Monday, 27 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1289

Conselho da Fundação Padre Anchieta tem eleição adiada


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 11 de maio de 2010


 


TELEVISÃO


Laura Mattos


Conselho da TV Cultura tem eleição adiada


‘Um impasse marcou, na manhã de ontem, a votação para a presidência do conselho da Fundação Padre Anchieta, que administra a TV Cultura.


Jorge da Cunha Lima, que deixa o cargo após ter cumprido dois mandatos, indicou como seu sucessor o professor Moacyr Expedito Marret Vaz Guimarães, decano do conselho. Na semana passada, à coluna ‘Mônica Bergamo’, Cunha Lima afirmou: ‘Ela será muito importante porque, desta vez, o governo não interferiu na escolha do conselho. Pelo menos esse cargo poderemos indicar livremente’. Sayad foi indicação direta do governo de São Paulo.


Mas a sugestão de Cunha Lima causou discordância entre conselheiros. Alguns apoiaram Carlos Vogt, secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo, pasta criada pelo então governador, José Serra.


Vogt foi considerado durante meses candidato único à presidência do conselho da fundação, até surgir a recente articulação em torno de Guimarães. Diante do impasse, a eleição foi adiada. Será marcada uma assembleia extraordinária até 14 de junho, data da posse de Sayad. A intenção, segundo a Folha apurou, é a tentativa de articular um acordo de consenso entre os conselheiros.


A Fundação Padre Anchieta soltou ontem uma nota em que diz que houve ‘questionamentos jurídicos relativos a uma segunda candidatura apresentada’. O texto, não assinado, foi escrito por Cunha Lima.


Segundo a assessoria, conselheiros questionaram se Vogt poderia acumular as funções de secretário do Estado e de presidente do conselho, que é remunerada desde 2004. A questão não está prevista no estatuto da fundação.


Constrangedor


Como era esperado, o secretário da Cultura, João Sayad, será o novo presidente da fundação, ocupando a cadeira que até então era de Paulo Markun. Tomará posse em 14 de junho para um mandato de três anos.


Markun, que era cotado como candidato único e foi pego de surpresa pelo apoio do governo a Sayad, teve breve fala de despedida ontem, e o clima foi constrangedor. O nome de Sayad foi ratificado após votação favorável de 35 dos 39 presentes.


Colaborou CLARICE CARDOSO, da Reportagem Local’


 


 


‘Esporte Interativo’ vai virar canal UHF


‘A partir do dia 10 de junho, o ‘Esporte Interativo’ se transforma em um canal UHF em São Paulo. Até então, a programação esportiva da emissora era exibida via internet, celular e parabólica e, no caso de alguns jogos de futebol, em rede com canais como a Gazeta e a Band.


Com o lançamento, o grupo espera atingir público estimado de 90 milhões de pessoas se somados os de todas as plataformas em que está disponível.


O ‘Esporte Interativo’ detém os direitos de transmissão de campeonatos como o alemão e o português, da Supercopa da Espanha e das finais das copas da Espanha, da Inglaterra e da Alemanha, além de também levar ao ar competições olímpicas.’


 


 


Gustavo Villas Boas


‘Flashforward’ muda e ganha fôlego para tentar sobreviver


‘‘Flashforward’ não conhece o futuro. Por causa da audiência capenga nos EUA -o mais recente episódio foi visto por 4,6 milhões, contra 12,5 milhões do piloto- a segunda temporada não foi confirmada.


Mas a favor da continuidade está o fato de ter sido vendida a mais de cem países, e o sucesso comercial pode ajudar.


Para ajustes, ‘Flashforward’, já chamada de ‘novo ‘Lost’, ficou quatro meses em ‘férias’ -aqui foram duas semanas.


Voltou com chacoalhões, mas segue centrada no agente do FBI Mark Benford (Joseph Fiennes), que investiga o apagão em que quase todos os humanos viram o futuro. ‘Revelation Zero’, exibido hoje no AXN, traz revelações.


(Atenção, algumas vêm a seguir.) Uma boba: Benford verá o quão próximos estão a mulher, a médica Olivia (Sonya Walger), e Simcoe (Jack Davenport). E descobre-se quem é e o que fazia o ‘Suspeito Zero’ -que tem companhia.


Mas persiste a impressão de que ‘FlashForward’ é um ‘pot-pourri’ de séries. Como ‘Lost’, discute livre-arbítrio e mundos paralelos. O hospital parece o de ‘House’ e Benford pode ter sido treinado por Jack Bauer.


Ele não se furta em meter o pé na porta para salvar o mundo.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


A militarização


‘Na capa do ‘Agora’ de ontem, com foto, ‘Entregador de pizza e pai de uma menina de três anos, Alexandre dos Santos morreu por asfixia e traumatismo’ ao ser atacado por quatro PMs.


Ao longo do dia, do portal G1 ao ‘Jornal Nacional’, a Globo deu manchetes para a notícia de que o ex-capitão PM Antonio Ferreira Pinto, secretário de Segurança, afastou auxiliares por não terem ‘comando da tropa’. Na escalada do ‘JN’, ‘Mais um assassinato cometido por PMs’. Abrindo a reportagem, de William Bonner para Fátima Bernardes, ‘O rapaz foi espancado na frente da mãe’.


A Band mostrou de passagem. O apresentador José Luiz Datena falou que ‘pior que bandido é quem usa farda e é bandido’ e cobrou punição ‘para não sujar a imagem da corporação, que é gloriosa’.


JOSÉ SERRA VS. GLOBO


Jornalista da Globo, Míriam Leitão deixou José Serra ‘irritado’, como descreveu o G1, com uma pergunta sobre intervenção no Banco Central, pela manhã na rádio CBN. A reação do ex-governador começou com ‘Você acha isso, que o BC nunca erra? Tenha paciência’. Prosseguiu com ‘Monta-se um grupo acima do bem e do mal e qualquer criticazinha já vem algum jornalista, já vem outro, ficam nervosinhos’. Mais à frente, ‘Você e o pessoal do sistema financeiro podem ficar absolutamente tranquilos’. E mais, ‘Mas que bobagem, o que você está dizendo, vai me desculpar, é uma grande bobagem’. E mais, ‘Ah, tenha paciência’. Por fim, para o âncora Heródoto Barbero, com impaciência, ‘Vamos adiante?’. E acabou.


LÁ E CÁ


A capa do argentino ‘La Nación’, com foto de pichação na Grécia que remetia à crise da dívida da Argentina, anotou a solidariedade e o medo -e ecoou até no ‘Financial Times’, este lembrando que os problemas argentinos ainda não acabaram


CRISE DA DÍVIDA DOS EUA?


Em destaque no ‘Financial Times’ e ecoando nos EUA, por Drudge e demais, o colunista Clive Crook avisou que a ‘América tem bons motivos para se preocupar com a Grécia’ (ilustração acima). Até concorda que os EUA não são a Grécia, ‘mas a Califórnia pode ser’. O ‘Investor’s Business Daily’ vai pela mesma linha e, também ecoando, noticia que a agência de classificação ‘Moody’s diz que choque da dívida dos EUA pode chegar já em 2013’. Mas é mais provável para 2018.


ÁRABES NOS PORTÕES


A organização Americas Society, de Nova York, destaca em análise que ‘O Oriente Médio vem à América Latina’. Mais precisamente, ao Brasil. Avisa que ‘a atenção focada na China permitiu que esta outra fonte de investimentos passasse quase despercebida’. O comércio do Brasil com países árabes, ‘grupo maior do que só o Oriente Médio’, saltou para mais de US$ 20 bilhões, dois anos atrás, com os Emirados Árabes Unidos como maior parceiro, mas também Arábia Saudita. E mais o Irã.


O ‘Americas Quarterly’ publica também dois artigos, um do assessor do governo brasileiro Marcel Biato, em defesa da mediação com o Irã, e outro de um jornalista da ‘Jane’s’, Alex Vatanka, contra.


LUSO-AFRO-BRASILEIRO


Na sua cobertura da premiação de Lula como ‘Campeão do Mundo na Batalha Contra a Fome’, ontem pela ONU, a estatal Agência Brasil destacou que o ‘Diretor da FAO diz que Fome Zero deve ser exportado para a África’, agora, com financiamento da organização. Também da agência, ‘Universidade Luso-Afro-Brasileira será construída até o fim do ano, afirma Lula’.


BRASIL, NÃO


O ‘New York Times’ deu longa reportagem contra o asfaltamento da estrada que liga a Guiana ao Brasil e ‘molda debate sobre o futuro’ do país -se ligado ou não ao ‘grande vizinho, 200 vezes maior’. Ouviu ambientalistas.’


 


 


CAMPANHA


Plínio Fraga


Mamãe urso na TV


‘Dilma Rousseff apareceu na TV no final de semana, do Dia das Mães, rodeada de mulheres, fazendo um discurso sobre a urgência de combater o crack, que está esvaindo em fumaça parte da juventude brasileira.


Num olhar apressado, sua fala na inserção publicitária petista parece extemporânea, como se sua campanha tivesse aderido ao projeto de ‘viajar na maionese’ anunciado pelo aliado (ou ex-aliado?) Ciro Gomes. Era uma propaganda de absorção difícil, apoiada em três palavras: ‘autoridade, carinho e apoio’. A pré-candidata encerrava: ‘Vamos vencer essa luta, e nós mães vamos estar na linha de frente’.


Foi uma mensagem dirigida ao segmento do eleitorado que tem apresentado grande resistência a Dilma, o das mulheres. O PT usou o fantasma do crack para tentar atingir esse estrato social por meio daquilo que qualquer mãe de qualquer classe social mais preserva, os filhos. Apelativa? Com certeza. Eficiente? É difícil antecipar.


O PT carrega consigo uma imagem pouco atraente ao eleitorado feminino. Lula sempre teve mais votos entre homens do que entre mulheres.


Uma célebre propaganda eleitoral americana de 1984 mostrava um urso caminhando pela floresta. Dizia que muitas pessoas achavam que o urso era dócil, outras, perigoso. E ainda havia aqueles que duvidavam da própria existência dele. Encerrava dizendo que, quem quer que estivesse correto, era momento de apoiar alguém forte como um urso. Este alguém, revelava-se no final, era Ronald Reagan, o mais anticomunista dos presidentes americanos da era recente.


Uma boa propaganda pode transmitir como correta até uma ideia duvidosa. A inserção de Dilma sobre o crack é uma espécie de mamãe urso: assusta para poder oferecer a mão pesada como apoio.’


 


 


MÍDIA


Comissão americana anuncia proteção à cópia de filmes


‘A Comissão Federal de Comunicação (agência governamental independente) dos EUA anunciou na sexta-feira uma mudança no sistema de exibição de filmes vendidos ‘sob encomenda’.


O modelo, conhecido como video-on-demand’, não permitirá mais que o conteúdo seja copiado ou visto novamente após determinado período. O sistema de venda desse conteúdo usa uma página na TV (ou em outros dispositivos de acesso) como plataforma para que os assinantes escolham vídeos.


A aprovação do projeto foi interpretada como uma vitória para os grandes estúdios de cinema e produtoras de vídeos, que pediam a restrição havia pelo menos dois anos. Apesar disso, a vitória do setor é parcial. A comissão determinou algumas restrições à atuação das empresas.


Clientes que adquiriram o direito de assistir a um conteúdo sob demanda só poderão ser bloqueados após três meses. Filmes que forem lançados em DVD terão acesso livre pelo sistema.


Com o ‘New York Times’ e agências internacionais’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


(www.estadao.com.br)


Terça-feira, 11 de maio de 2010


 


TELEVISÃO


Laura Greenhalgh


João Sayad fala sobre seus planos para a TV Cultura


‘Deu o que era esperado. O economista João Sayad, 64 anos, que há poucos dias anunciou seu desligamento da Secretaria de Estado da Cultura, é o novo presidente da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV e das rádios Cultura.


Sayad foi eleito para o cargo na manhã de segunda-feira, 10, com 35 votos do conselho da fundação, constituído de 47 membros (4 abstenções e 8 faltosos). Sucede o jornalista Paulo Markun, cuja gestão, embora inovadora, vinha colecionando críticas – algumas supostamente atribuídas ao ex-governador José Serra, hoje em campanha presidencial.


Nesta entrevista exclusiva ao Caderno 2, Sayad não entrega nomes, nem revela situações, mas confirma o descontentamento com a gestão Markun que, para uma parte do conselho, pecava pela falta de foco. O eleito já traça linhas de trabalho: quer rediscutir a missão da TV Cultura (nada terá de parecido com o projeto da TV Brasil, que considera estatal e ‘irrelevante até o momento’), declara seu interesse por um jornalismo mais incisivo e menos politicamente correto, e admite disposição para enfrentar imbróglios trabalhistas de uma fundação pública de direito privado que muitas vezes passa por autarquia: ‘Tentarei me livrar dessa ambiguidade.’


Quando sua candidatura se viabilizou?


Há pouco tempo fui chamado pelo governador (Alberto) Goldman para lhe dar um relato do que fora feito na secretaria. Ele então me perguntou sobre a TV Cultura e respondi o que penso: vejo um grande problema jurídico, com passivo trabalhista, sem falar no problema substantivo, ou seja, do que a TV Cultura deve se ocupar. Markun avançou, mas, a meu ver, menos do que deveria. Em outra conversa, o governador me perguntou se eu queria ir para a TV Cultura e eu disse que sim.


Comenta-se que sua candidatura fez parte de uma acomodação política, por ser mais ligado ao ex-governador Serra do que ao ex-governador Alckmin.


Isso é bobagem, para usar um termo educado. A TV Cultura não é o Metrô, nem a PM, nem a Guarda Nacional… e eu não me tomo por homem de partido, fui inclusive secretário municipal do PT. Sou amigo do Serra, mas nada tenho contra Alckmin. Essa interpretação que vi nos jornais parece falta de assunto. Também se disse que houve uma acomodação para o Andrea Matarazzo me suceder na secretaria. Ora, é um ônus para ele assumir uma pasta nos meses finais do governo, com tanta coisa em andamento. Também já ouvi que eu assumiria para blindar a TV Cultura. Blindar o que, de quem? Você também poderia me perguntar: por que deixar agora a Secretaria da Cultura, com várias inaugurações previstas, e assumir um desafio tão complicado?


E por quê?


Porque as reformas que posso fazer à frente da fundação completam o ciclo de inovações que fiz na secretaria. Gosto de ser administrador público e preciso trabalhar. Mas não preciso deste emprego, especificamente.


Como avalia a gestão de Markun?


Ele fez muita coisa. Tentou organizar a programação, resolveu problemas administrativos e as críticas que fazia à gestão dele, como conselheiro que eu era da fundação, refletem minha forma de trabalhar. Sei que faço críticas incômodas. E há um traço meu: detesto o ‘politicamente correto’. Discursos por cidadania, sustentabilidade, dignidade, tudo isso me soa vazio. Continuo sendo um professor ranzinza que, ao ouvir esse tipo de conversa, provoca: ‘Mas do que você está falando?’ Numa reunião, um conselheiro da fundação começou a reclamar da baixa audiência da TV Cultura. Discordei. TV pública deve oferecer um bem público. O que é bem público? Algo que, mesmo não o ‘consumindo’, você quer saber que existe e está lá. Como Justiça, segurança pública, etc. Se nossa preocupação com audiência for dominante, então chamemos o Ratinho. Ele, sim, alavanca.


Audiência não será a preocupação?


Não pode ser a maior preocupação, até porque não é só a TV Cultura que vem perdendo audiência, o fenômeno é generalizado. Difícil hoje é definir o espírito da TV pública. Não se trata de uma discussão trivial. Exige esforço para se chegar ao conceito e, depois, ao detalhamento do que deve ser realizado. É um longo caminho. Uma das tentativas do Markun foi levar a TV Cultura para perto dos jovens, mas, será que é isso? Eu não sei, vamos discutir. Se você zapeia os canais, vê que a oferta de programação é imensa, coisas boas e ruins. Minha proposta é gastar algum tempo, quatro a cinco meses talvez, nessa discussão. E depois ir adotando mudanças, sem cair no aleatório. Até porque, na televisão, é importante preservar a estabilidade da grade.


O senhor não está mesmo contente com o que vem sendo feito hoje?


Eu e muitos membros do conselho. Não será fácil recuperar o prestígio da TV Cultura. Fala-se que é preciso recorrer à pesquisa de opinião para saber, por exemplo, que tipo de jornalismo a emissora deve fazer. Como fazer pesquisa sobre algo que nem nós sabemos? Vira jogo de espelhos, com definições vazias do tipo ‘vamos fazer jornalismo policial’, ou ‘jornalismo cidadão’ ou ‘jornalismo verde’, só porque a pesquisa sugere.


Por que a emissora perdeu importância?


Por várias razões. A principal é que o setor televisivo se expandiu, ganhou um número imenso de participantes no sinal aberto e a cabo, fora a concorrência externa que vem pela internet. E houve a perda de importância, sim. O Roda Viva nasceu na ditadura. Além dele havia outros bons programas jornalísticos numa época dificílima. E hoje? O que temos? Também se fala da qualidade dos programas infantis da emissora, mas é preciso reconhecer que a concorrência cresceu muito, com canais especializados para tudo quanto é tipo de desenho animado. Sem falar das possibilidades da animação digital. Os estúdios da Pixar hoje batem qualquer dessas coisas. E eu sou fã (ri).


Houve, na gestão do Markun, um empate de energias para se conseguir mais dinheiro dos cofres do governo.


A TV Cultura acabou recebendo os recursos de que precisava, algo como R$ 85 milhões no último ano. Houve momentos críticos, naturais em qualquer disputa orçamentária, mas o dinheiro chegou. Só há uma situação trabalhista bem complicada. Há passivos que a televisão joga para cima do governo, que por sua vez não os aceita e cria embaraços. Cai sobre a mesa uma ação trabalhista de R$ 10 milhões e daí vem a pergunta: quem paga, o Tesouro ou a emissora? Eis uma parte do trabalho a ser feito. Às vezes a TV Cultura é vista como pública, e então o juiz garante estabilidade ao funcionário. Outro juiz a entende como empresa privada, então vem o sindicato por cima dela. É complicado.


Discutir o modelo de TV pública tem a ver com a instalação da TV Brasil?


É importante discutir modelos e o da TV Brasil não nos interessa. Porque ela funciona como uma estatal, bem diferente da TV Cultura, que é uma fundação pública de direito privado, que dorme e acorda pensando em como manter sua autonomia em relação ao governo. Tem autonomia política, administrativa, só não tem a financeira. Mas o item primeiro do seu estatuto trata de autonomia e seu conselho existe para que isso seja mantido. Quanto à TV Brasil, não me parece que venha ocupando espaço relevante. Nem em termos de audiência, nem em termos de programação.


A TV Cultura faz jornalismo com total independência em relação ao Palácio dos Bandeirantes?


E por que não faria? Pensando o governo como um todo, ela é tão pequena… Seja quem for que ocupe o palácio, estará muito mais preocupado com obras, saneamento, segurança pública. O governador Serra olhou para a TV Cultura porque se interessa por ela, mas tinha outras prioridades. Agora, não é porque estamos numa TV pública que vamos fazer jornalismo chato, para trouxas. Tem que inovar. Vou contar uma coisa: eu gostaria de desenvolver na emissora um ‘jornal dos jornais’. Um programa em que se faz a leitura crítica da imprensa. Ontem eu li uma longa matéria econômica e, ao término, em que pese a minha formação na área, liguei para o editor e disse: ‘Olha, não entendi nada. A tabela não corresponde ao texto, não sei do que você está falando.’ Então, alguém precisa comentar o que é publicado. Hoje, coberturas vêm acompanhadas de análises simplistas, muitas vezes terminando com aquela nota populista de que só o governo é capaz de resolver tudo.


Suas reflexões parecem estar muito voltadas para o jornalismo.


Não, a ideia é abrir a TV Cultura para criadores de todas as áreas. Mesmo no jornalismo, não penso que a saída seja o conselho contratar o jornalista X para fazer o programa A. Por que não abrir um concurso na área? Definiríamos alguns critérios e estimularíamos propostas. De repente, vamos nos deparar com a proposta de um jovem de 20 anos, sei lá. Eu não quero mexer em nada neste momento. Vamos investir em um tempo inicial, com ajuda de talentos, para definir o que se quer. Mudanças serão graduais. Nem tenho preparo para sair trocando tudo. O que tenho, e talvez seja uma vantagem, é capacidade de reunir especialistas que nos ajudem nessa etapa. Quero ser todo ouvidos.


Na secretaria, o senhor inovou o modelo de gestão ao contratar organizações sociais para administrar instituições públicas. E agora?


A gestão na Rádio e Televisão Cultura precisa ser aprimorada, começando por nos livrar da ambiguidade jurídica. Como já disse, esta é uma fundação pública de direito privado que não pode ser vista como autarquia. Precisa ter flexibilidade, liberdade e também dinheirinho para assegurar a autonomia. Quanto à secretaria, saí satisfeito com as reformas que fizemos no ensino de música, a construção de dois museus importantes, o Museu do Futebol e o Museu da História de São Paulo, muito feliz com a Biblioteca de São Paulo, com a organização dos festivais, o Prêmio SP de Literatura, as Fábricas de Cultura, uma escola de teatro, uma companhia de dança, vem aí o novo MAC… enfim, saí realizado e um tanto aflito, porque nos próximos meses o Andrea (Matarazzo) vai ter que terminar muita coisa.


O senhor parece ter gostado de ser um administrador da área cultural.


É verdade. Pelo fato de não ser um homem de cultura, exorcizo a inveja que há no meio… (ri). E, sendo externo ao meio, tenho ouvidos mais limpos e posso tomar decisões mais impessoais. Você imaginou se eu fosse um maestro ou um artista plástico?


Que peso José Serra dará para a Cultura se vier a ser o futuro presidente?


Ele está sensibilizado, tanto que multiplicou por quatro o orçamento do setor. Muitos dos projetos que toquei foram ideia dele: a escola de teatro, o Museu do Futebol, o Museu da História de São Paulo, a desocupação do Detran… Quem tirou aqueles delegados com pinta de banqueiro lá de dentro do Detran não fui eu. Foi ele (ri).’


 


 


Keila Jimenez


Silvio afasta filha e reassume rédeas no SBT


‘Silvio Santos resolveu reassumir as rédeas do SBT. Bom, nunca as soltou de todo, mas há cerca de um mês resolveu novamente decidir praticamente sozinho os rumos da programação e do artístico da emissora, missão que havia repassado para a filha, a diretora-geral Daniela Beyruti.


Sofrendo forte pressão de alguns diretores mais antigos da emissora, Daniela acabou sendo reposicionada na empresa pelo pai, talvez, como uma forma de preservá-la. Silvio voltou a apitar diretamente na grade de atrações da emissora e transferiu a filha para a área de regionais e afiliadas. Daniela agora cuida, ao lado diretor de rede e superintendente comercial do SBT, Guilherme Stoliar, da reaproximação com as emissoras regionais do SBT.


Uma prova disso são as recentes mudanças de horário na programação do SBT – como Hebe entrando no ar mais cedo -, decisão tomada por Silvio Santos ao lado de seu assessor executivo, Rafael Larena. Este, por sinal, volta a ser apontado como homem forte na emissora e conselheiro oficial do patrão. Também partiu de SS a ideia de reprisar as séries – Daniela prometeu só exibir episódios inéditos em 2010.


Ao cuidar da programação, a herdeira de Silvio Santos foi responsável por mudanças importantes no SBT como a contratação de Roberto Justus, Eliana e Roberto Cabrini, além da compra de formatos de sucesso como Esquadrão da Moda, 10 Anos Mais Jovem e Qual é o Seu Talento? Foi dela também a ideia de colocar séries inéditas na TV aberta no horário nobre, tática depois seguida por Record e Band. Procurado, o SBT, via assessoria de imprensa, diz que não fala sobre mudanças estratégicas na emissora.


11 pontos de ibope registrou o Pânico na TV! anteontem, alcançando o segundo lugar em audiência no horário. Silvio Santos registrou 10 pontos, e Gugu, 8 pontos.


‘Vocês vão me obrigar a assistir isso?’ Marta Suplicy no Brothers, programa de seus filhos (RedeTV!), sábado, após Supla anunciar entrevista com Fernando Henrique Cardoso


Deve estrear em outubro a nova série de Luiz Fernando Carvalho na Globo. Baseada na famosa frase de Freud: ‘Afinal, o que querem as mulheres?’, a produção – classificada pelo diretor como ‘comédia poética’ – terá seis capítulos e conta com texto de João Paulo Cuenca, Michel Melamed e Cecilia Gianetti.


Comerciais gravados no sistema analógico já têm aposentadoria anunciada na Globo: março de 2011. A emissora receberá, a partir de então, só campanhas publicitárias gravadas em alta definição.


A partir do próximo mês, a Globo começa a receber, em suas principais praças, comerciais gravados em HD, utilizando a tecnologia XDCAM, com qualidade similar à de discos de Blu-Ray.


A RedeTV! acaba de comprar a Fórmula 3 de automobilismo. Exibirá as provas aos domingos.


Moacyr Franco parece não ter levado a sério a determinação da direção da Praça É Nossa, do SBT, para que os humoristas não visitem outras atrações. Passou por Hebe recentemente e andou pela Band, no Poker das Estrelas…


Para competir com o Telecine Pipoca, agora que os canais Telecine e HBO poderão ser vendidos separadamente na Net, a HBO2 passará a ter só filmes dublados a partir de 1.º de junho. A ideia é não ser mais um canal de reprises, trazendo, então, títulos inéditos.


Para comemorar um ano da SKY HD, a operadora vai liberar para todos os assinantes do serviço, até o final de maio, um canal exclusivo da BBC, que traz séries sobre cultura, lugares exóticos e gastronomia.


Devagar quase parando anda a série As Cariocas, de Daniel Filho na Globo. Tem quem acredite que a produção não saia este ano.’


 


 


REVISTA


Playboy terá edição com coelhinha em 3D nos EUA


‘A edição norte-americana de junho da revista Playboy virá acompanhada de óculos 3D. O acessório, usado mais comumente para que as crianças vejam dragões e extraterrestres azuis nos filmes de terceira dimensão, permitirá aos adultos enxergar outros ângulos da Playmate do Ano, a modelo Hope Dworaczyk. ‘O que as pessoas mais gostariam de ver em 3D? Provavelmente, uma mulher nua’, disse hoje o fundador da Playboy, Hugh Hefner.


Hefner não esconde que espera aproveitar a popularidade de filmes em 3D, como ‘Avatar’ e ‘Como treinar seu Dragão’, sem esconder que não entende o frisson em torno da novidade. ‘Não sou um grande entusiasta do 3D’, disse ele, em entrevista por telefone. ‘Eu deixo para trás a vida real quando vou ao cinema e para mim o 2D é suficiente.’


Essa não é a única novidade recente na publicação. Meses atrás, a personagem de desenho Marge Simpson, famosa pelo seu imponente cabelo azul, apareceu na capa e no encarte central da Playboy.


‘No ambiente atual da imprensa, é preciso criar acontecimentos’, analisa o diretor editorial da revista, Jimmy Jellinek. ‘Marge Simpson foi um desses acontecimentos.’


A Playboy certamente precisa tentar fazer algo para conseguir mais popularidade entre as pessoas, especialmente os jovens. A circulação da revista caiu de 3,5 milhões, em 2006, para 1,5 milhão atualmente.


Jellinek disse esperar que a edição de junho lembre às pessoas que, apesar de toda a popularidade da internet, não há nada como ter uma revista nas mãos. ‘As pessoas querem coisas que durem e tenham significado’, aposta. A edição da revista será lançada nos Estados Unidos nesta sexta-feira.’


 


 


TECNOLOGIA


Rafael Cabral


Obama não gosta do iPad


‘O presidente norte-americano Barack Obama, que deve grande parte dos seus votos à sua campanha em mídias sociais, criticou aparelhos como o iPad ou o Xbox por ‘pressionarem as pessoas, o país e até a democracia’. Em um discurso para cerca de mil estudantes da Hampton University, na Virginia, Obama frisou a importância da educação para construir um governo forte, enquanto criticou esses aparelhos por ‘transformarem informação em distração’.


‘Vocês estão amadurecendo em um ambiente de mídia ininterrupta, 24 horas por dia, que nos bombardeia com todo tipo de conteúdo e nos expõe a todo tipo de discussão. Com o iPod, iPad, Xbox e Playstation, tudo se torna apenas uma diversão. É apenas uma forma de entretenimento, não uma ferramenta de fortalecimento, de emancipação’, explicou o presidente, que parece acreditar que esses dispositivos tornam as pessoas alienadas politicamente.


Ele lamentou ainda que ‘algumas informações das mais bizarras possam rapidamente se amplificar’ em estações de rádio e, principalmente, blogs. E finalizou dizendo que não sabe ‘mexer em nenhum dos equipamentos’ que citou.’


 


 


 


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