Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Faltam avaliações lúcidas do governo

A mídia está devendo balanços objetivos do governo Lula. Isso fica patente para quem articula a reportagem de Lourival Sant Anna sobre os frutos positivos do programa Bolsa Família – positivos para a sociedade e para as pretensões do presidente Lula à reeleição – (O Estado de S. Paulo, domingo, 9/10) com o bom resumo da trajetória do PT foi feito por Wanderley Guilherme dos Santos no Jornal do Brasil de sábado, 8/10. Wanderley Guilherme escreve que “os indicadores disponíveis apontam para resultados além de bons nas áreas econômica e social, por mais que os partidos da oposição procurem minimizar o valor desses indicadores”.


Outros trechos do artigo do professor do Iuperj merecem atenção porque ajudam a enxergar melhor os dilemas do PT:


“(….) Vale lembrar que o Partido dos Trabalhadores nasce contra um Estado autoritário e se afirma à margem da política institucional do período. Jejuno de uma experiência de política democrática e das regras de funcionamento do Estado de direito, o partido pagaria caro por essa lacuna. (….)


A novidade política estava em que o PT, à diferença de partidos parecidos, promoveu importante descontinuidade na representação dos trabalhadores: enquanto antes, de 1945 a 1966, tivéramos um Partido Trabalhista, sugerindo que o valor do trabalho estava abrigado na legenda, com a nova legenda se declara que o partido é que pertence aos trabalhadores. Por vir das camadas básicas da população, o PT era um partido diferente, não apenas no Brasil, mas em comparação mundial. (….)


O hábito de os militantes petistas se julgarem diferentes se justifica, pois, pelo original certificado de nascimento. A conversão do justificado orgulho em infundada pretensão é outro problema e não deveria comprometer o registro histórico da inserção primitiva do Partido”.