Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Clóvis Rossi


‘Já que o ministro Aldo Rebelo fez um ‘revival’ de 1954, falando em ‘golpismo’, embarco na onda saudosista para dizer quanta falta faz Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, autor do Febeapá, ou Festival de Besteiras que Assola o País.


Se vivo fosse, Stanislaw teria hoje material para uns 500 festivais por dia tal o nível de besteiras que caracteriza a política brasileira.


O próprio Aldo estaria no Febeapá com a sua alusão ao golpismo. O ministro sabe que, em 1954, havia golpismo porque direita e esquerda disputavam o poder. Hoje, deveria saber que não há disputa entre esquerda e direita porque não há mais esquerda, a não ser residual, e até um comunista como Aldo está no poder, ajudando o governo mais conservador desde a redemocratização do país.


Para que a direita seria golpista se os lucros que auferem os bancos, suspeitos óbvios de financiar golpes, são os maiores da história?


Para o Febeapá, contribuiu, no detalhe, o deputado Fernando Ferro (PT-PE), segundo o ‘Painel’ desta Folha. Em vez de negar que o governo seja um ‘peru bêbado’, conforme disse Fernando Henrique Cardoso, Ferro preocupou-se apenas em ‘esclarecer’ que peru bêbado é o de Natal, não o do Carnaval. Agradecemos a aula, mas não seria mais importante demonstrar que o governo não é ‘peru bêbado’ nem no Natal, nem no Carnaval, nem nas festas juninas?


O principal partido de oposição, o PSDB, também forneceu sua contribuição para o Febeapá-2005 com o slogan para a pré-campanha presidencial de Geraldo Alckmin: ‘O Brasil precisa de um gerente: Geraldo presidente’.


Não, o Brasil não precisa de um gerente. Precisa de um presidente, de um estadista, não de um burocrata incapaz de ter uma idéia, uma só idéia que seja, diferente das óbvias, que, até agora, só o condenaram ao subdesenvolvimento.


Volta, Stanislaw, volta.’



Flávia Marreiro


‘Kotscho defende CPI e vê ‘fim de feira moral’ no país’, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05


‘Ex-secretário de Imprensa da Presidência e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de 20 anos, o jornalista Ricardo Kotscho defendeu ontem a criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção.


‘Eu como cidadão, como jornalista, como petista, como eleitor do PT, sou a favor. Quanto mais se investigar e limpar este país, melhor.’ Kotscho, que deixou o governo em novembro de 2004, fez ponderações em relação à defesa da CPI pelos petistas: ‘Insisto neste ponto: quem é governo tem responsabilidade de governo’.


Questionado que ‘responsabilidades’ justificariam o combate à CPI, disse: ‘Se o governo agir no sentido de pegar as pessoas envolvidas, fazer inquéritos para valer, como muitas vezes aconteceu, não haveria necessidade da CPI, que tem um ingrediente político’.


‘Fim de feira moral’


Em artigo publicado ontem no site Nominimo, Kotscho identificou no país um clima de ‘fim de feira moral’ com a enxurrada de denúncias (leia a íntegra abaixo): ‘Você pega os jornais e não sobra pedra sobre pedra no cenário político, pinta um clima de fim de feira moral, de desesperança, de indignação, de salve-se quem puder, tudo ao mesmo tempo’.


Questionado se essa deterioração moral incluía o governo, disse: ‘Estou falando do noticiário e o noticiário é geral, pega tudo. Não é uma avaliação minha’.


No artigo, afirma que ele e ‘amigos do governo’ demoraram para ver a mudança, para pior, no ‘conjunto da obra’ no país. À reportagem, ele disse que o Planalto ‘demora’ para perceber o impacto do noticiário negativo, porque ele perde peso quando chegam notícias boas ao gabinete. ‘Precisava ter outros instrumentos para perceber essas coisas mais depressa.’ Sobre reflexos da crise, disse: ‘Só se vai ter uma avaliação verdadeira na eleição do ano que vem’.’



Ricardo Kotscho


‘O vento virou e eu não percebi’, copyright Nominimo.Com.Br IN Folha de São Paulo, 25/05/05


‘Céu azul e mar calmo, desses que chamam de almirante. Saímos cedo de Itapema para o passeio de barco até a ilha de Anhatomirim, na baía de Florianópolis, onde havia um forte que nunca foi usado e virou atração turística. Bem antes do combinado, em meio ao almoço, o velho barqueiro, que havia nos levado à ilha para passar o dia, voltou assustado e gritou: ‘Vamos embora que o vento virou! Tem que ser já!’.


Em segundos, Mara, minha mulher, o casal de amigos Décio e Lori Moser, nossas filhas e eu pulamos no barco e partimos de volta, sem tempo nem para perguntar nada. O céu pretejou de repente, ondas enormes se formavam à nossa frente, a chuva de vento veio forte e não se enxergava nada, muito menos terra à vista. O barquinho ziguezagueava meio à deriva, subindo e descendo as ondas, o motor rateando, o filho do barqueiro ajudando a abrir caminho com o remo. O passeio virou um tormento. Só me restava rezar. Nunca passei tanto medo na minha vida.


Uma eternidade de meia hora depois, já na praia, o homem que nos salvou a vida e a dele, um pescador de barba branca que pensava saber tudo do mar, benzeu-se, beijou o filho e confessou que nem ele tinha visto coisa igual. Tomamos uma garrafa de cachaça no gargalo e, refeito do susto, comecei a pensar como o nosso destino pode mudar de uma hora para outra, dependendo da vontade do vento e de como reagimos à mudança do tempo.


Por que esse episódio me veio à lembrança enquanto tomava um café na bucólica alameda Lorena, perto de onde moro, bem longe do mar? É que li, numa pequena nota na coluna de Tereza Cruvinel, em ‘O Globo’: ‘Aqui em Brasília, o tempo virou de vez: chegaram juntos o frio, a seca e o pico da febre política que acomete o governo desde fevereiro’.


Nem faz tanto tempo, foi no começo de abril, neste mesmo canto do NoMínimo, escrevi um artigo com o título ‘Bons tempos, esses’. Era sobre um jantar na casa do escritor Fernando Morais em que reencontrei velhos amigos e um baita alto astral, um pessoal de bem com a vida. Saí de lá feliz e resolvi contar uma história diferente, sei lá. Queria apenas fazer um contraponto, cair fora da mesmice da desgraceira geral, mostrar que, apesar dos juros, da corrupção e da violência, também tinha coisa boa acontecendo, mas os leitores não gostaram.


Recebi uma tonelada de críticas, algumas até grosseiras. Faz parte do ofício. Ao contrário do que acontecia nos jornais e nas revistas em que trabalhei, onde eram raras e demoravam a chegar as cartas de leitores sobre o nosso trabalho, agora na internet a reação é imediata, fulminante. Deu para sentir que o pessoal anda tão bravo com a situação que não admite alguém falar em coisa boa.


Ao bater de frente com o assustador noticiário dos últimos dias e a nota da Tereza Cruvinel, fui entender a justa revolta dos leitores comigo: o vento virou e só eu não percebi -eu e muitos amigos do governo em que trabalhei nos últimos dois anos. Trancado para escrever no apartamento, de onde só tenho saído para buscar a neta no berçário e dar algumas voltas no quarteirão, não me dei conta da radical mudança no tempo, que virou de vez o humor das pessoas. De volta à realidade, como escrevi outro dia, acabei me afastando dela, como notaram os leitores. Chove, depois de longa estiagem, os dias andam cinzentos e as noites paulistanas não convidam a sair de casa.


Procuro descobrir onde foi, em que momento a coisa virou, pois não se trata de um fato ou outro, isoladamente, mas do conjunto da obra. A inflação continua sob controle, a economia, as exportações e os juros crescendo, o desemprego diminuindo, os números não mudaram. De repente, porém, você pega os jornais e não sobra pedra sobre pedra no cenário político, pinta um clima de fim de feira moral, de desesperança, de indignação, de salve-se quem puder, tudo ao mesmo tempo. É um velho filme que não gostaria de ver mais, mas que voltou às telas da vida.


Dá para ficar assustado, como aquele dia no mar de Santa Catarina. O pior é que não há sinais de terra à vista e, em meio à tempestade, está cada um remando para um lado, querendo se salvar sozinho. Nessa hora, como diria o experiente pescador, muita calma -em vez de buscar um culpado, talvez seja melhor procurar uma saída. Afinal, estamos todos no mesmo barco.


Ando numa fase de lembranças. Outro dia, quando li sobre a ida da Ana Paula Padrão para o SBT, me recordei de um episódio acontecido durante a campanha presidencial de 2002. O candidato Lula e o então presidente nacional do PT, hoje ministro José Dirceu, foram visitar Sílvio Santos, o dono da segunda maior rede de TV do país.


Lá pelas tantas, entre uma gargalhada e outra, Sílvio começou a explicar por que o jornalismo tinha sumido da grade de programação da emissora: dificuldades para contratar um(a) âncora.


‘Você não sabe, Lula, como é difícil. Gosto muito dessa Ana Paula Padrão, da Globo. Ofereci a ela R$ 150 mil por mês! Quatro vezes mais do que ela ganhava lá! Aí deram um aumentinho pra Ana Paula na Globo, e ela acabou não vindo…’


Depois de falar de outros convites feitos e não aceitos, o homem do baú revelou que chegou a pensar em importar um âncora da Argentina (isso muito antes de Tevez & Cia. no Corinthians).


‘Conheci um apresentador de telejornal argentino fantástico. Um homem bonito, você precisava ver, voz forte, dicção perfeita. Mas ele não falava português…’


Era só o que faltava: um telejornal com legendas.


Três anos e muitas mudanças de vento depois, Ana Paula acabaria aceitando o convite de Sílvio Santos. Ricardo Kotscho é jornalista e ex-secretário de Imprensa da Presidência da República’



Daniel Castro


‘Lula telefona a Raul Gil e agradece ‘força’’, copyright Folha de S. Paulo, 24/05/05


‘Apesar da turbulência política da última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tirou parte da tarde de sábado para assistir, na Granja do Torto, ao ‘Programa Raul Gil’ (Record).


Por volta das 13h, Lula pediu para um assessor da primeira-dama entrar em contato com a Record. Queria falar com Raul Gil, o que ocorreu uma hora depois.


‘O presidente estava vendo o programa e ligou para agradecer por eu ter dado uma oportunidade ao garoto Luan [Peterson, 9 anos]’, afirma Raul Gil. Há dois meses, em evento em Erechim, Lula viu Luan cantar. Ao discursar, disse que Raul Gil deveria dar uma chance ao menino.


Luan foi duas vezes ao ‘Programa Raul Gil’. E vai voltar. O apresentador aproveitou a ‘oportunidade’ e contratou o calouro, que irá participar de CD de seu selo.


‘O Lula me disse que não perde um programa quando está no país. Sabe até o nome dos calouros. Falou que dona Marisa estava me mandando um beijo’, diz Raul Gil. O animador afirma que não conversou sobre política nem convidou o presidente a ir ao seu programa. ‘Achei que ele ficaria sem graça de ter que dizer não.’


A assessoria de Lula confirma que ele ligou para Raul Gil.


OUTRO CANAL


Castelo Vai se chamar ‘Cicarelices’ o novo programa que Daniella Cicarelli apresentará na MTV a partir de 26 de junho. Na atração, Cicarelli usa disfarces para se passar, por exemplo, por balconista de padaria.


Azedou Parceira da Globo nos EUA, a Telemundo pediu para anunciar ‘América’ como sua próxima atração ao mercado publicitário americano. A Globo não deixou, porque a rede hispânica tem exibido suas novelas de manhã.


Miau Teve até festa com bolo na Rede TV!. No domingo, o ‘Late Show’, sobre bichos, ficou em terceiro lugar no Ibope durante nove minutos.’



ELIAS MALUCO CONDENADO


Zuenir Ventura


‘Falta a Justiça’, copyright O Globo, 25/05/05


‘Nunca é demais lembrar que o julgamento de Elias Maluco, que começou ontem, tem um significado especial não só por causa do crime em si, um dos mais bárbaros já cometidos no Rio, mas também pelas agravantes que o cercaram. Foi, por exemplo, graças a um hábeas-corpus que o traficante pôde assassinar o jornalista Tim Lopes. Acusado de 60 homicídios e respondendo a seis processos por tráfico e seqüestro, com 14 registros policiais e 11 mandados de prisão, ele cumpriu pena de 1996 a 1999.


Foi solto não por já ter expiado a culpa, mas porque ultrapassara o tempo permitido à espera de julgamento, ou seja, em função da lógica e das tecnicálias jurídicas. Em três anos, o sistema judicial não foi capaz de produzir uma sentença condenando-o. Numa confissão de impotência do Judiciário, o então presidente do Tribunal de Justiça declarou que o bandido fora libertado ‘depois de esgotadas todas as possibilidades de mantê-lo na cadeia’. Mesmo diante de uma folha corrida como a dele, apesar da ameaça que representava para a sociedade, a Justiça não encontrou meios de mantê-lo confinado numa prisão.


Em liberdade, Elias Maluco, assim chamado pelos próprios comparsas por causa de sua crueldade sem limites, comandou ou planejou ações que aterrorizaram a cidade: ataques a prédios públicos, atentados com bombas e granadas, invasões de delegacias (em um dos ataques planejados por ele, uma carreta derrubou o muro da Polinter, libertando 14 presos). O crime inaugurava uma fase de afronta às autoridades. A sensação era de que o Maluco vencera – era mais esperto do que a polícia, mais inteligente do que a Justiça, mais forte do que a imprensa, mais poderoso do que os poderes institucionais.


Sua captura pela Operação Sufoco, no entanto, foi um modelo de ação policial. Usando inteligência e munida de mandados judiciais, a Polícia Civil promoveu um cerco implacável à favela onde ele se refugiara e, com a ajuda dos moradores, que denunciaram o seu esconderijo pelo Disque-Denúncia, prendeu-o sem precisar dar um tiro. Descalço e de bermuda, cabeça baixa, barriga à mostra, o traficante com fama de valentão, que executou Tim Lopes cortando-o com a lâmina de uma espada, foi preso como um bandido pé-de-chinelo, desmoralizado e implorando clemência: ‘Não esculacha, não.’


O suplício e a morte de Tim constituíram um trágico marco. A exemplo de seu colega Vladimir Herzog durante a ditadura militar, ele foi o repórter-mártir da ditadura do tráfico. Com indignação, a sociedade, a imprensa, as instituições em geral fizeram a sua parte. Falta a Justiça. Que pelo menos ela cumpra agora o seu lema de que tarda, mas não falha.’



Luiz Ernesto Magalhães


‘Elias Maluco se nega a depor no julgamento’, copyright O Globo, 25/05/05


‘O traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, principal acusado do assassinato do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, na Favela da Grota, no Complexo do Alemão, em junho de 2002, começou a ser julgado ontem. Foi montado um forte esquema de segurança para levar o traficante do Complexo Penitenciário de Bangu até o 1Tribunal do Júri, no Fórum do Centro do Rio. Pelo menos sete carros da polícia e um helicóptero fizeram a escolta. Cerca de 48 policiais foram deslocados para o local, além de equipes do Getam e do Bope.


Diante do juiz Fábio Uchôa Pinto de Miranda Montenegro, Elias Maluco se negou a depor no 1 Tribunal do Júri, afirmando que todos os esclarecimentos poderiam ser feitos por seus advogados, Célio de Carvalho Maciel e José Maurício Mezille de Castro Júnior. Elias, que fez 39 anos ontem, disse que é pai de dois filhos e trabalhava como pintor de automóveis.


Os advogados de Elias Maluco decidiram dispensar as cinco testemunhas de defesa. Com isso, o tempo do julgamento não deve passar de hoje, segundo a previsão do juiz.


– Dispensamos as testemunhas pois não há provas de que Elias Maluco esteja envolvido no crime. A acusação se baseia em reportagens – disse o advogado Célio Maciel.


Já o Ministério Público optou por exibir parte de fitas com reportagens de TV sobre o Complexo do Alemão, onde Elias Maluco chefiava o tráfico.


A promotora Viviane Tavares Henriques apresentou gravações de depoimentos de três acusados de pertencer à quadrilha de Elias Maluco. Um deles, de Elizeu Felício de Souza, o Zeu, que disse ter recebido ordem de André Capeta, hoje morto, de Elias Maluco e de Maurício de Lima Matias para comprar gasolina e óleo diesel num posto de gasolina próximo à favela. Tim Lopes, depois de morto, teve seu corpo queimado.


Segundo a acusação, Zeu participou da sessão de tortura de Tim Lopes. O primeiro dia de julgamento foi acompanhado por Alessandra de Araújo Wagner, viúva de Tim Lopes.


– A família quer justiça, embora nada vá trazer o Tim Lopes de volta – disse André Martins, cunhado de Alessandra.


Pessoas interessadas no caso e estudantes de direito fizeram fila na entrada do tribunal durante todo o dia de ontem.’



***


‘Delegado foi ouvido’, copyright O Globo, 25/05/05


‘Três testemunhas de acusação prestaram depoimento no tribunal. O primeiro a ser ouvido foi o delegado Carlos Henrique Machado, titular da Delegacia de Homicídios da capital, que, na época do crime, tomou o depoimento de Zeu e participou das operações de resgate dos restos mortais de Tim Lopes na Favela da Grota. Ele disse que Zeu em nenhum momento foi coagido a falar e que, apenas por conta da repercussão do caso, decidiu levá-lo a exame de corpo de delito na ocasião.


As outras duas testemunhas foram dois jornalistas da TV Globo, que acompanharam depoimentos de integrantes da quadrilha de Elias Maluco à polícia. Um deles disse que ouviu Fernando Sátyro da Silva dizer que Tim Lopes foi morto com um golpe de espada desferido por Elias Maluco, que foi o que mais o impressionou. O jornalista, que era amigo de Tim há 15 anos, disse que o depoimento foi tomado pelo delegado Sérgio Falante.’



FURO FÁCIL


Ivson Alves


‘‘Nos lençóis macios…’’, copyright Coleguinhas, Uni-vos!, 24/05/05


‘Patrícia Kogut fura a concorrência hoje informando que Christiane Pelajo e William Waack vão substituir Ana Paula Padrão na bancada do Jornal do Globo. É a legítima informação de alcova. Patrícia é mulher de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo e, portanto, uma das pessoas que decide sobre a questão.’



FSP CONSTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Banco Santos ‘, copyright Folha de S. Paulo, 24/05/05


‘‘A respeito da coluna ‘Enquadrando os ‘offshores’, assinada pelo jornalista Luís Nassif (Dinheiro, 10/5), julgo oportuno apresentar os seguintes esclarecimentos. A intervenção no Banco Santos foi efetuada sob o fundamento do art. 15, parágrafo 1º, da lei nº 6.024, de 1974, no momento em que o Banco Central entendeu configurados os pressupostos para a adoção da medida, levando em conta a hipótese de normalização dos negócios da instituição e a preservação dos interesses do mercado financeiro e dos investidores ante a disposição anunciada pelo controlador no sentido da transferência do controle da sociedade. A liqüidação extrajudicial da instituição financeira foi decretada em decorrência do relatório apresentado pelo interventor que demonstrava uma situação patrimonial agravada pela incorporação de passivos desconhecidos no momento da intervenção. Essa circunstância acabou por levar ao encerramento das negociações entre credores da instituição e seu controlador na busca de uma eventual solução de mercado, como de princípio havia sido anunciado. O transcurso do tempo relativo à medida de intervenção até a superveniente decretação da liqüidação extrajudicial não se traduz em benefício do controlador ou de qualquer administrador do Banco Santos. Com a intervenção, foram todos afastados da administração da instituição e ficaram com seus bens indisponíveis -como ainda se encontram e permanecerão durante o processo de liqüidação extrajudicial. Sobre a referência feita a empresas ‘offshore’, tal questão foge à competência do Banco Central, pois tais entidades se subordinam a outros ordenamentos jurídicos, razão pela qual eventuais práticas irregulares serão mais bem apreciadas pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário no curso da análise do relatório da comissão de inquérito constituída na forma do art. 41 da lei nº 6.024, anteriormente citada.’ Antonio Gustavo Matos do Vale , diretor de Liqüidações e Desestatização do Banco Central (Brasília, DF)


Resposta do jornalista Luís Nassif – Com a interligação dos sistemas bancários internacionais, o dinheiro roubado vai sendo distribuído por milhares de contas, o que dificulta a sua recuperação. A rapidez, portanto, é fundamental para a recuperação do dinheiro desviado. A fiscalização do Banco Central estava consciente disso quando protelou o inquérito aguardando uma proposta fajuta de recuperação do banco.


Hipocrisia


‘Parabenizo o jornalista Rogério Gentile pelo artigo ‘A vitrine bagunçada de Geraldo Alckmin’ (Opinião, 23/5). Realmente parece que em nosso país há uma hipocrisia, que é o PSDB criticar a maneira petista de governar. Gostaria de saber onde estão a eficiência e a competência que os tucanos dizem possuir. O lamentável desempenho do prefeito José Serra, as crises (quase cotidianas) na Febem e a situação crítica dos hospitais universitários estaduais nos mostram outra realidade. Acho que, nesse caso, aquele velho dito popular está correto: ‘É o roto falando do rasgado’.’ Osmar Ferreira Rangel Neto (Campinas, SP)


Da rua ao manicômio


‘Parabenizo as repórteres Laura Capriglione e Marlene Bergamo pela sensível reportagem ‘O morador de rua que irritou um bairro e acabou no Pinel’ (Cotidiano, 22/5). O texto demonstra claramente a ‘preocupação social’ de nossas elites e a política de saúde praticada pelo atual prefeito e ex-ministro, José Serra.’ Maria Eliane dos Santos (Sorocaba, SP)


‘Um beijo e a bênção de uma bisavó para Laura Capriglione e Marlene Bergamo pelo tapa com luva de pelica que deram nos ‘cheirosos’ da praça Pereira Coutinho, que, não suportando o ‘perfume’ do senhor Manoel Menezes da Silva, ocupante de um metro e meio da citada praça, o hospedaram no Pinel com a ajuda do mais recente plano de limpeza urbana da cidade de São Paulo, que foi posto em prática por seus assistentes sociais sob o título ‘institucionalização’. Nada mais me surpreende no Brasil. Tudo só me apavora e aterroriza.’ Neneca Motta Mello (Serra Negra, SP)


‘Em relação à reportagem ‘O morador de rua que irritou um bairro e acabou no Pinel’, gostaria de esclarecer que a política municipal para a assistência social em nenhum instante privilegia a institucionalização de pessoas. Temos, sim, o enorme desafio de buscar responder à questão dos moradores em situação de rua com oferta de serviços compatíveis com a sua dignidade. A reportagem valeu-se da mistificação de um personagem e em nada contribuiu para uma verdadeira reflexão sobre o tema. Essa questão torna-se ainda mais complexa quando se trata de moradores de rua com distúrbios mentais. A estratégia desta secretaria é garantir o acesso da população de rua aos programas públicos de atendimento, priorizando o encaminhamento a centros de referência, como é o caso do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (Caism), que segue os princípios estabelecidos no programa nacional da saúde mental. Não só reconhecemos os avanços desse programa mas nos colocamos como seus parceiros. Se os serviços oferecidos ainda não estão a contento, continuar relegando a população em situação de rua ao mais absoluto abandono não é condizente com uma administração pública responsável. A política desta secretaria visa garantir o acolhimento dessas pessoas nos serviços que oferecem uma rede articulada de práticas e cuja missão é promover a autonomia e a inclusão social.’ Paula Giuliano Galeano, secretária-adjunta da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (São Paulo, SP)


Resposta da jornalista Laura Capriglione – Em entrevista gravada, o secretário Antonio Floriano Pesaro disse que o principal objetivo de sua secretaria é ‘institucionalizar os moradores de rua e fortalecer a rede socioassistencial de acolhimento’.’