Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

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EUA 2008
Caio Blinder

Imprensa fez apostas erradas na corrida eleitoral americana, 7/1

‘NOVA YORK- Era uma boa previsão que a corrida eleitoral americana seria imprevisível, mas isto não significa que a imprensa pudesse se comportar como barata tonta.

Por estes dias, ela está na fase de excitação, tendo orgasmos com Barack Obama, o aspirante democrata que venceu a primeira etapa em Iowa e espera repetir a dose em New Hampshire na terça-feira. Com o fenômeno republicano Mike Huckabee, o herói da direita religiosa, existe mais pudor da imprensa e um espírito mais crítico. Ainda há muito ceticismo se, apesar do seu sucesso em Iowa, ele poderá repetir o milagre.

De qualquer forma, a imprensa precisa pagar algumas penitências. Como lembra Howard Kurtz, o veterano crítico de mídia do jornal ´The Washington Post´, a imprensa (e a observação vale para o seu próprio jornal), durante grande parte do ano passado tratou Hillary Clinton como inevitável e Huckabee como invisível.

No caso do republicano, havia um tom de condescendência. Huckabee era o político caipira, mais conhecido como o pastor batista, tocador de baixo e que perdera 50 quilos com o regime. A conversa séria envolvia Rudy Giuliani e Mitt Romney, além da constatação sobre o declínio de John McCain.

Já Obama nunca foi invisível. Pelo contrário. Em parte de 2007 recebeu tratamento de roqueiro, mas em certo momento, por volta de outubro, ele perdeu o encanto e passou a ser visto como o moço idealista incapaz de pegar pesado para conter o rolo compressor de Hillary Clinton. A margem de vitória (oito pontos) de Obama em Iowa surpreendeu, mas a imprensa também tem motivos para se constranger com a explosão da bolha Hillary. Afinal, a ex-primeira-dama fora inflada.

As reviravoltas da corrida eleitoral claro que interessam à imprensa. Quanto mais suspense, melhor. Mas a comentarista conservadora Amy Holmes tem uma teoria: a maioria dos jornalistas está torcendo por Obama pois não gosta de Hillary Clinton. E, de fato, sua recuperação não foi tratada com o mesmo escrutínio que marcou a rápida ascensão de Huckabee

Barack Obama inclusive desarma a mídia conservadora pela natureza de sua candidatura. Ele tem uma cativante história pessoal (pai negro do Quênia, mãe branca do Kansas) e sua mensagem de reconciliação nacional e de esperança jovial remete o país aos tempos de Martin Luther King e dos irmãos Kennedy (John e Bob).

A imprensa mais liberal não entende muito alguém com o perfil de Mike Huckabee e até os comentaristas conservadores ficaram imobilizados nos últimos dias pelo fenômeno Barack Obama, na medida em que se prepararam para ir à guerra contra o império do mal de Hillary Clinton

Os ciclos noticiosos e opinativos são cada vez mais vertiginosos. Uma nova vitória de Barack Obama em Nova Hampshire será uma consagração, mas uma outra fonte de excitação será um triunfo de John McCain, tornando Huckabee novamente invisível.’

 

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O Estado de S. Paulo – 1

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