Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Vícios e declarações polêmicas

A ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, dedicou sua coluna de domingo [21/9/08] à cobertura da chapa republicana à presidência americana, formada por John McCain e Sarah Palin. Com a proximidade das eleições, os leitores parecem fiscalizar toda e qualquer matéria sobre seus candidatos, diz Deborah. Na semana passada, um dia após o aniversário de sete anos do atentado terrorista de 11/9, duas matérias de capa sofreram críticas – uma sobre um vício de 20 anos atrás da mulher de McCain, Cindy, e outra sobre uma colocação em um discurso de Sarah Palin.

Cindy

Cindy McCain foi viciada em remédios para dor por duas décadas, e teria curado o vício em 1992. O caso, entretanto, resultou em uma investigação por parte da Federal Drug Enforcement Administration – agência anti-drogas americana – quando ela admitiu ter pegado remédios de uma instituição de caridade que fundou no exterior. Cindy cooperou com o inquérito, que levou ao fechamento da instituição e à perda da licença do médico responsável por ela. A mulher de McCain foi obrigada a reembolsar os custos da investigação, realizar trabalho comunitário e a fazer um tratamento para o vício.

A fonte principal da matéria foi Tom Gosinksi, ex-funcionário da clínica, que teria dito que a família McCain lhe ofereceu US$ 250 mil para que não entrasse na justiça contra Cindy. Muitas das informações sobre o caso haviam sido publicadas anteriormente, porém sem grandes repercussões. A própria Cindy já falou publicamente sobre o vício. Para Deborah, um candidato à presidência perde sua privacidade, e o mesmo acontece com sua esposa. Ainda assim, defende a ombudsman, a matéria poderia ter sido escrita de maneira mais suave.

Sarah

A outra matéria criticava o fato de Sarah Palin ter relacionado os ataques do 11/9 ao Iraque, em um discurso para militares no Alasca. A candidata teria dito que as tropas no Iraque ‘defenderam os inocentes dos inimigos que planejaram a morte de milhares de americanos’. ‘Ligar os ataques ao governo de Saddam Hussein é uma visão anteriormente defendida pela administração de George W. Bush, mas que já foi inclusive rejeitada pelo próprio presidente’, dizia o artigo na primeira versão, divulgada na internet. ‘A declaração de Sarah certamente provocaria reprovação de democratas e republicanos, que optaram por dar uma trégua na campanha para marcar o aniversário dos ataques’. Na versão impressa, publicada no dia 12/9, o trecho que dizia que ambos os partidos a censurariam foi substituído por um que declarava que ‘é amplamente notório que os militantes aliados à al-Qaeda já não estão mais no Iraque, desde a invasão americana’.

Alguns leitores acreditam que a declaração de Sarah foi mal interpretada. ‘Ela estaria alegando que Saddam Hussein teve influência nos ataques do 11/9 ou ela estaria se referindo aos ataques a tropas americanas pela al-Qaeda no Iraque?’, indaga Deborah. A confusão levou cinco dias para ser corrigida. Uma porta-voz de Sarah esclareceu que ela se referiu à al-Qaeda no Iraque.