Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Fotojornalista obrigado por PM a apagar imagem

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 30 de novembro de 2007


CENSURA
Maurício Simionato


Policial obriga fotógrafo a apagar imagem


‘Durante ação de reintegração de posse ontem em Limeira, o repórter-fotográfico da Folha Rafael Hupsel registrou imagem de um policial militar sem a identificação obrigatória no colete e foi obrigado pelo próprio PM a apagar a foto da máquina.


O fato ocorreu quando um trator ameaçou passar sobre um chiqueiro com nove porcos. O policial exigiu que o repórter-fotográfico e o repórter da Folha apresentassem seus RGs, apesar de ambos estarem usando a identificação do jornal no pescoço.


O PM anotou os RGs e os nomes. A Folha gravou a discussão: ‘Você não vai divulgar isso aí, não. Dá aí sua identidade’, disse o soldado ao fotógrafo. ‘Dá sua identidade. Você tirou foto minha. Você tirou foto do meu corpo e eu não autorizei você. Eu processo você ou você apaga esta foto’, disse. ‘Eu quero seus documentos. É para você aprender a saber trabalhar direitinho’, e anotou nome e RG do fotógrafo.


Questionado pelo repórter por que não estava usando a identificação, respondeu: ‘Isso não cabe à sua pessoa’, disse ele, que só então tirou a tarja do bolso e a recolocou na farda, de cabeça para baixo. O tenente-coronel Waldir Ferreira da Silva, um dos responsáveis pela operação, prometeu apurar o caso.’


 


Cláudia Trevisan


Pirelli estréia calendário na China sem nu e cigarro


‘Sem nenhuma cena de nudez, a edição 2008 do calendário Pirelli será uma das armas da empresa italiana no processo de expansão de seus negócios na China, onde acaba de inaugurar sua segunda fábrica. Todas as fotos foram realizadas em Xangai, dentro dos limites da censura do governo comunista, que vetou nus e cenas de modelos fumando.


A empresa italiana começou a produzir na China há dois anos e investiu US$ 80 milhões na nova fábrica. O presidente mundial da Pirelli Pneus, Francesco Gori, disse à Folha que espera elevar a participação da China no faturamento global da empresa dos atuais 2% a 3% para 10% em três anos.


O calendário de 2008 é o primeiro feito pela Pirelli na China. As fotografias são do francês Patrick Demarchelier, autor da versão 2005 da publicação, que teve como cenário o Rio de Janeiro e contrasta com a versão chinesa pela ausência de roupas.


Gori afirmou que a decisão de realizar o calendário de 2008 na China está relacionada à nova fábrica -inaugurada dois dias antes da divulgação das fotos realizadas por Demarchelier- e ao fato de que a Olimpíada de 2008 será realizada em Pequim, o que colocará o país asiático no centro do cenário mundial.


Apesar do aumento da participação do país asiático no faturamento da empresa, a Europa e a América Latina continuarão a ser as regiões mais importantes para a Pirelli Pneus, disse Gori.


A America Latina representa 26% das vendas da companhia e recebeu investimentos de US$ 50 milhões neste ano. A Europa responde por uma fatia de 51% das vendas líquidas, que somaram 3,95 bilhões em todo o mundo em 2006.


A persistente valorização do real em relação ao dólar está reduzindo a competitividade da empresa no Brasil, mas não em nível global, observou Gori. De acordo com ele, cerca de 50% das matérias-primas utilizadas da empresa são cotadas em dólar, o que reduz os custos e compensa a valorização do euro.


Segundo o presidente, o objetivo da Pirelli é dobrar a participação do país asiático em seu faturamento no período de três anos, dos atuais 5% para 10%. A operação na China é a única que a empresa possui na Ásia.


O mercado automobilístico da China já é o segundo maior do mundo, atrás apenas do norte-americano.


As 11 modelos que posaram para o fotógrafo francês Patrick Demarchelier usaram trajes desenhados pela maison Dior.’


 


Folha de S. Paulo


Irã proíbe rap por letras ‘obscenas’


‘O governo iraniano anunciou que tomará medidas contra o rap no país. Músicos do gênero serão interrogados e gravadoras serão fechadas por determinação do ministério da Cultura, que autoriza todos os concertos e produções musicais no país. O motivo da proibição é o uso de termos ‘obscenos’ nas letras das músicas. O rap é um dos gêneros musicais mais populares entre jovens de Teerã por abordar temas sociais, políticos e sexuais.’


 


Britânica é presa por nomear um ursinho Maomé


‘A professora britânica Gillian Gibbons foi condenada ontem por um tribunal sudanês a 15 dias de prisão por ofensas contra a religião e incitação ao ódio após permitir que seus alunos, que têm sete anos, dessem a um ursinho de pelúcia o nome de Mohammad (nome do profeta Maomé em árabe).


Gibbons, que foi presa no último domingo, poderia ter sido condenada, sob o artigo 125 do Código Penal do Sudão, a seis meses de prisão, multa e 40 chibatadas. Os alunos escolheram o nome do ursinho em votação. O colégio privado em que ela dava aulas de inglês, o Unity School do Sudão, foi fechado por medo de retaliações.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Lula, Serra e as contas


‘Começou nas entrevistas aos telejornais do SBT e da Rede TV!, contra o agora DEM e os ‘sonegadores’. Ecoou ontem, ao longo do dia, com nova declaração de Lula contra os mesmos ‘PFL’ e ‘sonegadores’, na manchete da Folha Online, vídeo no UOL, telejornais. Mais importante, nas entrevistas da noite anterior, Lula falou em PSDB ‘incoerente’, com governadores ‘favoráveis’ e senadores que ‘querem votar contra’.


E já ontem à noite, submanchete da Folha Online, ‘Governadores do PSDB sinalizam apoio à CPMF’. José Serra chamou de ‘um problema extremamente relevante’ e informou que os governadores tucanos têm ‘conversado internamente’ com os senadores.


Antes, o blog de Lauro Jardim já fazia contas em que o governo somava 48 votos, perto dos 49 necessários.


CAPITAL LATINO-AMERICANA


O lançamento da BM&F, hoje, ganhou a atenção do ‘Wall Street Journal’ e do ‘Financial Times’, com longas reportagens, já ontem. O primeiro, também em seu blog Alphaville, falou em ‘hora de Carnaval’ e fez previsão de forte procura. O ‘WSJ’ foi além e bancou a notícia de que, depois do lançamento, BM&F e Bovespa devem se unir para concentrar as operações e ‘consolidar a posição de São Paulo como capital financeira da América Latina’.


AOS BRICS


Prosseguem os anúncios do investimento de múltis nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) como prioridade para 2008. Ontem no ‘WSJ’ foi dia de Volkswagen e Sumitomo.


‘LIÇÕES’


Já a Reuters deu especial de Todd Benson desde a Bahia, postada por ‘Washington Post’ etc., sobre ‘a história de maior sucesso da Ford hoje’, com ‘lições’ tiradas para a montadora em outras partes.


A fábrica de Camaçari seria o motivo da ‘reviravolta’, mas também os modelos criados para o país, de baixo custo.


GRÁTIS?


No estatal chinês ‘Diário do Povo’ e outros, inclusive AFP, a notícia de que o Brasil e a China ‘vão mandar imagens grátis de satélite para África’.


O que querem em troca o Brasil e a China?, perguntou a agência. ‘A generosidade se paga no longo prazo’ foi a resposta do diretor do Inpe.


KIRCHNER DE SEMPRE


Perto de sair, o argentino Néstor Kirchner voltou a cobrar, pelas agências, que ‘a Petrobras tem que investir mais’. Foi logo após, ironizou a Dow Jones, ‘elevar imposto de exportação de petróleo’.


SEM PÂNICO


A ‘Economist’ deu capa para ‘O pânico sobre o dólar’, mas com o editorial destacando que, ‘ainda bem, isso não precisa acontecer’. Os EUA têm que parar de prometer e começar a valorizar sua moeda. E a China tem que ‘fazer a sua parte’, também valorizar. ‘Agora é a oportunidade para os líderes chineses serem tomados como atores responsáveis, no sistema internacional’.


Já a Bloomberg deu que relatório do Goldman Sachs sugere apostar em moedas de emergentes como Malásia, Brasil e Rússia, contra o dólar e outras. Mas Jim O’Neill, economista-chefe do Goldman, falando em Oxford, avisa que ‘pessoalmente’ vê o dólar forte ‘daqui a um ano’.


IDH LÁ


O blog The Lede, do ‘New York Times’, linka e ironiza as reações ao IDH, através da cobertura. Não cita o Brasil.


Na Noruega, que não é mais líder, o ‘Aftenposten’ deu a manchete ‘Não exatamente o melhor’. E na Índia a questão, segundo a agência IANS, é que o país, em 128º, ‘tem muito terreno a ganhar se quiser se aproximar da China’, em 81º.


Para o site, o enunciado nos EUA, em 12º, deveria ser ‘Não exatamente nos dez mais’.


HERANÇA


A BBC tratou longamente de Salvador, onde a ‘herança cultural agora traz visitantes afro-americanos dos EUA’.


DESCULPAS 1 E 2


Aguinaldo Silva, que cobrou passaporte africano de Gil, pediu ‘desculpas’ por ter sido ‘grosseiro’, no Globo Online.


E Jô Soares, da entrevista sobre sexualidade em Angola, pediu ‘desculpas, se ao ser mal interpretado eu ofendi grupos’, na Agência Lusa.


MAIS TROPA DE CHOQUE


A Globo, à tarde, registrou como ‘confronto’ em que ‘os policiais usaram bombas de efeito moral e balas de borracha’ e ‘os sem-terra tinham facões e enxadas’. No ‘JN’, destacou que ‘resistiram’.


Na Record, cenas de bombas de gás e sem-terra espalhados pelo chão. Nem a equipe escapou. ‘Na minha direção, engatilhou uma arma contra mim’, contou a repórter, assustada. ‘Gás pimenta na gente, os sem-terra estavam do outro lado. Agrediram verbalmente… Depois tiraram o nome da farda’. Agrediram também, disse, a outra equipe, supostamente da Globo.


Na Folha Online, ‘Polícia fere sem-terra, diz MST’. No Brasil de Fato, ligado ao movimento, ‘Tropa atira contra sem-terra; dirigente Gilmar Mauro está ferido’.’


 


TECNOLOGIA
Tatiana Resende e Simone Cunha


Entidades do consumidor pedem cautela sobre TV digital


‘A TV digital aberta estréia neste domingo, mas os consumidores ainda têm dúvidas sobre a nova tecnologia. Por isso, o Idec (instituto de defesa do consumidor) e a Pro Teste (associação de defesa do consumidor) aconselham a esperar para comprar TVs ou conversores digitais. Para o Procon-SP, o consumidor deve decidir, mas tem de estar bem informado.


A falta de informação sobre restrições que a TV digital terá no lançamento, como a de interatividade, é o maior problema, para a Pro Teste.


Segundo Carlos Coscarelli, do Procon, o órgão vai monitorar as vendas dos equipamento e verificará os dados que constam no manual de instruções e e as informações dadas pelos vendedores.


Outra preocupação do consumidor deve ser com as chamadas ‘áreas de sombra’: onde o sinal analógico pega mal, o digital deve ter o mesmo problema. Para Coscarelli, o consumidor deve testar o produto em casa e, se houver problema, pode devolvê-lo. ‘É como adquirir internet onde não há acesso’, diz a coordenadora da Pro Teste, Maria Inês Dolci.


Luiz Moncau, do Idec, diz que ‘há grande chance’ de o consumidor levar produto inferior a sua expectativa.


‘Tem de ter propaganda, informação clara, para o consumidor não ser enganado’, diz Dolci. Ela criticou o ministro Hélio Costa (Comunicações). ‘Por que ele deixou para falar na última hora que não haverá interatividade?’


A Pro Teste pretende acompanhar os comerciais dos produtos e verificar se as restrições da TV digital estão sendo repassadas adequadamente ou se as fabricantes estão fazendo propaganda enganosa.’


 


Folha de S. Paulo


TVs dos EUA devem faturar US$ 120 mi com vídeo on-line


‘As quatro principais redes de TV dos Estados Unidos (ABC, CBS, FOX e NBC) devem faturar neste ano mais de US$ 120 milhões com a publicidade em seus vídeos na internet, de acordo com estimativa da agência Starcom para o ‘Financial Times’. A divisão dos ganhos com conteúdo on-line é umas principais reclamações dos roteiristas dos EUA, que estão em greve há quase um mês.


‘Com base naquilo que estamos pagando por spots para as quatro redes, nós estimamos que o tamanho desse mercado seja de mais de US$ 120 milhões’, disse Tracey Scheppach, vice-presidente sênior da Starcom. Isso significa que ABC, CBS, Fox e NBC faturam quase 10% de um mercado avaliado neste ano em US$ 1,3 bilhão (o dobro de 2006), de acordo com a empresa de pesquisa de mídia digital Accustream.


A expectativa é que as quatro grandes TVs faturem ainda mais com publicidade on-line em 2008 e com a veiculação de seus programas em sites de relacionamento, como o MySpace. O Hulu, rival do YouTube criado pela NBC Universal e pela NewsCorp (dona do Fox e também do MySpace), recentemente entrou em fase de testes.’


 


PIRATARIA
Diego Zanchetta


Filme pornô com sósia de atriz Juliana Paes é sucesso por R$ 10


‘Depois do sucesso de ‘Tropa de Elite’, um novo DVD pirata faz sucesso na internet e nas bancas de ambulantes ilegais da praça da República, no centro de São Paulo.


Encartado com fotos do ensaio da atriz Juliana Paes na ‘Playboy’ e de biquíni, ‘Só da Boa’, vendido por R$ 10, é um filme pornô cuja protagonista é uma sósia brasileira da estrela global.


Em inglês sofrível, a atriz do filme faz uma apresentação como se fosse a estrela das novelas da Globo: ‘Oi. Eu sou a Juliana. Bem-vindo ao Brasil’, diz a moça, só de sutiã e calcinha. De nome não-identificado na sinopse, a atriz tem traços do rosto bem parecidos aos da atriz global.


Em dezenas de sites da internet, o filme pode ser baixado por R$ 1,99. A breve sinopse nos sites diz que a produção ocorreu antes de Juliana Paes se tornar famosa.


No início do filme, a sósia da atriz aparece andando pela orla de Copacabana e, depois, no interior de uma academia, onde mantém relação sexual com um rapaz.


Na maior parte das bancas de camelôs itinerantes da praça da República, o filme se destaca com uma capa azul, na qual a verdadeira Juliana Paes está com um biquíni da cerveja Antarctica -a atriz é a principal garota-propaganda da cerveja.


‘Todo mundo quer esse DVD, já está vendendo mais que o ‘Tropa de Elite’, disse um ambulante. A atriz não comentou o assunto.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


TV Brasil ficará fora do ar em SP na estréia


‘A TV Brasil dificilmente estará no ar na Grande São Paulo domingo, quando inicia oficialmente suas transmissões. Isso frustra os planos do governo federal, que escolheu a estréia da nova TV pública no dia 2 para coincidir com o início formal da TV digital em São Paulo.


‘Não vai dar [para estrear em São Paulo no dia 2]’, disse ontem o diretor de operações da Radiobrás, Roberto Gontijo, responsável pela instalação dos equipamentos. Segundo Gontijo, os transmissores, importados dos EUA, permaneciam até o início da tarde retidos no aeroporto de Guarulhos, aguardando liberação da alfândega. O engenheiro, contudo, ainda mantinha uma ‘esperança’.


Folha apurou que os transmissores atrasaram porque uma parcela não foi paga ao fabricante, a Harris, na data de vencimento. Os transmissores são provisórios. Os definitivos só chegam em janeiro.


Um dos dois transmissores digitais é para a TV Cultura, em troca da torre. A Cultura, para não ficar de fora da estréia da TV digital, já providenciou um ‘plano B’. Está instalando um transmissor emprestado.


A TV Brasil ocupará os canais 68 e 69, que ainda não podem gerar sinais de TV. Para driblar o impedimento, a Anatel publicou no ‘Diário Oficial’ de ontem ato em que autoriza a TV a usar os canais ‘para fins científicos ou experimentais’, realizando ‘sem fins lucrativos, testes de interferências’.


BALANÇO 1


A Globo cresceu 22% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. A informação é de relatório oficial para credores. Apesar do resultado, no acumulado de 2007 a Globo só cresceu 3%, porque teve desempenho negativo no primeiro semestre.


BALANÇO 2


O faturamento da Globo atingiu R$ 4,690 bilhões em setembro. O lucro bruto no ano era de R$ 996 milhões. O grupo atribui parte do desempenho do terceiro trimestre ao Pan do Rio e ao aumento dos assinantes de TV paga.


SECURA


O jogo Corinthians x Vasco, anteontem, rendeu 33 pontos à Globo e quatro à Band. Foi a melhor audiência do Campeonato Brasileiro em 2007.


JANELINHA


Filme que acaba de ser exibido pelo Disney Channel, ‘High School Musical 2’ vai passar na Globo, dia 9, em alta definição.


ÂNCORA


Ex-repórter do ‘SBT Brasil’, Luiz Lobo será o âncora do ‘Repórter Brasil’, único programa novo da TV Brasil (os demais são da TVE e da TV Nacional). Estréia segunda, às 21h.


JOGRAL


William Waack será o mestre-de-cerimônias da Globo na festa de lançamento da TV digital, domingo em São Paulo.


PLANO C


O SBT, que perdeu suas afiliadas em Santa Catarina para a Record, desfalcou a Rede TV!. Fechou contrato com a TV Lages, emissora que ‘pega’ muito mal em Florianópolis.’


 


CURTAS
Mônica Bergamo


Gil e o rei


‘Gilberto Gil e Roberto Carlos juntos no palco, como há 20 anos não se vê: o rei convidou o ministro para cantar com ele no fim de semana, na arena do Pan, no Rio. Os dois ensaiaram as músicas ‘Eu Sou Terrível’ e ‘Não Chores Mais’. E Gil ainda vai cantar sozinho ‘Andar com Fé’. O programa vai ao ar no Natal.


Ainda não será desta vez que os músicos vão cantar ‘Se Eu Quiser Falar com Deus’, que Gil compôs para Roberto -e que o rei até hoje se recusou a gravar por causa da expressão ‘tenho que comer o pão que o diabo amassou’.


NA COPA


E, depois que deixar o Ministério da Cultura, Gilberto Gil vai se incorporar ao ‘time’ que organiza a Copa 2014 no Brasil. Ele deve se unir ao comitê que a CBF está criando para o evento. Gil e Ricardo Teixeira já conversaram a respeito.


TELEBAMBIS


Inspirado no desenho infantil ‘Teletubbies’, o curta gay ‘Telebambis’ causou saia justa ao ser apresentado no Festival Mix Brasil. Um dos personagens dizia: ‘Olá, sou o André Almada. Se você é colocada, venha para a The Week! [balada de Almada]’. No vídeo, os ‘telebambis’ consumiam drogas na boate e tinham de fugir de uma blitz do Denarc. O diretor do filme, André Machado, disse que ‘percebeu o constrangimento do empresário [Almada]’ e, depois da exibição, cortou o vídeo retirando as cenas. Mesmo assim, a direção do Mix Brasil diz que, na mostra carioca, no dia 3, vai exibir o vídeo original, sem cortes. Almada não comenta o assunto.


RELÓGIO


O novelista João Emanuel Carneiro, autor da novela que substituirá ‘Duas Caras’, diz estar ‘totalmente por fora’ das polêmicas envolvendo Aguinaldo Silva, autor da atual trama das oito da Globo. E completa: ‘Nunca li o blog dele. Nem sei como consegue escrever um [blog] enquanto faz a novela. Eu jamais conseguiria.’’


 


MÚSICA
Thiago Ney


Morrissey e Sharon Jones


‘JORNAIS E revistas britânicos costumam encartar em suas edições CDs de artistas e bandas de música pop. O exemplo mais contundente é Prince, cujo último disco ajudou a vender mais de 3 milhões de exemplares do ‘Daily Mail’. E o exemplo mais recente -e polêmico- é Morrissey.


O cantor, um dos melhores compositores vivos de música pop da língua inglesa, teria um novo single distribuído junto com o semanário ‘New Musical Express’ nesta semana. Teria porque o ‘NME’ cancelou a promoção, que fazia parte de sua campanha ‘Love Music Hate Racism’. A publicação diz que Morrissey falou coisas que não estão de acordo com uma ação que pretende lutar contra o racismo.


Em uma extensa entrevista para o semanário, Morrissey diz, entre outras coisas, que ‘os portões da Inglaterra estão inundados. Qualquer um tem acesso a esse país’. (E teve outras, como: ‘Se você andar por Knightsbridge [um bairro de Londres], ouvirá todos os tipos de sotaque, menos o sotaque inglês’.) As frases motivaram o ‘NME’ a desistir de distribuir o single do cantor, e ganharam destaque em reportagem que é a capa da edição desta semana da publicação.


Morrissey afirma que as frases foram ditas num contexto diferente daquele apresentado na publicação. O autor da entrevista brigou com o ‘NME’ e pediu para tirar seu nome da reportagem. A entrevista veio num momento em que imigração é, talvez, a questão política e social mais delicada não apenas na Inglaterra, mas em quase toda a Europa.


Assessores de Morrissey protestaram contra a maneira como as declarações do cantor foram utilizadas na reportagem. Para o ‘NME’, os comentários de Morrissey ‘não contribuem’ para as discussões sobre imigração. Mas devem contribuir para impulsionar as vendas do semanário, estacionadas em pouco mais de 60 mil exemplares.


No site www.true-to-you.net há correspondência entre o editor do ‘NME’ e os assessores de Morrissey. Advogados do cantor ameaçam processar a publicação, caso não haja um pedido de desculpas.


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Amy Winehouse ajudou a jogar luz e frescor sobre a soul music, e de quebra iluminou uma das mais reconfortantes vozes da música negra norte-americana. Muita da inspiração de ‘Back to Black’, o segundo álbum de Winehouse, veio do produtor Mark Ronson. Uma de suas grandes sacadas foi ter chamado como banda de apoio o grupo Dap-Kings. A banda foi formada nos EUA nos anos 90.


Eles tocavam para vários artistas, e numa das sessões encontraram a vocalista Sharon Jones. Jones apareceu tarde. Seu primeiro disco é de 2002. Neste 2007, já com 51 anos, lançou o terceiro, ‘100 Days, 100 Nights’, álbum que beira a perfeição, com canções que remetem com classe à soul music clássica, mas com tempero moderno. Veja se eu estou errado no www.myspace.com/sharonjonesandthedapkings.’


 


CINEMA
Cássio Starling Carlos


Filme altera idéia de realidade na tela


‘Reza a lenda que na primeira exibição pública do cinematógrafo, em 1895, entre os espectadores havia um sujeito de nome Georges Méliès. O fato é que Méliès seqüestrou dos irmãos Lumière seu aparelho de captar imagens e o transformou em máquina de produzir imagens, misturando àquela invenção humana ingredientes diabólicos, como fantasia, imaginação, fabulação e absurdo.


Com ‘A Lenda de Beowulf’, Robert Zemeckis atravessa a ponte entre o pré-cinema e o pós-cinema e faz o mesmo que Méliès: desloca o filme de sua rota e abre um atalho que não se sabe ainda aonde vai dar. Zemeckis não é nenhum aventureiro e percorreu, no seio da indústria, uma trajetória marcada pela coerência.


Nos anos 80, embarcou milhões nas aventuras movidas a efeitos especiais nos três longas da série ‘De Volta para o Futuro’. Em seguida, aboliu as fronteiras entre filme com atores e desenho animado no espetacular ‘Uma Cilada para Roger Rabbit’. Depois, continuou a brincar de mágica tornando os efeitos especiais invisíveis em ‘Forrest Gump’. Agora, tira do baú experiências com projeção em 3-D (que andavam condenadas aos parques da Disney) e realiza um filme que retorna ao passado para encontrar um caminho rumo ao futuro.


Na projeção em 3-D (indispensável para a experiência adequada de ‘A Lenda de Beowulf’), o espectador vê personagens em figuras humanas e cenários que é capaz de reconhecer (um castelo, a natureza). Mas estas imagens sofreram um tratamento que as distancia da impressão de realidade a que fomos acostumados desde os primórdios do cinema.


O processo havia sido testado pelo diretor em ‘O Expresso Polar’, seu trabalho anterior. Trata-se de um procedimento de digitalização chamado ‘performance capture’, no qual os atores vestem uma malha que permite capturar os movimentos de seus corpos. Reduzidos a informação e transferidos para um computador, os movimentos são reconstruídos por meio de computação gráfica.


Trata-se, portanto, de um processo de ‘desrealização’, que se reflete nitidamente na imagem final, ou melhor, uma virtualização da figura original dos atores. Tanto o processo quanto o resultado deixam claro que está em andamento uma revolução na natureza da imagem do cinema que a distancia da fotografia e a aproxima dos videogames.


Enquanto o suporte, a película, permaneceu analógico ao longo de seu primeiro século, o cinema manteve-se preso aos códigos da verossimilhança e subordinado à maioria das leis que regem a percepção natural, que ele reproduzia por meio da tomada, do corte e da edição.


Com o advento do digital, o suporte perde a materialidade e, com ela, é o peso da realidade que também se evapora. Ou, melhor dizendo, se virtualiza.


Em ‘A Lenda de Beowulf’, o efeito mais imediato desse virtual está nos espaços, cujas transições adquirem fluidez e oferecem uma nova experiência da perspectiva (do que o uso do 3-D tira resultados assombrosos). Esta liberação se torna mais visível nas cenas de ação, mas encontra-se presente até mesmo nas piadas que envolvem a nudez do herói.


À primeira vista, não há nada de novo para quem está acostumado à percepção virtual dos games ou do Second Life. A diferença é que ainda não existia, até agora, uma possibilidade de imersão tão próxima do absoluto quanto as dadas pelas dimensões de uma tela e do escuro de uma sala de cinema.


O casamento dos games com o cinema vinha sendo ensaiado há anos, mas não passava de tentativas canhestras de adaptar os jogos para tramas de filmes, esforço no qual ambos saíam perdedores.


O que ‘A Lenda de Beowulf’ esboça não é a transformação das salas em lugar de campeonatos coletivos com joysticks no escuro. Sua aposta mais alta é investir no cinema como um espaço único no qual se produz uma experiência estética insubstituível.


A LENDA DE BEOWULF


Direção: Robert Zemeckis


Produção: EUA, 2007


Onde: Frei Caneca Unibanco Arteplex, Iguatemi Cinemark e circuito


Avaliação: ótimo’


 


Marco Aurélio Canônico


Técnica dá mais liberdade, dizem estrelas do filme


‘A julgar por seus depoimentos, a experiência dos astros de ‘Beowulf’ com a técnica de captura de movimento utilizada para criar o filme lembrou o célebre slogan da Coca que se atribui a Fernando Pessoa: primeiro estranha-se, depois entranha-se. ‘Foi uma experiência confusa no começo, sem os figurinos e os cenários’, disse Anthony Hopkins, que interpreta o rei Hrothgar e cujo corpo digitalizado aparece nu em uma cena -sem que ele tenha tirado a roupa.


‘É uma sensação paradoxal. Sem maquiagem nem figurino, me senti um pouco idiota estando ali, com minhas roupas normais, coberto de pontos colados no meu corpo e no rosto. Você não tem referências, mas, justamente por isso, não tem máscaras. É libertador.’


Os pontos a que Hopkins se refere são os marcadores que, colados nos corpos dos atores, são captados pelas câmeras e servem de referência para que o computador crie uma representação digital dos movimentos.


‘Lembrou muito fazer peças’, disse John Malkovich, que, como Hopkins, tem formação teatral. ‘A preparação era muito rápida e uma série de coisas normais de filmes, como esperar pelo ajuste de luz, não acontece, então apenas atuamos direto, dá uma sensação de liberdade.’


A recriação dos corpos dos atores pelo computador permite possibilidades ilimitadas como, por exemplo, escolher o intérprete do herói Beowulf não por suas qualidades físicas -o personagem é um guerreiro alto, loiro, musculoso-, mas por seu talento para atuar.


Foi assim que o gorducho Ray Winstone (o capanga de Jack Nicholson em ‘Os Infiltrados’) levou o papel-título e aparece com um físico sarado na tela. ‘Minha mulher adorou’, disse o bem-humorado ator britânico.


Angelina Jolie ‘nua’


A digitalização dos corpos permitiu também que Angelina Jolie (que faz a reptiliana vilã da trama) aparecesse nua, algo improvável em um filme tradicional -a preocupação com a exploração da imagem da atriz é tanta que o estúdio vetou a utilização de fotos suas de corpo inteiro. Aparentemente, a preocupação com a exposição de Jolie também atende pelo nome Brad Pitt. ‘Quando vi o resultado na tela, fiquei um pouco tímida.


Não esperava que ficasse tão real, tive que ligar para casa para explicar que o filme não era bem o tipo de animação tradicional que se imagina’, disse a atriz, explicando como amaciou seu marido para o que ele veria no cinema.


Jolie também levantou a discussão sobre ‘Beowulf’ e sua técnica serem classificados como animação. ‘Não diria que é animação, somos nós atuando, tivemos cenas juntos, cada movimento foi gravado, até os dos olhos.’


O jornalista MARCO AURÉLIO CANÔNICO viajou a convite da Warner Bros.’


 


Folha de S. Paulo


‘Tropa de Elite’ desaparece da competição de Sundance


‘O filme brasileiro ‘Tropa de Elite’, de José Padilha, que havia sido anunciado anteontem como um dos 16 concorrentes na categoria Cinema Mundial – Ficção do Festival de Sundance (17/1 a 27/1) foi retirado ontem da lista, que permanece com um total de 16 títulos em disputa.


O produtor do longa, Marcos Prado, disse ontem à Folha que as decisões a respeito da participação ou não do filme em festivais internacionais são tomadas pela distribuidora norte-americana Weinstein Company, dos irmãos Bob e Harvey Weinstein, que detêm os direitos de lançamento de ‘Tropa de Elite’ fora do Brasil.


‘Esperamos que Harvey Weinstein tenha uma carta muito boa na manga para haver tirado o filme da competição de Sundance. Poucos festivais no mundo são melhores que ele’, disse Prado.


Criado pelo ator Robert Redford como vitrine para filmes independentes dos grandes estúdios hollywoodianos, o Festival de Sundance (Utah), tornou-se boa porta de entrada de produções estrangeiras dos EUA.


É provável que Weinstein esteja mirando os festivais europeus de Berlim e Cannes. Leia mais no blog Ilustrada no Cinema (ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/).’


 


TEATRO
Valmir Santos


Guitarra em punho, Melamed fecha trilogia com ‘Homemúsica’


‘Meia hora ao telefone com Michel Melamed, 30, dá a medida da urgência que imprime à verborragia. Ele fala sem parar do ‘desejo absoluto e perpétuo de fazer arte sem concessão’, de espalhar ‘verdades plurais’ no livro ou no palco, de ‘produzir pensamento’, de ‘desestabilizar o olhar’ do espectador e, mais recentemente, desestabilizar até ‘o ouvir’ do público.


‘Homemúsica’, novo trabalho do poeta e ator, estreou no Rio em setembro. É a última parte da ‘Trilogia Brasileira’ que ganhou pernas próprias com ‘Regurgitofagia’ (2004), performance na qual ele recebe descargas elétricas -no que vê como libelo ao engajamento voluntário do público-, e ‘Dinheiro Grátis’ (2006), em que promove a circulação literal, em espécie, na platéia.


São Paulo vê a trilogia de hoje a domingo, no Sesc Santana, dentro da Mostra Sesc de Artes -inédita na cidade, ‘Homemúsica’ fica mais uma semana. ‘Como apresentar um personagem que a cada movimento do corpo gera o som de um instrumento?’, questiona Melamed, criador e intérprete do jovem Helicóptero. A trajetória desse sujeito, seus impasses e superações, compõem uma carta de amor e repúdio ao Brasil, conforme roteiro e encenação assinados pelo artista.


‘A música surge como símbolo da criatividade, da multiplicidade das potências que nos fazem enfrentar as maratonas do dia-a-dia. E, por outro lado, fala de um Brasil onde não há cidadania e das impressionantes matizes dessa sociedade.’


O protagonista também busca a fama. Sua trajetória inclui passagem por um programa de auditório, o ‘Show do Estupra’, migrado de ‘Regurgitofagia’. A proposta é de obra aberta, como nos trabalhos anteriores, em nome de um espectador ativo na ‘produção de sua subjetividade, de sua verdade’.


Guitarra em punho, dessa vez o show-de-um-homem-só é acompanhado por uma banda, ‘não no sentido musical canônico’, tenta explicar. São incorporados recursos tecnológicos. ‘Um dos postulados da trilogia é trabalhar com diversas linguagens, o teatro, a performance, a stand up comedy, a poesia falada’, diz.


‘Eu quero me entender como poeta. É meu desafio’, diz Melamed, também apresentador do ‘Re[corte] Cultural’, da TVE. Diferentemente de ‘Regurgitofagia’, que deriva de livro homônimo, ‘Homemúsica’ gera um romance a ser publicado em breve, além de um CD com as canções do espetáculo.


TRILOGIA BRASILEIRA


Quando: hoje, às 21h (‘Regurgitofagia’); amanhã, às 21h (‘Dinheiro Grátis’); dom., às 19h (‘Homemúsica’). ‘Homemúsica’ segue até 9/12; sex. e sáb., às 21h, e dom., às 19h


Onde: Sesc Santana (av. Luís Dumont Villares, 579, tel. 0/xx/11/6971-8700)


Quanto: R$ 4 a R$ 16′


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 30 de novembro de 2007


TV BRASIL
Wilson Tosta


Beth Carmona deixa TVE, que integra nova TV pública


‘Desgastada pelo processo de criação da TV Brasil, que estréia domingo, a presidente da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), jornalista Beth Carmona, gestora da TVE, encaminhou ao conselho de administração da instituição carta dizendo não ter mais condições de permanecer no cargo. A iniciativa será discutida hoje pelo órgão e pode ter novos desdobramentos, com possível manifestação de conselheiros em protesto contra a forma como está sendo criada a TV pública.


Na carta, entregue ao presidente do conselho de administração, Tadao Takahashi, Beth pede ‘orientação’ sobre o que fazer diante da nova situação. ‘Se acaba a Acerp e acaba a TVE, não tenho mais o que fazer aqui’, disse Beth ao Estado. No texto, ela afirma que ‘não há possibilidade de continuidade neste cargo, em função da dualidade de comando’.


É da TVE a maior parte da programação que deve ser aproveitada pela nova emissora, que começará a operar com canais em São Paulo, Rio, Brasília e Maranhão e possivelmente em rede com algumas TVs estaduais. Sua criação é um dos projetos estratégicos do segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende contrabalançar a influência da imprensa, que, na avaliação do Planalto, manipulou o noticiário durante a crise do mensalão, em 2005 e 2006, para atingi-lo e ao PT. Uma das prioridades da nova emissora será um novo telejornal noturno. Sua estréia vai coincidir com o início oficial das transmissões de televisão em sinal digital no Brasil.


O duplo comando na TVE começou a ficar mais claro nos últimos dias, quando diretores e funcionários da TV Brasil se instalaram na sede da Educativa, um prédio comprado e reformado na gestão da jornalista, no centro do Rio. Lá, os recém-chegados até ordenam despesas, à revelia do comando da Acerp – a TV Brasil ainda não tem orçamento próprio.


O diretor-geral da nova emissora, Orlando Senna, já tem sala na instituição. A impressão de ‘invasão’ se acentuou esta semana, depois que Beth voltou de viagem ao exterior e encontrou muita gente que não conhecia trabalhando na empresa.


‘Vi no ar uma coisa que não foi aprovada por mim’, lamentou a jornalista, referindo-se a um anúncio sobre a nova emissora pública. Preventivamente, Beth não tem assinado nenhum documento relativo a gastos da nova empresa. Ela preside a Acerp desde o primeiro governo Lula e há três meses se sente desconfortável no posto. Um dos motivos foi a decisão do governo de fundir a Acerp e a Radiobrás para formar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que controlará a TV Brasil.


O Estado não localizou a jornalista Tereza Cruvinel, presidente da EBC, para comentar o assunto.’


 


TERRORISMO
O Estado de S. Paulo


Bin Laden adverte Europa em gravação


‘O líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, pediu que os europeus parem de ajudar os EUA no conflito do Afeganistão. ‘Seria melhor para vocês’, advertiu. ‘A maré americana está recuando e eles vão voltar para o outro lado do Atlântico’, acrescentou, num áudio divulgado ontem pela TV Al-Jazira. Ele também disse ser o único responsável pelo 11/9.’


 


PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo


Adobe se une a Yahoo para fazer publicidade


‘A produtora de software Adobe e o grupo Yahoo anunciaram o serviço Ads for Adobe PDF Powered by Yahoo, que permitirá veicular publicidade no formato de documentos PDF. Caso seja adotado em larga escala, pode criar um modelo para o mercado editorial baseado em publicações gratuitas bancadas por publicidade, dizem analistas.’


 


INTERNET
Rodrigo Brancatelli


Com celulares, motoboys ganham espaço na internet


‘Ao longo de 18 anos em cima de uma motocicleta barulhenta de 120 cilindradas, Luiz Fernando Bicchioni colecionou discussões, brigas, palavrões, arranhões, tombos, amigos mortos por causa da violência no trânsito, patrões abusivos, retrovisores de carros chutados e gorjetas minguadas. Essa é a versão que todo mundo conhece da vida de um motoboy em São Paulo – e a maioria se limita a saber. Mas Bicchioni, de 37 anos, corintiano, casado e pai coruja de uma menina de 3, também coleciona muitas histórias. E com uma visão única, de alguém que parece invisível aos olhos da sociedade, mas no fundo vive e sente esta cidade melhor do que ninguém.


Até pouco tempo, o motoboy guardava todas essas impressões e casos apenas para si. Só dividia os xingamentos. Agora, ele mesmo assume que ‘ganhou uma voz’. Ganhou fotos também, e vídeos. Juntamente a outros 11 motoqueiros, Bicchioni mantém há cinco meses o Canal MOTOBOY, um site colaborativo que registra tudo o que está acontecendo nas ruas. Munidos de celulares com câmera integrada de 2 megapixels, eles fotografam, filmam, gravam depoimentos e publicam em tempo real suas experiências. São uma espécie de cronistas inusitados da cidade.


‘Nós sempre fomos discriminados e nunca tivemos a chance de mostrar o nosso ponto de vista’, diz Bicchioni, que trabalha como entregador autônomo. ‘Pô, somos muito importantes para a cidade de São Paulo, muito mesmo. Se não houvesse motoboy, várias coisas não funcionariam direito. Até hoje, já perdi uns 10 amigos motoqueiros em acidentes de trânsito e ninguém liga. Agora, com esse projeto, temos a chance de colocar nossas opiniões, nossa visão, e mostrar os problemas que enfrentamos.’


São Paulo tem entre 150 mil e 300 mil motoboys como Bicchioni. É um fenômeno tipicamente paulistano, um tanto quanto clandestino, que surgiu em meados da década de 80 sem contar com regulamentações e que ainda hoje tem muito pouco amparo.


Para driblar esse descaso, os participantes do Canal MOTOBOY (www.zexe.net/SAOPAULO) pretendem que sua página na internet sirva não só como um serviço público para a classe, mas como uma ferramenta para mostrar que eles não são marginais. As fotos e os vídeos publicados diariamente no site mostram a dureza da rotina em cima de duas rodas, os engarrafamentos, os moradores de rua e flagras como acidentes e infrações de trânsito.


IDÉIA ESPANHOLA


‘Também fazemos reuniões periódicas para analisar o conteúdo publicado no site e tentar propor sugestões para a Prefeitura de como melhorar a cidade’, conta o motoboy Ronaldo Simão da Costa, um dos pioneiros no projeto. Ele foi o primeiro a ser convidado pelo idealizador do canal, o artista plástico espanhol Antoni Abad, que também distribuiu celulares com câmeras em comunidades diferentes de outros países – como para garotas de programa em Madri, deficientes físicos em Barcelona, ciganos em uma cidade do interior da Espanha e taxistas no México.


‘O Abad veio com essa idéia maluca de tirar fotos das nossas vidas’, lembra Costa. ‘No começo eu achei estranho, mas deu super certo. Cada vez mais estamos evoluindo e tendo um site mais abrangente.’


Ontem, por exemplo, nove fotos haviam sido adicionadas ao Canal MOTOBOY até o fim da tarde – três de acidentes com motoqueiros. ‘Tomei um rola (tombo)’, limitou-se a escrever Beiço, apelido de um dos motoboys da trupe. Outras duas mostram a construção da Ponte Estaiada, gigante de 138 metros que será inaugurado até março na Marginal do Pinheiros. Uma foto, porém, parece ser a mais representativa. O trânsito parado na Marginal do Tietê, o motoqueiro parado atrás de uma Kombi e os dizeres: ‘Dia a dia. Na correria. É nóis.’’


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


Morte e desonra no bíblico Vale de Elah


‘Paul Haggis, de 54 anos, inscreveu seu nome na história do Oscar como o primeiro autor de roteiros de dois vencedores consecutivos da Academia de Hollywood. Em 2005, o filme vitorioso foi Menina de Ouro, que ele escreveu para Clint Eastwood e, no ano seguinte, Haggis ganhou os Oscars de melhor filme e roteiro por Crash – No Limite, que ele próprio dirigiu. Você pode estar certo de que Haggis estará de volta no Oscar de 2008, para os melhores do cinema norte-americano neste ano. Se não for indicado, de novo, nas categorias de filme e roteiro, por No Vale das Sombras, ele dificilmente deixará de ver seu elenco indicado para os prêmios de interpretação – Tommy Lee Jones e Charlize Theron para melhor ator e atriz, Susan Sarandon para melhor coadjuvante.


O filme é mais um na recente safra de produções de Hollywood que abordam a Guerra do Iraque. Soma-se a, entre outros, Leões e Cordeiros, de Robert Redford, e O Reino, de Peter Berg, em cartaz nos cinemas, e a Redacted, de Brian De Palma, exibido na Mostra. No Vale das Sombras tem um pouco das qualidades, e dos defeitos, de cada um deles. Como Leões e Cordeiros e Redacted, não deixa de discutir a manipulação da opinião pública pelas imagens (e informações) divulgadas na mídia. Há sempre uma TV de fundo, ou um rádio no carro, passando informações que dão uma outra dimensão à tragédia que está sendo vivida pelo personagem de Tommy Lee Jones. E, ao contrário de O Reino, que transforma discussão sobre responsabilidade em ação, Haggis investe no drama humano, nas relações.


No Vale das Sombras conta a história desse pai que busca o filho desaparecido. Só para pegar um exemplo, Costa-Gavras, em Missing – O Desaparecido, já mostrou outro pai que procurava o filho desaparecido durante a golpe militar no Chile, descobrindo não propriamente o envolvimento norte-americano no golpe – o que seria velho em 1980, quando foi feito -, mas a falência da Justiça dos EUA, que não dava acolhida às suas denúncias. Tommy Lee Jones faz agora esse veterano do Vietnã que acorda para um pesadelo. Uma manhã, ele recebe um telefonema informando que seu filho desapareceu nos EUA. Como, ele pergunta, se o rapaz está combatendo no Iraque? Hank Deerfield (é seu nome) recebe a informação de que o filho regressou à pátria, mas não voltou de uma folga. A progressão das investigações revela que o filho foi morto, e esquartejado, tendo os restos queimados. Por que tanto barbarismo? Deerfield tromba com o silêncio das autoridades. Ganha apoio somente da policial Charlize Theron, mas ela, como mulher, também é marginalizada nesse universo masculino e é graças a ele (e à sua experiência) que consegue avançar no sinuoso território das investigações.


A história foi sugerida ao diretor por um relato que ele leu na revista Playboy, Morte e Desonra. Haggis levou um ano e meio até concluir o roteiro. Inicialmente, ele queria que Clint Eastwood fizesse o papel do pai. Clint teria trazido o pathos de sua persona para o papel, mas dificilmente conseguiria fazer um trabalho tão intenso quanto o de Tommy Lee Jones. Não apenas ele. Susan Sarandon tem cinco minutos memoráveis, quando o marido lhe anuncia a morte do filho ao telefone e ela se desespera. Outro filho do casal já morrera em outra guerra. Agora, o segundo. ‘Por que você não me deixou um dos meninos?’, ela grita.


Pois o tema de No Vale das Sombras é um pouco este – a responsabilidade da classe média norte-americana, da maioria silenciosa que, com seu patriotismo, deu apoio a George W. Bush para a escalada no Afeganistão e no Iraque, no qual os EUA estão hoje tão atolados como estiveram no Vietnã, nos anos 60/70. Não é mera coincidência que Deerfield tenha lutado naquela guerra e seu filho tenha sido traumatizado no Iraque. A vontade de falar sobre pai e filho pode ter respaldo na própria dinastia Bush, já que Bush filho voltou ao Iraque onde seu pai já fizera outra guerra, no começo dos anos 90. O drama de consciência de Deerfield é a descoberta, que ele faz, de que seu filho lhe pediu socorro, e ele negou, imbuído de uma concepção patriótica que se traduz na metáfora da bandeira. Ela adquire diferentes significados pela sua simples posição no mastro. Pode revelar um pedido de socorro ou simplesmente, em frangalhos, como no desfecho, virar a expressão de um país em crise de identidade e de valores.


Há outra metáfora, e ela está no próprio título. No Vale das Sombras chama-se, no original, In the Valley of Elah. A referência é bíblica, pois foi em Elah que o pequeno Davi derrotou o gigante Golias, uma história que Tommy Lee Jones conta ao filho da personagem de Charlize, muito provavelmente como contava ao próprio filho, para incentivá-lo a superar seus medos. É nesses toques delicados, e intimistas, que Paul Haggis consegue passar o que seu filme tem de mais interessante. O patriotismo é, ao mesmo tempo, signo de grandeza e miséria dos EUA – esse país que se auto-intitula, sozinho, ‘América’. Às vezes, uma grande noção – como o individualismo -, o patriotismo também é, como lembrava Stanley Kubrick em Glória Feita de Sangue, o derradeiro refúgio dos canalhas. A velha bandeira dos heróis está rota.


Em relativamente pouco tempo, Paul Haggis tornou-se um nome importante do cinema de Hollywood. Em 2000, já conhecido por sua atividade como roteirista de TV, adquiriu os direitos para contar a história de Million Dollar Baby, que virou Menina de Ouro no Brasil. Ele próprio queria dirigir o filme, mas terminou aceitando que Clint Eastwood o dirigisse. Crash provocou polêmica por sua abordagem da violência urbana. Embora vencedor do Oscar principal, não era um grande filme. No Vale das Sombras é mais denso e triste. Um filme sobre perdas. Paul Haggis capta a brutalidade da ‘América’ num cabaré onde dançarinas fazem strip-tease. A cena mais dolorosa não é a da mãe que chora a perda do filho. É a do soldado que diz que, no Iraque, só pensava em voltar para casa e, em casa, neste país que, de alguma forma se perdeu, só deseja voltar ao Iraque, mesmo que seja para a morte em combate.


Serviço


No Vale das Sombras (In The Valley of Elah, EUA/2007, 121 min.) – Drama. Dir. Paul Haggis. 14 anos. Cotação: Bom’


 


MERCADO EDITORIAL
Antonio Gonçalves Filho


Uma editora que resiste há 20 anos


‘Uma editora que publica Beatriz Sarlo, Robert Arlt, Friedrich Hõlderlin, Heinrich Heine e chega aos 20 anos sem fazer concessões é uma raridade no mercado brasileiro. Por essa e outras razões a paulistana Iluminuras, que comemora hoje duas décadas de existência, é considerada uma editora de resistência – isso numa época em que grandes editoras fecham negócios às cegas na feira de Frankfurt, sem considerar o conteúdo dos livros que compram, ou perdem totalmente a identidade ao serem incorporadas por outros grupos editoriais. A editora, fundada pelo literato argentino Samuel Leon e pela historiadora brasileira Beatriz Costa, sempre foi cuidadosa ao escolher seus autores e tradutores , publicando menos de 500 títulos nesses 20 anos.


Entre os escritores lançados no Brasil pela Iluminuras hoje estão nomes consagrados como os dos argentinos Ricardo Piglia (A Invasão) e Alan Pauls (O Passado), para citar apenas dois estrangeiros. Um autor brasileiro do mesmo nível e publicado pela editora, o pernambucano Raimundo Carrero (O Amor Não Tem Bons Sentimentos) é outro exemplo da criteriosa seleção do time. Seu novo livro deve ser publicado em 2008 pela Iluminuras, que promete títulos fundamentais de filosofia e poesia, dois outros segmentos privilegiados no catálogo. O ano começa com um ensaio da maior crítica literária argentina contemporânea, Beatriz Sarlo, sobre o mais conceituado autor de seu país, Borges, um Escritor na Margem. Outros títulos programados para o próximo ano traduzem a seriedade da dupla fundadora. Um deles é a tragédia inacabada do poeta-filósofo alemão Hõlderlin, Der Tod des Empedokles (A Morte de Empedocles). Outro é Die Gõtter im Exil (Os Deuses no Exílio), de Heine, com tradução do filósofo Márcio Suzuki, fiel colaborador da editora. Entre os contemporâneos, o destaque fica com O Homem das Peles, do psicanalista e romancista Luis Gusmán, um dos grandes nomes da literatura argentina, também introduzido no Brasil graças ao editor Samuel Leon


Nascido em Buenos Aires há 55 anos, Leon tem tradição de resistência. Seu pai, Moisés Leon, foi um socialista histórico da Argentina. O pai de sua sócia, o jurista Alcides Jorge Costa, é um dos advogados tributários mais renomados de São Paulo. Sua mulher, Maria Eugênia de Freitas Costa, era proprietária da Livraria Gil Vicente, nos Jardins, onde a editora começou modestamente. Logo depois da violenta crise do cruzado, lutando contra o adverso panorama econômico, Leon e Beatriz Costa compraram quatro títulos por US$ 3 mil e abriram o negócio nas instalações da livraria, lançando, entre os primeiros títulos, um livro (Respiração Artificial) de Ricardo Piglia, então desconhecido no Brasil e a essa altura já consagrado na Argentina.


Às vezes, as apostas de Leon não dão muito certo do ponto de vista comercial. Um dos autores mais incensados pela crítica estrangeira, o cineasta argentino Edgardo Cozarinsky (Ronda Noturna) teve seu livro Vodu Urbano lançado há dois anos e, apesar de prefaciado por Susan Sontag e Cabrera Infante em edições estrangeiras, não encontrou muitos leitores brasileiros. ‘Acontece’, diz o resignado Leon, sem culpar os críticos. ‘Sempre tivemos ótima cobertura da imprensa, mas o número atual de lançamentos das editoras é absurdo e alguma coisa sempre passa despercebida.’ Outro injustiçado é o italiano Giorgio Manganelli (1922-1990), de quem a Iluminuras publicou Centuria, escrito em 1979 e lançado originalmente pela Imago. Essa nova tentativa de emplacar Manganelli, um borgiano de grande imaginação que fez de seu livro uma centena de ‘romans fleuves’ baseado em contos populares , não deu muito certo, mas nada disso desestimula o incansável Leon.


Ele apostou, por exemplo, no talentoso Wilson Bueno quando ninguém conhecia a obra desse escritor e crítico curitibano, lançando o elogiado Mar Paraguayo em 1992, hoje traduzido em vários países (Argentina, Chile, México e Canadá, entre outros). E continua no ritmo, apostando em nomes pouco ou nada conhecidos. Brevemente, a Iluminuras publica Os Outros, antologia da literatura argentina contemporânea organizada por Luis Gusmán que reúne três gerações de escritores, entre eles as novatas Maria Moreno e Matilde Sanchez. ‘Nunca fomos atrás de um best seller, sempre passamos ao largo’, diz Leon. Seu lema não é uma nova maneira de vender, mas uma nova maneira de ler e construir uma nova escritura, como queria Borges.’


 


TELEVISÃO
Alline Dauroiz


A visita de Lazy Town


‘O atleta e empresário islandês Magnus Sheving, que interpreta Sportacus no infantil LazyTown – exibido pela Discovery Kids e SBT -, aterrissou esta semana no Brasil com uma missão e tanto: melhorar os hábitos alimentares dos brasileiros.


Em almoço com jornalistas na terça, Sheving – que apareceu de terno, sem a justíssima roupa do personagem – contou como o programa que ele criou em 1991 virou febre nos 96 países. Durante sua palestra, Sheving, que assim como Sportacus, não pára quieto, falou sobre a campanha que o programa fez na Islândia, em que crianças se comprometiam a seguir uma dieta saudável por um mês e, em troca, poderiam pedir um presente aos pais. Deu tão certo que cresceu o consumo de vegetais no país e as vendas de refrigerantes diminuíram. Assim, Sheving decidiu propagar a idéia pelo mundo. ‘Estamos fazendo com LazyTown na área da saúde o que o Vila Sésamo fez no mundo com relação à educação’, disse.


Em cada país por onde passa, reúne-se com o ministro da Saúde, para discutir o assunto. Por aqui ainda não marcou reunião, mas pretende voltar em 2008 para falar com José Gomes Temporão.’


 


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