Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

“Golpes de sorte” rumo ao sucesso

Andrew Rashbass, executivo-chefe do grupo Economist, atribui o sucesso do semanário The Economist ao fato de ele ser escrito em inglês, o que aconteceu por um acidente histórico. Segundo Rashbass, foi uma “sorte extraordinária” publicar uma revista internacional em inglês, que se tornou o idioma universal. Então, surgiu a globalização. “Não procuramos isto, veio até nós”, contou a Roy Greenslade [The Guardian, 27/11/11].

Nos primeiros meses deste ano, as vendas auditadas da publicação alcançaram quase 1,5 milhão de exemplares, um aumento de mais de 3% comparado ao período anterior. Nos EUA, as vendas de 844 mil cópias são vistas como um fenômeno de sucesso. Também espera-se um crescimento nos lucros, depois de três anos de aumento consecutivo do número de leitores.

Trata-se de estar no lugar e momento certos com o produto certo. Ninguém pode duvidar tampouco da extrema relevância do conteúdo da revista, que é supervisionada por John Micklethwait, editor desde 2006. A publicação pode se gabar, por exemplo, de ter previsto a queda do líder egípcio Hosni Mubarak em julho de 2010, com uma capa mostrando a estátua do presidente afundando em dunas de areia.

Sucesso comercial

As vendas da versão impressa se mantêm estáveis, mas Rashbass prevê que elas devem diminuir. “Estou tranquilo, pois estou convencido de que vamos acabar com uma circulação paga maior”, afirmou, referindo-se não aos usuários do site, mas aos assinantes de aplicativos para tablets. O aplicativo da Economist para o e-reader Kindle foi lançado há mais de um ano. Há um ano, foi a vez das versões para iPad e iPhone. Atualmente, a revista tem 100 mil assinantes digitais – incluindo os do site, que são minoria. A grande maioria vem de usuários do iPad.

O sucesso de público na versão digital se deve a diversos fatores. O primeiro é o fato da tela ser uma réplica das páginas da versão impressa, tornando a experiência da leitura muito próxima à da revista. Além disso, há anúncios interativos. Todo artigo pode também ser ouvido, pois há uma função de áudio.

A história do lançamento do site e dos aplicativos foi mais um golpe de sorte. Rashbass tornou-se executivo-chefe e gerenciava a Economist online. “Quando eu estava lutando para posicionar o site, cometi um erro – que se mostrou positivo. Achei que deveríamos fazer o mesmo no online que fazíamos no impresso, simplesmente transferindo de uma plataforma para outra. Mas fizemos uma pesquisa em todo o mundo com pessoas instruídas que não liam a Economist e descobrimos, para nossa surpresa, que não era isso que queriam. Percebemos, então, a diferença do ritual da leitura imersiva da versão impressa para o modo interativo do site”, o que gerou, diz ele, uma experiência completamente diferente para os usuários do site e, posteriormente, destes com os do tablet.

Uma pesquisa entre assinantes americanos revelou que mais de 95% dos leitores acima de 40 anos leem a revista na versão impressa. Mas, quando perguntados como seria daqui a dois anos, este número reduziu para 35%. O executivo-chefe acredita, com base no fato de o aumento dos assinantes da versão digital ter pouco impacto nas vendas do impresso, que há pouca migração, e sim um aumento da audiência.