Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Organização lança nova pesquisa sobre corrupção no mundo

A Transparência Internacional é uma organização mundial da sociedade civil com 90 divisões em vários países, incluindo o Brasil, e um secretariado internacional baseado em Berlim. A organização monitora e denuncia a corrupção empresarial e política. Em 2012, seu índice de percepção sobre atos corruptos se baseou em um levantamento que cobria 176 países. O Brasil está em 69º lugar. Em relação aos demais países do grupo Brics, está empatado com a África do Sul. Mas sua posição é melhor que a da Rússia, em 133º. A China está em 80º lugar, e a Índia, em 94º.

Ela acaba de lançar seu mais recente barômetro mundial sobre corrupção. A pesquisa entrevistou 114 mil pessoas em 107 países. Dos respondentes, 27% disseram ter pago propina pelo acesso a serviços ou instituições públicas nos últimos 12 meses. O número não melhorou ante resultados anteriores. Mas 90% dos entrevistados disseram que agiriam contra a corrupção, e dois terços deles afirmaram ter recusado o pagamento de propina. Em 36 países do levantamento, a polícia era vista como a instituição mais corrupta. Em outros 20, o posto cabia ao Judiciário. Em 51 países, os partidos políticos eram vistos como as instituições mais corruptas. Entre os entrevistados, 55% afirmaram acreditar que os governos sejam controlados por interesses especiais. Antes da crise financeira de 2008, 31% dos entrevistados acreditavam que os esforços dos governos para combater a corrupção fossem efetivos. Hoje, só 22% concordam com isso.

No Brasil, o retrato da confiança na classe política é notável por sua ausência. Cerca de 81% dos entrevistados acreditam que os partidos políticos sejam afetados pela corrupção. Isso se compara a 77% na Rússia e a 77% na África do Sul. Nos Estados Unidos, 76% das pessoas acreditam que os partidos políticos sejam afetados pela corrupção, bem como 73% dos franceses. No Reino Unido, a porcentagem é de 66%. Já na Dinamarca é de apenas 30%.

US$ 13 bilhões para a Copa

Poderia ser muito pior, é claro. No México, 91% dos entrevistados acreditam que os partidos políticos sejam afetados pela corrupção e 55% disseram ter pago propina ao Judiciário. Para o Brasil, porém, é preciso apontar que não há números quanto a propinas pagas ao Judiciário. Há quem acredite, de fato, que as propinas em geral custem quase US$ 40 bilhões anuais ao país.

Os números ajudam a explicar a reação popular no Brasil aos US$ 13 bilhões que, estima-se, estejam sendo gastos na construção de estádios de futebol modernos para a Copa do Mundo do ano que vem, bem como a raiva popular diante da falta crônica de investimentos em educação, saúde, transportes e serviços públicos básicos.

******

Kenneth Maxwell é colunista da Folha de S.Paulo