Saturday, 27 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Jornalistas usam cada vez mais blogs e redes sociais como fonte informativa

Uma pesquisa realizada em setembro do ano passado nos Estados Unidos revelou que mais da metade dos jornalistas entrevistados usa rotineiramente weblogs e páginas de redes sociais como Facebook, Orkut e LinkedIn como fonte de informações para reportagens e textos analíticos.


 


A investigação realizada pela empresa Cision e a Universidade George Washington, tomou como base uma amostra de 400 jornalistas profissionais da grande imprensa norte-americana. O trabalho mostrou que nove em cada 10  profissionais visitam weblogs antes de iniciar uma reportagem, entrevista ou artigo. Entre os jornalistas da área econômica a proporção chega a 96% dos casos.


 


Dois terços dos profissionais consultam regularmente redes sociais como o Facebook e LinkedIn (rede com currículos profissionais) e metade faz o mesmo com sites como Twitter, Flickr (fotos) e YouTube (vídeos). Os repórteres e editores de jornais online têm maior intimidade com fontes informativas na Web do que as redações de jornais impressos, que por sua vez consultam mais fontes digitais do que os profissionais de revistas semanais ou especializadas.


 


Segundo os responsáveis pela pesquisa, os weblogs  foram citados por 64% dos entrevistados como o veículo mais usado para publicar e distribuir material produzido por jornalistas profissionais. Em segundo lugar vieram as redes sociais com 60% das preferências e depois o Twitter, com 57%, mas com uma tendência de alta.


 


Cerca de ¾ dos jornalistas entrevistados avaliam o impacto de seu trabalho pela medição do número de visitantes do seu site e 74% prestam atenção nos comentários e críticas recebidas. No caso do Twitter, 43% dos profissionais medem a repercussão do seu trabalho  pela quantidade de seguidores.


 


Apesar do uso crescente de fontes online, os jornalistas entrevistados se mostraram cautelosos sobre a credibilidade das informações pescadas na Web. Oitenta e quatro por cento dos entrevistados disseram que as informações online são um pouco menos confiáveis do que as publicadas em veículos convencionais como televisão, radio, revistas e jornais.


 


Nenhum dos consultados disse que as informações online são mais confiáveis do que as offline. Os mais velhos confiam menos que os mais jovens e o maior índice de desconfiança está entre os profissionais de jornais impressos. E todos coincidiram que a falta de verificação das informações publicadas online é a principal responsável pela idéia de que são menos confiáveis.


 


Entre as principais fontes de informação, o sistema de buscas Google contou com a unanimidade dos profissionais consultados pela pesquisa enquanto a segunda fonte mais usada constitui-se numa surpresa. Apesar da controvérsia em torno da veracidade das informações publicadas, a enciclopédia virtual Wikipédia foi considerada a segunda fonte mais consultada pelos 400 jornalistas entrevistados.


 


Evidentemente a pesquisa não pode ser vista como uma fotografia do comportamento dos jornalistas norte-americanos; no Brasil, os resultado provavelmente seriam bem diferentes. Lá por conta da amostra reduzida (400 num universo estimado em 20 mil jornalistas) e aqui, devido à grande defasagem em matéria de digitalização no jornalismo.


 


Além do mais o trabalho foi feito por uma empresa de relações públicas — que obviamente estava interessada em identificar comportamentos de jornalistas para aumentar a eficiência dos press releases.


 


Mas uma lição pode ser tirada dos números apresentados. A de que aumenta a preocupação dos profissionais com a checagem das informações recolhidas na Web. Isto recupera dentro do jornalismo uma rotina que foi perdida quando a atividade ganhou ares industriais, onde o importante era chegar primeiro e de forma a mais sensacionalista possível para ganhar da concorrência. A era dourada do “furo” jornalístico.


 

A avalancha informativa deflagrada pela digitalização e pela internet está rompendo com a inércia investigativa ao impor aos profissionais a necessidade de checagem sob pena de desmoralização e ridículo público, já que o erro pode ser facilmente detectável por milhares patrulheiros online, sempre de plantão.