Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Confusão e delírio

É lamentável que setores da sociedade brasileira, mormente a imprensa, tentem atribuir à punição de um crime contra o chefe da nação a qualidade de cerceamento de opinião, da liberdade de imprensa ou seja lá qual for a nomenclatura. As pessoas estão confusas, tomando para si a verdade sem procurar entender de fato, o que realmente está por trás disso. Por falar em censura, os Estados Unidos são craques em censura, no que pese toda a liberdade de imprensa que existe por lá. Citando um fato recente, só para exemplificar, o cantor brasileiro Caetano Veloso perdeu seu visto especial nos Estados Unidos só por ter dito que Osama bin Laden é bonito. Pode-se até questionar a severidade da pena aplicada ao pseudojornalista estadunidense, mas daí a querer tornar a imprensa vítima é um delírio.

É importante lembrar que a história mostra que sempre fomos vítimas da imprensa estadunidense, com seus comentários depreciativos e perniciosos. A preocupação atual, e de sempre, de manter a nação brasileira como todos os países latino-americanos em patamar de dependência e subserviência é mais flagrante do que nunca.

Podemos entender que, a partir de uma postura firme da nação brasileira defendendo os seus interesses perante a comunidade internacional, como nunca a história já registrou, enfrentando de frente, e sem medo, principalmente a potência hegemônica, a imprensa estadunidense utilize-se de expedientes já conhecidos para minar a autoridade e a liderança exercida pelo presidente Lula no claro intuito de desmoralizar o Brasil e frear de alguma forma sua ascensão como um dos expoentes de influência política do mundo como forma de represália.

Marcus Raposo, desempregado, Salvador



Eu me preocupo

Fico muito triste como brasileiro pela decisão ditatorial e agressão contra a imprensa livre, tomada pelo governo brasileiro contra o jornalista do NYT que fez a reportagem sobre o presidente que bebe muito e, inclusive, é preocupação para mim também como brasileiro. Proibir a entrada deste jornalista no Brasil é ridículo. Que atitude infantil e imatura do governo. Acho que o mundo inteiro vai ficar impressionado com o grau de perseguição contra a imprensa. Afinal de contas, o presidente americano têm sido vítima das mais terríveis reportagens e nem por isso nenhum jornalista brasileiro foi impedido de entrar nos Estados Unidos. Se o presidente se achou violentado pela reportagem deveria processar o jornalista, e não tomar a decisão ditatorial.

Leucio Barbosa, profissional de marketing, Recife



Nunca mais falo

O único ponto relevante [da matéria do NYT] é que o povo realmente está preocupado com as ações do governo, como o Fome Zero, que deveria ser substituído por uma política de emprego. Mas não com os eventuais drinques consumidos por ele. Pelo que fiquei sabendo, o governo cancelou o visto do jornalista estadunidense e ele vai ter que partir. Achei abusivo. Já pensaram se o Bush fosse processar quem o chama de bêbado e estrupício na mídia brasileira e fosse dar bola para os livros do Michael Moore? O cara teria pirado, mas faturado muito dinheiro.

Acho que o governo Lula detonou com a liberdade de imprensa e nos remeteu à sombra da censura da ditadura militar, ao recorrer a resolução de tal período. Um processo judicial bastaria. E, graças a este ato, não ficarei surpresa se algumas represálias forem adotadas contra jornalistas que atuam no exterior. Ainda sobre o assunto, a organização Repórteres sem Fronteira colocará o Brasil na lista dos países que não respeitam a liberdade de imprensa. Nunca mais falo do Iraque!

Maitê Mendonça, estudante de Jornalismo, Ijuí, RS



Modus in rebus

1) Aqui não é a Venezuela. 2) Aqui não é o Iraque. 3) Aqui não é lugar para coniventes com o império invasor, torturador e censor. 4) O exercício do jornalismo, como de resto de qualquer profissão, deve ser responsável. Ainda mais quando se tratar de conhecidos estrangeiros useiros-e-vezeiros em promover desestabilizações com finalidades golpistas.

A considerar: pode-se depreender que haja a pretensão de provocar aqui uma indisposição total entre imprensa e governo, movida pelo pré-azedume de determinadas empresas comerciais-jornalísticas (nos moldes da imposta na Venezuela, por exemplo). Uma tentativa de ‘venezuelização’.

Sabe-se muito bem do desejo de órgãos americanos em estabelecer rótulos ao Brasil com finalidades político-comerciais (como a invenção recente da ‘imprensa’ dos EUA na questão do urânio enriquecido, por exemplo). Daí a dizer que há ‘armas-de-destruição-em-massa’ no Brasil seria um passo. Tentativa de iraquização.

Não se pode creditar como jornalista um sujeito que inventa histórias e as passa como verdadeiras. Ainda mais num jornal de grande repercussão, e pior ainda quando esse jornal, numa demonstração clara de seus interesses e objetivos escusos, se nega a reconhecer a ficção que estampa. Além disso, defender a liberdade, seja ela de qualquer espécie, é ato primeiro da imprensa livre. Liberdade demanda responsabilidade. Como nem o jornal nem o contista assumem-nas é necessário sim (sim!) buscar instâncias da lei para que o pleno direito de acesso à verdade (a verdade!) seja preservado.

Antonio José Cavalcanti Coelho