Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Internautas descobrem como burlar o sistema de pagamentos no acesso às notícias online do The New York Times

O jornal norte-americano The New York Times gastou cerca de 40 milhões de dólares para desenvolver um sistema de cobrança de notícias publicadas em sua página web, mas ele se tornou vulnerável, menos de duas semanas depois de ser lançado.


Quatro linhas de código na linguagem Javascript permitem remover uma espécie de tela que cobre os textos do NYT sempre que um leitor superar a quota de 20 notícias acessadas por mês, o limite de visitas grátis a cada 30 dias.


Mais intrigante é a informação contida no site Nieman Journalism Lab segundo a qual a falha no sistema de bloqueio de acessos pode ser até proposital, para dar a chance de leitores mais fanáticos continuarem lendo o jornal online, mesmo depois da introdução do muro de pagamentos, tradução do jargão anglo-saxônico paywall.


As quatro linhas de código foram batizadas pelos internautas como ‘NYTClean’ e estão sendo repassadas adiante com uma impressionante velocidade entre os nerds da computação e jornalistas. A grande experiência que o Times levou mais de um ano para colocar em prática pode simplesmente não funcionar.


A cobrança pelo acesso à notícias publicadas em jornais online é uma das alternativas que estão sendo testadas pelas indústrias da comunicação em todo o mundo, como uma forma para assegurar a sustentabilidade de empresas afetadas pela crise no modelo de negócios da imprensa convencional.


As dificuldades na leitura de notícias impostas aos leitores intensivos pelo sistema de bloqueio de acessos ao material publicado pelo NYT também pode ser burlado com o uso de softwares disponíveis na Web como o GreaseMonkey e o Stylish, ambos complementos grátis que podem ser baixados pelos usuários do navegador Firefox.


A facilidade com que o sistema de bloqueio foi neutralizado levou vários especialistas na web a acreditar que o The New York Times talvez tenha usado do maquiavelismo para deixar duas portas de acesso às noticias online: uma para os usuários frequentes (15 a 35 dólares mensais) e assinantes da versão impressa e outra, que alguns passaram a chamar de porta dos fundos, para os nerds e jornalistas estrangeiros com dificuldades em pagar pelo acesso.


Por enquanto tudo isto ainda é uma especulação de especialistas, mas de qualquer forma a polêmica sobre a eficácia da cobrança de acesso às notícias online continua cada vez mais intensa.