Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Há mortos e mortos

 

Na madrugada de sexta-feira (13/7), a PM de São Paulo matou oito pessoas, apresentadas como “suspeitos”, em seis ocorrências. A Folha de S. Paulo deu a notícia em manchete no sábado. O Estado consagrou ao assunto a foto principal de sua capa. Não houve espaço, em nenhum dos dois jornais, para publicar os nomes dessas pessoas.

Na noite de quarta-feira (18/7), um empresário, Ricardo Prudente de Aquino, foi morto com tiros na cabeça depois de tentar furar um bloqueio policial na Vila Madalena, bairro paulistano de classe média. Na edição desta sexta-feira, 20, houve espaço na primeira página da Folha para dar o nome e uma foto de Ricardo. O comandante da PM pediu desculpas à família do empresário. O mesmo fez o governador Geraldo Alckmin.

Mas quando os oito homens foram mortos, na semana passada, Alckmin atribuiu a violência policial ao clima criado por traficantes. Em 2011, dos 1.299 homicídios registrados na capital paulista, 290, ou 22 por cento, foram cometidos por policiais militares, em serviço ou fora dele.

A morte do empresário fará provavelmente com que, durante alguns dias, os dedos dos PMs fiquem menos nervosos em bairros ricos e de classe média da cidade.