Pescara, da Itália, e no Stuttgart, da Alemanha.


O técnico brasileiro talvez ficasse feliz com a pergunta de Junior Kingsley, de 13 anos: — Dunga, quem influenciou você como jogador? Surgiram, é verdade, dúvidas embaraçosas. Moyale Ramashaba, de 12 anos, gostaria que o comandante da seleção brasileira esclarecesse: — É verdade que o Ronaldo (Fenômeno) não veio à Copa porque está gordo como o Benny McCarthy (atacante sul-africano cortado pelo técnico Carlos Alberto Parreira por causa de seu excesso de peso)?


Curiosidades desarmadas Outras talvez Dunga não conseguisse responder. Mas as curiosidades foram sempre simpáticas e desarmadas: — Ronaldinho Gaúcho quer quebrar o recorde de gols de Pelé? — perguntou Bohlokana Lekau, de 14 anos.


Mais uma sobre o craque surgido no Grêmio, arquirrival do Internacional, que lançou Dunga como jogador: — Foi você quem descobriu Ronaldinho? — expôs sua dúvida Edwin Ramoswane, de 13 anos, que ainda completou: — Se eu fosse para o Brasil, poderia me tornar jogador? Dunga talvez também tivesse gostado desta, de Mpule Makoae, de 15 anos: — Por que o Brasil tem tantas estrelas do futebol? Até meninas quiseram fazer perguntas para o comandante da seleção brasileira.


— O que você está achando da África do Sul? — indagou Nhtalie Khoeba, de 14 anos.


— Para você, os Bafana Bafana são bons? — questionou Winnie Thoba, de 15.


— Você acha que o Kaká se casaria com uma menina negra da África do Sul? — perguntou Sarah Thoby, de 14.


Com a palavra, Dunga.’


 


 


Marcos Penido e Tadeu de Aguiar


Uma exibição de descontrole, 21/6


‘A boa atuação da seleção brasileira e a convincente vitória sobre a Costa do Marfim seriam razões suficientes para alegrar qualquer treinador numa Copa do Mundo. Para Dunga, no entanto, não foi o bastante. Ainda que, vez por outra, ressaltasse as qualidades da equipe, o técnico brasileiro preferiu passar boa parte da entrevista xingando o jornalista Alex Escobar, da Rede Globo, entre uma e outra resposta. Isso porque ele achou que o jornalista teria desaprovado, com a cabeça, um de seus comentários.


— Algum problema? Algum problema? — disse Dunga, balbuciando uma série de palavrões que vazaram no sistema de som da sala de entrevistas.


De nada adiantou o jornalista explicar que não estava falando com ele. Dunga passou a agredilo com os palavrões. Nos quase 30 minutos seguintes, o técnico foi irônico outras vezes, sempre tendo a imprensa como alvo.


No fim da entrevista, Dunga, ainda irritado, continuou pronunciando outros xingamentos e palavras impublicáveis. Ele não se conteve diante de outro jornalista da Rede Globo e, de dedo em riste, foi agressivo: — Tem que ser macho! Tem que vir falar na minha cara! Antes da entrevista, Dunga parecia estar de bom humor.


Chegou a sorrir e abraçar Cafu, que apareceu na sala. O treinador elogiou o desempenho da seleção, lamentou a expulsão de Kaká e a contusão de Elano, mas viu o lado positivo da cômoda situação do Brasil, já classificado para as oitavas de final: — O Elano é importante, mas, se tivermos que poupálo, já jogamos com o Ramires e o Daniel Alves. E ainda temos o Júlio Baptista — afirmou.


Mesmo reclamando da atuação do árbitro francês Stephane Lannoy e da expulsão de Kaká, Dunga viu uma vantagem devido à situação do Brasil: — Foi pena, porque o Kaká estava pegando novamente a confiança. Mas vamos ter jogos em espaços mais curtos de tempo, e ele vai poder dar uma descansada e ser bem preparado para entrar em um momento importante.


Quando analisou o jogo contra a Costa do Marfim, ele aproveitou para soltar as suas farpas contra a atuação do árbitro francês Stephane Lannoy. Durante a partida, Dunga já tinha mostrado sua revolta com xingamentos para Lannoy. E até para Drogba que, ainda no campo, foi chamado de ‘Drogba de merda!’.


— Todos que gostamos de futebol pensamos em um espetáculo bonito. Mas as pessoas que controlam o futebol devem fazer o seu papel. Fica difícil mostrar o futebol-arte que pedem com o árbitro que apitou o jogo hoje.


Sobre Kaká, disse que foi a primeira vez que viu um jogador de boa técnica ser punido por querer jogar futebol, enquanto outros que cometeram faltas seguidas sequer foram advertidos: — O jogo estava bom para mim, porque eu ia poder fazer falta à vontade e o juiz ainda ia me dar parabéns — ironizou.


Ele elogiou Luís Fabiano: — Ele sofria muita cobrança, sobretudo de vocês, da imprensa.


Foi bom. Ganhou confiança.


A vitória e a classificação antecipada não garantiram aos jogadores uma folga hoje.


— É melhor eles ficarem na concentração. Se saírem, vocês vão atrás deles, e o dia não é livre — afirmou Dunga’


 


 


Mauricio Fonseca e Tadeu de Aguiar


Dunga sob ameaça de punição, 22/6


‘As reações destemperadas do técnico Dunga ainda no campo de jogo e durante a entrevista coletiva em que xingou o jornalista Alex Escobar, da Rede Globo, após a vitória do Brasil sobre a Costa do Marfim, por 3 a 1, deixaram a CBF de sobreaviso. Apesar de não se manifestar a respeito do comportamento do treinador, a entidade acredita que receberá um comunicado da Fifa, possivelmente com uma repreensão ou multa ao técnico por mau comportamento.


A exibição de descontrole de Dunga, sobretudo na coletiva (quando chamou duas vezes o jornalista de ‘cagão’ e três vezes de ‘seu merda’), encontra parâmetros em competição oficial da Fifa. E é o que leva a CBF a acreditar em punição. Os dirigentes se recordam da sanção aplicada pela Fifa a Diego Maradona, técnico da Argentina. No fim do ano passado, após vitória sobre o Uruguai nas eliminatórias, em que os argentinos garantiram vaga no Mundial, Maradona xingou jornalistas. Ele foi punido com dois meses de suspensão — ficando impedido de acompanhar o sorteio dos grupos da Copa — e pagamento de multa de 25 mil francos suíços (cerca de R$ 42 mil).


Maradona foi enquadrado no artigo 57 do Código Disciplinar da Fifa, o mesmo que se aplicaria a Dunga. De acordo com o artigo, ‘qualquer pessoa que ofenda alguém de forma agressiva por gestos ou linguagem, violando a boa conduta, corre o risco de sofrer sanções’. No caso de Dunga, a punição poderia ser aplicada não apenas por sua conduta na entrevista, mas também por seu comportamento durante a partida. O técnico se descontrolou algumas vezes: xingou o árbitro francês Stephane Lannoy de ladrão, pela expulsão de Kaká, e chamou o atacante Drogba, da Costa do Marfim, de ‘Drogba de merda’.


Ontem, Nicolas Maingot, portavoz da entidade, disse que ainda não tinha conhecimento de nada. Mas afirmou que acompanharia o assunto, deixando claro que poderá haver desdobramentos. Embora a Fifa não tenha se pronunciado oficialmente — o regulamento da entidade prevê como punições advertência, multa, suspensão e até banimento do futebol —, não é a primeira vez que Dunga destratou um jornalista numa entrevista oficial. Na Copa das Confederações, ano passado, ele foi áspero com um repórter egípcio que lhe fizera uma pergunta.


O árabe saiu indignado e apresentou um protesto à Fifa.


Repertório de truculências Dunga fez pior domingo.


Quando respondia a uma pergunta, o técnico não gostou de uma reação de Alex Escobar, que fez um sinal negativo com a cabeça, e interrompeu a resposta para questionar o jornalista.


— Algum problema? Algum problema? — disse, passando a balbuciar uma série de palavrões que vazaram pelo sistema de som da sala de entrevistas.


De nada adiantou a tentativa de esclarecimento do jornalista de que não estava se dirigindo ao técnico. Após a coletiva, ao cruzar com outro jornalista da Rede Globo, o técnico não se conteve e, dedo em riste, foi mais uma vez agressivo: — Tem que ser macho! Tem que vir falar na minha cara! Ao sair, ele ainda se dirigiu ao repórter Carlos Maranhão, da revista ‘Veja’ e, com um sorriso irônico, disse: — É preciso ser homem.


Não é fácil ser homem. Tem mulher que consegue. Tem homem que não.


E foi embora sem explicar o que queria dizer com isso.


O repertório de truculência do treinador é farto e nem sempre dirigido a pessoas. Domingo, para não ser flagrado no uso de palavrões, Dunga arrancou o microfone que fica próximo ao banco de reservas. Na saída dos jogadores de campo, não permitiu que dessem entrevistas na posição determinada pela Fifa às emissoras de TV. E ainda proibiu que eles passassem por outro setor vendido pela Fifa às emissoras, o TV Studio, para rápidas entrevistas.


Por causa de Dunga, a CBF já foi notificada pela Fifa nesta Copa.


O técnico fechou dois treinos na semana da estreia contra a Coreia do Norte, contrariando o regulamento da entidade’


 


 


Técnico é apologista da lei da mordaça, 22/6


‘Os métodos do técnico Dunga podem até dar resultado dentro de campo. Mas o custo tem sido altíssimo. Para atingir seus objetivos, o treinador e seu auxiliar Jorginho impuseram um regime de caserna à seleção. Quem não segue à risca as determinações pode ser punido, ou, na melhor das hipóteses passar por situação constrangedora.


A ‘Família Dunga’ não foi formada pelo respeito ao chefe, e sim pelo medo.


Com poderes absolutos outorgados pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e escorado pelos excelentes resultados conquistados nas quatro linhas, Dunga impôs seu estilo, que privilegia o confronto em detrimento do diálogo. O treinador vive dizendo que o mais importante é a democracia, que todos podem falar o que querem, inclusive ele. Mas não aceita as críticas.


Jamais admite que seu time foi mal e parte para o embate com quem discorda de suas controversas teses. Seus adversários prediletos são os jornalistas.


Sente prazer no confronto.


Quando a seleção vence, Dunga parte para o ataque, sem medir consequências. Não sabe ganhar. Nem ser contestado.


O goleiro Gomes admitiu que teve um problema com Dunga.


Convocado para os primeiros jogos sob o comando do treinador, ele não gostou da forma como foi abordado por Dunga após um jogo e retrucou. Ficou três anos sem ser convocado.


Muitos se surpreenderam com sua inclusão entre os 23 convocados para a Copa de 2010.


Um integrante da comissão técnica pediu demissão do cargo, que ocupava havia oito anos, após ser destratado publicamente por Dunga, que não concordou com uma decisão tomada durante a Copa das Confederações do ano passado.


Um outro membro do staff da CBF diz suportar o treinador apenas para não perder o emprego. Também chegou a ser maltratado por Dunga na frente de testemunhas, por ter tomado uma atitude que desagradou ao técnico. Engoliu em seco e segue no cargo. Mas sequer dirige a palavra a Dunga.


Entre os integrantes da comissão técnica, com exceção de Jorginho, há um temor não disfarçado de desagradar ao chefe.


Para evitar problemas, evitamse as conversas e até mesmo os cumprimentos com pessoas de fora do grupo. Como não sabem o que pode vir a desagradar ao chefe, por via das dúvidas, preferem o silêncio, o anonimato.


Recentemente, um dos responsáveis pela segurança teve de conversar com um cinegrafista, durante um treino, sem olhar para o velho conhecido.


Como está instruído a não manter contato com a imprensa, teve de disfarçar o bate-papo.


Isso também ocorre entre os próprios jogadores. Há aqueles que não concordam com os métodos de Dunga, mas preferem se calar. Hoje um líder na seleção, Kaká também teve problemas com o treinador. Pediu para não disputar a Copa América de 2007 e foi publicamente criticado por Dunga, com quem também se desentendeu por ter feito uma operação num momento crítico, quando o treinador estava ameaçado de demissão.


Sem falar no jogador que implorou a um jornalista que não fotografasse seu trabalho físico na piscina, pois temia que Dunga entendesse que ele avisara à imprensa para se promover. Na conquista da Copa América, em 2007, na Venezuela, Dunga quase deixou surdo um fotógrafo que registrava a comemoração dentro de campo, ao gritar uma série de palavrões no ouvido do jornalista. Era um desabafo, mas logo contra quem jamais lhe fizera sequer uma pergunta.


Também xingou a mãe de um repórter antes do empate de 0 a 0 com a Argentina, no Mineirão.


Naquele dia, Dunga conseguiu a proeza de unir as torcidas de Atlético e Cruzeiro, que o vaiaram e o xingaram.’


 


 


Fernanda Thurler


E se o destempero entrar em campo?, 22/6


Antes de cada partida da Copa, os primeiros a entrar em campo são os que carregam a bandeira do jogo limpo.


Mas tal espírito esportivo, tão valorizado no Mundial, parece que ainda não foi incorporado pelo técnico Dunga.


Depois dos destemperos do treinador durante e depois da vitória, psicanalistas avaliaram como o comportamento de Dunga fora de campo pode prejudicar o trabalho dos jogadores dentro dele. Kaká, irritadiço e expulso no final da partida, foi um dos exemplos dessa nova cara da seleção.


— A tendência é de que o jogador se identifique com o técnico.


A provocação e a catimba fazem parte do esporte. Se não houver tranquilidade, qualquer atitude será motivo para alteração — analisou Sérgio Nick, diretor da Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi). — Dentro de campo, o atleta pode ver provocação onde não existe e ter um comportamento mais exaltado que provoque até uma expulsão.


A psicanalista Alice Bittencourt critica a falta de preparo: — Ele (Dunga) se sente perseguido. As vitórias mostram que ele está no caminho certo. Portanto, ele precisa se acalmar.


Quando ele aceitou o cargo, sabia o que ia enfrentar.


— Saber lidar com as críticas faz parte da preparação de um técnico — reforça a psicóloga Andreia Calçada. — Se o clima é esse quando o time ganha, se o Brasil perder, Dunga será massacrado.


É hora de levantar a bandeira branca.


Para o psicanalista Chaim Katz, a reação de Dunga é consequência do seu autoritarismo: — Ele quer mostrar quem manda de verdade. O que ele diz é certo e ninguém pode questionar. Mas esse comportamento não é exclusivo do técnico, existe em todos que têm poder. E os resultados positivos da seleção mostram que Dunga, de certa forma, está certo e dão mais força para ele manter esse comportamento’


 


 


Jogo Perigoso, 22/6


‘Escolhido para técnico da seleção mais pelos dotes de disciplinador do que por qualquer talento específico na condução de um time de futebol, Dunga se notabiliza por descontrole e incivilidade no relacionamento com a imprensa.


SE MESMO com vitórias Dunga anda de mal com a vida, o que poderá acontecer se o hexa não vier? E não virá caso o técnico transmita para o time todo o seu desequilíbrio emocional.


A SELEÇÃO precisa ser protegida de Dunga’


 


 


João Máximo


Relação conturbada, mas sempre civilizada, 22/6


‘Muito antes de Dunga, as relações docomando da seleção brasileira com a imprensa esportiva volta e meia se complicam.


De um lado, são as críticas, justas ou não, que invariavelmente são feitas a todo aquele que convoca ou escala a seleção. Afinal, no Brasil, todo mundo tem um pouco de técnico de futebol. Do outro lado, é o criticado, que muitas vezes se acha acima do bem e do mal, ou que, então, no caso de Dunga, vê nas críticas ao seu trabalho uma espécie de complô antipatriótico.


Nem sempre foi assim. Houve tempo em que os técnicos de seleção trabalhavam mais ou menos tranquilos em relação aos jornalistas, até porque grande parte destes tinha estreitas relações com a CBD, a antecessora da CBF. Durante a Copa do Mundo de 1950, por exemplo, alguns dos principais cronistas de futebol eram Mário Filho, Vargas Neto, José Lins do Rego, João Lyra Filho, muitos ocupando cargos de direção em clubes e entidades.


Podiam até derrubar técnicos, nunca criticá-los.


À medida que a imprensa esportiva foi se tornando mais independente, é verdade que num processo lento e acidentado, mais e mais os técnicos de seleção passaram a ser criticados.


E nenhum deles, nem mesmo os mais vitoriosos, escapou.


A forma de reagir é que muda de um para outro, do mais polido e elegante, como Carlos Alberto Parreira, ao mais furibundo, certamente Dunga.


Zagallo foi um que se achou vítima de oposição da imprensa, quando, ao substituir João Saldanha, dirigiu a seleção na Copa de 1970. O mesmo aconteceu em outras ocasiões, só que, embora reagindo com ênfase (‘Vocês vão ter que me engolir’), ele não chegou a cortar relações com seus críticos.


Chance para isso teve, durante uma excursão da seleção à Europa, em junho de 1973 (9 jogos em um mês) Manifesto de Glasgow As críticas às más atuações foram tantas que o comando — não Zagallo, mas o supervisor Claudio Coutinho — achou demais. Um exemplo é o final da crônica de João Saldanha no GLOBO após a derrota para a Suécia, em Estocolmo: ‘Agora, vamos para a Escócia.


Com que time vamos jogar? Não sei. Vou melhorar a pergunta: com que time vamos rebolar e patinar?’ Chegando à Escócia, Coutinho redigiu um texto que os jogadores, apoiados por Wilson Piazza e os goleiros Renato e Leão, assinaram. No documento, conhecido como ‘Manifesto de Glasgow’, os jogadores comunicavam a decisão de não mais dar entrevistas ou mesmo manter contato com os jornalistas que cobriam a excursão.


Do outro lado, propunham os repórteres não mais citar os nomes dos jogadores em suas matérias. No balanço final, perdiam os leitores, os ouvintes, os telespectadores, todos.


Técnicos criticados podem reagir contra-atacando seus críticos, com humor ou ironia.


Como Evaristo Macedo, quando lhe perguntaram se não estava preocupado com sua seleção na Copa América: — Preocupado estou em saber como vou gastar meu milhão de dólares…


Outros não têm humor nem ironia. Como Dunga. Ou seu assessor Jorginho. Mesmo no dia em que todos os seus jogadores, felizes e educados, deram entrevistas sobre a vitória sobre a Costa do Marfim, Dunga preferiu perder a linha.


Mais uma vez.’


 


 


Fernando Calazans


O técnico, o homem, 22/6


‘Está mais do que na hora de Dunga esquecer, por uns 10 ou 15 minutos, o futebol, a seleção brasileira e seu cargo na seleção brasileira. Esses poucos minutos seriam dedicados a examinar seu comportamento como homem, como cidadão, como ser humano enfim, se é que ele pode se classificar como tal. Para fazer um reexame do seu comportamento.


Para pensar e repensar se vale mesmo a pena viver todos os minutos e todos os segundos de sua vida, que é curta como a nossa, em permanente estado de confronto, de conflito, de guerra contra tudo e contra todos, exceto aqueles poucos que o cercam na família genealógica e na família profissional da seleção.


Naturalmente, seu comportamento depois da contundente e elogiada vitória sobre a seleção da Costa do Marfim não é de um ser humano normal.


Retirado do âmago da sua família na seleção para dar a entrevista coletiva ao mundo todo, Dunga já se muniu de três ou quatro pedras para atirar em pessoas, quer dizer, jornalistas, que não lhe fizeram nenhuma pergunta provocadora ou agressiva.


E então nos vimos diante da seguinte cena: o técnico da seleção brasileira vociferando palavrões para o jornalista que balançara a cabeça — para ele ou não. O que importa para quem foi? Era a segunda vitória da seleção brasileira, era a classificação antecipadíssima para a segunda fase da competição, era uma atuação convincente, reconhecida por todos. Qual o motivo para chegar à entrevista com aquele estado de espírito? É esse o estado de espírito natural de Dunga? É desse confronto exacerbado que ele retira o ar para prosseguir na sua caminhada? Dunga já recebeu muitas críticas dos jornalistas em geral, minhas em particular. Ninguém lhe dirigiu palavrões, ofensas pessoais, fisionomias de ódio ou de agressiva ironia — essas fisionomias que ele fabrica em suas aparições públicas, sob as vistas embevecidas de admiração do seu auxiliar. Muito menos aqui, no cenário da Copa, onde a imprensa, mesmo a mais oposicionista, naturalmente arrefece o tom das palavras.


Assim como a desordem, a indisciplina e a bagunça na seleção francesa atingem a imagem da França — a ponto de causar preocupação ao presidente Sarkozy — tampouco é favorável ao Brasil a imagem de seu treinador xingando pessoas na entrevista coletiva da seleção. E muito menos favorável à imagem da CBF, que o escolheu. Não há ninguém na entidade capaz de ter uma conversa — a mais amigável possível — com o seu treinador? Todos os técnicos das seleções brasileiras campeãs mundiais sofreram críticas de todos os graus. Vicente Feola em 58, o ‘homem que dormia no banco’; Zagallo em 70, depois da saída de João Saldanha; Parreira em 94, como deve lembrar muito bem o Dunga; Felipão em 2002, antes de conquistar a imprensa durante a Copa. Todos. Um ou outro reclamou ou protestou aqui e ali — mas nenhum deles perdeu a compostura. Perdeu a educação. O comportamento humano. A civilidade.


Dunga vem construindo há quatro anos, e bem cedo na vida, uma carreira vitoriosa como técnico.


Ganhe ou não a Copa, é certo que seguirá em frente, se quiser. O técnico parece com o caminho consolidado. E a figura humana, o homem chamado Dunga, como será visto em pessoa ou nas telas da televisão no mundo inteiro? GOL DE MALABARISMO. A seleção de Portugal afrontou todas as normas internacionais que orientam esta Copa do Mundo e sapecou um 7 a 0 na Coreia do Norte. Aqui na África do Sul, isso pode ser considerado até uma falta de respeito. Uma hora depois, o Chile botou as coisas no lugar e derrotou a Suíça pelo placar oficial de 1 a 0. Com toda a reverência, naturalmente.


Um dos (muitos) autores dos gols portugueses, Cristiano Ronaldo não pôde conter o riso, depois de marcar o dele. Ele estava na iminência de perder o controle da bola, quando ela bateu nas suas costas curvadas para a frente e caiu docemente a seus pés. Foi sem querer, foi um lance de sorte, como a gente sabe, e o Cristiano Ronaldo também, mas que foi bonito, foi, pela originalidade do gesto de malabarismo. Parabéns ao Cristiano Ronaldo e à Jabulani, que, espero eu, seja tratada com mais respeito daqui por diante.’


 


 


FRUSTRAÇÃO


Imprensa francesa não perdoa a seleção, 19/6


‘Impostores, indignos, patético.


Esses foram alguns dos termos usados pelos jornais franceses ontem para desqualificar os jogadores de sua seleção e a derrota de quintafeira para o México, por 2 a 0, o que tornou praticamente inviável a classificação da França para a próxima fase do Mundial. A imprensa local não perdoou a segunda partida sem vitória na Copa e pegou pesado, criticando a atuação do time em jornais e programas de entrevistas. Lembrou até que os irlandeses, eliminados da disputa pela França durante a repescagem, com um gol irregular, teriam tido, enfim, sua revanche.


‘A França acordou olhando para um campo em ruínas — a seleção nacional — com um nó na garganta, algumas lágrimas nos olhos, mas os Azuis não mereceram isso’ — escreveu Fabrice Jouhaud, editorchefe do ‘L’Equipe’.


O jornal esportivo estampou na capa a manchete ‘Os impostores’ e chamou de humilhante a derrota para a seleção mexicana.


O jornal ‘Fígaro’ publicou: ‘Foi Waterloo no Limpopo’, uma alusão à derrota de Napoleão em 1815 e à província sul-africana onde o jogo foi realizado.


Toulalan crê em redenção O ‘France Soir’ afirmou que ‘os Azuis envergonharam a França’ e acrescentou: ‘Se todos os rumores que os rondam se confirmarem, merecerão o título dos piores jogos internacionais na história do futebol francês, talvez não como jogadores, mas sem dúvida como homens.’ O ‘Le Monde’, um dos jornais mais respeitados da França, traçou em seu editorial um paralelo entre o resultado do jogo e a situação do país.


‘Sua falta de liderança, estratégia, espírito de equipe (…). Todos esses talentos desperdiçados, esses recursos sem uso formam uma cruel metáfora de um país que costuma ter problemas para unirse, para superar o pessimismo e a divisão e para mobilizar sua força.’ O site do jornal também destacou uma frase do alemão Franz Beckenbauer: ‘Os franceses são, atualmente, a maior decepção do Mundial. A forma como eles jogaram é indigna de uma Copa do Mundo. O que realmente me chocou foi a maneira como eles aceitaram a derrota.’ O meia francês Jeremy Toulalan admitiu, após o treino de recuperação da equipe, que sua seleção não jogou bem contra os mexicanos.


— O México realmente jogou como um time. Nós fomos apenas 11 indivíduos em campo — disse. — Nós ainda temos uma pequena chance de classificação. É preciso acreditar, e temos de lutar por todas as pessoas que decepcionamos.


O terceiro jogo da França no Mundial será terça-feira, contra a África do Sul, às 11h. Com apenas um ponto, a equipe precisa vencer os donos da casa por uma boa diferença de gols e torcer para que a partida entre México e Uruguai não termine empatada.’


 


 


IMPRENSA SULAFRICANA


Luis Fernando Veríssimo


Saramago?, 22/6


‘Se dependesse apenas da imprensa sulafricana — ou, para não generalizar injustamente, dos jornais que tenho lido — eu nunca ficaria sabendo da morte do Saramago. Não vi nada a respeito, aqui. Leio principalmente o ‘Star’, de Johannesburgo, que parece ser o maior e o mais sério, em contraste com a maioria de tabloides sensacionalistas no estilo inglês.


E, mesmo no ‘Star’, as notícias internacionais são escassas. É uma imprensa mais paroquial do que a brasileira. Se bem que — de novo, para não ser injusto — não tem sobrado muito espaço nos jornais sul-africanos para outro assunto que não a Copa e as agruras e esperanças da seleção nacional. Saramago? Em que time ele joga? O assunto do momento é a segunda Revolução Francesa, o motim dos jogadores da França, os sem-culotes, contra a aristocracia, a chefia da seleção. A insubmissão não é irreversível, nenhuma bastilha ainda foi atacada, mas reina o caos entre os franceses. Tudo teria começado quando o jogador Anelka se referiu pouco diplomaticamente à suposta profissão da mãe do técnico Domenech no vestiário, e a notícia vazou. A revolta dos jogadores é contra o vazamento e em solidariedade ao Anelka, que foi mandado embora. Minha teoria é que a causa de tudo é a maldição irlandesa. Depois que aquele gol feito com a mão pelo Thierry Henry desclassificou a Irlanda e classificou a França para as finais da Copa, os franceses vivem sob uma praga dos perdedores. A Irlanda é um país de conhecida tradição mística. Todos os seus deuses e demônios foram mobilizados contra a França, e são os responsáveis pelo caos. Ou então, a explicação psicológica: desde a mão do Henry, a França convive com um sentimento de culpa paralisante.


Eles querem ser castigados. Querem ser purgados pelo vexame.


As opiniões políticas e anti-religiosas do Saramago não eram mais importantes do que sua literatura, mas foram mais discutidas. Ele tinha toda a razão em culpar a irracionalidade religiosa por muitos dos males do mundo, como a guerra entre monoteísmos que há séculos inquieta a humanidade. Para defender o ateísmo do Saramago, convoco outro ateu controvertido, o filósofo Bertrand Russell, que, num trecho citado por George Steiner num livro que eu trouxe para ler entre os jogos e as entrevistas do Dunga, diz: ‘Frequentemente penso que a religião, como o Sol, extinguiu as estrelas com menos fulgor, mas não menos beleza, que brilham sobre nós das trevas de um universo sem deus. O esplendor da vida humana, tenho certeza, é maior para aqueles que não se deixam ofuscar pela irradiação divina; e o congraçamento humano parece se tornar mais íntimo e terno com o sentimento de que somos todos exilados numa mesma praia inóspita.’’


 


 


 


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Folha.com


 


CRÍTICA


Kaká critica colunista da Folha e se diz perseguido por ser religioso, 22/6


‘Kaká, principal nome da seleção, acrescentou mais um capítulo à polêmica entre a delegação brasileira e a imprensa: adotou a linha de Dunga e aproveitou para responder às críticas que recebeu de Juca Kfouri, colunista da Folha, na edição desta segunda-feira, após a vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim.


Ao ser questionado por André Kfouri, jornalista da emissora ESPN e filho do colunista, Kaká aproveitou para, ao terminar a resposta, responder as críticas que recebeu de Juca. Na coluna em questão, o jornalista disse que Kaká joga com dores e pode antecipar sua aposentadoria do futebol.


‘Há algum tempo os canhões do seu pai [Juca Kfouri] são disparados contra mim. A artilharia dele está voltada contra mim. Eu queria aproveitar a pergunta para responder às críticas que ele vem fazendo, e o que me deixa triste é que o problema dele comigo não é profissional, mas porque ele não aceita minha religião. Porque eu sou uma pessoa que segue Jesus Cristo. Eu o respeito como ateu, e gostaria que ele me respeitasse como [seguidor de] Jesus Cristo, como alguém que professa a fé em Jesus Cristo. Não só a mim, mas a todos os milhões de brasileiros que acreditam em Jesus Cristo’, disse Kaká, durante a entrevista coletiva.


Na coluna de segunda-feira na Folha, Juca escreveu:


‘Kaká desmentirá, assim como o médico da seleção brasileira. Mas o fato é que ele está sofrendo para jogar esta Copa do Mundo e pode, como Guga, até encerrar sua bela trajetória no futebol muito mais rapidamente do que gostaria. O mesmo problema que o maior tenista brasileiro de todos os tempos enfrentou no quadril Kaká enfrenta no púbis, segundo confidências de médico para médico que chegaram ao conhecimento da coluna horas antes de o Brasil enfrentar a Costa do Marfim’, falou Juca, em sua coluna de ontem na Folha (disponível para assinantes do jornal e do UOL).’


 


 


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Folha de S. Paulo


 


DESTEMPERO


Juca Kfouri


A culpada é a foto, 20/6


‘O NOME do inimigo já foi plenamente identificado pelo sargento Dunga e pelo serviço de inteligência da CBF, Barão Ricardo Teixeira à frente, também chamado de Ricardo 1º, o Único: Ari Ferreira, fotógrafo do diário ‘Lance!’ que teve, imagine, a petulância de fotografar o treino fechado da seleção brasileira na última sexta-feira.


Informações sigilosas que chegaram ao quartel- -general verde-amarelo dão conta que, tão logo a foto foi publicada na primeira página do jornal inimigo, em seu papel de quinta-coluna, o técnico da Costa do Marfim, rival de Dunga na noite gelada de Joburgo hoje, no Soccer City, reuniu seu Estado- -maior e se deteve minuciosamente em cada detalhe da imagem que mostra Josué, imagine, Josué!!!, com o colete de titular, no lugar de Gilberto Silva.


O frio e calculista sueco Sven-Göran Eriksson imediatamente traçou a estratégia que levará a equipe africana à vitória contra os agora descobertos brasileiros. Verdade que, em represália, o treino de ontem dos soldados mimados de Dunga também foi fechado, numa tentativa desesperada de confundir as hostes inimigas.


Não será surpresa se, por exemplo, em vez de Josué, o escalado for… Gilberto Silva.


Aí Dunga quer ver como ficará a cara de Eriksson, um inimigo capaz de urdir trama tão sinistra, com a cumplicidade de jornalistas brasileiros, na verdade os maiores traidores da pátria amada, idolatrada, salve, salve!


Sim, salve-se quem puder, porque nesta noite um conluio dos africanos, com a imprensa do Brasil e com a Fifa, tudo fará para derrotar os intrépidos craques nacionais, que ainda enfrentarão um Drogba, quem diria, maior estrela do jogo, com uma proteção que evidentemente extrapola todos os regulamentos em vigor no esporte.


Mas Dunga, experiente, estudioso das táticas de guerra, desde as clássicas chinesas às modernas alemãs da Segunda Grande Guerra, admirador do general Von Rommel, a Raposa do Deserto do exército nazista, está preparado para tudo. E avisa, com o canto da boca, qual verdadeiro Coiote da Selva: ‘Não passarão!’.


E nós acreditamos.


Pra frente, Brasil, Brasil, salve a seleção!!! E abaixo a informação, os fotógrafos, repórteres, gentinha… Ninguém segura este país!’


 


 


Técnico se irrita com a imprensa e fecha treino, 20/6


‘Dunga, mais uma vez, entrou em conflito com os jornalistas que cobrem a seleção na África do Sul.


Irritado com imagens feitas de um treino fechado, anteontem, que teve uma torção de Gilberto Silva e a entrada de Josué, o treinador decidiu fechar a última prática antes do jogo com a Costa do Marfim.


Para captar imagens do coletivo, na faculdade Saint Stithians, alguns cinegrafistas e fotógrafos chegaram a subir em árvores próximas ao local. Dunga só avisou que faria a restrição ontem à tarde.


‘Primeiro, o treino não foi fechado. Foi visto o aquecimento, o rachão. Agora, eu, como treinador da seleção, tenho que ter liberdade para treinar bola parada, ou pênaltis, esse negócio. Senão tem que mudar tudo’, disse ele.


Pouco antes, porém, Dunga ironizou ao ser questionado se repetiria o time titular da estreia. ‘Tem que esperar amanhã [hoje], pode ter alguma surpresa. Aí vocês colocam alguém lá em cima para fotografar, e ele pode cair de lá e se machucar.’


‘Quanto ao Gilberto Silva, não sou bombeiro para apagar fogo de vocês. Da última vez, disseram que o Júlio César não ia jogar. Agora quem escreveu isso [que ele se machucou] deve pedir desculpas ao torcedor. Todos viram que ele treinou hoje [ontem].’


Foi a quinta vez que Dunga impediu o acesso da imprensa a um treino da equipe na África do Sul.


A birra do treinador com os jornalistas causou mal-estar da CBF com a Fifa, que chegou a ser impedida de fazer imagens de seus patrocinadores durante os treinos.’


 


 


Eduardo Arruda, Martín Fernandez, Paulo Cobos e Sérgio Rangel


Dunga dá alfinetada na imprensa, 21/6


‘Dunga estava de bom humor ontem e, como de hábito, não perdeu a oportunidade de provocar e alimentar sua rixa com os jornalistas.


Ao ser questionado se iria dar folga para o time após a vitória de ontem sobre a Costa do Marfim, ele respondeu: ‘Não adianta dar tempo livre a eles porque, se a gente faz isso, vocês vão atrás deles. E isso não é folga, é trabalho’, falou o técnico, que se estranhou com o comentarista da TV Globo Alex Escobar.


‘O que foi? Algum problema aí?’, perguntou o treinador, rindo. ‘Não, nenhum, não estava olhando para você’, respondeu Escobar.


No ‘Fantástico’, a emissora reproduziu a cena e mostrou momentos da entrevista em que, com o microfone aberto, Dunga proferiu palavrões. O narrador, então, criticou o técnico pelo ‘comportamento não compatível’.


Dunga se referia aos dias livres do time em Johannesburgo. Até agora, foram duas folgas, antes da estreia na Copa. Em ambas, parte dos jogadores foi passear em um shopping. Foi lá que Robinho quebrou regra imposta por Dunga e deu entrevista à Globo. O episódio irritou o técnico, e o atacante teve de pedir desculpas aos colegas.


Ontem, o médico José Luiz Runco, ao responder a uma pergunta sobre a contusão do meia Elano, falou que o time não treinaria hoje. A CBF não divulgou a programação, mas o mais provável é que a equipe, já classificada para as oitavas, tenha folga.


Sobre Kaká, expulso ontem, o treinador afirmou que ainda vai resolver quem o substituirá no duelo de sexta, às 11h, contra Portugal.


‘O Kaká não era só pela questão física, mas ele estava melhorando, ganhando confiança, e seria bom para dar continuidade’, disse Dunga.


‘Mas a coisa positiva é que agora, com a próxima fase, os jogos ocorrem em um intervalo mais curto e pode ser bom para ele [Kaká], que vinha de muito tempo sem jogar uma partida inteira.’


Em relação a Elano, Dunga afirmou estar confiante.


‘Nós temos muitas opções para a posição, como o Daniel Alves e o Ramires, mas espero contar com ele contra Portugal’, concluiu.’


 


 


Eduardo Arruda, Martín Fernandez, Paulo Cobos e Sérgio Rangel


Dunga corta privilégios da TV Globo, , 22/6


‘A briga entre Dunga e a Rede Globo, escancarada pela emissora na noite de anteontem no programa ‘Fantástico’, é mais um capítulo de uma disputa inédita por mais acesso à seleção brasileira.


Ao longo dos últimos dois anos, o treinador encerrou décadas de privilégios da TV e partiu para o confronto.


Nesse caminho, acumulou palavrões contra profissionais da emissora, pediu a cabeça de desafetos no canal e se colocou no papel de censor e crítico de reportagens.


Os primeiros pedidos da emissora negados por Dunga datam de maio de 2008, quando o Brasil fez um amistoso com a Venezuela em Boston. Na ocasião, o técnico vetou a participação de Diego e Robinho em programa.


O choque ganhou força na Olimpíada de Pequim, quando o treinador passou a acreditar que jornalistas que faziam a cobertura da sua equipe, especialmente alguns da Globo, torciam contra o Brasil e queriam sua demissão.


Ao ganhar a medalha de bronze do torneio, virou-se para a tribuna onde estavam repórteres de vários veículos e fez xingamentos parecidos com os do último domingo -contra o jornalista da Globo Alex Escobar, no Soccer City, durante a entrevista da Fifa, após a vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim.


Dunga resistiu ao fracasso olímpico, passou a acumular bons resultados e ganhou força para perseguir seus desafetos, inclusive na Globo.


O ápice da disputa aconteceu quando pediu a demissão de Mário Jorge Guimarães, um dos principais profissionais da emissora até então na cobertura da seleção.


Guimarães acabou deixando suas funções na Globo e assumiu um cargo executivo no Sportv, canal esportivo por assinatura da empresa.


No ano passado, no próprio Sportv, Dunga atacou sem rodeios a cobertura que a emissora fazia sobre o time.


Criticou reportagem do jornalista Mauro Naves, outro que esteve em Pequim, em que o profissional descrevia um treino da equipe como ‘leve’ -Dunga detesta quando alguém fala que seu time não treinou pesado.


Falcão, um dos principais comentaristas da emissora, é outro profissional da Globo na lista negra do técnico.


Em maio, no dia em que anunciou os 23 jogadores que iriam ao Mundial, Dunga fez rara deferência à emissora e concedeu entrevista ao vivo no ‘Jornal Nacional’, dando sinais de uma trégua.


Na Copa, porém, a relação se deteriorou rapidamente depois que Robinho, em dia de folga, falou com a TV em um shopping -foi obrigado a pedir desculpa ao elenco.


O ataque de anteontem foi a gota d’água, motivando a resposta da Globo, que deve azedar ainda mais uma relação que já foi umbilical.’


 


 


Rede faz crítica a comportamento do treinador, 22/6


‘Questionada sobre a relação com Dunga, a Rede Globo informou, por sua central de comunicação, que a sua posição oficial já fora divulgada no ‘Fantástico’.


O apresentador Tadeu Schmidt afirmou que ‘o técnico Dunga (…) não apresenta nas entrevistas um comportamento compatível com a imagem de alguém tão vitorioso no esporte’.


Completou: ‘O que precisa ficar claro (…) é que torcemos muito para que a seleção chegue à conquista de mais um título. E que a preocupação do jornalismo da Globo sempre foi a de levar a melhor informação a você, telespectador, independentemente de quem esteja no comando.’


Em seu blog, o jornalista Alex Escobar afirmou que não faria dessa questão um ‘tema de debate’.’


 


 


Fifa analisa punir brasileiro por palavrões durante entrevista, 22/6


‘Os palavrões de Dunga na entrevista coletiva após a vitória sobre a Costa do Marfim chegaram até a Fifa.


A entidade, que recentemente puniu o técnico da Argentina, Diego Armando Maradona, pelo mesmo motivo, afirmou ontem que iria analisar o caso do brasileiro.


Dunga passou boa parte da coletiva balbuciando e resmungando xingamentos contra o jornalista Alex Escobar, da TV Globo, e depois contra outros profissionais.


Mas os palavrões foram captados pelos microfones da sala de entrevistas do estádio Soccer City, onde a seleção bateu a Costa do Marfim por 3 a 1 anteontem.


‘É a primeira vez que ouço falar neste assunto, mas vamos analisar’, declarou à Folha Nicolas Maingot, diretor de comunicação da Fifa, ontem pela manhã.


Funcionários da entidade reviram o vídeo da entrevista -procuraram trechos até no YouTube-, mas até o fechamento desta edição não havia definição sobre uma eventual punição a Dunga.


Em 2009, Maradona foi suspenso por dois meses e teve de pagar o equivalente a R$ 42 mil de multa por ter xingado jornalistas após Argentina x Uruguai, pelas eliminatórias.’


 


 


Marcos Augusto Gonçalves


Dunga está mais para Zangado, mas o ideal é se virasse o Soneca, 22/6


‘O Dunga vale por mais de um anão. Como seu correspondente da fábula, prefere ficar mudo, mas quando fala, já vira o Zangado.


O ideal para todos seria ele se transformar no Soneca -como fazia o Vicente Feola, nosso grande técnico em 1958, que, dizem, dormia no banco e deixava a seleção canarinho jogar sossegada.


Apesar do nome de anão, Dunga já está grandinho para entender o papel da imprensa e o que significa ser técnico da seleção. Mas se comporta como se só ele torcesse pelo Brasil.


E o goleirão Júlio César parece que está aprendendo com o Mestre. Quer dizer, com o Dunga. :))


O nosso anão treinador não vai, é óbvio, continuar depois da Copa. Por isso, talvez, tenha comprado essa briga ridícula com o Alex Escobar, da Rede Globo, na coletiva de domingo.


Virou técnico, mas ainda bate como volante grosso.’


 


 


Laura Mattos


Band decide ficar fora na guerra entre Globo e Dunga, 22/6


‘A Band decidiu não se envolver na guerra declarada publicamente pela Globo anteontem contra Dunga.


A Band adquiriu da Globo os direitos de transmissão da Copa, e as duas são as únicas redes abertas com o Mundial.


No domingo, após a vitória da seleção brasileira, o técnico se indispôs com um repórter da Globo, Alex Escobar.


Segundo a emissora, ele falou palavrões em voz baixa. No ‘Fantástico’, o jornalista Tadeu Schmidt falou, em tom de editorial, que Dunga não tinha ‘atitude compatível’ com o seu cargo.


Texto semelhante foi ao ar no SporTV e GloboNews, canais pagos ligados à Globo.


Profissionais de outras TVs brasileiras que estão na África avaliam que o problema entre a Globo e o técnico, que não vem de hoje, foi que Dunga acabou com privilégios para a Globo, como as entrevistas exclusivas concedidas por Parreira e pelos jogadores na Copa passada.


Diretor de esportes da Band, José Emílio Ambrósio disse que a Band não se manifestará no ar. ‘Há uma satisfação da imprensa pela forma como Dunga blinda a seleção. Mas essa é uma briga dele com a Globo.’


 


 


INTERNET


Jogadores da seleção voltam ao Twitter para celebrar boa fase, 22/6


‘Com a seleção cada vez mais fechada por Dunga, os jogadores comemoraram pelo Twitter a boa fase do time.


Três titulares agradeceram o apoio de amigos e torcedores pelo microblog. Autor de dois gols contra a Costa do Marfim, o atacante Luis Fabiano aproveitou para tuitar.


‘Galera, muito obrigado pelo apoio e pelas mensagens de incentivo, mesmo nos momentos mais difíceis’, disse ontem. Ele não postava uma mensagem desde antes da estreia da seleção brasileira na Copa.


Religiosos, Gilberto Silva e Felipe Melo agradeceram o apoio dos amigos. ‘As orações chegaram aqui’, afirmou Gilberto Silva, que se contundiu na sexta durante um treino, mas atuou durante todo o jogo.’


 


 


Ronaldo Lemos


Cala a boca, Twitter, 21/6


‘O FENÔMENO ‘Cala Boca Galvão’ tomou conta do Brasil e do mundo.


Isso não é mais novidade para ninguém. Só estou falando disso aqui porque ele dá o que pensar sobre a relação da internet com outras mídias.


Em muitos casos, a internet funciona como ‘caixa de ressonância’ da mídia tradicional. Um artigo sai publicado no jornal ou um programa de TV vai ao ar e os internautas vão atrás, difundindo o assunto na rede.


Mas no ‘Cala Boca Galvão’ foi diferente. O fenômeno surgiu na internet, no dia da abertura da Copa. E daí a mídia tradicional foi quem teve de correr atrás.


Mesmo depois de cinco dias da piada bombando no Twitter, ainda dava para ver artigos de jornal tratando o caso como novidade.


E depois de o ‘Cala Boca Galvão’ aparecer em jornais gringos importantes, como o ‘New York Times’, até a TV foi atrás, com direito ao próprio Galvão dando declarações de apoio.


Dá para pensar em algumas coisas a partir disso.


A primeira é que piada de internet só tem graça mesmo na internet. Tentar explicar em outras mídias pode até ser informativo para quem estava desconectado, mas não tem nem de longe a mesma graça.


O humor da rede faz piada com suas próprias características: o fato de os ‘trending topics’ do Twitter terem sido dominados, as múltiplas campanhas inventadas rapidamente com Photoshop, a desinformação espalhada em 140 caracteres sobre o significado do bordão e assim por diante.


O outro ponto é que o ‘Cala Boca Galvão’ é um caso raro de ‘meme’ genuinamente brasileiro que ganhou o mundo. ‘Memes’ são comportamentos e ideias que se reproduzem por imitação (‘mimesis’). Alguém vê e quer espalhar ou fazer igual.


O Brasil é um grande consumidor de ‘memes’, como o ‘lolcats’ (bit.ly/4x6Niu). É também um bom produtor de ‘memes’, como o ‘tenso’ (bit.ly/db7e0Z).


Mas, até então, nenhum ‘meme’ brasileiro tinha se tornado tão global.


Há muita gente orgulhosa disso. E outro tanto com vontade de gritar ‘cala a boca, Twitter’.’


 


 


Mensagens do Twitter crescem logo após gols, 20/6


‘A ‘high definition’ não é a única moda da Copa. O Twitter também virou coqueluche no Mundial da África do Sul. O aumento de tuítes durante os 30 segundos que sucedem um gol no torneio é significativo.


O recorde da Copa até agora foi no gol de Honda, do Japão, contra Camarões. O número de mensagens passou de 750 por segundo para 2.940. Brasil x Coreia do Norte vem atrás, com 2.928 tuítes por segundo logo após o gol de Maicon.


Em alguns momentos durante a Copa, o microblog chegou a sair do ar devido ao intenso tráfego.


Entre outras coisas, o Twitter parece servir para florescer o comentarista esportivo ou narrador que existe em cada um. Em vários casos, a mensagem não passa de um ‘gol da Alemanha’. Como se os internautas acompanhassem a Copa somente pelo microblog.


Ver o que jogadores famosos comentam também é prática comum. Anteontem, após o empate entre Inglaterra e Argélia, Ronaldo reclamava da qualidade de partidas da Copa.


Tenistas, como os irmãos Bryan ou Serena Williams, também aproveitam para dar pitacos. Mas o recorde de tuítes por segundo pertence ao jogo final da NBA, entre LA Lakers e Boston (3.085). Por enquanto.’


 


 


Mônica Bergamo


‘Líder’ do ‘cala boca Galvão’ diz que só quis ajudar, 19/6


‘Autor do vídeo ‘Cala Boca Galvão – Save Galvão Birds Campaign’, visto por mais de 760 mil pessoas no YouTube e que diz que a expressão é o slogan de uma campanha para salvar um fictício ‘pássaro da espécie galvão’, o produtor Fernando Motolese, 27, diz que ficou 32 horas acordado para produzir o viral. E que fez isso para ajudar o apresentador da TV Globo a ‘encontrar uma saída para as críticas’.


Folha – Por que fez o vídeo?


Fernando Motolese – Gosto do Galvão [Bueno]. Conseguimos ajudá-lo a encontrar uma saída para as críticas. O objetivo era reverter para algo positivo. Provocamos uma discussão política em torno do aquecimento global, da preservação dos pássaros. Por mais que fosse notícia falsa, assuntos sérios foram tratados. E fez com que surgisse o boato que [‘Cala Boca Galvão’] seria o novo single da [cantora] Lady Gaga. Nossa missão é gravar uma música com ela para salvar pássaros do mundo.


Como assim?


Já estou em contato com a produção [dela]. É questão de tempo. Pra ela será um megagancho. No Brasil, ela não é tão famosa. Imagine ela vincular sua imagem ao ‘Cala Boca Galvão’, a uma causa relevante. Ela vai se igualar ao [cantor] Bono. Estará protegendo o planeta.


O contato foi feito com quem?


Entramos em contato com o agente [dela] propondo consolidar esse boato como projeto real. Foram várias músicas feitas [na internet]. Vamos escolher a melhor. Gosto da ‘Ga Ga Galvão’ [cantarola], do [DJ] Divo FeFe. Tem uma letra bacana [‘Don’t kill the birds (não mate os pássaros)/Ga ga ga Galvão/Lady Gaga ga Galvão’].


O vídeo ajudou nos negócios?


Estamos em negociação com uma empresa americana para fazer uma campanha focada em brasileiros, para um site de cassinos on-line. Uma série de virais.


Já participava de campanha para preservar os pássaros?


Não. Porém, tenho experiência em ativismo. Em 2009, fundei o movimento Liberdade Telefônica, para protestar contra as tarifas abusivas, e o protesto 3G É Limitado, contra os abusos das operadoras. E sou do Greenpeace.’


 


 


TELEVISÃO


Rodrigo Mattos


Scolari ataca de comentarista e arranca risos, 21/6


‘Em transmissão do canal sul-africano Supersports de Brasil x Costa de Marfim, o novo técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, exibiu todo seu repertório de gestos, bufadas e brincadeiras como comentarista da rede.


Logo após a partida, a câmera focalizou o técnico rindo pela vitória.


‘Duas mãos não é falta. Tocar a mão na bola uma vez é falta. Tocar duas vezes, não. É uma nova regra’, disse sobre o gol de Luis Fabiano, no qual ele tocou duas vezes o braço na bola antes de marcar. Gerou risadas no canal.


Logo depois, um colega comentarista lembrou a Scolari que o árbitro era francês. ‘Ele teve uma ideia do Thierry Henry’, ironizou o brasileiro, recordando o lance irregular que classificou a França para a Copa de 2010.


Nos momentos em que seu inglês travava, o treinador recorria a gestos para ganhar os colegas.


Para explicar que os marfinenses estavam cansandos, repetiu bufadas.


O ex-treinador da seleção fez muitos elogios para o Brasil, deixando as críticas de lado. E classificou como brilhantes Kaká, Robinho e Luis Fabiano.


‘O Brasil joga melhor contra time complicado. Se pegar a Espanha na próxima [fase], irá ainda melhor.’’


 


 


Marcos Augusto Gonçalves


TV mostra erros, mas não explica conversinha do juiz com jogador, 21/6


‘A televisão, que está dando show de imagens, mostrou o lance: a bola passeou pelo braço -ou pelos braços- do Fabuloso. Todo mundo viu. ‘O gol foi lindo, mas ilegal’, disse o Arnaldo Cézar Coelho, na Globo.


Essa expressão ‘ilegal’ não é legal no futebol. Era boa na boca do Mário Vianna, um cara divertido.


O que faltou explicar foi a grande imagem do dia, a da conversinha do juiz com o Fabuloso após o gol. O que foi aquilo? Muito estranho!


Rizek, no Sportv, concordou com a expulsão do Kaká. Fala sério. Já o PVC, meio no muro, na ESPN Brasil, achou que o meia brasuca foi expulso ‘de maneira rigorosa’.


Na verdade, como disse o PC Vasconcellos (que uma amiga só chama de ‘moringa marajoara’), o juiz não estava à altura do espetáculo.


Mas todos concordaram que o Brasil melhorou. Até o Juca, na ESPN, já começou a gostar da seleção!’


 


 


Marcos Augusto Gonçalves


Mulheres ligam TV, entram em campo e dão palpite na Copa, 20/6


‘Minha amiga Erika Palomino diz pelo Facebook que está vendo a Copa pela Band porque adora os comentários do Neto: ‘Aprendo muito sobre futebol com ele’.


É a famosa dialética do arcaico e da moderna! :))


Outra amiga, designer gráfica, manda dizer que está achando os novos cenários do Sportv ‘de chorar’. 🙁


Já a Márcia não gosta dos uniformes em geral, acha o do Brasil feio e reclama (não sei se do elenco ou das transmissões): ‘No legs at all’.


A Tete é jornalista e se irrita com a falta de imaginação nas pautas. A melhor reportagem que viu foi com o inventor da vuvuzela. Onde? No ‘Pânico’.


Na Copa, até as mulheres menos tolerantes com o nobre esporte bretão entram no jogo. E isso deixa o mundo mais livre, leve e solto. O Pafúncio pode ver até Gana x Austrália de manhã sem ter medo de levar uma vuvuzelada da Marocas no ouvido. ;)’


 


 


Marcos Augusto Gonçalves


Leifert e Schmidt já estão com a mão no troféu Cala Boca, Galvão, 19/6


‘A primeira fase ainda não acabou, mas já temos dois fortes candidatos ao troféu Cala Boca, Galvão, para o chato da Copa na TV. Claro que o Galvão é ‘hors concours’. Ou como brincou alguém certa vez, referindo-se a um brilhante colunista social, é ‘horse concours’.


Bem, os nomes não poderiam ser outros: Tadeu Schmidt e Thiago Leifert, ambos da Globo.


O primeiro anda tentando psicografar Armando Nogueira em seus piores momentos. Ou então a linha está com defeito. É o kitsch poético que Pedro Bial já havia treinado na Copa passada.


Já o Leifert foi escalado para a espinhosa posição do jovem repórter irreverente e engraçadinho. Perigo.


Uma amiga sintetizou no Facebook: ‘Tem péssimo gosto nas piadas e comentários; tenta ser engraçado, mas não é. E a plateia do ‘Central da Copa’ é mega sem graça’. Assino em cima.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


 


DESTEMPERO


Tutty Vasquez


O que faz o Dunga infeliz? , 22/6


‘Não será surpresa para esta coluna se, na próxima sexta-feira, após uma vitória tranquila sobre Portugal, Dunga tirar satisfações com Galvão Bueno pela maneira acintosa como o locutor torce contra o Brasil na África do Sul. Periga até, se a CBF não providenciar logo uma camisa-de-força para o técnico, ele acabar ofendendo a mãe da Glenda Kozlowski ao vivo, em rede mundial de TV.


Na coletiva do último domingo, com tantos jornalistas bons para se xingar na platéia, Dunga escolheu justo o Alex Escobar, aquela flor de careca da TV Globo, para despejar seu repertório curto e grosso de palavrões. Sem mais nem menos! Tomou, por isso, um pito daqueles do Tadeu Schmidt no Fantástico, mas quem conhece o técnico sabe que vai ter troco. A Fátima Bernardes que se cuide, se é que já não foi praga do Dunga a dor de garganta que a tirou do ar na semana passada!


Nada de pessoal contra este ou aquele jornalista! Dunga está, como se diz no futebol, batendo para onde o nariz aponta. Não há vitória que aplaque sua infelicidade congênita! Pelo contrário, vencer só alimenta sua sede de vingança. Dizem até que dia desses, depois do treino, ele cismou que uma camareira do hotel o teria desaprovado com o olhar. Ah, coitada!’


 


 


Agenda positiva, 22/6


‘Pensando bem, podia ser pior!


Imagina só se o Dunga fosse técnico da França, da Inglaterra, da Itália ou da Alemanha!


Já teria batido em, pelo menos, meia dúzia de jornalistas!’


 


 


TELEVISÃO


Jogo com Eslovênia teve audiência recorde nos EUA, 20/6


‘Dezesseis anos depois da disputa de uma Copa do Mundo no país, o futebol parece começar a conquistar os Estados Unidos. A partida em que a seleção empatou por 2 a 2 com a Eslovênia, que ficou marcada pela anulação de um gol legítimo da equipe norte-americana, foi o jogo de futebol com a maior audiência da história da ESPN.


O jogo de sexta-feira, que começou às 10 horas no leste dos Estados Unidos, teve um nível de audiência de 3,9 pontos, disse no sábado a ESPN. Isso significa que foi visto por 3,9 milhões de lares, algo sem precedentes.


Os cerca de 5,2 milhões de espectadores representam o maior público para uma partida de futebol nessa cadeira de TV à cabo, só abaixo dos 5,85 milhões que viram o triunfo da Itália por 2 a 0 sobre a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2006, e dos 5,35 milhões de pessoas que sintonizaram o triunfo da Alemanha por 1 a 0 sobre os Estados Unidos nas quartas de final do Mundial de 2002, que começou a ser disputado às 7h30.


O confronto entre os Estados Unidos e a Eslovênia teve um nível de audiência de 8,5 pontos em San Diego, onde começou a ser disputado às 7 horas locais.’’


 


 


INTERNET


Associated Press


Gritos de gol no Twitter, 19/6


‘O Twitter tem visto um aumento gigantesco de tráfego durante os jogos da Copa do Mundo quando um gol é marcado. Embora o Twitter tenha uma média de 750 tweets por segundo durante um dia normal, houve um recorde de 2.940 tweets por segundo depois que o Japão marcou um gol em cima da seleção de Camarões na segunda-feira, 14.


Quase a mesma quantidade de tweets foi identificada depois que a seleção brasileira marcou o primeiro gol contra a Coréia do Norte na terça-feira. A mesma coisa ocorreu quando o México embatou por 1 a 1 com a África do Sul, o primeiro jogo da Copa, no dia 11.


O Twitter ainda deve anunciar os números da Copa de sexta-feira, 18, quando os Estados Unidos empataram com a Eslovênia por 2 a 2. É esperado que o empate tenha causado outra grande atividade no site.


O basquete, porém, ainda é maior do que o campeonato mundial de futebol. Na noite de quinta-feira, 17, quando os times Los Angeles Lakers e Boston Celtics se enfrentaram, a média de tweets subiu para 3,085 mensagens por segundo. A quantidade de usuários dos Estados Unidos — que são maioria no Twitter — pode explicar o alto número de tweets.


O enorme tráfego por causa da Copa do Mundo causou problemas ao Twitter nesta semana. O site está adiando os planos de reestruturar a sua rede até que o tsunami de mensagens da Copa tenha acabado.’


 


 


 


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