Friday, 03 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Esther Hamburger

‘Mais um ‘Big Brother Brasil’ acaba em alta. Os novos recordes de audiência -em escala nacional e mundial- reanimam a especulação sobre as razões do sucesso do ‘reality show’.

Fala-se nas artimanhas dos personagens de cada edição. Observa-se a tendência ‘Cinderela’ do público em premiar fracos e oprimidos. Mas pouco se atenta à forma do programa propriamente dita.

O ‘Big Brother’ faz sucesso por aqui sem escatologia, violência, sexo explícito ou voyeurismo. O que não quer dizer que o programa prime pelo estímulo à inteligência. O ‘BBB’ simplesmente propõe um jogo em rede.

Há cerca de cinco anos, ações extremadas como uma transa ao vivo ou uma tentativa de assassinato, em Portugal, no Reino Unido e na Holanda, horrorizaram o planeta, prenunciando um milênio de péssimo gosto.

Já no país da novela, onde obtém seus melhores índices, o ‘BBB’ ganhou versão que evita apelações. Os dramas são mornos, não passam de entediantes futricas, tratadas principalmente na chave verbal.

O ‘BBB’ é como uma novela sem autor individual. O roteiro é feito ao longo do caminho, com a ajuda de todos, inclusive diretores e editores.

O tom é familiar. Pais orgulhosos comparecem para apoiar a opção dos filhos. Bial, solidário, se aventura pela psicologia eletrônica de improviso. O mestre observa compenetrado a evolução de seus tutelados.

O ‘BBB’ tem um pouco do jogo de RPG. Para o público, a emoção está na sensação de participar, mesmo que de longe, das decisões que regem o desenrolar da trama. Há aquele gostinho perverso de se sentir um pouco responsável pela manipulação das cordas que definem os movimentos dos participantes-personagens.

Mas se o ‘BBB’ tem algo de formato do futuro, está mais do que na hora de inventar assuntos mais interessantes.

Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP’



Marcelo Bartolomei

‘‘Big brothers’ fazem maratona em veículos da Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 31/03/05

‘Ninguém deve ficar órfão tão cedo do ‘Big Brother Brasil 5’, o programa que mobilizou as atenções do país e teve sua final, anteontem, equiparada a um jogo de Copa do Mundo -foram mais de 1,6 milhão de espectadores, segundo medição do Ibope na Grande São Paulo.

Depois de 79 dias de confinamento, os participantes do ‘reality show’ iniciaram uma maratona de ações nos diferentes veículos das Organizações Globo -o que se convenciona chamar de ‘crossmedia’-, que se prolongará nas próximas semanas.

Logo após a saída da casa, ainda anteontem, o professor universitário baiano Jean Willys, 31, vencedor do prêmio de R$ 1 milhão com 55% dos votos do público; a modelo paranaense Grazielli Massafera, 22, segunda colocada (40%); e o comerciante paulista Sammy Ueda, 26, tiveram de espremer cinco minutos de uma agenda que até então desconheciam para conversar com a imprensa, antes de um chat no provedor de conteúdo da emissora que iria madrugada afora.

A maratona só estava começando. Eles ainda teriam de gravar participações para o ‘Video Show’ de ontem, que mostraria os bastidores da final, e mais: ontem mesmo, os 15 participantes da quinta edição -considerada a de maior sucesso de audiência e mercadológico dentro da Globo- participariam de chats de meia hora cada no Globo.com.

O canal Multishow, braço global no mercado de TV paga, também quis tirar uma ‘casquinha’ das novas celebridades, gravando com eles parte de sua programação das próximas semanas.

Ainda ontem, os programas da emissora começaram a procurar os participantes para convidá-los para as gravações. No domingo, por exemplo, os três finalistas e Alan Henrique dos Santos, 26, o último eliminado antes da final, estarão no palco com Faustão.

Prêmios reais

Esse foi o ‘BBB’ que mais teve ações comerciais durante sua realização. Aos participantes, foram distribuídas passagens aéreas, carros, eletrodomésticos e até franquias de restaurantes.

A Globo não fala em faturamento, mas vendeu todas as cotas de patrocínio -Fiat, Azaléia, Minuano, Assolan e Niely- e colocou na casa tanto merchandising quanto os realizados na novela ‘Senhora do Destino’, que chegou a ter uma ação por capítulo.

Os três finalistas do ‘BBB’, por exemplo, ganharam um Fiat Dobló Estrada Real, que custa, segundo a tabela da montadora, R$ 50.490. Isso mostra que, na premiação real, quem ganhou mais -atrás de Jean- foi Sammy, terceiro colocado (R$ 20 mil em dinheiro). Ele levou também uma franquia de restaurantes Bon Grillé, que, em média, custa R$ 400 mil, segundo a assessoria da rede, negócio que promete uma receita mensal bruta de cerca de R$ 70 mil.

Grazielli, a segunda colocada (R$ 50 mil em dinheiro), leva para casa também dois automóveis: o Dobló e um Palio Adventure, obtido por meio de uma prova de resistência, no valor de R$ 34.290. A Fiat também deu um carro de R$ 28.260 para o último eliminado do ‘reality show’, Alan, por ter vencido uma prova durante o programa.

Investimentos

Na madrugada de ontem, após a final, Sammy comemorava o volume de prêmios. ‘É um terceiro lugar com gostinho de primeiro. Com o dinheiro, vou reformar minha lojinha de fotos, mas ainda não sei o que vou fazer com a franquia que ganhei’, afirmou.

Jean, o mais novo milionário do país, também se dizia perdido. ‘Não caiu a ficha, pois nem cheguei a pensar que ficaria milionário. Quando me inscrevi, foi pensando na experiência de vida. Eu sou uma pessoa desorientada em termos de grana, não dá para dizer o que vou fazer agora. Quero que este dinheiro dê frutos a gente boa e honesta, como minha família. Vou pensar em investir em cultura, artes e espetáculos, arte e educação’, disse Jean.

‘Sinto medo’, disse, em relação à sensação logo após a reviravolta que a vitória no programa causaria em sua vida como professor universitário. ‘Entrei pensando que sairia na segunda ou na terceira semana. Estava de férias na universidade, nem deu tempo de pedir demissão.’

A final do ‘Big Brother’ relembrou os momentos mais marcantes do programa, cujo sucesso se revelou na agilidade e no formato dramatúrgico da edição, e reuniu todos os participantes da edição no palco, com um show de Marcelo D2, que também aproveitou a chance para mandar seu recado (‘Aí, minha preta! Tô aqui na Globo dizendo ‘Te amo’ também!’), ao lado de espectadores ávidos pela câmera segurando cartazes, empunhando faixas e vestindo camisetas de torcida para os participantes. Todos querem garantir seus segundos de fama.’



Fabiana Cimieri

‘Premiado com R$ 1 milhão, baiano não aceita convite para posar nu’, copyright O Estado de S. Paulo, 31/03/05

‘Como nas outras edições, o resultado era previsível. O professor baiano Jean Wyllys venceu a quinta edição do Big Brother Brasil, com 55% dos votos. ‘A ficha ainda não caiu’, disse Jean, em entrevista logo após a vitória. Ele negou ter usado o fato de ser homossexual como estratégia para ganhar o apoio do público: ‘No primeiro paredão, falei intuitivamente: O preconceito existe, não vamos tapar o sol com a peneira. Acho que, quando falei, ele desmoronou. Eu sou gay, mas não era militante da causa’, garantiu.

Os fãs de Jean, no entanto, baseados em enquetes publicadas na internet, temiam que, na última hora, a miss Paraná Grazielli tirasse o prêmio de R$ 1 milhão das mãos do baiano. A loura foi a vice-campeã, com 40% da preferência do público, e ganhou R$ 50 mil. Nas últimas semanas, ela liderava o ranking de popularidade no site do programa, na medida em que se firmava o namoro com o mineiro Alan. Que deve continuar fora da casa: ‘Eu gosto dele’, disse ela.

O paulista Sammy foi o primeiro a sair da casa, no penúltimo bloco do programa. Ele teve apenas 5% dos votos e ganhou R$ 20 mil pelo terceiro lugar. Mas foi o participante que mais ganhou prêmios. Além do Fiat Doblô, que os três finalistas receberam, ganhou uma franquia da Bon Grillê e passagem de ida e volta para Nova York, com acompanhante e estada paga.

O programa de anteontem alcançou 57% de audiência, um ponto a mais que o BBB 4. O ponto alto da edição foi a vitória dos ‘Defensores’ (Jean, Grazi, Pink e Sammy) sobre ‘Os Inacreditáveis’, ou ‘o grupo do mal’, liderado pelo médico Rogério e o fiel escudeiro Paulo André , como ficaram conhecidos os brothers que se uniram logo nas primeiras semanas para fazer complô. Os três finalistas, que puderam assistir à série, mostraram perplexidade com o nível de articulação dos rivais.

Os outros 12 participantes assistiram à final do lado de fora da casa, com as famílias e torcida dos finalistas. A dona de casa Marielza, que sofreu um derrame na segunda semana de programa e foi substituída pela estudante carioca Aline, também esteve presente. O programa foi intercalado com show de Marcelo D2.

Apesar ser a vítima preferencial dos complôs, Jean disse não ter mágoa dos outros participantes. ‘Posso ter uma relação cordial com todos, mas, amizade mesmo, tive com Pink, Alan, Sammy e Grazi.’ Ao saber que a G Magazine tinha interesse em fotografá-lo nu, foi sincero: ‘Tenho o sex-appeal de uma couve.’

Já a paranaense Grazielli, próximo alvo da Playboy, afirmou: ‘O problema não é posar, é autografar a revista depois.’ Ela quer seguir carreira artística. ‘Mas se eu fizer um teste e ver que não dá, também não vou ficar dando uma de ridícula.’’



Isabelle Moreira Lima

‘Jean sai vencedor do ‘BBB 5’’, copyright Folha de S. Paulo, 30/03/05

‘O baiano Jean Wyllys, professor universitário de 31 anos, foi o grande vencedor do ‘Big Brother Brasil 5’, reality show exibido pela Globo depois da novela das oito desde 10 de janeiro. Com 55% dos votos, Jean, que assumiu no programa ser homossexual, levou o prêmio de R$ 1 milhão, maior de todas as edições anteriores. Jean disse que planeja gastar o prêmio com uma viagem a Paris e com um apartamento.

A miss Paraná Grazielli Massafera, 22, ficou em segundo lugar, com 40% da votação e prêmio de R$ 50 mil. O comerciante paulista Sammy Ueda, 26, foi o terceiro colocado, com 5% dos votos e prêmio de R$ 20 mil.

O último dia de confinamento do ‘BBB 5’ alcançou média de 57 pontos de audiência na Grande São Paulo, segundo o Ibope. Cada ponto equivale a cerca de 48,5 mil domocílios na região. O programa foi encerrado por volta de 23h30, com a reunião de todos os participantes da edição, show do músico Marcelo D2 e discursos ‘filosóficos’ de Pedro Bial. ‘Grazi e Jean, vocês deram chance para o Brasil manifestar seu desejo por tolerância’, disse aos finalistas. Completou ainda que os dois vivem ‘sob a pecha do preconceito’.

Durante o programa, pela primeira vez, os participantes que ainda estavam confinados na casa puderam assistir às mesmas cenas que eram transmitidas pela Globo e até interagir com os eliminados no estúdio.’



Daniel Castro

‘‘A diferença venceu o preconceito’, diz Jean’, copyright Folha de S. Paulo, 31/03/05

‘Primeiro homossexual assumido a ganhar o ‘reality show’ ‘Big Brother Brasil’, da Globo, o professor universitário Jean Wyllys, 31, acredita que seu êxito foi uma ‘vitória da diferença em geral’. ‘Só a comunidade GLS não me garantiria no programa’, afirma.

Ele quer ser reconhecido agora como um intelectual. Pretende se lançar como escritor ‘de massa’, fazer doutorado em antropologia e investir em cultura. Noveleiro, diz que trocaria seu prêmio de R$ 1 milhão por uma vaga no time de teledramaturgos da Globo.

Na manhã de ontem, depois de passar a noite em claro em um hotel do Rio, Wyllys concedeu entrevista à Folha, por telefone.

Folha – Por que você ganhou? O Brasil está mais tolerante?

Jean Wyllys – Existem muitos brasileiros preconceituosos, não só contra os gays, mas, por outro lado, o brasileiro é muito cordial e responde com o coração a situações de injustiça. No programa, surgiu uma situação de injustiça em que uma maioria achava que era dona do jogo. Fui o alvo preferencial porque combinava diferença sexual e repertório cultural, que também incomodava. Essa situação fez com que o público atravessasse a questão da orientação sexual e conhecesse o cidadão, meus valores, minha ética.

Folha – Você sabe que o público gay se mobilizou para te manter no programa, mas você conquistou muito mais gente, certo?

Wyllys – Estou orgulhoso de ter virado símbolo para o movimento gay, mas tenho consciência de que só a comunidade GLS não me garantiria lá. Foi preciso que eu conquistasse um público mais amplo. Foi uma vitória não só para a comunidade gay, mas para a diferença em geral, para qualquer oprimido, que esteja à margem.

Folha – Em algum momento você sentiu que era um personagem?

Wyllys – Não, eu não estava fazendo um personagem, eu sou assim. Se você conversar com meus alunos, saberá disso.

Folha – Teve um grupo de alunos seus que entraram com processo contra você por se sentirem perseguidos. Sabia disso?

Wyllys – Não. Mas se entraram, não me espanta. Há muita gente desonesta. Com o crescimento das instituições privadas de ensino superior, tem aluno que acha que está comprando um diploma à prestação. Acha que a força da grana pode dobrar um professor.

Folha – O que fará agora?

Wyllys – A ficha ainda está caindo. Não parei para pensar, mas tenho consciência de que nada será como antes. Quero fazer coisas boas com esse dinheiro, investir em coisas produtivas para uma coletividade, sem fazer caridade.

Quero também continuar escrevendo, tocar uma carreira literária. Não sei se darão muito crédito, porque os intelectuais torcem muito o nariz para produto de massa, para a indústria cultural.

Folha – Trocaria R$ 1 milhão por uma vaga com autor da Globo?

Wyllys – Acho que trocaria [risos]. O sonho de qualquer escritor é mobilizar uma massa. Não tenho esse preconceito de achar que a literatura, o livro, tenha um status superior à teledramaturgia.

Folha – O que você já escreveu?

Wyllys – Tenho um livro de contos, ‘Aflitos’, com 2.000 exemplares publicados. Tenho um romance incompleto e uma sinopse de um livro. É um livro de contos, uma brincadeira em cima daqueles romances ‘Sabrina’, ‘Júlia’ e ‘Bianca’, com essa ficção barata.

Folha – Toparia comandar um programa gay na TV?

Wyllys – Por que não? Desde que seja uma coisa séria, produtiva, não uma avacalhação. Nunca me imaginei apresentador de tevê.

Folha – Você não temia reação contrária de intelectuais por participar de um ‘reality show’?

Wyllys – Eu queria desafinar o coro dos contentes. Queria participar por ser professor universitário e por ser um telespectador crítico. Queria sair dessa análise blasé e antipática em relação aos produtos culturais, que em geral é o tom da maioria dos intelectuais.

Só tinha uma coisa que não queria: sair na primeira semana. Nunca pensei que fosse ganhar.

Folha – Do que sentiu mais falta?

Wyllys – De TV e de escrever.

Folha – A edição do programa mostrou um afeto muito grande entre você e Alan. Rolou algo mais?

Wyllys – Não. Senti por Alan uma sincera amizade. Se tivesse me interessado por ele, não teria problema em dizer.

Folha – Quando foi que sentiu que poderia ganhar?

Wyllys – Nunca. Tudo poderia mudar em uma semana.

Folha – Qual foi o pior momento?

Wyllys – Quando fui para o paredão com Pink. E tive satisfação ao indicar Rogério.

Folha – No primeiro paredão, declarar ser gay vítima de homofobia não foi uma jogada de risco?

Wyllys – Não foi uma jogada. Falei aquilo muito honestamente.

Folha – E agora você é uma celebridade nacional…

Wyllys – Até o próximo ‘Big Brother’. Essas coisas passam, esse fulgor desaparece, a indústria cultural vive dessas ‘paixonites’.

Eu sou a onda do momento, estou na moda agora. A única coisa que peço a todos os santos é que me dêem prudência para fazer o melhor disso.’



TV CULTURA
Daniel Castro

‘Cultura dobra verba com anúncio irregular’, copyright Folha de S. Paulo, 30/03/05

A TV Cultura dobrou o faturamento com publicidade após mudar as regras de comercialização de seus intervalos e passar a aceitar praticamente propaganda de tudo (menos de bebidas, armas, cigarro, com apelo erótico e que estimule o consumo infantil).

Desde o Carnaval, a Cultura vem exibindo comerciais de produtos e de varejo, como promoções das Casas Bahia, carros com juros de financiamento, pacotes turísticos e celulares. Antes, isso era recusado. Só se aceitava comercial dito institucional (sem estímulo direto ao consumo).

Segundo Cícero Feltrin, diretor de marketing, a Cultura havia faturado só em março R$ 1,5 milhão até o dia 22. Antes, essa receita era de R$ 800 mil por mês. A meta é fechar março com R$ 2 milhões.

O problema é que, segundo alguns especialistas, essa publicidade que impulsiona novas produções na Cultura é ilegal. De acordo com o advogado Marcos Bitelli, a Cultura, como TV pública, é regulada pelo decreto 236/67, que veda qualquer tipo de publicidade.

Segundo Bitelli, a Cultura também não se enquadra em decreto, assinado na semana passada pelo presidente Lula, que permite propaganda institucional em organizações sociais (caso da TVE, não da Cultura, que é uma fundação).

A Cultura não demonstrou seu embasamento legal. Apenas enviou parecer interno que afirma que suas práticas comerciais são regidas pelo estatuto da fundação.

OUTRO CANAL

Alerta 1 ‘América’ vai muito bem no Ibope, mas não dá um passeio como os últimos meses de ‘Senhora do Destino’. Anteontem, a novela deu 47 pontos, com a sintonia de 65% das TVs ligadas (‘share’). Sua antecessora vinha com mais de 50 pontos e 75% de ‘share’. ‘BBB 5’ deu mais _49 pontos.

Alerta 2 O fato novo é que SBT e Record, juntas, estão dando quase 20 pontos em plena novela das oito da Globo. O SBT quase triplicou sua audiência com a estréia de ‘Xica da Silva’ (11 pontos) e a Record vem muito bem com ‘Guinnes’ (nove pontos).

Poeira 1 Herval Rossano voltou a trazer problemas para a Record. O diretor disse ao presidente da TV, Alexandre Raposo, que os estúdios que a rede comprou de Renato Aragão, no Rio, não têm estrutura. Em outras palavras, ele não quer voltar a morar no Rio.

Poeira 2 Rossano está escalado para dirigir a novela que inaugurará a faixa das 21h da Record, de Lauro César Muniz, que será produzida no Rio. A Record, que pagou cerca de R$ 20 milhões pelos estúdios, está instalando neles R$ 8 milhões em equipamentos.

Legião O seriado lésbico ‘The L Word’, que só estréia no Brasil em julho, já tem muitos fãs no país. Eles possuem cópias dos episódios com legendas e um site (www.thelwordbr.com.br).’



FALANDO DE SEXO…
Isabelle Moreira Lima

‘Vovó do sexo estréia novo programa em maio’, copyright Folha de S. Paulo, 30/03/05

‘Para a ‘dama atrevida do sexo’, há apenas dois tabus na vida: sua família e a idade. ‘Isso fica entre Matusalém e eu’, brincou ontem a apresentadora de ‘Falando de Sexo com Sue Johanson’ e do canadense ‘Sunday Night Sex Show’ durante uma coletiva, em São Paulo. Com cara de vovó e conhecimentos que ficam a apenas um passo ao das prostitutas -como ela mesmo assume- , Sue está no Brasil para divulgar a estréia de ‘Sunday Night’ no Brasil em maio, no embalo do sucesso do norte-americano.

No novo programa, ela deve dar dicas teóricas, como, por exemplo, da receita da boa vida sexual. Para alcançar o feito, recomenda um pacote fechado: ‘Saber o que você está fazendo, planejar com antecedência, nunca deixar o sexo simplesmente acontecer’, diz. Em tom professoral, Sue dá dicas como ‘sexo bom não é necessariamente alcançar o orgasmo’ e ‘o importante é ter um senso de conexão’. Mas vai além, ao fazer sugestões mais ‘práticas’: mostra como utilizar assessórios sexuais e dá conselhos explícitos sobre como esquentar uma sessão de sexo por telefone.

Para Sue, vale tudo para apimentar a vida sexual. Literalmente. Já chegou a discutir o uso de pimenta malagueta no sexo oral com uma telespectadora. ‘Sou contra coerção, manipulação, violência e exploração. Mas, se ambos os parceiros estiverem de acordo, tudo bem.’

Com a naturalidade de quem é parada na fila do supermercado para falar de vibradores, a senhora de aparentemente 70 anos se posiciona favorável ao ‘auto-sexo’ e a um número razoável de relações sexuais por semana (que considera a partir de três vezes).

A idade, apesar de tabu, é assunto constante e definitivo para o trabalho da canadense. Ela diz que se fosse ‘uma loira com peitos exuberantes’ não seria respeitada como é.

Enfermeira por formação, Sue especializou-se em educação sexual depois de passar por uma experiência pessoal em 1969, quando teve de levar a amiga da filha até os Estados Unidos para fazer um aborto. O fato marcou sua decisão de lutar para implantar um programa de controle de natalidade nas escolas canadenses. Sue passou a dirigir uma clínica para adolescentes e, em pouco tempo, foi convidada para tirar dúvidas no rádio. Na televisão, está há 30 anos, sempre na TV paga.

Atualmente à frente de dois programas, Sue afirma que a diferença entre eles é equivalente às culturais de cada país produtor. Como o nível de informação sobre sexo (discutido desde a escola) do Canadá é mais alto que o dos Estados Unidos, a complexidade das questões também aumenta. Para os fãs de Sue, esse pode ser mais um incentivo para o novo programa.

Falando de Sexo com Sue Johanson

Quando: de segunda a sexta, às 23h45, no GNT’