Monday, 14 de October de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1309

A imprensa e os corruptos


Estranhamente, a imprensa também não se mobiliza para discutir a decisão do TSE, que não vai impedir a candidatura de cidadãos com ficha suja na Justiça.


Cada vez mais monotemática e cada vez menos abrangente, nossa imprensa está perdendo uma nova oportunidade de ajudar o saneamento político do país. Na terça-feira (10/6), o Tribunal Superior Eleitoral decidiu por quatro a três que um cidadão processado pode candidatar-se enquanto não for condenado em tribunal. Quem provocou a decisão foi o tribunal regional da Paraíba, que solicitava o embargo de candidatos com a ficha suja.


Na quarta-feira (11), só o Globo destacou a decisão do TSE e, na quinta, só o Globo manteve o assunto na primeira página, comentou o retrocesso do tribunal em editorial e na coluna de Merval Pereira. Nos jornalões paulistanos o silêncio, exceto no espaço do Estado de S.Paulo onde Dora Kramer expõe a sua dose diária de indignação. Enquanto isso, duas siglas míticas, a CNBB e a OAB, voltaram a juntar-se para protestar contra a decisão do TSE apoiadas por uma série de ONGs ligadas ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.


É compreensível o interesse do Estadão e da Folha nos casos da venda da Varig e da ressurreição da CPMF, mas a degradação do Poder Legislativo é uma questão de Estado, prioritária, antecede as demais. Enquanto nosso Legislativo, em todos os seus níveis, admitir parlamentares sem os atributos mínimos de decência, continuaremos a assistir à incessante exibição de escândalos e ilícitos.


Maus elementos


A qualificação moral dos representantes do povo é essencial para a qualidade da nossa República. As eleições municipais estão aí e, caso prevaleça a última decisão do TSE, teremos em outubro quase 60 mil novos vereadores no país (59.591), muitos dos quais deveriam estar há muito na cadeia.


Convém lembrar que o número anterior era de quase 52 mil (51.748) vereadores, mas a generosidade dos deputados federais ampliou recentemente a brecha para a eleição de mais maus elementos nas gaiolas de ouro.


O assunto é grave, urgente, e a mídia não pode minimizá-lo.


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