Friday, 26 de July de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1298

Ativistas do Photoshop entram na onda mundial de protestos

O policial norte-americano John Pike nunca imaginou que poderia se transformar num personagem conhecido em todo mundo, em questão de horas. Só que a visibilidade conquistada pelo tenente da polícia da cidade de Davis, California, é a pior possível.


 

Pike se tornou a figura central em centenas de ilustrações mixadas com a foto onde ele aparece jogando spray de pimenta em estudantes sentados numa manifestação pacífica contra o sistema financeiro norte-americano.
 

É o primeiro grande caso de uma blitzkrieg mundial protagonizada por manipuladores de imagens usando programas de edição de fotos como o famoso Photoshop.
 

Um protesto bem-humorado que abriu um novo flanco no esforço dos ativistas de globalizar o movimento de ocupação de espaços públicos para protestar contra a desigualdade econômica e social no mundo contemporâneo.
 

O que impressiona é a velocidade com que a figura do tenente John Pike se espalhou pelo mundo como o mais novo símbolo da prepotência . Mostra também como os ativistas da Web conseguiram ganhar adeptos entre os nerds fanáticos pelo mash up, a adulteração de fotos usando recursos eletrônicos.
 

Graças ao poder viral da internet, o humor virou uma arma poderosa em protestos políticos ao redor do mundo. As imagens tendem a falar por si, sem necessidade de slogans políticos ou ideológicos. Um dos primeiros casos desse tipo foi o protesto contra o governo autoritário da Bielorrussia, em maio de 2006, quando quase 200 estudantes foram para a praça principal de Minsk, a capital, com casquinhas de sorvete nas mãos. Era o que mais tarde viria a ser conhecido como flash mob (multidão instantânea).
 

Todo mundo entendeu que era um protesto, mas a ficha demorou duas horas para cair na polícia, que ao se dar conta, veio com tudo e prendeu quase 100 manifestantes. O protesto não obteve visibilidade mundial imediata porque na época o YouTube ainda não era popular e nem as redes sociais eram tão disseminadas como hoje.

Quem desejar ter uma rápida ideia do que os ativistas do Photoshop fizeram com o tenente Pike basta dar uma olhada no site Know Your Meme .
 

O spray de pimenta, normalmente usado para imobilizar delinquentes, entrou para a galeria dos ícones da repressão policial depois que a imprensa norte-americana publicou as fotos do tenente Pike borrifando gás no rosto de jovens, demonstrando a maior tranquilidade. No vídeo, o policial parecia perfeitamente à vontade.
 

O resultado obtido pelos ativistas do Photoshop, bem como a ocupação pacífica de praças públicas — como aconteceu em Wall Street, Nova York —,  mostra que as táticas não violentas estão produzindo resultados políticos melhores do que os processos violentos. As polícias de todo o mundo parecem não ter se adaptado à nova estratégia porque continuam a usar métodos repressivos tradicionais, que chocam a opinião pública quando divulgados.

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