Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O pesadelo de amanhã

Na verdade, concordando com a matéria, quero fazer um alerta para outro tipo de violência anunciada. Está tudo consumado. Desde que tomou posse Astério Pereira dos Santos, o secretário de Assuntos Penitenciários, coronel aposentado da Polícia Militar hoje do Ministério Público Estadual, não escondeu de ninguém seu sonho: colocar na mesma unidade prisional internos de facções inimigas, como é o caso que agora acontece em Bangu III. Muitos devem estar aplaudindo, afinal ‘são criminosos mesmo, são bandidos irrecuperáveis, mataram, traficaram e roubaram por aí, tomara mesmo que a chacina comece logo’.

Sonho antigo do secretário, que tentou colocá-lo em prática em meado dos anos 70 em Água Santa, por todos esquecido (curiosamente, a imprensa continua papando mosca), deu no que deu. Sempre partidário da linha dura nos presídios, que lá dentro é pau mesmo, Água Santa, que já era um inferno, assim como são as unidades de Bangu, só piorou. É sabido que não se coloca o diabo para melhorar o inferno. Está na hora de a imprensa checar os tempos de diretor de presídio em que o militar Astério Pereira dos Santos fez seu curso de penitenciarista. Já passou da hora de a imprensa checar seus arquivos, revisitando as denúncias que os presos e suas famílias já faziam naquela época, das lesões aos direitos, das denúncias de tortura dentro do presídio da Rua Violeta, que foram publicadas em diversos jornais. Isso mesmo, está na hora de revisitar o passado que nos colocou no dantesco presente em que vivemos.

Não se pode esquecer que por mais que se matem sobrarão muitos presos que retornarão, um dia, para junto de nós. Se os tratamos como feras ou brindamos suas dores com a ferocidade vingativa de nossa comissiva omissão, teremos nossa resposta em outro amanhã; ou nossos filhos. O sonho antigo do atual secretário e ex-carcereiro-chefe de Água Santa começou a ser realizado na segunda-feira, com a transferência de presos de Bangu II para Bangu III, de facções diferentes e que irão se matar. Seja lá dentro, seja durante uma escolta para audiência em juízo. A medida é insensata e está sendo questionada juridicamente pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Tomara que no Judiciário o bom senso prevaleça. O que não se pode fazer é ficar omisso diante do absurdo de um sonho que aumentará o pesadelo de todos nós.

Paulo David, Rio de Janeiro



Maravilhoso mundo infantil

Estou justamente escrevendo um livro sobre a violência na Rocinha dentro deste fenômeno de favelização nacional, diria até globalizado, dos excluídos. É a via transversa da terceira via que fabrica lulus, dudus e garotinhos. No site abaixo, com direito a questionamento filosófico, brinco, se isto é possível, com este ‘maravilhoso mundo infantil’.

Luiz Carlos Pires, jornalista, Rio de Janeiro

Rocinha do Brasil – Alberto Dines



Convite recusado

Por tudo isto que anda ocorrendo no Rio devemos sempre nos lembrar de um certo Senhor, no alto de um morro, nos convidando para um abraço, convite ao qual sempre faltamos, lamentavelmente… Até quando? Ele, simbolicamente, parece dizer no abraço: dirigido a todos, sem exceção…

Sergio Ferreira de Castro, engenheiro, Rio de Janeiro

Outro cartão postal – Deonísio da Silva



Por que ‘patriotada’?

Em ‘Os pingos nos iis do enriquecimento’, fico a pensar quando leio algo como ‘(…) José Goldemberg, para que implodisse a patriotada de que a finalidade das inspeções a que o governo resiste é desvendar os segredos tecnológicos do Brasil nessa matéria’. Por que o uso da palavra ‘patriotada’?

Parece que é errado, feio ou deselegante ser patriota no Brasil aos olhos deste senhor. Afirmo que devemos ver sempre os melhores interesses brasileiros. É um dever cívico ser patriota. Devemos ser sempre patriotas, mesmo de forma errada. Ao meu julgamento é a única coisa que devemos imitar dos americanos. Ser patriotas. E eles não se envergonham de sê-lo. Abraços.

Sergio Magno, médico, Rio de Janeiro