Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Time condenada a multa milionária por difamação

A revista Time anunciou que irá recorrer da sentença por difamação favorável ao ex-ditador Suharto, da Indonésia. A Suprema Corte do país condenou a semanal americana a pagar mais de US$ 100 milhões em danos e a publicar um pedido de desculpas. A revista, que pertence à Time Warner, publicou matéria de capa em maio de 1999 alegando que Suharto e sua família teriam acumulado uma fortuna de US$ 15 bilhões – incluindo US$ 9 bilhões em uma conta bancária na Áustria.


O tribunal considerou a matéria ‘danosa à reputação e honra do grande general das forças armadas e ex-presidente da Indonésia’, afirmou um porta-voz da Suprema Corte, na segunda-feira (10/9). O advogado da Time, Todung Mulya Lubis, rebateu em uma coletiva de imprensa que fará todo o possível para derrubar a decisão. ‘Não está em jogo apenas a Time, mas também a liberdade de imprensa’, ressaltou, lembrando que a revista ainda não havia sido oficialmente notificada da sentença.


Suharto Inc


Suharto, hoje com 86 anos, chegou ao poder em 1965 após um sangrento golpe de Estado, e lá permaneceu por 32 anos. Críticos acusam sua família de ter pilhado bilhões durante este período, mas ele nega veementemente qualquer ato ilícito.


Na reportagem de 1999 da edição asiática da Time, intitulada ‘Suharto Inc’, o ex-ditador era acusado de transferir parte de seu dinheiro da Suíça para um banco austríaco. A revista alegava também que seis dos filhos de Suharto possuíam grandes fatias em mais de 500 empresas na Indonésia e negócios que iam dos EUA ao Uzbequistão. Quando deixou o governo, Suharto recebia salário mensal de apenas US$ 1,764, dizia o artigo.


O ex-ditador entrou na justiça contra a revista ainda em 1999, pedindo o equivalente a US$ 19,5 bilhões, mas perdeu o processo em 2000. Ele apelou da decisão em um tribunal mais alto, e mais uma vez perdeu. Só agora a Suprema Corte reverteu a decisão. A organização Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, classificou a determinação do tribunal de ‘absurda’ e afirmou que ela abala a credibilidade do sistema legal indonésio. Informações de Ahmad Pathoni [Reuters, 11/9/07].