Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O professor de inclusão social

A recente afirmação do ministro da Educação, Fernando Haddad, de que o Brasil deve erradicar o analfabetismo até o final desta década reforça a responsabilidade de quem faz a transformação na sala de aula, o professor de língua portuguesa. Em época de eleição, principalmente, quando candidatos e sociedade trocam promessas e cobranças sobre a educação em nosso país, resta a pergunta: o que ocorre na prática no ensino de nossa língua mãe?

Por influências de teorias xenófilas, ou de liberalismos linguísticos, ou ainda de aversão ao ensino dos rudimentos naturais da gramática, uma espécie de comodidade nociva toma conta do ensino da nossa língua nacional. No fundo, pretende-se ‘nivelar por baixo’ e validar todos os falares. Não pretendemos contrariar essa atitude democrática bem-intencionada, mas tornar as linguagens dos que não tiveram oportunidade de estudar como objeto de numerosas aulas e de encartar-se com as estropiadas da língua é consumir valioso tempo em desserviços.

Uma sociedade capaz de dialogar

Outro fator relevante é despertar no aluno o interesse por aqueles conhecimentos básicos para uma comunicação eficiente, seja com o discurso escrito seja com o falado. Com tantas regras, decorebas e irregularidades, qual criança ou jovem vai aprender a gostar da língua portuguesa? Soluções para esta tortura já existem, com a Neopedagogia da Gramática, criada há 30 anos pelo Ipuc, que simplificou ao máximo o ensino de todo o arcabouço gramatical. Isso significa alunos mais interessados, pois conseguem dominar o conteúdo e a compreensão dos porquês de cada regra imposta por inúmeros livros de ensino.

O professor de português deve entender a linguagem simplória dos que não tiveram oportunidade de estudar – e a entende –, mas, prioritariamente, deve trazê-los para o uso da língua nacional. Isso é fazer inclusão. E, assim, o professor de língua portuguesa torna-se um agente de inclusão social, não mais um mero repetidor de conteúdos gramaticais. É preciso pegar-lhes a mão e incluí-los entre os que falam a língua pátria. Assim se forma uma sociedade capaz de dialogar em um mesmo nível de comunicação para que, principalmente, todos compreendam os verdadeiros interesses e propostas de candidatos que falam em educação.

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Diretor do Instituto Pró-Universidade de Canoas (Ipuc), RS