Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalista mente sobre assassinato da família

A família do jornalista iraquiano Dia al-Kawwaz apareceu na televisão na quarta-feira (28/11) para refutar a informação de que havia sido assassinada. Dois dias antes, artigo no sítio de Kawwaz dava conta de que 11 de seus parentes haviam sido mortos por um grupo armado, supostamente de uma milícia xiita. O crime era descrito com detalhes: as irmãs do jornalista, seus cunhados e sobrinhos estavam tomando café quando os homens entraram atirando a esmo. Depois que todos estavam mortos, foi jogada uma bomba na casa.


‘Nós estamos vivos’, afirmou uma das irmãs à emissora al-Hurrah, chorando. ‘Não fomos atacados, nem por milícias nem por forças de segurança. Ninguém invadiu nossa casa. [Kawwaz] até organizou uma reunião de luto pela nossa morte. Mas estamos vivos. E estamos com vergonha que ele seja nosso irmão’. O canal de TV estatal também falou com a mãe do jornalista, que, irritada, chamou-o de mentiroso. ‘Eu renego ele. Considero que não tenho mais um filho’, declarou. ‘Estamos todos bem e em paz. Não sei por que ele fez isso’.


Depois da reportagem na televisão, Kawwaz confirmou para a agência de notícias AFP, por telefone, que aqueles eram de fato seus parentes. ‘Ela é minha irmã. Eles [o governo] a forçaram a aparecer na TV. Minha família tem sido ameaçada de morte e seus passaportes foram confiscados pelo Ministério do Interior’, afirmou. Questionado por mais detalhes sobre o suposto assassinato dos familiares, o jornalista desligou o telefone, pedindo que o deixassem em paz.


Descrença


Na manhã de quarta-feira (28/11), Ali al-Dabbagh, porta-voz do Ministério do Interior, já havia negado o massacre e dito que a família de Kawwaz estava bem em Bagdá. Segundo Dabbagh, uma equipe do Ministério abriu uma investigação logo após as alegações do jornalista e concluiu que não houve crime. A polícia local também refutou as alegações de Kawwaz. ‘Nós temos informantes civis que negaram o incidente. Nós checamos por 48 horas e não há informação de algum crime deste tipo. Ele é um grande mentiroso’, declarou um policial, sob condição de permanecer anônimo.


A organização Repórteres Sem Fronteiras criticou duramente a atitude de Kawwaz. ‘Estamos aliviados que os familiares estejam bem, mas o comportamento dele é inaceitável’, declarou. Jornalistas – e, por conseqüência, suas famílias, costumam ser alvo de seqüestros e assassinatos por insurgentes no Iraque. Informações de Ammar Karim [AFP, 28/11/07].