Sunday, 13 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

Renato Cruz

‘Enquanto isso, os principais serviços de TV por assinatura passam a oferecer as vantagens da tecnologia digital, que aproxima a televisão do computador.

Em agosto, a Net e a TVA prometem lançar, em São Paulo, seus primeiros pacotes digitais. Os serviços via satélite, como a Sky e a DirecTV, aproveitam cada vez mais os recursos que a sua plataforma – digital desde o lançamento – permite.

Mas qual a vantagem da digitalização para o espectador? São várias. Em primeiro lugar, imagem e som melhores. Maior capacidade do sistema e, em conseqüência, mais opções de programas. Interatividade, o que significa conteúdo como o da internet na televisão: comércio eletrônico, jogos interativos, informações personalizadas. No caso da TV aberta, portabilidade e mobilidade. Ou seja, a capacidade de levar a televisão para onde quiser, no bolso.

A digitalização da TV aberta depende de uma decisão do governo sobre o padrão adotado, para garantir que tudo funcione. Na TV paga, ambiente controlado, a evolução tecnológica está nas mãos da prestadora do serviço.

No Brasil, assim como em boa parte do mundo, as empresas de televisão por assinatura escolheram o DVB, sistema de TV digital europeu. A Sky já opera com a tecnologia, que será adotada também pela Net e a TVA.

‘É um padrão mundial’, explica o diretor de Tecnologia e Estratégia da TVA, Virgílio Amaral. ‘Tenho mais de 50 fornecedores de set-top box (decodificador).’ Por causa do decodificador, que converte o sinal da TV paga, a decisão do governo sobre o sistema que será adotado no Brasil não afeta o setor. Qualquer que seja o padrão, o decodificador fará com que tudo seja compatível.

Sem fita – Michael Powell – presidente da Federal Communications Commission (a Anatel americana) e filho do secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell – já chamou o gravador digital de vídeo de ‘máquina de Deus’. Uma versão dela está disponível no Brasil desde janeiro, pela Sky. A TVA promete mais uma para agosto e a Net, para o começo do ano que vem.

Antes de conhecer a opinião de Josias de Moraes Cordeiro Jr., saiba que ele vende o gravador digital de vídeo da Sky na loja criada há 50 anos por seu pai. ‘O Sky+ é a gasolina azul do carro que a gente vende’, destaca o comerciante, de 48 anos, especializado em equipamentos sofisticados como televisores de plasma e sistemas de home theater.

Chamado também de Personal Video Recorder (PVR) ou Digital Video Recorder (DVR), o gravador digital de vídeo pode ser comparado, a princípio, a um videocassete que não usa fita. Mas com muito mais recursos. Ele funciona como um sistema, recebendo informações de programação da empresa de TV paga.

Com isso, é eliminada uma das tarefas mais complexas da vida moderna: a programação do videocassete. O espectador pode escolher o programa que quer gravar navegando, com o controle remoto, por um guia eletrônico na televisão, sem ter de saber qual é o horário ou o dia em que o programa será exibido.

O gravador digital armazena vídeo em um disco rígido, como o de um computador. No caso da Sky, são 80 Gigabytes de capacidade, que armazenam cerca de 50 horas, pelo preço de R$ 1.599, mais uma assinatura mensal. A TVA planeja lançar dois modelos: de 80 ou 40 Gigabytes. A Net ainda não bateu o martelo. ‘Estamos no processo de definir as características’, conta o diretor de Marketing e Produtos da Net, Ciro Kawamura.

À espera – Para que o gravador digital de vídeo possa ser usado na TV aberta, é preciso sinal digital. No mercado internacional, até existem modelos que gravam a TV analógica, mas sem a vantagem de serem programados, sem se preocupar com dia e horário. A maioria dos brasileiros tem somente TV aberta. Eram 3,5 milhões de assinantes de televisão paga em dezembro, frente a um parque instalado de cerca de 54 milhões de aparelhos.

O gravador digital de vídeo é o primeiro passo para o espectador se libertar da jaula formada pela grade de programação. Ele escolhe o que quer assistir e quando. Diferentemente do videocassete, tem liberdade para parar ou voltar o vídeo em programas ao vivo e assistir ao conteúdo gravado sem propaganda.

(Na Sky, não é possível excluir a propaganda por motivos comerciais, e não técnicos.) ‘Eu posso parar o Jornal Nacional para jantar ou dar pausa no meio de um jogo de futebol’, explica Cordeiro Jr. ‘Meus filhos de 14 anos jogam games interativos da TV paga.’

O segundo passo para deixar a grade de programação para trás é o vídeo sob demanda, um recurso que deve estar disponível na TV paga, mas dificilmente na TV aberta. ‘O cliente terá alguns conteúdos disponíveis, como filmes e episódios de séries, que poderá assistir quando quiser’, conta Leila Loria, diretora-superintendente da TVA. A empresa ainda negocia com os programadores quais conteúdos serão oferecidos nesse formato. No lançamento da TV digital por cabo, em agosto, o vídeo sob demanda ainda não deve estar disponível.

As possibilidades de novos serviços são amplas. A Sky estuda lançar conteúdo em alta definição, com imagens de resolução até seis vezes maior do que a analógica e formato amplo de tela. A Net, por outro lado, testa a telefonia via cabo.’

***

‘Tecnologia avança, enquanto o governo estuda o assunto’, copyright O Estado de S. Paulo, 16/05/04

‘Enquanto o governo inicia o processo de definição de um sistema brasileiro de TV digital, surgem alternativas tecnológicas que não existiam à época em que foram criados os sistemas americano ATSC, o europeu DVB e o japonês ISDB. Na semana passada, o vice-presidente mundial da Microsoft, Craig Mundie, defendeu, em entrevista ao jornalista Ethevaldo Siqueira, o uso da tecnologia de vídeo sobre protocolo de internet (IP, na sigla inglês) para a TV digital. O protocolo permite aos mais diversos tipos de computadores conversarem entre si.

A posição não é desinteressada, pois uma das alternativas tecnológicas, o Windows Media Video, é produzida pela empresa. Mesmo assim, o vídeo sobre IP deve ser encarado como uma solução promissora. ‘Trata-se de uma estratégia certa e segura’, diz o professor Marcelo Zuffo, da Universidade de São Paulo (USP). ‘Já implementamos o IPv4 (adotado pela maioria dos dispositivos conectados hoje à internet) em chips que custam alguns centavos.’

O professor Gunnar Bedicks Jr., do Mackenzie, já usou a solução de vídeo sobre IP no projeto TV Escola, de televisão interativa via satélite. ‘Para a radiodifusão, porém, a tecnologia ainda não está madura’, aponta. No caso da TV Escola, a tecnologia de transmissão é o DVB, sobre a qual o protocolo de internet trabalha.

Para o diretor de TV digital do CPqD, Ricardo Benetton, o vídeo sobre IP ainda é, hoje, uma solução cara, pois exige mais capacidade de memória e processamento no conversor (ou televisor). ‘O custo é maior na ponta do consumidor.’

Até março do ano que vem, centros de pesquisa e universidades brasileiros devem elaborar uma proposta para o sistema nacional de TV digital. O edital do projeto, que permitirá o acesso ao dinheiro público para a pesquisa, é esperado para esta semana. O prazo é bastante curto. Nos Estados Unidos, o processo de desenvolvimento da tecnologia levou cerca de oito anos.’



FRASIER TERMINA
Jornal do Brasil

‘Série de sucesso chega ao fim após 11 anos na TV dos EUA’, copyright Jornal do Brasil, 15/05/04

‘A despedida da série Frasier, um dos programas de maior sucesso do canal Sony (Net/ TVA), exibido anteontem nos EUA, põe fim a um clássico da TV americana. Trata-se de uma comédia que completou 11 anos e marcou mais de 20 anos de atuação de seu protagonista, vivido pelo ator Kelsey Grammer. Os produtores brincaram afirmando que ‘35% dos americanos nunca conheceram um mundo sem Frasier’.

De fato, Grammer passou para a história da televisão co mo o ator que, junto com James Arness, estrela de Guns moke, foi o que interpretou o mesmo personagem por mais tempo. O personagem Frasier Crane, psicólogo com seus próprios problemas, nasceu em 1984, na terceira temporada de outro clássico da televisão: Cheers.

Com o fim da série, em 1993, ele ganhou vida própria.

– Queria fazer uma série própria para o personagem. Mas tinha de ser algo novo, porque ele temia que, após Cheers, Frasier não tivesse uma vida longa – lembra agora, com ironia, o criador David Casey.

Onze anos mais tarde, a despedida de Frasier aconteceu em um episódio de uma hora de duração, gravado no dia 23 de março, nos estúdios Paramount, com o título de Adeus Seattle. A transmissão ocorreu uma semana depois que mais de 52 milhões de telespectadores nos Estados Unidos disseram adeus a outra comédia popular: Friends.

O último episódio de Frasier rompeu as regras da série, que não costumava contar com participações especiais, e levou ao ar convidados atores como Jennifer Beals, Jason Biggs, Robbie Coltrane, Richard E. Grant, Laura Linney e Anthony LaPaglia. Com 264 episódios, Frasier acumulou um total de 31 prêmios Emmy, um recorde na TV. (Agência Efe)’



REDE TV!
Daniel Castro

‘Rede TV! ‘rouba’ clone de Ratinho da Band’, copyright Folha de S. Paulo, 14/05/04

‘A Rede TV! deu uma ‘rasteira’ na Band e fechou contrato, anteontem à tarde, com Vanilton Alves Pereira, o Jacaré, ‘clone’ no estilo e na aparência física de Carlos Massa, o Ratinho.

Veja a que ponto chegou a TV brasileira: Jacaré despertou a atenção das duas redes dando até dois pontos no Ibope com um programa tosco às 6h na Rede 21 (uma audiência impressionante para o canal e o horário). Iria assinar com a Band na terça. Mas a Rede TV!, que já vinha sondando o apresentador havia dois meses, atravessou a negociação e ofereceu melhor infra-estrutura e um contrato de dois anos.

‘Assinei com a Rede TV!’, confirma Jacaré, cujo patrocinador pagava pelo horário da Rede 21. ‘Estava quase tudo certo na Band, mas essa mudança não foi por motivo financeiro. A gente estava tendo problemas para gravar na Band, teria que ser fora da emissora. Na Rede TV!, vamos gravar nos estúdios da própria TV e poderemos fazer ao vivo’, diz.

A Rede TV! pretende colocar Jacaré no ar até o final de junho. Há duas possibilidades: um programa semanal aos domingos, antes do ‘Pânico’, ou um diário, às 19h.

‘Vamos gravar pilotos [testes] e decidir o horário. Ele [Jacaré] tem autenticidade para o popular. É o Ratinho do começo de carreira, um trash sem sacanagem pesada, que pode pegar o público infantil’, comemora Monica Pimentel, diretora artística da Rede TV!.

OUTRO CANAL

Martelo

A Globo deve fechar acordo com credores da holding Globopar, que deve cerca de US$ 1,5 bilhão, no início de junho. O acerto deve levar mais alguns meses para ser formalizado, mas alguns termos já estão encaminhados: a dívida será paga em dez anos e não haverá ingerência de credores na administração das empresas das Organizações Globo.

Musa do ano

Com seu ensaio na ‘Playboy’, Juliana Paes está levantando a internet. Só no site de buscas Cadê?, seu nome está sendo procurado seis vezes por minuto. Ela, que anteontem gravou nua para ‘Celebridade’, tornou-se a segunda pessoa a entrar na lista dos dez termos mais buscados do site (o primeiro foi Lula).

Vem aí

A cúpula da Record decide na semana que vem qual será a próxima novela da emissora, que será produzida por ela própria, com direção de Herval Rossano. Há duas sinopses concorrendo.

Já era

Apesar de a Record estar pagando à Casablanca só R$ 20 mil por capítulo de ‘Metamorphoses’ (que custa pelo menos R$ 100 mil) e de ter contratado Letícia Dornelles (ex-Globo) para escrevê-la, a novela pode acabar em julho (a previsão inicial era setembro).

Global

O ator Selton Mello será o principal apresentador do Video Music Brasil, o VMB, da MTV, deste ano, que será em outubro.’



CENSURA NA TV / EUA
Fernando Canzian

‘Multas fazem TVs e rádios adotar censura’, copyright Folha de S. Paulo, 14/05/04

‘Emissoras de rádio e TV norte-americanas estão adotando a autocensura para se prevenir contra uma nova onda conservadora das autoridades que controlam a mídia no país e contra leis e multas mais duras aprovadas há poucos dias pelo Congresso dos EUA.

Algumas rádios chegaram a proibir a veiculação de certas músicas da banda Rolling Stones e do cantor Elton John por conter palavras como ‘bitch’ (puta).

Outras passaram a usar equipamentos que retardam em alguns segundos o que vai ao ar em programas ao vivo, dando tempo para eliminar palavras indesejadas.

A nova onda conservadora começou timidamente no início de fevereiro, quando a FCC (Federal Communications Commision, que controla o setor) ameaçou punir a rede de TV CBS por ter veiculado imagens da cantora Janet Jackson com um seio à mostra em um intervalo do Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano.

Após o episódio, a FCC (controlada por Michael Powell, filho de Colin Powell, secretário de Estado de Bush) e o Congresso (dominado pelos republicanos do partido do presidente) partiram para uma ofensiva que culminou com a suspensão de programas e a adoção de multas elevadas.

Os novos valores para empresas que veicularem ‘obscenidades’ variam de US$ 500 mil a US$ 3 milhões -contra um valor máximo de US$ 27,5 mil cobrado até o fim de março. Para emissoras menores, se aplicadas, as multas podem arruinar seus negócios.

O ‘neoconservadorismo’ da FCC mostrou-se inclusive ‘retroativo’ ao punir recentemente a rede NBC por ter veiculado, ainda em 2003, um comentário do líder da banda U2, Bono Vox. Ao ser prestigiado no Globo de Ouro na NBC, Bono qualificou a homenagem como ‘fucking brilliant’.

Além de programas ao vivo, o secretário de Justiça dos EUA, John Ashcroft, já manifestou a intenção de proibir redes como a HBO de veicular séries noturnas de sexo e de restringir a veiculação de material do mesmo tipo em redes de hotéis no país.

A maior vítima, no entanto, foi o radialista Howard Stern, conhecido por comandar um ‘talk show’ com forte conteúdo sexual.

Veiculado em seis emissoras da rede Clear Channel, Stern foi retirado do ar depois que a empresa foi ameaçada de ter de recolher US$ 500 mil para cada rádio que veicular programa do radialista.

Na véspera, Stern voltava das férias com o livro ‘Mentiras e os Mentirosos que as Contam’, de Al Franken. Seu comentário: ‘Se você ler este livro, nunca mais vai votar em Bush. Acho que esse cara é um fanático religioso e um Jesus maluco que quer aprovar uma agenda bizarra para este país’.

Em seguida, Stern entrevistou Rick Salomon, ex-namorado de Paris Hilton, herdeira da rede de hotéis do mesmo nome. O casal ficou conhecido após aparecer em cenas de sexo na web. Dois dias depois, Stern estava fora do ar.’

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‘Mídia nos EUA faz autocensura’, copyright Jornal do Brasil, 14/05/04

‘Emissoras de rádio e TV americanas estão adotando a autocensura para se prevenir contra uma nova onda conservadora das autoridades que controlam a mídia no país e contra leis e multas mais duras aprovadas há poucos dias pelo Congresso. Algumas rádios chegaram a proibir a veiculação de certas músicas dos Rolling Stones e de Elton John por conterem palavras como bitch (puta). Outras passaram a usar equipamentos que retardam em segundos o que vai ao ar ao vivo, dando tempo para eliminar palavras indesejadas.

A nova onda conservadora começou timidamente no início de fevereiro, quando a Federal Communications Commision (FCC, que controla o setor) ameaçou punir a rede de TV CBS por ter veiculado imagens da cantora Janet Jackson com um seio à mostra em um intervalo do Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano. Após o episódio, a FCC (controlada por Michael Powell, filho de Colin Powell, secretário de Estado de Bush) e o Congresso (dominado pelos republicanos) partiram para uma ofensiva que culminou com a suspensão de programas e a adoção de multas elevadas.

Os novos valores para empresas que veicularem ‘obscenidades’ variam de US$ 500 mil a US$ 3 milhões. Até o fim de março, o valor máximo cobrado era de US$ 27,5 mil. Para emissoras menores, se aplicadas, as multas podem arruinar seus negócios. O neoconservadorismo da FCC mostrou-se inclusive retroativo ao punir recentemente a rede NBC por ter veiculado, ainda em 2003, um comentário do líder da banda U2, Bono Vox. Ao ser prestigiado no Globo de Ouro na NBC, Bono qualificou a homenagem como ‘fucking brilliant’ (em português, ‘de foder’)..

Além de programas ao vivo, o secretário de Justiça dos EUA, John Ashcroft, já manifestou a intenção de proibir redes como a HBO de veicular séries noturnas de sexo e de restringir a veiculação de material do mesmo tipo em redes de hotéis no país. A maior vítima, porém, foi o radialista Howard Stern, conhecido por comandar um talk show com forte conteúdo sexual. Veiculado em seis emissoras da rede Clear Channel, Stern foi retirado do ar depois que a empresa foi ameaçada de ter de recolher US$ 500 mil para cada rádio que veicular programa do radialista. Na véspera, Stern voltava das férias com o livro Mentiras e os mentirosos que as contam, de Al Franken. Seu comentário: ‘Se você ler este livro, nunca mais vai votar em Bush. Acho que esse cara é um fanático religioso, um Jesus maluco que quer aprovar uma agenda bizarra para o país’. Em seguida, Stern entrevistou Rick Salomon, ex-namorado de Paris Hilton, herdeira da rede de hotéis do mesmo nome. O casal ficou conhecido após aparecer em cenas de sexo na web. Dois dias depois, estava fora do ar.’



DA COR DO PECADO
Laura Mattos

‘‘Da Cor do Pecado’ ainda peca com negros, diz cineasta’, copyright Folha de S. Paulo, 13/05/04

‘A trama ‘Da Cor do Pecado’ é um marco pela escalação da primeira protagonista negra em novelas da TV Globo. Peca, no entanto, por ter poucos negros no elenco e pelo fato de, na maior parte do tempo, inserir a personagem Preta (Taís Araújo) em um núcleo majoritariamente branco.

Essa é a opinião do cineasta Joel Zito Araújo, autor do livro e documentário ‘A Negação do Brasil – O Negro na Telenovela Brasileira’ (2000), resultado de um levantamento da participação de atores negros em 174 novelas exibidas entre 64 e 97 pela Globo e Tupi.

Araújo tornou-se um dos principais debatedores do país sobre a presença do negro na televisão. Foi convidado para um debate hoje, Dia da Abolição, no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, com o apresentador Netinho de Paula, o cineasta Jefferson De e o ator Maurício Gonçalves.

Araújo só não poderá comparecer porque prepara para o próximo mês o lançamento de seu longa-metragem de ficção ‘Filhas do Vento’ (com Taís Araújo, Ruth de Souza, Milton Gonçalves, entre outros) no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).

Desde 1997, quando encerrou sua pesquisa de televisão, o cineasta continua monitorando as telenovelas. E afirma que a situação melhorou, mais ainda está longe de ser ideal. ‘Em termos numéricos, quase nada mudou. A participação de negros fica abaixo dos 10% do elenco, mesmo em ‘Da Cor do Pecado’. Essa novela teve uma iniciativa saudável em escalar uma protagonista negra. Houve um impacto positivo na auto-estima dos negros, que vejo até pela minha família’, diz.

Outro problema de ‘Da Cor do Pecado’, segundo ele, é Preta praticamente não ter convívio com a comunidade negra, principalmente após a morte da mãe (interpretada por Solange Couto).

‘Isso é comum nas novelas. É o caso também do Bruno, de ‘Celebridade’. É um negro num papel de famoso, fotógrafo badalado. Mas não possui família, não tem história’, diz. Na trama, Bruno, interpretado por Sérgio Menezes, mora sozinho num flat luxuoso.

Sobre as críticas, Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, afirmou: ‘É muito comum se culpar a janela pela paisagem. O destaque de negros na nossa sociedade ainda não é o desejado -basta ver, por exemplo, o número de jornalistas negros na Redação da Folha. As novelas retratam essa realidade que, felizmente, está mudando’.

Araújo diz que a TV Globo demonstra estar preocupada com esse tema, o que não vê em outras emissoras. Cita explicitamente a Record, controlada pela Igreja Universal. ‘Eles desvirtuaram completamente o projeto original da série ‘Turma do Gueto’. Ela abordaria a realidade dos negros, mas passou a estereotipá-los, a explorar a violência. Além disso, há os programas da Igreja Universal que são preconceituosos com o candomblé e a umbanda.’

O presidente da Record, Dennis Munhoz, respondeu, por meio de sua assessoria, que a série ‘aborda o problema da violência na periferia de São Paulo, independentemente da raça dos moradores’.

Segundo ele, a emissora ‘abre espaço em sua programação para a comunidade negra, tendo os programas ‘Domingo da Gente’, apresentado por Netinho de Paula, ‘Domingo Espetacular’, com Nill Marcondes, e, na Record Internacional, a apresentadora Joyce Ribeiro’. Sobre os programas da Universal, disse: ‘Eles são exibidos em horários locados à igreja, sendo de nosso conhecimento que a linha editorial não apresenta nenhum tipo de preconceito’.

Na avaliação do senador Paulo Paim, a situação está melhor. Ele é autor do Estatuto da Igualdade Racial, em votação no Congresso, que prevê cota obrigatória de 20% de negros na programação.

‘Percebi um avanço, mas isso não significa que as cotas não sejam mais necessárias. Eu adoraria que não fosse preciso adotar essa política, mas ainda há muito em que avançar’, afirma o senador.

A Globo, contrária às cotas, está abaixo dos 20% previstos no estatuto, pelas contas de Araújo. ‘Nossas escalações são por critérios artísticos, porque achamos que o sistema de cotas cria injustiças e não resolve o problema. E se essa cota for usada em papéis que reforçam o preconceito contra negros?’, questiona Erlanger.

PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS NA TV. Debate com Netinho, Jefferson De e Maurício Gonçalves. Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, São Paulo). Quando: hoje, às 19h. Quanto: grátis.’



TV BANDEIRANTES
Daniel Castro

‘Band suspende Kajuru por uma semana’, copyright Folha de S. Paulo, 12/05/04

‘O polêmico jornalista Jorge Kajuru foi suspenso pela Band por uma semana. Kajuru, que apresentou a edição das 12h do ‘Esporte Total’ na segunda, já ficou de fora da versão noturna do programa (20h) no mesmo dia.

Ele foi substituído por Fernando Nardini. No momento em que o ‘Esporte Total 2ª Edição’ ia ao ar, Kajuru estava reunido com a diretora Marlene Mattos.

A Folha apurou que Kajuru foi suspenso porque discutiu em seu programa semanal, o ‘Show de Bola’, no domingo, a lavagem de dinheiro no futebol. O principal alvo do programa foi o São Caetano, mas foram citados também o Santos e o Cruzeiro.

Durante o ‘Show de Bola’, foi veiculado trecho do ‘Cartão Verde’ (Cultura), da última quinta, em que Mário Sérgio, ex-técnico do São Caetano, afirmava que Saul Klein, um dos donos das Casas Bahia (maior anunciante da Band), ‘é um parceirão’ do clube.

A Band, por meio de sua assessoria, afirma que ‘concedeu folga a Jorge Kajuru porque o apresentador vinha sistematicamente reclamando de cansaço e do excesso de exposição’. Continua: ‘A ausência do apresentador até o próximo domingo não tem relação nenhuma com suposta pressão. A Band não mistura assuntos editoriais com comerciais’.

As Casas Bahia, via assessoria, disseram que nenhum de seus ‘sócios ou diretores tem envolvimento com o São Caetano’.

OUTRO CANAL

Bloqueador 1 A Casa Civil vai editar até o final de junho uma medida provisória adiando novamente a entrada em vigor, naquele mês, de lei de 2001 que obriga todos os televisores vendidos no país a ter um chip que bloqueia cenas de sexo e violência. A vigência da lei já foi adiada uma vez, também por MP, no final de 2001.

Bloqueador 2 Segundo a assessoria do ministro José Dirceu, a nova medida provisória será elaborada a partir de pareceres dos ministérios da Justiça e Comunicações. A idéia é que o texto não só determine uma nova data para o chip, mas também um calendário para a regulamentação do assunto.

Pressão 1 A Globo pediu, e o Ministério da Justiça cedeu. A nova novela das oito da emissora, ‘Senhora do Destino’, que havia sido classificada como imprópria para menores de 14 anos (21h) foi reclassificada para exibição após as 20h (12 anos).

Pressão 2 Segundo o ministério, a Globo assinou termo se comprometendo a ‘manter o conteúdo rigorosamente dentro dos padrões do horário solicitado’. Ou seja: nada de sexo e violência.

Sucesso O primeiro capítulo de ‘Cabocla’ deu 40 pontos no Ibope da Grande SP. Foi a melhor estréia das últimas 15 novelas das seis, desde 1996. ‘Chocolate com Pimenta’ estreou com 35.’