Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalistas estrangeiros são presos no Zimbábue

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de abril de 2008


CRISE
Andrea Murta e Fabio Zanini


Polícia do Zimbábue prende jornalistas estrangeiros


‘A prisão de ao menos um jornalista estrangeiro e buscas em hotéis pela polícia do Zimbábue expuseram ontem a piora da crise desatada na estrutura de poder do país após as eleições gerais de sábado, que derrubaram a maioria governista na Câmara dos Deputados e cujos resultados para a Presidência ainda são desconhecidos.


O ‘New York Times’ confirmou que Barry Bearek, seu correspondente na África do Sul, que cobria as eleições em Harare, foi detido no começo da noite. ‘Não sabemos onde ele está sendo mantido e quais são as acusações’, afirmou em comunicado o diretor-executivo do jornal americano, Bill Keller.


No hotel York Lodge, onde o jornalista foi detido, segundo fontes ouvidas pela Folha, as luzes estavam apagadas ontem à noite. Um funcionário não permitiu a entrada da reportagem e se recusou a comentar o episódio. ‘A polícia ainda esta aqui’, afirmou, sob a escuridão que engolia toda a rua no bairro de classe alta de Highlands.


Para o partido opositor MDC (Movimento pela Mudança Democrática), o fato é o ‘início de uma operação de perseguição’. Além do York Lodge, ao menos outro hotel, no centro, foi vasculhado pela polícia.


Um jornalista europeu que pediu anonimato afirmou à Folha que a polícia o procurou, e outro disse ter tido o quarto revistado. O Centro de Proteção aos Jornalistas (CPJ) citou ‘informações alarmantes de que dois repórteres estrangeiros foram detidos em Harare’.


Especula-se que os presos não tivessem credencial para trabalho jornalístico no país. Com raras exceções, repórteres dos EUA e da Europa foram barrados da cobertura eleitoral, sob alegação de serem ‘hostis’. O jornal oficial ‘Herald’ critica a cobertura da mídia, sobretudo britânica, da esperada queda do ditador Robert Mugabe, 84, no poder desde a independência do Reino Unido, em 1980.


Sem resultado


A operação ocorreu no quinto dia de espera pelos resultados oficiais da eleição presidencial. Na tarde de ontem, permanecia no ar a pergunta mais importante do país hoje: Mugabe vai aceitar a provável derrota ou arriscar um segundo turno?


Na estranha falta da declaração final da comissão eleitoral, os partidos começam a se preparar para a última opção. O ministro da Informação do país, Bright Matonga, afirmou que Mugabe ‘vai lutar’. ‘O presidente não perdeu. Desta vez, estaremos prontos’, disse.


A admissão de Matonga contraria as crescentes especulações de que o ditador, com apoio corroído dentro do partido, poderia admitir a derrota. Ontem, pela primeira vez, Mugabe fez breve aparição na TV pública, em gravação de um encontro com observadores africanos. Com aparência tranqüila, ele não fez declarações.


Outros líderes africanos também discutem o impasse. O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, pediu ontem que ‘os resultados sejam aceitos’.


Após a perda do controle da Câmara dos Deputados, anunciada quarta, a pressão sobre o governista Zanu-PF cresceu. O politburo do partido se reúne hoje para avaliar a situação.


O MDC concorda com um segundo turno, mas cita tabulação própria para dizer que seu candidato, Morgan Tsvangirai, obteve 50,3% dos votos -uma vitória em primeiro turno.


ANDREA MURTA viajou a convite das ONGs Conectas Direitos Humanos e Open Society’


 


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Na Fifth Street em Harare, câmbio negro prospera com hiperinflação e cotação irreal


‘Se há no Zimbábue quem não reclame dos 100.000% de inflação ao ano são os homens sentados nas esquinas da Fifth Street em Harare, discretamente chamando a atenção de potenciais clientes com ofertas de câmbio de moeda estrangeira. O centro do ‘capitalismo selvagem’ da capital do país guarda semelhanças com sua quase homônima nova-iorquina, a Quinta Avenida. Lá circula muito dinheiro -embora as calçadas esburacadas e o mato sejam bem diferentes dos arranha-céus de Manhattan.


O mercado negro floresce como alternativa ao mundo cor-de-rosa que o governo insiste em manter. Pela cotação oficial, US$ 1 vale 30 mil dólares zimbabuanos (zim dollars). Mas uma garrafa de água custa 30 milhões de zim dollars. Um café da manhã, no câmbio do governo, sai por US$ 10 mil. Resta trocar com os negociadores de rua, o que é ilegal e precisa ser feito com cuidados.


Em meia hora caminhando pela Fifth Street de Harare, ontem à tarde, foram ao menos dez abordagens. Dzingai, na caçamba de uma picape com três colegas, atrai a atenção da reportagem. Sua oferta: US$ 1 por 40 milhões de zim dollars.


Fala baixo e dá garantias. ‘Não se preocupe, temos experiência.’ Como o negócio não é fechado na hora, ele dá o número de um celular para contato, num pedaço de jornal. Sobre a situação econômica, é franco: ‘A inflação para nós é boa. O dinheiro daqui não vale nada’.


Uma quadra adiante, um homem de agasalho esportivo nas cores da bandeira dos EUA, fechado apesar do sol forte, faz oferta semelhante. De novo, oferece o telefone, mas, mais cauteloso, não quer dar o nome. Também não escreve o número. ‘Memorize’, determina.


Há quem chame o local de ‘Bolsa de Valores de Harare’. São cinco quadras que começam no terminal internacional de ônibus, na avenida Robert Mugabe, e cortam ruas com o nome de ícones do socialismo africano, terminando na avenida Samora Machel, homenagem ao ex-líder moçambicano. A duas quadras, o Parlamento. A oito, a sede da Presidência.


A convivência com a polícia é tensa. Uma hora após a primeira visita, a reportagem voltou ao local, mas os negociadores tinham sumido. A tropa de choque patrulhava a área.


Os maços de dinheiro que circulam ali são prova de uma economia em ruínas, sobretudo para os zimbabuanos que não têm acesso à moeda estrangeira. Para eles, restam as horas de filas nos caixas eletrônicos, onde podem retirar magros 500 milhões de zim dollars por dia (R$ 21,50). Para aliviar o tormento, o governo decretou que o limite diário de saque será multiplicado por dez.’


 


GOVERNO
Folha de S. Paulo


Sindicalismo estatal


‘UM TORNEIRO mecânico na Presidência pode iludir alguns com a impressão de que a classe operária chegou ao paraíso, mas foi só o estamento sindical que nele se locupletou. O paraíso, no Brasil, se chama Estado.


A burocracia das entidades de classe empalmou o Executivo e foi direto à boca do caixa. O auge desse concubinato foi alcançado com o veto de Lula à fiscalização, pelo TCU, de recursos provenientes da contribuição negocial, o novo nome para o velho imposto sindical.


Não contente em frustrar o controle sobre recursos públicos, o presidente organizou convescote no Palácio do Planalto para comemorar com meia centena de camaradas a conquista do dinheiro fácil. A festa teve início a portas fechadas, segundo noticiou o jornal ‘O Globo’. A alegação era de que se tratava de evento privado, embora patrocinado com recursos dos contribuintes.


‘Incomoda a um segmento da sociedade, a uma elite que não se conforma com o nosso sucesso’, esbravejou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT). ‘Mas vão ter que nos aturar durante muito tempo’, desafiou, escancarando intenções que se projetam muito além dos dois anos e nove meses que restam a Lula. Referia-se, obviamente, à bem-sucedida instalação de uma cabeça-de-ponte sindical no coração do erário.


Lula tentou justificar o veto com o argumento de que a obrigação de prestar contas ao TCU implicaria dano à autonomia sindical. Soa cômico falar em independência quando a lei em questão promove o reconhecimento estatal de centrais, criadas de modo autônomo anos atrás. Estão agora domesticadas, em troca de participação na bolada anual de mais de R$ 1 bilhão, sacada dos trabalhadores.


O presidente e seus companheiros podem acreditar que a mudança de nome de imposto para contribuição transforma recursos públicos, recolhidos de modo compulsório pelo Estado, em privados. Enfrentarão dificuldade, porém, para convencer disso os 86% de trabalhadores brasileiros que optaram por não se sindicalizar, mas mesmo assim terão de pagar o tributo para sustentar sindicatos e centrais.


Houve um tempo em que Lula e correligionários do PT e da CUT defendiam a autonomia sindical de maneira conseqüente, propondo a extinção do imposto sindical. Num governo em que 45% dos altos cargos ficam nas mãos de filiados a sindicatos e ao partido do presidente, viraram todos a casaca.


A aceitação da tutela do Estado em troca de receita garantida merece ser chamada de peleguismo de resultados. Ou de sindicalismo estatal. Independência é que não é.


 


Augusto de Franco


Esses caras são bandidos?


‘A TRAMA se desenrola no meio político, dominado por uma turma da pesada, cujo chefe mafioso é muito bem-visto pela população em virtude de suas obras de caridade. Mas eis que um investigador de polícia descobre evidências de um crime cometido pelos poderosos. No início, ninguém acredita. Ele é até punido pelo chefe. Mas insiste em puxar o fio. A história vai parar nas mãos de um jornalista corajoso que publica a matéria. Então a coisa toda desmorona. E a população, afinal, enxerga a verdade: os caras eram bandidos.


Há dezenas de filmes assim, exatamente com o mesmo argumento. São quase um lugar-comum em Hollywood. Mas não estamos assistindo a um desses batidos filmes policiais americanos. Estamos no Brasil de 2008, em plena ‘Era Lula’, em que de nada adianta a publicação -nem de uma, nem de cem evidências- de crimes cometidos pelo governo.


Todavia, aqui seria possível concluir que os caras são bandidos?


No nosso mundo real, a turma da pesada é do PT. Mas, curiosamente, o PT tem menos bandidos -no sentido criminal do termo- do que a maioria dos outros partidos brasileiros.


Entretanto, no sentido social da palavra -aquele sentido a que se referia Eric Hobsbawm no interessante ensaio que publicou no final dos anos 70 sobre os ‘Rebeldes Primitivos’-, não há como fazer nenhuma comparação: o PT é um partido de bandidos.


Calma lá, litigantes de má-fé! Com isso não quero dizer que a maioria, uma parte ou todos os filiados e militantes do PT são bandidos (no sentido criminal do termo). Quero dizer que o PT é presidido por uma lógica ou uma racionalidade própria dos bandos. E que não é à toa que tenha se formado a partir do movimento sindical.


Sim, o sindicalismo, sobretudo se partidarizado, é uma forma branda de banditismo: subordina o sentido público ao interesse particular de uma corporação e não mede conseqüências para prover a satisfação de um grupo privado em detrimento do bem-estar geral. É exatamente o que o PT, como bando, faz: privatiza partidariamente a esfera pública.


Na nossa política, claro, há de tudo, inclusive bandidos comuns (embora sejam minoria), bandos locais ou regionais (ou ‘caciquias’, às vezes coronelistas, montadas em torno de pessoas e famílias) e bandos políticos (formados com base em uma causa).


Os dois primeiros tipos são endêmicos na velha política brasileira. O terceiro só emergiu, em toda sua plenitude, com a vitória eleitoral de Lula.


A democracia convive com todas essas formas de banditismo, da criminal à social, ora fazendo valer a lei, ora gerando consensos sobre o que é ou não é socialmente aceitável.


O problema existe quando as coisas se misturam e um bando social, chegando ao poder, se alia a bandidos comuns (no sentido criminal) e às ‘caciquias’ tradicionais clientelistas, instaurando outro tipo de banditismo: o de Estado, que tanto pode cometer crimes no varejo (sob o perigosíssimo manto da impunidade) quanto perverter a política e degenerar as instituições no atacado. É a via Putin. Contra essa eventualidade, porém, a democracia não tem proteção eficaz.


Não se retira o direito do PT de constituir-se como um bando social a partir de uma causa, mesmo que essa causa seja -na verdade- apenas ficar no poder o maior tempo possível.


O problema é que, ao montar aparatos ilegais de poder na própria Presidência da República, esse pessoal ‘atravessou o corguinho’ (como se diz lá no interior de Minas).


Para ficar só nos megaescândalos, o caso Waldomiro-Dirceu foi a primeira evidência. O mensalão, a segunda. A quebra do sigilo do caseiro Francenildo, a terceira. A produção do falso dossiê contra Serra, urdida por homens da cozinha do presidente, a quarta. E agora veio a quinta: a investigação, sem nenhuma denúncia ou fato determinado, dos gastos oficiais com Ruth e Fernando Henrique Cardoso para produzir um novo dossiê com o qual o governo pretendia chantagear a oposição ou impedir que ela requeresse legalmente a investigação das -aqui, sim, fartas- evidências de uso criminoso dos cartões corporativos da Presidência por familiares ou auxiliares diretos de Lula.


Há ou não há um padrão? E que padrão pode ser esse senão o do bando que não respeita limites quando estão em jogo seus interesses?


As oposições permitiram que chegássemos a esse ponto e que se instalasse o banditismo de Estado no Brasil. Foram deixando a coisa avançar, imaginando que os caras eram ‘players’ normais do jogo político. Como se vê, não são.


AUGUSTO DE FRANCO, 57, analista político, é autor, entre outras obras, de ‘Alfabetização Democrática’. Foi conselheiro e membro do Comitê Executivo da Comunidade Solidária durante o governo FHC (1995-2002).’


 


DOSSIÊ
Leonardo Souza e Marta Salomon


Arquivo detalha dossiê da Casa Civil contra FHC


‘Cópia de arquivo extraído diretamente da rede de computadores da Casa Civil mostra que o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da sua mulher, Ruth, de ministros tucanos e até da chef de cozinha de FHC saiu pronto do Palácio do Planalto.


O documento, a que a Folha teve acesso, afasta a possibilidade de que tenha havido adulteração nos dados arquivados pela Casa Civil que o governo chama de base de dados, feito de forma paralela ao sistema de controle de gastos de suprimento de fundos, o Suprim.


O conjunto das planilhas, com 27 páginas e 532 lançamentos de despesas ao todo, revela que às 15h28 do dia 11 de fevereiro, a Casa Civil começou a lançar nas planilhas dados colhidos de processos de prestações de contas dos gastos de suprimentos de fundos da Presidência entre 1998 e 2002. Os processos foram retirados do arquivo morto, guardado num prédio anexo do Planalto.


O documento digital revela que, no período de uma semana, foram criadas pastas diferentes para 1998, ano em que FHC foi reeleito, e os quatro anos do segundo mandato.


Foram agrupadas separadamente, também, as despesas de Ruth Cardoso, da chef de cozinha Roberta Sudbrack e de dois dos ministros mais poderosos do Planalto na época, Eduardo Jorge (Secretaria Geral da Presidência) e Clóvis Carvalho (Casa Civil e Desenvolvimento), além de Arthur Virgílio, senador tucano que exerceu o cargo de secretário-geral da Presidência.


O documento mostra como estava essa base de dados da Casa Civil até 18 de fevereiro, mais de um mês antes de a revista ‘Veja’ noticiar a existência de um dossiê destinado supostamente a constranger a oposição a Lula no Congresso.


Na data da criação do arquivo ainda não havia sido instalada a CPI dos Cartões, mas a investigação no Congresso de despesas do governo Lula com cartões corporativos tornara-se inevitável. Aliados governistas conseguiriam depois estender as investigações a 1998 e ao segundo mandato de FHC.


A organização dos dados seguiu uma lógica política, e não administrativa. As planilhas, fartas em registros de compras de bebidas alcoólicas, trazem anotações que poderiam orientar os aliados governistas nos trabalhos da CPI.


É identificada também a sigla PR (Presidência da República) na planilha Excel como a empresa onde foi gerado o arquivo. Conforme a Folha revelou na sexta-feira passada, a ordem para a confecção do dossiê foi dada por Erenice Guerra, a número dois da ministra Dilma Rousseff na Casa Civil.


Detalhes do arquivo afastam a possibilidade de montagem a partir de ‘fragmentos’ da base de dados do Planalto.


Anteontem à noite, por meio de nota de sua assessoria, a Casa Civil levantou essa possibilidade como uma nova versão para o caso do dossiê.


‘A planilha de 13 páginas, mencionada pelo jornal em suas reportagens, contém informações que constam no banco de dados, como reconhecemos desde o início. No entanto, ela não confere com as nossas nem na seqüência nem na forma de organização das informações. Tal fato sugere a possibilidade de ter sido montada com fragmentos da base de dados’, diz a nota.


As pastas do arquivo mostram que não foi mudada nem sequer uma vírgula no relatório de 13 páginas que circulou no Congresso -nem na ordem dos dados nem na organização das informações, com viés claramente político.


Ou seja, o dossiê que chegou às mãos de parlamentares saiu como estava arquivado nos computadores da Casa Civil.


O arquivo registra, nas propriedades do programa Excel, datas e horários de acesso à base de dados do Planalto. Essas informações poderiam ser verificadas por meio de perícia, mas a Casa Civil não admite essa possibilidade.


Desde o início da crise do dossiê, 13 dias atrás, a equipe da ministra Dilma, assim como o ministro da Justiça, Tarso Genro, descartam a possibilidade de a Polícia Federal participar das investigações.


Por ora, elas estão restritas a uma comissão de sindicância composta por três funcionários públicos e que se reporta à Casa Civil, de onde partiu a ordem para montar o banco de dados.


A Casa Civil reconheceu que mandou fazer o banco de dados visando eventuais requerimentos da CPI -que nem estava instalada. Em 20 de fevereiro, dois dias depois da abertura do arquivo do dossiê na Casa Civil, Dilma diria a empresários em um jantar que estava levantando gastos tucanos e que o governo não iria apanhar quieto.


Na versão da Casa Civil, os dados seriam transferidos para o sistema oficial de controle de despesas de suprimento de fundos da Presidência da República, o Suprim.


O governo alegou problemas de ordem tecnológica e a desorganização dos processos de prestação de contas de FHC para justificar a montagem de uma base de dados paralela ao Suprim.’


 


Governo diz que vazamento é grave, mas descarta inquérito da PF


‘Apesar de classificar o vazamento de informações da Casa Civil de ‘extremamente grave’ e de atitude ‘maldosa’, o governo tem se recusado a solicitar abertura de inquérito à Polícia Federal para investigar o caso. Os peritos do INC (Instituto Nacional de Criminalística) da PF têm condições técnicas para rastrear os acessos feitos nos computadores e determinar os autores. A Casa Civil abriu uma sindicância para investigar o vazamento de informações, mas rejeita a idéia de a PF fazer um rastreamento nos computadores.’


 


Franklin cobra explicações de senador e jornal


‘O ministro Franklin Martins (Comunicação Social) cobrou explicações do senador tucano Álvaro Dias (PR) a respeito do dossiê sobre gastos do governo FHC. ‘O senador Álvaro Dias presta um bem se disser de quem recebeu e a quem entregou’, disse ele, referindo-se ao material como fragmentos de banco de dados.


‘A chave está com o senador Álvaro Dias’, ironizou Franklin em evento em Porto Alegre.


O ministro pediu respostas. ‘Ele [Dias] pode explicar. Talvez a Folha possa explicar quem deu [o material] à Folha também. Aliás, o ombudsman [do jornal] fez essa pergunta. Acho que era uma expressão mais ou menos assim: ‘A Folha sabe mais do que contou para seus leitores’. Quem entregou para a Folha? A Folha não respondeu a uma pergunta do ombudsman. Não é minha. É do ombudsman da Folha.’


O ministro Tarso Genro (Justiça), também em Porto Alegre, disse ontem que a afirmação feita por Dias de que tinha conhecimento do dossiê sobre os gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso antes de sua publicação ‘inverteu a mão do problema’. Tarso cobrou de Dias explicações sobre quem teria vazado as informações. ‘Quem reconhece que tinha o documento agora tem que explicar de onde veio’, argumentou.’


 


IMPRENSA NA JUSTIÇA
Folha de S. Paulo


Juiz do Piauí extingue ação de fiel da Universal contra a Folha


‘O juiz leigo Márcio de Macedo Negreiros, do Juizado Especial Cível de São Raimundo Nonato, no Piauí, determinou a extinção, sem exame do mérito, de mais uma ação de indenização movida por membro da Igreja Universal do Reino de Deus contra a Folha e a jornalista Elvira Lobato.


Com essa sentença, chegam a 23 as decisões julgadas favoravelmente ao jornal e à repórter em ações movidas por fiéis que se dizem ofendidos com a reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada em dezembro.


O juiz considerou que a reportagem não faz referência direta ou indireta ao autor da ação, Nelson Francisco Ribeiro Neto: ‘Como na referida matéria não há menção ou ofensa ao autor, não pode este, como membro da igreja, pedir reparação por matéria jornalística que não cita o seu nome, apenas versa sobre a igreja à qual é filiado’.


A defesa do jornal alegou que o processo era ‘absolutamente temerário’. O juiz entendeu que faltava legitimidade ao autor para pleitear a ação, extinguindo-a.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Pilar econômico


‘‘Tombo dos EUA cobra preço através do mundo’, ontem na manchete do ‘WSJ’.


Cobra dos países que apostaram no consumo americano, como a China, ou se endividaram por lá, como os bálticos. ‘Mas o Brasil mostra resistência’ ou, ainda, flexibilidade, destaca a capa. O país ‘segue crescendo’. ‘Perdedor nos anos 90 [90s loser], Brasil se tornou um novo pilar econômico graças à demanda cada vez maior’ por commodities. ‘As taxas de juros estão caindo depois de anos na estratosfera.’


Fim do dia e, noticia a Bloomberg, ‘alta no preço das commodities renova apetite do investidor’ pelo país.


O BODE


Sob o título ‘Dilma e o bode’, a ‘Economist’ questiona ‘mother of the PAC’ como marca eleitoral, mas diz que ‘é a coisa mais próxima de um sucessor’ -e, como Lula só faz se tornar mais popular, atacar ‘seu mais poderoso ministro é bem mais fácil’, como antes com José Dirceu.


E ‘agora ela se protege de um caso político convulso envolvendo uso de cartões corporativos’. Mas ela seria só o ‘bode’ para Lula negociar, diz o ‘consultor político’ Bolívar Lamounier, no que a revista chamou de expressão ‘deselegante’.


A revista saiu sem saber de Álvaro Dias, que declarou ao Terra ter sido fonte da revista ‘Veja’, e do ambiente que só faz piorar, com senador tratando Dilma Rousseff, não por bode como o consultor, mas ‘galinha cacarejadora’.


E-SOROS


O investidor George Soros lançou ontem seu ‘O Novo Paradigma para os Mercados Financeiros’, relativo à crise. Saiu em e-book, o livro só chega em maio. Para o lançamento, ele deu entrevista à Bloomberg e à BBC e escreveu no ‘Financial Times’, bradando que a crise vai continuar


O PROTECIONISTA


A BBC Brasil destacou de Paris que Nicholas Sarkozy, em encontro da organização dos agricultores da França, acusou o Brasil e os EUA de praticarem ‘dumping fiscal sem precedente, na produção de biocombustíveis’. Em lobby sobre a União Européia, como outros países, disse que ‘a Europa não pode ignorar’, por exemplo, ‘a política fiscal do governo brasileiro, de reduzir os impostos no setor’. Por fim, atacou Doha.


COMO NA FAVELA


O ‘FT’ noticiou o conflito de Citigroup e Daniel Dantas, que voltou à luz diante do ‘aparente acordo’ para reunir Oi e BrT. Relatou ter visto um memorando do Citi sobre processar Dantas e reduzir os ‘riscos de reputação’. Sem encerrar questão, Jonathan Wheatley, o correspondente, fechou citando, do acordo Oi/ BrT, que seria como entrar na favela. ‘Não basta proteção policial. É preciso negociar com os encarregados.’


‘67 DEAD’


O ‘Washington Post’ deu reportagem sobre a dengue no Rio, sublinhando a mobilização militar. De políticos, citou Lula dizendo, ‘todos os brasileiros, não só os locais tão criticados, têm responsabilidade’.


Do ‘WP’ para a CNN, que deu também longa reportagem sobre os ‘mais de 55 mil casos de dengue’, naquilo que ‘as autoridades estão chamando de epidemia’. O canal traz imagens do atendimento precário nas ruas do Rio.


DE BORAT A BRUNO


Já se espalham os primeiros vídeos de ‘The Bruno Movie’, novo filme do comediante de ‘Borat’. Disputados on-line, os vídeos do personagem na TV têm trechos como ‘faço sexo com este cara brasileiro, muito, muito bonito’


A MODELO


Sob o enunciado ‘McCain e a modelo’, o ‘WSJ’ postou ‘a melhor história’ que ele não contou em discurso biográfico, há poucos dias. Trata-se de 57, no Brasil, onde um namoro do jovem marinheiro incluiu uma cena de visita posterior ao país -e à casa da brasileira, que abriu a porta e se apresentou ‘não vestida para jantar’.


O jornal também não sabe o nome da modelo, como nos registros anteriores sobre o caso. ‘Depois daquela noite’, ele não a viu mais. Mas ao se formar na Academia Naval recebeu dela, num telegrama, ‘Eu sempre vou te amar’.’


 


CHINA
Folha de S. Paulo


Justiça condena ativista por textos críticos


‘O mais popular ativista pelos direitos humanos da China, Hu Jia, 34, recebeu sentença ontem de três anos e meio de prisão por ‘incitar a subversão’.


A acusação usou artigos, entrevistas e uma carta que ele assinou sobre o desrespeito aos direitos humanos na China como provas de sua subversão.


A ONG Defensores dos Direitos Humanos da China declarou que Hu foi condenado ‘apenas por exercer pacificamente sua liberdade de expressão’.


Hu decidiu não recorrer. Seus advogados disseram que a decisão se deve ‘à falta de credibilidade no sistema judiciário.’


A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, criticou a sentença.’


 


INTERNET
Camila Rodrigues


MySpace cria serviço para música


‘A News Corp., proprietária da rede social MySpace, da Fox e outros canais de comunicação, uniu-se às gravadoras Sony BMG Music Entertainment, Universal Music Group e Warner Music para criar a joint venture MySpace Music.


O resultado da união, anunciada ontem durante uma teleconferência, será um serviço de download pago e patrocinado de músicas, vídeos e conteúdo para celular. O site ainda não está disponível. ‘Ele deverá entrar no ar somente daqui quatro meses, mais ou menos’, diz Émerson Calegaretti, presidente do MySpace Brasil.


Calegaretti contou que um dos motivos de o serviço ainda não ter sido lançado é que as empresas ainda estão definindo sua política de preços, já que as músicas não terão DRM (em tradução livre, gerenciamento de direitos digitais), uma tecnologia de proteção que limita ou inibe o número de cópias e é usada para garantir os direitos autorais.


A empresa ainda não revelou o valor dos conteúdos; o presidente-executivo da empresa, Chris DeWolfe, disse apenas que os preços serão bastante acessíveis e que os formatos das músicas e dos vídeos serão compatíveis com iPod e outros modelos de tocadores.


Entre os principais concorrentes da MySpace Music, estão o iTunes, loja virtual da Apple, e a loja de música da Amazon.com, que é linkada em perfis de músicos da rede social Last.fm, especializada em música. Ambas ainda não estão disponíveis para brasileiros.


Segundo o comunicado oficial, o site conterá também páginas com informações, fotos e vídeos (como os perfis do Orkut) dos mais de 5 milhões de artistas contratados pelas gravadoras.


Downloads e discos


A criação da joint venture é uma reação das gravadoras à queda na venda de CDs e DVDs -segundo pesquisa do Digital Entertainment Group, o ano passado foi a primeira vez em que a venda e o aluguel de DVDs caiu nos EUA. O índice foi de 3%. No Brasil, estudo da ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos) apontou queda de 31,2% nas vendas de CDs e DVDs.


Enquanto isso, o comércio de música digital cresceu 40% e movimentou cerca de US$ 2,9 bilhões no mundo, segundo relatório da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica). A entidade não disponibilizou os dados mundiais sobre a queda nas vendas de CDs e DVDs.


O serviço também terá ferramentas para músicos independentes, segundo o comunicado oficial. Calegaretti disse que eles poderão vender músicas e ingressos para seus shows usando ferramentas gratuitas do site.


Patrocínio


A empresa está testando nos Estados Unidos o modelo de conteúdo patrocinado, diz Calegaretti. ‘Há 15 dias, lançaram um álbum exclusivo de uma banda de punk, a Pennywise. Para adquirir o álbum, era só se tornar amigo de um perfil de uma empresa de comunicação [norte-americana Textandgo]. Acho que esse é o caminho que as empresas vão seguir. Elas vão se interessar em patrocinar álbum de artistas lançados pela internet.’


No Brasil, a gravadora Trama oferece desde o ano passado o que ela chama de ‘download remunerado’: uma empresa patrocina o site de um artista, que ganha a cada vez que alguém baixa sua música no site.’


 


Folha de S. Paulo


Embratel vai investir R$ 600 mi em WiMax


‘A Embratel investirá R$ 600 milhões, até o final de 2009, para levar serviço de telefonia fixa e acesso à internet em banda larga sem fio a 200 cidades. O serviço, que utiliza a tecnologia WiMax, estará disponível em São Paulo e em outras 11 cidades nos próximos dias.


Os pacotes de telefonia fixa e banda larga serão oferecidos para pequenas e médias empresas, por preços que devem variar de R$ 129 a R$ 189, dependendo da velocidade de acesso à internet e da quantidade de linhas de telefone.


‘O projeto é voltado para suprir o grande ponto fraco da Embratel, que é o acesso aos seus clientes finais’, afirmou Ivan Campagnolli, diretor de Tecnologia e Qualidade de Rede da empresa. ‘Aos custos atuais, faz sentido para pequenas e médias empresas.’


A Embratel comprou as faixas de freqüência para oferecer o serviço em licitação feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em 2003. Em 2006, a agência tentou fazer outra licitação, mas as operadoras de telefonia fixa entraram na Justiça contra o edital e paralisaram o processo.


De acordo com Campagnolli, a Embratel deverá participar da próxima licitação feita pela Anatel.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo faz 12 telefilmes e internacionaliza


‘A Globo vai exibir a partir de 2010 telefilmes produzidos no Brasil. Por meio da Globo Filmes, seu braço cinematográfico, a emissora desenvolve um projeto de produção de filmes para TV em parceria com produtoras independentes.


Segundo Carlos Eduardo Rodrigues, diretor-executivo da Globo Filmes, o projeto prevê de nove a 12 telefilmes no primeiro ano de exibição. ‘Neste ano, estamos definindo projetos, parceiros, modelos de parcerias, custos de produção e tempos de realização. No ano que vem, os primeiros telefilmes serão produzidos’, afirma.


Apesar de o modelo ainda não estar definido, deve prevalecer o já experimentado em produções para TV como ‘Cidade dos Homens’, com a O2. ‘Deverão ser produções independentes com supervisão da área de entretenimento da Globo’, diz Rodrigues.


O projeto de telefilmes finalmente está evoluindo por causa de uma mudança organizacional. No início deste ano, a Globo Filmes passou a responder ao diretor-geral da TV Globo, Octávio Florisbal, e não mais à Globo Corp. (holding).


Outro projeto da Globo que está sendo tocado pela Globo Filmes é o de internacionalização da marca. Para isso, a instituição começa a participar de filmes para cinema com co-produtores internacionais. É o caso do longa de animação ‘Minhocas’, com o Canadá, e de ‘Ônibus 174’, com a França.


PROPAGANDA 1 Uma das maiores agências do país, a DPZ deixou de fazer publicidade institucional para a Record. O anúncio em que a rede dizia que é ‘a nova líder’, questionado pela Globo no Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), foi o último desse tipo.


PROPAGANDA 2 A DPZ continua trabalhando para a Record, mas apenas com produtos (lançamento de novelas, por exemplo). Na área institucional, foi substituída pela Agência Babel. Record e DPZ negam qualquer crise.


ACORDO O processo da Globo no Conar foi arquivado ontem. Segundo Walter Zagari, vice-presidente comercial da Record, a emissora só poderá dizer que lidera eventualmente.


NOVO CENÁRIO 1 É grave a situação do SBT. Anteontem, pela primeira vez na década, a Band foi a terceira no Ibope em todo o horário nobre (18h/ 24h), deixando o SBT em quarto, por 5,6 a 4,8 pontos.


NOVO CENÁRIO 2 A Record foi líder na Grande SP ontem das 8h até as 13h30, pelo menos, segundo prévia.


ESCLARECIMENTO A respeito do título da coluna ontem (‘Negros serão ricos e corruptos na Globo’), o autor João Emanuel Caneiro reforça que ‘Milton Gonçalves será rico e corrupto, mas isso não significa que todos ‘os negros’ de ‘A Favorita’ serão corruptos. Haverá personagens com e sem ética independentemente de cor, sexo, idade, classe social, crença ou profissão, assim como negros de bom caráter’.’


 


Thiago Ney


‘Saturday Night Live’ chega ao 33º ano


‘Na disputada grade de programação da TV americana, os produtores costumam comemorar quando uma série estreante sobrevive para uma segunda temporada. Nesse cenário, chega a ser até anacrônica a existência de algo como o ‘Saturday Night Live’.


O ‘SNL’ estreou nos EUA, na rede NBC, em outubro de 1975.


Sua 33ª temporada começa a ser exibida no Brasil amanhã, no canal pago Sony.


Não é exagero afirmar que o ‘SNL’ é o principal formador de comediantes da TV e do cinema norte-americanos.


Desde a primeira temporada, quando tinha em seu time John Belushi (1949-82), Chevy Chase e Dan Aykroyd, entre outros, passaram pelo elenco fixo do programa Eddie Murphy, Mike Myers, Bill Murray, Julia Louis-Dreyfus, Phil Hartman, Chris Rock, Adam Sandler, Will Ferrell… a lista vai embora.


Em tantos anos de vida, o ‘SNL’ passou por altos e baixos. A atual fase tem arrancado elogios, não apenas pelo bom cast (Andy Samberg, Amy Poehler, Seth Myers), mas pelos convidados que atrai; neste primeiro programa, participam o jogador da NBA LeBron James e o cantor Kanye West.


Esta 33ª temporada do ‘SNL’, em exibição nos EUA, já recebeu os atores Ellen Page e Seth Rogen e as bandas Vampire Weekend, Spoon e Foo Fighters.


SATURDAY NIGHT LIVE


Quando: amanhã, às 23h


Onde: no canal Sony’


 


TELONA
Mônica Bergamo


Atlântico


‘O maestro João Carlos Martins diz que Hollywood quer sua história. ‘Vou encontrar um cineasta no Carnegie Hall [EUA] em maio, para um segundo contato sobre o roteiro.


Mas entre o querer e o fazer, há um oceano’. Martins, que era pianista e perdeu parte dos movimentos das mãos, já foi tema de documentário alemão.


AMÉRICA NA VEIA


O diretor uruguaio Gonzalo Arijón quer transformar o livro ‘As Veias Abertas da América Latina’, de Eduardo Galeano, em um ‘documentário road movie’. A idéia é rodar o continente com o escritor ‘como guia, entrevistando de presidentes a camponeses’, diz o cineasta. No Brasil, quer retratar Lula, Frei Betto e o idealizador do Fórum Social Mundial, Chico Whitaker.


MARGARIDAS


O filme ‘Juruna, o Espírito da Floresta’, sobre o cacique Mário Juruna e protagonizado por seu filho, Diogo Amhó, ganhou o prêmio Margarida de Prata, dado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) a obras com ‘valores humanos, éticos e espirituais’.’


 


Marco Aurélio Canônico


Waldick Soriano ganha tributo de Patrícia Pillar


‘Ele não é cachorro, não -é um ‘poeta’, como ele mesmo se define, apesar de ter feito várias cachorradas (principalmente com as mulheres) e de ter levado uma vida que muitos diriam ‘de cão’.


O baiano Waldick Soriano, 74, um dos grandes ícones da chamada música brega (ou romântica, como ele prefere), é o tema do média-metragem que marca a estréia de Patrícia Pil- lar na direção, o documentário ‘Waldick – Sempre no Meu Coração’, exibido hoje no É Tudo Verdade, em São Paulo.


‘Ele era um personagem da minha infância, eu o ouvia no rádio’, diz Pillar, em entrevista à Folha, por telefone. ‘Lembrava bem da figura dele no Chacrinha, aquele cara todo de preto, havia uma coisa misteriosa, divertida, que me chamava a atenção quando criança.’


O interesse da diretora pelo cantor voltou a florescer quando, há três anos, ela ouviu por acaso, no rádio, ‘Tortura de Amor’, um dos maiores hits de Waldick, que chegou a ser censurado pela ditadura militar.


‘O Ciro [Gomes, deputado federal e seu marido] me disse que era o Waldick cantando, pesquisei e vi que era composição dele. Isso me chamou a atenção, não sabia que ele era compositor, resolvi comprar LPs dele, e começou a tomar um espaço grande em mim, me comovia muito. É uma voz rude, primitiva, mas ao mesmo tempo uma poesia simples.’


Pillar passou a acompanhar o cantor esporadicamente, com uma pequena equipe de filmagem, a partir de 2005, rodando com ele por shows em cidades do interior cearense e registrando sua volta à terra natal (Caetité, BA), além de uma passagem por São Paulo.


É dessas imagens de viagens e shows, além de entrevistas com Waldick e pessoas próximas, que o filme é feito. Ele vem se somar ao revisionismo da vida e obra do cantor que começou com o livro ‘Eu Não Sou Cachorro, Não’ (2002), de Paulo Cesar de Araújo.


‘Não queria fuxicar a vida dele. O que aconteceu durante nossos passeios eu juntei e mostrei. Acho que conta um pouco da história do Waldick e de muitos brasileiros que saíram de suas cidades em busca de um sonho’, diz a diretora.


WALDICK – SEMPRE NO MEU CORAÇÃO


Quando: hoje, às 19h


Onde: no Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 0/xx/11/3087-0500)


Quanto: grátis’


 


Silvana Arantes


Em ‘Maré’, Murat une dança e crítica social


‘Aos 3 anos de idade, Cristina Lago se mudou de Foz do Iguaçu, no Paraná, para Ouro Preto do Oeste, em Rondônia, porque seu pai tinha ‘o sonho de crescer junto com uma cidade’.


Ocorre que Ouro Preto do Oeste (40 mil habitantes) não cresceu tanto assim e, por pouco, não impede o sonho da vida de Cristina de tornar-se bailarina. ‘Sempre fui louca pela dança, mas, lá, só pude estudar durante uns seis meses, porque rapidamente o único professor se mudou da cidade’, conta.


É a vitória sobre a improbabilidade de se tornar quem se tornou o que mais impressiona na história de Cristina, hoje com 26 anos, bailarina e atriz de ‘Maré – Nossa História de Amor’, longa de Lúcia Murat, que estréia hoje nos cinemas.


‘Romeu e Julieta’


No filme, Cristina interpreta Analídia, a heroína que Murat recriou do ‘Romeu e Julieta’, de Shakespeare, cujo amor trágico -por Jonatha (Vinicius D’Black)- se desenrola no contexto de um morro que convive com a guerra entre duas facções do tráfico e onde os jovens encontram na dança (hip hop) sua expressão artística.


Fazer um musical era sonho antigo de Murat, que passou a adolescência dedicando-se ao balé clássico, mas nunca retirou os pés do samba. ‘Eu via as cabrochas dançando e reconhecia nelas o virtuose’, diz.


A vida adulta levou Murat para a militância política de esquerda e para a carreira de cineasta, mas não afastou sua paixão pela dança. ‘Um dia, na prisão [foi presa política na ditadura] eu quis ver ‘Meias de Seda’. Foi uma confusão na cadeia, porque esse é um dos filmes mais anticomunistas. Mas Cyd Charisse e Fred Astaire podem fazer qualquer coisa, que eu quero ver’, lembra Murat.


Quando decidiu fazer seu próprio musical, a diretora foi fiel à sua paixão pela dança, à admiração pelo virtuosismo das cabrochas que dançam sem formação clássica, mas também ao seu engajamento político. ‘Não está em mim fazer uma comédia romântica’, diz.


‘Maré’ é ‘cinema branco’, diz a cineasta, sem negar que o filme, por óbvio, traduz a visão que ela, cidadã de classe média, possui sobre a favela. Mas, entre todos os longas brasileiros em torno da periferia, Murat julga que ‘Maré’ tem uma singularidade. ‘Acho que ele traz uma favela diferente; que as pessoas vão sair dizendo: ‘Como eles [jovens da favela] são bonitos! Como têm energia!’.


‘Branca-zona-sul’, como se define Cristina, que foi viver no Rio aos 19, para finalmente estudar dança, ela não era candidata ao papel principal. Até o dia em que foi aos ensaios com o cabelo rastafári. Murat viu no gesto o quê a mais das cabrochas, e achou sua Analídia.’


 


REBELDE
Ivan Finotti


Arnaldo Baptista lança livro de 30 anos


‘Transmissões focalizáveis, comunicadores cerebrais, engenharia nuclear, discos voadores, tempo e espaço indefiníveis, Darwin, Einstein e o supercomputador Horácio. Eis os ingredientes de ‘Rebelde entre os Rebeldes’, novela de ficção científica do alucinado ex-Mutante Arnaldo Baptista, lançada agora pela Rocco.


‘Já fui corredor de moto, bailarino, sou músico, escritor, pintor. Então me dividi entre os personagens’, diz Arnaldo.


‘Rebelde entre os Rebeldes’ foi escrito nos final dos anos 70, antes de Baptista ser internado por uso de drogas na ala psiquiátrica do Hospital do Servidor Público de SP, e de pular do terceiro andar -queda que lhe fraturou o crânio e deixou seqüelas permanentes.


A capa do livro reproduz um dos quadros que Baptista pinta em seu sítio em Juiz de Fora (MG), onde mora há 24 anos. Vários desses desenhos estão à venda no site oficial (www.arnaldobaptista.com.br), que traz ainda críticas e fotos de toda sua carreira. (IF)


REBELDE ENTRE OS REBELDES


Autor: Arnaldo Baptista


Editora: Rocco


Quanto: R$ 32 (168 págs.)’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 4 de abril de 2008


CRISE
O Estado de S. Paulo


Polícia prende jornalistas no Zimbábue


‘Forças de segurança do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, invadiram ontem dois hotéis que abrigavam opositores e jornalistas estrangeiros na capital Harare. A ofensiva policial indica que o governo está disposto a usar intimidação e violência para se manter no poder.


Ontem, a polícia invadiu o hotel Meikles, onde fica uma das sedes do Movimento pela Mudança Democrática (MMD) – partido do principal opositor, Morgan Tsvangirai – e revistou diversos quartos. ‘Mugabe começou a repressão’, disse Tendai Biti, secretário-geral do MMD. ‘Está claro que ele começou uma guerra.’


Biti disse ter certeza que a ofensiva policial tinha ele e outros membros do partido como alvo, mas afirmou que a oposição não vai se esconder. Tsvangirai não foi assediado pela polícia, mas cancelou uma entrevista coletiva por causa da ação.


Após cercarem um outro hotel, onde está boa parte da imprensa estrangeira, as forças de segurança levaram quatro jornalistas que não tinham credenciais. O correspondente do jornal New York Times, Barry Bearak, está entre os detidos. ‘Não sabemos onde ele está ou que acusações foram feitas contra ele’, disse o jornal em um comunicado.


Alegando ‘problemas logísticos’, o governo ainda não divulgou o resultado da eleição de sábado. Segundo a oposição, Tsvangirai venceu no primeiro turno com 50,3% dos votos. Mugabe teve 43,8%. Na corrida parlamentar, a oposição derrotou o governo pela primeira vez desde a independência do país, em 1980.


SEGUNDO TURNO


O vice-ministro da Informação, Bright Matonga, afirmou que Mugabe está pronto para enfrentar o segundo turno e acusou a oposição de tentar ‘livrar-se do presidente a qualquer custo’. ‘Ele não vai a nenhum lugar. Ele não perdeu. Vai lutar’, disse Matonga. Mugabe fez ontem sua primeira aparição pública desde a eleição. Durante um programa na TV estatal, ele apareceu ao lado de observadores da União Africana.


Analistas, diplomatas e ONGs temem que a demora na divulgação dos resultados seja uma estratégia do governo para manipular a votação. A pressão internacional sobre Harare intensificou-se com críticas dos EUA e da ONU. ‘Esse atraso levanta sérias questões sobre o que está acontecendo na contagem de votos’, disse Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado americano.


O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan disse que a demora na divulgação do resultado é perigosa. ‘Toda a atenção do mundo está voltada para o Zimbábue, na Comissão Eleitoral e no presidente. Peço a eles que ajam corretamente, sigam a Constituição e divulguem o resultado imediatamente.’


AP, REUTERS E NYT’


 


DOSSIÊ
O Estado de S. Paulo


A ‘conspiração’ do dossiê


‘Um gol contra do senador tucano Álvaro Dias permitiu ao governo empatar o jogo de aparências, ou melhor, a pelada, que disputa com a oposição a propósito do chamado dossiê das despesas do então presidente Fernando Henrique e de sua mulher, Ruth Cardoso. A existência do papelório – 13 páginas de planilhas que discriminam gastos palacianos efetuados em 1998, 1999 e 2001 – foi revelada pela revista Veja. Desde então, a partida se acirrou. O jornal Folha de S.Paulo atribuiu à principal assessora da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, Erenice Garcia, a responsabilidade direta pela organização de um arquivo paralelo ao sistema de controle de suprimento de fundos para a Presidência, do qual fariam parte os tais papéis. A ministra negou o dossiê. Disse que se tratava de um banco de dados. Ofereceu explicações contraditórias, nenhuma delas convincente, para a decisão de montá-lo. A iniciativa, em todo caso, já tinha sido noticiada por este jornal em 19 de fevereiro.


É absolutamente certo que – na esteira das informações sobre o aumento da ordem de 900% dos gastos do governo com cartões corporativos a contar da primeira posse do presidente Lula – os operadores políticos do Planalto tentaram calar as demandas da oposição pelo fim do sigilo que encobre a natureza dos dispêndios para o primeiro mandatário e sua família. Ameaçaram divulgar sub-repticiamente supostas despesas injustificáveis, quando não constrangedoras, do antecessor. Além disso transpirou que, numa reunião reservada com empresários, em São Paulo, Dilma avisou que ‘não vamos apanhar quietos’. A autorização do ex-presidente para que fossem liberados os dados que lhe dissessem respeito desarmou a chantagem governista. Ao lulismo, com ampla maioria na CPI dos Cartões, só restava passar o rolo compressor sobre os pedidos da oposição, como o de convocar a ministra a depor. No entanto, esse mesmo poder do governo de esvaziar a investigação parlamentar deixava escancarada a sua derrota moral no embate.


Nesse pé estava a peleja quando, na quarta-feira, da tribuna do Senado, o representante do Paraná admitiu ter recebido o momentoso dossiê antes ainda da instalação da CPI, em 21 de fevereiro. Dias se recusou a identificar quem lhe repassou os papéis, os quais, com toda a probabilidade, ele mesmo fez chegar à imprensa, mais adiante. Era o que os governistas queriam ouvir para sair da defensiva, lançando areia na questão que efetivamente interessa – a confecção, em pleno Palácio do Planalto, sob as barbas do presidente Lula, portanto, do que tudo indica tratar-se de uma torpeza política. Os planaltinos se sentiram à vontade para desenvolver a teoria conspiratória segundo a qual um tucano, infiltrado na alta administração federal e acumpliciado com um parlamentar correligionário, extraiu de uma documentação preparada com fins lícitos – o tal do banco de dados – uma seleta de informações que, uma vez vazadas, fariam crer que a Casa Civil é que armava o golpe baixo do dossiê.


A intenção do suposto agente provocador seria deixar mal a ministra que o presidente Lula carrega para cima e para baixo, e chama de mãe do PAC, a fim de que o eleitorado associe a sua figura à dele, tendo em vista a sucessão de 2010. Anteontem, Lula se pôs a defendê-la com palavras retumbantes – ‘a pessoa que presta um serviço ao País que a Dilma presta não pode ser vítima de uma chantagem política’. (O que não elimina a hipótese, ventilada desde a primeira hora, de que o vazador misterioso seria um companheiro com razões próprias para sabotar uma eventual candidatura Dilma.) ‘Quem montou o dossiê é quem fez a espionagem’, diz o líder do governo no Senado, o peemedebista Romero Jucá. Retruca o líder do DEM, senador Agripino Maia: ‘Essa discussão é uma cortina de fumaça. Se quiserem mesmo esclarecer os fatos, façam como o presidente Fernando Henrique e acabem com essa história de sigilo.’ Seria, obviamente, a única maneira de encerrar rapidamente os trabalhos dessa CPI que, até o surgimento do caso do dossiê, ficou sem ter o que fazer. O problema é que o presidente Lula, que já conhece as contas do ex-presidente, não está disposto a divulgar as suas próprias.


Eis por que a CPI dos Cartões parece condenada a morrer por asfixia. Anteontem, a presidente da comissão, a senadora tucana Marisa Serrano, dizia que está pronta para encerrá-la. ‘Fiz o que pude’, disse, cansada de não poder fazer nada.’


 


Dora Kramer


Inversão de pauta


‘Quando o caseiro Francenildo Santos Costa apareceu dizendo que o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mentira ao negar que freqüentava a casa de lobby montada em Brasília por seus amigos de Ribeirão Preto, o afã de fazer recair o ônus sobre a testemunha produziu uma quebra de sigilo bancário e resultou na queda do ministro.


Se o moço não mostrasse logo que a ‘estranha movimentação financeira’ era um depósito feito pelo pai, provavelmente aquele caso teria tomado outro rumo, deixando de importar a verdade que ele falava para só interessar a suspeita sobre a motivação que o fizera falar. A manobra acabou custando caríssimo.


Agora, a tentativa de inverter o foco da questão do dossiê dos gastos de Fernando Henrique Cardoso saiu bem mais em conta: bastou uma declaração do senador Álvaro Dias dizendo ter visto o documento antes da publicação na revista Veja.


A tropa governista aferrou-se a isso para passar a cobrar explicações sobre o ‘vazamento das informações’ e exibir o senador Dias como prova viva da inocência de Dilma Rousseff, Erenice Guerra e de quem mais tiver sido citado no rol de suspeitos da confecção do dossiê.


No embalo, os deputados e senadores da base aliada saíram rejeitando todos os requerimentos de convocação de depoentes na CPI dos Cartões com um ar de ‘o caso agora está resolvido’.


Não só não está, como nada indica que vá ser resolvido da maneira adequada. O fato de o governo produzir um dossiê de intimidação, vários ministros e parlamentares terem dados sinais disso com ameaças veladas e divulgação de informações isoladas sobre os gastos de Fernando Henrique, continuará em aberto.


A sindicância instaurada na Casa Civil para descobrir quem produziu o dossiê a partir do ‘banco de dados’ organizado para atender a requisições inexistentes, terá destino semelhante ao do inquérito sobre o dossiê Vedoin, arquivado pela Polícia Federal sem apontar a origem do dinheiro flagrado com os ‘aloprados’ no hotel em São Paulo.


Naquela ocasião também houve a inversão de ônus para cima do delegado que exibiu, como manda a norma, o dinheiro para ser fotografado. A partir daquele ponto, a discussão não era mais sobre a origem dos recursos, mas a respeito do gesto do delegado de pôr as notas em cima de uma mesa.


Como agora, com Álvaro Dias. Discute-se o trajeto do dossiê até a redação da revista e se esquece o conteúdo, a finalidade do dossiê e a denúncia original: a constatação de um aumento fora do comum nos gastos dos cartões de crédito corporativos, as despesas com saques na boca do caixa e os casos concretos de ministros pegos em evidente uso indevido da prerrogativa de gastar por conta.


Sufocada pela maioria, a oposição já não gesticula da maneira amável de semanas atrás, joga para dar trabalho, pelo visto decidida a fazer oposição.


Na CPI, faz a maioria rejeitar todos os requerimentos de quebras de sigilo e depoimentos a fim de desmistificar a alegada disposição governista de investigar, e expõe relator petista cobrando dele a feitura de um relatório para o qual seriam necessárias informações, cuja obtenção é negada pelos próprios aliados.


Fora dela, propõe a criação de outra comissão só no Senado, produz o espetáculo da abertura de contas dos integrantes do governo Fernando Henrique no intuito de constranger o atual e chama Dilma Rousseff para depor em comissão permanente para, longe do cenário de CPI, perguntar a ela sobre o dossiê.


De antemão os oposicionistas sabem que ninguém no Planalto e adjacências vai se sentir no dever moral de abrir gastos, como sabem que dificilmente a ministra da Casa Civil irá ao Congresso e que uma CPI no Senado não é tão ameaçadora assim.


E se não esperam sucesso, querem o quê? Obrigar o governo a se defender e a dividir com o corre-corre para proteger uma ministra daqui, evitar mais uma CPI dali, o tempo e a energia que o Planalto gostaria de investir todo em 2010, o ano que já começou.’


 


Clarissa Oliveira


Para Tarso, tucano precisa esclarecer origem do dossiê


‘Em visita ao Rio Grande do Sul em companhia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que o fato de o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ter admitido que teve acesso ao dossiê sobre gastos do governo Fernando Henrique ‘inverte a mão’ da crise instaurada com o vazamento dessas informações.


De início, o titular da Justiça evitou comentar a polêmica em torno do vazamento dos dados. Em seguida, porém, disse: ‘Quem reconhece que tinha o documento agora tem de explicar de onde veio’.


Na sua avaliação, é necessário esclarecer os fatos para que a CPI ‘possa acompanhar o roteiro de aparecimento desse documento e possa responsabilizar quem vazou’.’


 


INTERNET
Brad Stone e Jeff Leeds


MySpace e gravadoras juntos


‘The New York Times – No mais recente esforço para reverter a tendência de declínio da indústria da música, três das quatro grandes gravadoras globais fecharam um acordo com o MySpace, serviço de rede social da News Corp., para criarem um site de música. Como parte do acordo, o MySpace vai transformar seu serviço MySpace Music em uma joint venture independente, com participação da Universal Music, Sony BMG e Warner Music Group.


Segundo pessoas que participam da negociação, a EMI, grande gravadora que ficou fora do acordo, provavelmente também irá participar em breve. As empresas de música serão minoritárias no novo site e tornarão disponível todo seu catálogo.


O presidente do MySpace, Chris DeWolfe, descreveu o novo serviço, que será lançado ainda este ano, como uma fonte unificada de toda música, em suas várias encarnações digitais. Os visitantes do site poderão ouvir as músicas de graça, no próprio site, como um serviço sustentado por publicidade, e compartilhar listas de música com seus amigos. Eles também conseguirão comprar faixas por download, para tocarem em dispositivos móveis, o que coloca o novo site como um competidor da Apple, da Amazon e da eMusic.


Uma opção baseada em assinatura, em que os usuários pagam uma mensalidade para terem acesso ilimitado a faixas por download, também está sendo estudada, segundo DeWolfe. ‘É realmente uma megaexperiência de música, transformadora de várias maneiras’, disse ele. ‘É o primeiro serviço que oferece todo o catálogo musical para ser ouvido no site de graça, com recursos completos de comunidade, para ser compartilhado com todos seus amigos.’ Serão oferecidos produtos adicionais, como ingressos, camisetas e toques de celular, entre outros.


Não foram reveladas as condições exatas do acordo e os detalhes como preços das faixas por download. Mas o MySpace informou que irá oferecer músicas sem software de gerenciamento de direitos digitais (DRM, na sigla em inglês), que impede cópias ilícitas, mas pode criar problemas técnicos para os consumidores. As canções poderão ser tocadas em qualquer equipamento portátil, incluindo o iPod, da Apple.


O analista Rich Greenfield, da Pali Capital, afirmou que o MySpace está oferecendo uma grande oportunidade para as gravadoras. ‘Eles têm uma grande comunidade que quer falar, compartilhar e aprender sobre música’, disse.’


 


O Estado de S. Paulo


CPI convoca diretores do Google no Brasil


‘A CPI da Pedofilia convocou ontem, para depor na próxima quarta-feira, o diretor-presidente do Google no Brasil, Alexandre Hohagen, e do diretor de Comunicações, Félix Ximenes. Os senadores querem apurar denúncias de que o Orkut abrigaria mais de 3 mil endereços com material de pornografia infantil. O Google se recusa a abrir as páginas para investigação, sob a alegação de que pertencem a seus criadores.’


 


OLIMPÍADAS
O Estado de S. Paulo


China reage a críticas dos EUA


‘A tensão entre a China e os países defensores da causa do Tibete, em especial os Estados Unidos, aumenta a cada dia em que a abertura da Olimpíada fica mais perto. Ontem, de acordo com a agência de notícias Xinhua, a China ficou ‘seriamente preocupada e fortemente descontente’ com as declarações da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, de que a escolha do país como sede dos próximos Jogos foi um erro por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI).


O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jian Yu, rebateu o comentário. ‘Apelamos para que figuras políticas dos Estados Unidos respeitem os princípios dos Jogos Olímpicos, adotem uma atitude responsável a respeito da competição e do revezamento da tocha, além de não fazer coisas contra as aspirações do povo ou que possam perturbar e manchar a Olimpíada e o revezamento da tocha.’


A tendência é de que a tensão entre Estados Unidos e China continue. Ontem, a secretária de estado norte-americana, Condoleezza Rice, considerou ‘profundamente inquietante’ a condenação do jornalista Hu Jia a três anos e meio de prisão por críticas ao governo chinês, que, por sua vez, apelou para que os americanos conheçam a ‘verdadeira natureza do dalai-lama’, líder espiritual tibetano.


O porta-voz Jian Yu também se mostrou descontente com os franceses e preocupado com a possibilidade de protestos na passagem da chama olímpica por Paris. A prefeitura da capital francesa adiantou que haverá um outdoor na frente de seu prédio com a mensagem ‘Paris defende os direitos humanos em todo o mundo’. Ao ser questionado se a iniciativa seria considerada um ‘transtorno ou algo que afete a passagem da tocha’ ele respondeu: ‘Vocês compreenderam bem.’


Em Londres, a embaixadora chinesa na Inglaterra, Fu Ying, está inscrita para participar do revezamento da tocha, mas pode ficar fora do evento. A BBC informou que a diplomata já anunciou a desistência, mas a embaixada faz mistério. ‘Não posso confirmar a reportagem’, disse o porta-voz Liu Weimin. Assim como em Paris, estão sendo organizados protestos pela defesa dos direitos humanos no Tibete durante a passagem da tocha por Londres.


PROBLEMAS EM ISTAMBUL


Em Istambul, na Turquia, uma pessoa foi presa, ontem, por tentar interceptar a tocha olímpica e um grupo de chineses da etnia uigur foi para a cadeia por causar tumulto durante a passagem da chama. As pessoas, cerca de 150, protestavam contra a repressão chinesa na província de Xinjiang, de maioria muçulmana e situada a noroeste do país dos Jogos. Os chineses muçulmanos chamam a região, onde ocorreram conflitos nesta semana, de Turquestão do Leste.’


 


COI ameaça esportistas que fizerem protestos


‘Os atletas que apoiarem manifestações pró-Tibete podem ser excluídos da Olimpíada de Pequim. A ameaça veio do Comitê Olímpico Internacional (COI), por meio do alemão Walther Troger, membro da Comissão Esporte para Todos do COI.


‘Quem não respeitar a proibição de propaganda não-autorizada nas zonas regulamentadas será excluído assim que o caso for avaliado’, afirmou o dirigente.


Troger refere-se, especialmente, às regras da Carta Olímpica. O documento, editado pela organização, proíbe qualquer propaganda política, racial ou religiosa durante a competição. ‘Eles (os atletas) têm o direito de não participar dos Jogos, caso não aceitem as regras.’


Em tom mais ameno, o holandês Hein Verbruggen, presidente da Comissão de Coordenação do COI para os Jogos, afirmou que os atletas serão livres para opinar sobre qualquer tema. Mas desde que respeitem a Carta Olímpica. ‘Os chineses nunca nos pediram para silenciar atletas.’


A principal organização que encoraja os protestos em favor da libertação do Tibete é a Repórteres Sem Fronteiras, que pede que políticos e atletas boicotem a cerimônia de abertura dos Jogos. De acordo com a entidade francesa, as autoridades de Pequim reprimem movimentos de protesto com violência e o COI silencia diante de tais fatos.’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Procura-se patricinha


‘Atenção loiras, popozudas e ricas, é claro. A Record está atrás de uma nova parceira para Karina Bacchi no reality show The Simple Life, Mudando de Vida.


Tudo porque, a outra patricinha do programa, Ticiane Pinheiro, anunciou esta semana que está grávida. Portanto, não poderá encarar as gravações da atração, que começam em outubro.


Várias famosas já foram sondadas para a vaga, entre elas, Adriane Galisteu, que está negociando seu passe com a Record.


A idéia da emissora era colocar a loira no reality, mas está difícil de convencê-la a aceitar. Adriane quer um programa só seu na Record, e não topa fazer o Mudando de Vida. Aí está um dos impasses de sua contratação, além do salário, claro. Dificilmente alguém cobrirá o que Galisteu ganha no SBT.


A mais cotada no momento para integrar o Mudando de Vida é Carolina Magalhães. Ela chegou a fazer testes para o reality quando a Record comprou o formato, mas acabou perdendo a vaga.


A idéia é escolher a substituta de Ticiane até julho.


Modelos desconhecidas do grande público também serão testadas para a vaga.’


 


 


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