Monday, 06 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Imprensa e o risco nuclear

Passado o principal impacto das notícias sobre a catástrofe provocada no Japão pelo terremoto seguido de tsunamis, a imprensa segue moderadamente os relatos sobre o agravamento da situação criada por vazamentos na usina nuclear de Fukushima.


Para a população em geral, a ausência do assunto nas primeiras páginas pode dar a entender que a crise está sob controle, mas é em circunstâncias como essa que a falta de atenção inibe medidas preventivas e pode resultar em desastres no futuro.


Uma coleta de reportagens nas edições de quarta-feira (30/3) dos jornais ensina que a detecção de plutônio no solo e a descoberta de alta radioatividade na água, na região da usina, obrigam o governo japonês a decretar estado de ‘alerta máximo’.


O primeiro-ministro japonês Naoto Kan declarou em reunião no Parlamento que a situação continua imprevisível e que o risco de uma catástrofe nuclear total, com a exposição do núcleo dos reatores, ainda não está descartado.


Também está publicado que as autoridades japonesas estudam aumentar a área de isolamento, mudando o alerta de aconselhamento para uma ordem de retirada da população.


Longe, longe


Do Brasil e de outros países partem notícias de que vários governos determinaram o monitoramento de produtos alimentícios originários do Japão.


A presença de plutônio no solo preocupa cientistas, segundo a imprensa internacional, mas esse seria um risco local, que se associa à possibilidade de vazamento de água radioativa para o mar e de lançamento de material contaminado na atmosfera em grande quantidade.


Paralelamente às notícias crescentemente preocupantes, falta um debate essencial: o que fazer com o programa nuclear brasileiro.


Nos últimos dias, algumas reportagens informaram que as autoridades brasileiras estudam novas rotas de fuga em caso de acidente em Angra dos Reis e alguns cientistas manifestaram suas opiniões sobre os riscos da geração nuclear de energia.


Mas a imprensa brasileira segue longe de propor um debate sobre o sistema nacional de energia. Se um desastre nuclear não é suficiente para mover os editores, o que seria?