Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Governo dos EUA monitorou jornalistas

O Departamento de Justiça americano obteve o registro das ligações que saíram de mais de 20 linhas telefônicas da agência de notícias Associated Press (AP) entre abril e maio do ano passado. O presidente da agência, Gary Pruitt, disse que houve uma “intrusão inédita e massiva” no trabalho da agência. Ainda não se sabe se os registros também contêm as ligações recebidas pela agência. Cerca de cem jornalistas usam as linhas que foram monitoradas pelo governo nas redações de Washington, Nova York e Hartford, além da linha da Associated Press na sala de imprensa da Câmara dos Deputados.

Em carta de protesto ao secretário da Justiça, Eric Holder, Pruitt diz que a atitude do governo foi além de qualquer medida justificável para investigações criminais. Ele pediu que os registros sejam destruídos. “Esses registros potencialmente revelam comunicações entre repórteres e fontes confidenciais durante dois meses e revelam as operações e atividades da AP que o governo não tem direito concebível para saber”, escreveu.

O governo não explicou o porquê da ação. No passado, autoridades admitiram haver uma investigação sobre reportagem da Associated Press de 7 de maio de 2012 que detalhava um atentado terrorista que fracassou após ser descoberto numa operação da CIA no Iêmen.

Receita federal

Uma outra investigação – esta da Receita Federal americana contra organizações conservadoras ligadas ao movimento Tea Party – foi considerada ontem pelo presidente Barack Obama um “escândalo”.

Na sexta-feira, a diretora do departamento que trata de organizações não governamentais isentas de impostos, Lois Lerner, já tinha se desculpado publicamente pela pesquisa originada em seu setor, que tinha como alvo ONGs que tivessem Tea Party ou “Patriotas” no nome.

Uma auditoria do inspetor-geral para a arrecadação do Departamento do Tesouro deve ser divulgada nesta semana. Lideranças republicanas pediram no fim de semana punição aos responsáveis.

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Raul Juste Lores, da Folha de S.Paulo, em Washington