Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um outro olhar sobre os cansados

O que tinha a dizer pessoalmente sobre o ‘Cansei’ está na nota do último dia 29, ‘O cansaço e os cansados’. [Ver em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id= {097FF137-402B-4DE3-A0A1-0F4388D06FC1}&id_blog=3]


Hoje quero compartilhar com o eventual leitor um trecho da crônica de Marcelo Coelho, na Folha, que me parece figurar entre o que de mais arguto saiu na mídia a respeito.


Dizer ‘cansei’ não é a mesma coisa que dizer ‘fora Lula’, embora muita gente provavelmente gostasse de derrubá-lo. O que prevalece na frase, mais do que um programa político qualquer, é o espírito do ‘não brinco mais’.


E do que se estava brincando, afinal? Creio que de algo não muito diferente do que se viu na medalhomania do Pan. Trata-se da ficção de um Brasil que está ‘quase chegando lá’, no Primeiro Mundo.


Sem conhecer o cotidiano de trens e ônibus da periferia, o cidadão de classe alta estava acostumado a belos aeroportos; certamente não iguais aos de Frankfurt e Paris, mas afinal a diferença era apenas de grau. São Paulo não é Nova York, mas tem lá suas Daslus e seus musicais copiados da Broadway.


A ilusão foi abalada com a crise aérea. Numa imaginária redoma de Primeiro Mundo, é a própria presença de Lula, mais que seu desempenho, o que mais incomoda. Na política econômica, os ricos lhe devem gratidão. Mas ele não ‘é do time’, como o foram Collor e FHC.


De minha parte, não vou ironizar um movimento só porque é ‘dos ricos’. José Arthur Giannotti desqualificou a invasão da reitoria da USP, classificando suas reivindicações como ‘pequeno-burguesas’. Inércia de linguagem, a meu ver.


O movimento ‘Cansei’ deve ser jugado pelo que propõe. Nesse ponto, nutro expectativas reduzidíssimas, para colocar a coisa em termos educados, quanto ao que João Dória Junior tenha de importante a sugerir para o futuro do país.


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