Saturday, 04 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Três gigantes brigando

IE, UM LÍDER POLÊMICO

André Machado

Embora seja o mais velho dos três navegadores abordados aqui (surgiu em 1995 em resposta ao Netscape, cujo mercado tomou) e continue o líder (53% de usuários, contra 27% do Firefox e 9% do Chrome, segundo a Wikipedia), o Internet Explorer (IE) tem muitos senões. Sua vantagem inicial – vir junto com o Windows – é também seu problema, pois, como está entranhado no sistema, desinstalá-lo pode levar a dores de cabeça em outros pontos. Além disso, essa venda casada foi um dos motivos de processos antitruste contra a Microsoft. E isso sem mencionar a questão da segurança: como o Windows é o sistema mais usado no mundo (está em 91% dos desktops) os criminosos digitais se voltam, naturalmente, para ele.

Nos últimos anos, o IE vem sofrendo grande pressão dos rivais, e a MS tem corrido atrás para modernizar o cada vez mais parrudo browser. Na semana passada, liberou a versão beta do Internet Explorer 9, que copiou algumas coisas da concorrência (como abas destacáveis, botão de retornar maior que o de prosseguir e página inicial com janelinhas dos sites mais visitados), mas também adicionou funções interessantes.

A principal é a possibilidade de puxar de sites de parceiros o botão personalizado da barra de navegação e colocá-lo na barra de tarefas.

– Clicando normalmente nesse atalho, vai-se ao site. Já pressionando o botão direito do mouse, o usuário acessa uma lista de links das seções do site, para navegação mais rápida – explicou Galileu Vieira, gerente de novas tecnologias web da MS Brasil. – Entre os sites que já podem usar a função estão Discovery, eBay, CNN e Wall Street Journal.

A nova versão do browser também procurou aumentar sua velocidade privilegiando o poder da placa de vídeo (GPU) em relação ao processador da máquina.

– Isso e o Chakra, nosso novo motor para a linguagem JavaScript [que torna a navegação mais dinâmica], são os destaques do IE 9 – diz Galileu. – Também estamos totalmente compatíveis com o novo HTML5.

Na essencial questão da segurança, o novo browser permitirá a opção por updates automáticos, além de ter um alerta sobre os plugins e add-ons a serem instalados.

Infelizmente, o IE 9 não rodará mais no Windows XP. Só funcionará no Vista e no Windows 7.

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MEXEU COMIGO? ENTÃO TOMA!

Carlos Alberto Teixeira

Aversão mais recente e estável do navegador Firefox é a 3.6.9, num momento em que esse browser está em segundo lugar na disputa às vezes chamada ‘Segunda Guerra dos Browsers’.

Disponível em português e em mais 74 idiomas, o Firefox roda nos sistemas operacionais Windows, Mac OS X, Linux, BSD, Solaris, OpenSolaris, GNU e AmigaOS 4.

É bem verdade que o Firefox ainda esteja um tanto longe de tirar a liderança do IE (Internet Explorer) da Microsoft, esse navegador hipertrofiado que André Machado analisou aí do lado.

Porém, a julgar pela evolução dos gráficos, parece ser apenas questão de tempo.

A versão 4 do Firefox (mzl.la/ff4b), ainda na sexta fase beta de testes, tem lançamento previsto para novembro de 2010, com uma lista de melhoramentos quase cansativa (mzl.la/ff4feat) de tão extensa, mas que certamente agradará seus usuários.

O Firefox é o eco de uma derrota na primeira ‘Guerra dos Browsers’, que começou no final dos anos 1990, quando o browser Netscape era o líder, com 80% do mercado.

Financeiramente mais frágil do que a poderosa Microsoft, a Netscape foi perdendo terreno e, com o IE oferecido de graça até para empresas, o browser que antes liderava perdeu fôlego e acabou morrendo. Bem, quase.

Aí o jogo virou. A Netscape, que todos achavam que viraria pó, espertamente abriu o código do seu navegador.

Agora, qualquer um poderia examinar as entranhas do programa. E o legado do Netscape passou às mãos da Fundação Mozilla, cuja equipe passou a desenvolver um sucessor ao finado Netscape.

Anos depois, essa turma apresentou um navegador chamado Phoenix, depois Firebird e, em seguida, Firefox – raposa de fogo, na tradução – esse sim, um nome poderoso e que iria dar sorte ao novo browser.

Os desenvolvedores implementaram nele uma linguagem de interface que permitia a construção de extensões, que poderiam ser penduradas ao Firefox, desempenhando funções adicionais que enriqueceriam sua versatilidade.

Com isso, o Mozilla Firefox começou a papar terreno, arranhando até hoje a supremacia do Internet Explorer.

De início, as extensões do Firefox assustaram os usuários por representarem brechas de segurança. Em resposta, foi criado um repositório contendo só extensões autorizadas e inofensivas.

Com isso resolvido, a versão 1.0 do Firefox foi lançada em novembro de 2004. Daí por diante, as extensões fascinaram mais e mais internautas.

A segurança mais robusta fez com que o browser caísse no gosto dos usuários, já que era muito menos visado por programas malignos e infecciosos do que o concorrente.

Mas, no meio da briga, surgiu uma ameaça ao avanço do Firefox.

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SERÁ O ÚLTIMO O PRIMEIRO?

Pedro Giglio

A esta altura do campeonato, Google é sinônimo de busca na internet, e sua participação no mundo online só aumenta.

Só faltava que eles lançassem um navegador, não é? E não deu outra: em setembro de 2008, a empresa da Califórnia lançou o primeiro beta do Chrome.

De visual minimalista – ainda mais se compararmos com o festival de botões e barrinhas de seus rivais na época mdash; e execução leve, o Chrome teve seu processo de atualizações e mudanças rolando de estranhamente familiar: como outros produtos da família Google. Isto é, pouco a pouco as novidades pintavam, como aconteceu com o Gmail e o Orkut.

Certos aspectos do Chrome foram tão bem elaborados que, em uma clássica demonstração de como as coisas funcionam, acabaram servindo de ‘inspiração’ para as outras desenvolvedoras.

Não que o próprio Chrome não tenha feito o mesmo mdash; como é o caso das extensões, que ajudaram bastante na percepção geral do Firefox mas, por motivos óbvios, são menos numerosas do que no Firefox – mas crédito a quem é de direito! Entre as funções popularizadas pelo Chrome estão o sistema que permite arrastar abas para fora da janela e transformá-la em um processo à parte; a apresentação dos sites mais recentes em uma disposição de janelinhas com imagens dos mesmos; sincronizar seus dados e atalhos à sua conta Google; alocar o processamento de plugins – como o Flash, QuickTime e Silverlight – em separado do navegador, assim evitando que tudo feche caso um deles dê algum problema. Neste último caso, muitas dores de cabeça podem ser evitadas! Outro aspecto muito útil do Chrome é o uso de sua barra de endereços como campo de procura – ‘do Google’, alguém complementa.

Sim, é, mas a surpresa é que não é só isso: outros sites visitados que tiverem um campo de busca, como YouTube, Wikipedia e afins, também são suportados.

Basta começar a escrever o endereço do site em questão, pressionar Tab e pronto: você procurará o que quer no site desejado.

Nada mau, hein? A trajetória de sucesso do Chrome é clara e rendeu frutos.

O Flock, navegador baseado no Mozilla dedicado às interações em redes sociais, virou casaca e usa como base o Chromium, sistema que serve de base para o navegador, desde junho. Outro ponto importante a compatibilidade e promoção dos novos padrões da web, como o HTML5. Sites como o ChromeExperiments.com, reunindo demonstrações interativas, reforçam o peso que isto tem ao Chrome.

Reprodução

Pois é, o Google não pretende parar tão cedo. Em julho, a empresa anunciou que uma nova versão seria lançada a cada seis semanas. O intervalo pode parecer curto demais, mas tem uma explicação bem razoável: desta maneira, a equipe pode dar prioridade às funções que puderem ser resolvidas neste intervalo de tempo, sem ficar se prendendo a promessas que possam demorar muito mais do que o imaginado…

Nesta competição saudável, onde cada navegador traz sua novidade (e os outros copiam), quem ganha? O usuário, naturalmente…