Friday, 03 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Fenaj agora faz críticas
duras ao presidente Lula


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Site da Fenaj


Segunda-feira, 7 de agosto de 2006


FENAJ DERROTADA
E-Fenaj


Donos da mídia submeteram o presidente da República a uma humilhação


‘Como não poderia deixar de ser, esta entrevista coletiva é a mais longa de todas as já publicadas pela FENAJ. Tanto pela relevância dos temas em pauta quanto pelo grande número de participantes. Traduzindo o sentimento da grande maioria dos jornalistas brasileiros com o veto ao PLC 079/04, o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, faz uma crítica política de conteúdo ao comportamento do governo Lula e dos grandes empresários de comunicação e destaca a importância do CFJ para categoria e para a própria sociedade.


E-FENAJ – Bem como a quantidade de perguntas é grande, vamos buscar agrupá-las por temas. Primeiro abordaremos o 32º Congresso Nacional dos Jornalistas, depois sobre o PLC 079/04, o grupo de trabalho criado pelo Ministério do Trabalho sobre o assunto e, por fim, algumas mais gerais. E já de pronto a redação do E-FENAJ pede desculpas caso alguma das perguntas não saia com a precisão encaminhada por seus autores, mas foi necessário um esforço de síntese para buscar atender a todos.


A Roseane Arcanjo Pinheiro, da Associação Maranhense de Imprensa – AMI -, resgata que durante o 32º Congresso foram discutidos temas cruciais aos jornalistas, como o Conselho Federal dos Jornalistas e o Código de Ética. Ela pergunta: não é estratégico para a FENAJ envolver a população de forma mais direta e intensa, com campanhas nas ruas (cartazes, outdoors, palestras etc.), para conscientizá-la de que os direitos dos jornalistas são direitos da sociedade, e assim combater a desinformação, eixo da campanha de parte dos empresários contra a categoria?


Sérgio Murillo – A Roseane tem absoluta razão. Mesmo levando em consideração nossos recursos limitados, é preciso admitir que ainda precisamos melhorar bastante na definição de estratégias de comunicação. Mas é bom lembrar também, no nosso caso, de alguns agravantes: quando eu presidi o Sindicato de SC as empresas de outdoors recusavam-se a vender espaços para divulgar nossa campanha salarial com medo da reação dos grupos de comunicação. Por isso tudo, apesar de destacar que valorizo o uso dos meios ‘alternativos’, creio que a disputa pela consciência passa necessariamente pelo controle dos meios de comunicação de massa: o rádio e, especialmente, a televisão. Aproveito para agradecer o apoio e cooperação da AMI nas lutas da nossa categoria no Maranhão.


E-FENAJ – Quais das resoluções do Congresso de Ouro Preto você destaca como centrais para nortear a ação do movimento sindical dos jornalistas para o próximo período? A sistematização das resoluções já está pronta? Como a FENAJ vai disponibilizá-la aos interessados?


Sérgio Murillo – A mesa que conduziu as plenárias já entregou o relatório para a Executiva que está fazendo uma revisão final. As resoluções devem ser divulgadas ainda esta semana. Destaco entre elas, o plano de lutas pela criação do Conselho Federal dos Jornalistas, a iniciativa de submeter o Código de Ética da categoria à consulta pública e articulação entre os sindicatos para unificar ações e encaminhar a campanha contra a precarização e por mais e melhores salários.


E-FENAJ – O Bruno Barreiras, do Rio de Janeiro, fez uma série de perguntas. Algumas delas são similares às do Zilvan Martins, do Sindicato dos Jornalistas de Juiz de Fora, do Paulo Sousa, de Aracaju, e do Sindicato dos Jornalistas do Acre. Quais os próximos passos da FENAJ em busca da aprovação do PLC 079/04? Há expectativa de que este veto seja derrubado no Congresso Nacional? Há alguma campanha sendo pensada neste sentido, movimentação junto a entidades da sociedade civil para que o governo retire o veto ou alguma ação judicial possível para derrubá-lo?


Sérgio Murillo -Logo que começou o bombardeio da mídia, diversos senadores da oposição e governo já mostravam ‘arrependimento’. A verdade é que este Projeto só foi aprovado no Senado porque os lobistas da ANJ e Abert estavam dormindo, enquanto a FENAJ trabalhava. Ou seja, a possibilidade do Senado derrubar o veto do Presidente é muito remota. Acho que devemos reunir a tropa e nos preparar para outro embate no Congresso Nacional no próximo ano, com um novo projeto de regulamentação profissional.


E-FENAJ – O Bruno, do Rio, o site O Jornalista, o Paulo Sousa e o Carlos Alberto Carvalho da Silva encaminharam perguntas sobre o grupo de trabalho criado pelo Ministério do Trabalho sobre a regulamentação profissional dos jornalistas. Você não teme que a criação do Grupo de Trabalho seja apenas uma artimanha política, para enrolar os jornalistas? Considerando a composição deste grupo, qual a expectativa da FENAJ em termos de resultados que ele possa produzir?


Sérgio Murillo – Posso ser ingênuo na avaliação, mas acho que o ministro Luiz Marinho mostrou sinceridade e disposição em buscar um acordo. Vamos participar do grupo de trabalho proposto pelo Ministério do Trabalho, mas, pessoalmente, em função da postura autoritária das entidades que representam os empresários, sou cético em relação aos resultados. De antemão já declaramos nossa posição em nota oficial. Não vamos nos furtar ao diálogo, mas não abriremos mão das conquistas da nossa categoria, entre elas, especialmente, o alvo das ações da empresas: a exigência do diploma, porque consideramos a formação específica superior cada vez mais necessária ao qualificado e ético exercício do Jornalismo.


E-FENAJ – Ainda sobre o PL 079/04, a Adriana Santiago, do Ceará, e o Francisco Freitas, de São Paulo, fizeram questionamento quanto ao veto inclusive à regulamentação da função de assessor de imprensa. A Adriana pergunta: qual o interesse da grande mídia em vetar a regulamentação do assessor de imprensa? Com qual senhor a aprovação do cargo privativo de jornalista para assessor de imprensa mexe? Já o Francisco teceu uma série de considerações táticas. Ele acha que teria sido mais produtivo manter o foco na questão da assessoria de imprensa e não entrar na polêmica de tornar privativo de jornalistas cargos como comentaristas, colunistas e todos os outros que emitem ‘opinião’. E pergunta: A FENAJ ponderou sobre isso antes de relacionar esses cargos? Se não pensou, vai rever suas pretensões no grupo de trabalho a ser coordenado pelo MTb? Ele também acredita que não era o momento para incluir jornalistas de imagem na regulamentação e que a FENAJ debateu bastante a questão no Congresso, mas não ouviu a categoria a respeito. E pergunta, ainda: com o grupo de trabalho, a FENAJ vai debater melhor essa ampliação com a categoria?


Sérgio Murillo – Essa conversa de ‘não ouviu a categoria’ é a mesma do CFJ. Vamos ‘ouvir’ onde? Como? A cada encaminhamento teremos que realizar um plebiscito? E de qual categoria estamos nos referindo? A dos jornalistas famosos que trabalham em redação? No debate do CFJ, por exemplo, a direção da RBS impediu o acesso da FENAJ à redação do Zero Hora, sob o argumento que a discussão iria atrapalhar a rotina do jornal. Eu, pessoalmente, tinha diferenças em relação aos textos dos projetos do CFJ e da regulamentação, mas como dirigente tinha a obrigação de apoiar decisões de Congressos e Conselho de Representantes, mesmo que não tenha participado. Não existe outra forma de construir projetos coletivos. Que fique bem claro: a direção da FENAJ encaminha decisões DEMOCRÁTICAS aprovadas em fóruns DEMOCRÁTICOS da nossa categoria. A inclusão da exigência do diploma para os jornalistas de imagem é uma decisão do próprio segmento, que acertadamente questiona o tratamento de técnicos de nível médio. Comentarista já está na lei atual, não havia, a rigor, mudança alguma. Há outros condicionantes: alterar o projeto no Senado significa devolvê-lo para a Câmara e voltar à estaca zero. Tramita no Senado projeto que atualiza a regulamentação dos RPs e inclui assessoria de imprensa como função privativa deles. Tentamos negociar vetos parciais, mas nem o governo e muito menos as empresas mostraram qualquer disposição para um acordo. Por último, a questão levantada pela Adriana, que é centro do debate, ignorado pelos iluminados da mídia: a grande imprensa não está nem aí para a inclusão da assessoria de imprensa. Globo, Veja, Folha, Estadão obrigaram Lula ao veto total, submetendo o Presidente a mais uma humilhação, porque não querem legitimar através de um projeto de lei, a exigência do diploma, prevista em decreto de 1969. Poucos perceberam isso e, por causa de questões menores, acabaram colocando água no moinho do patronato.


E-FENAJ – Antes de entrarmos no bloco de perguntas sobre o CFJ, alguns participantes, como a estudante de Jornalismo Juliana Leite, de Londrina, pedem para detalhar o que perde a categoria jornalística com o veto do PL 079. Quais os maiores benefícios que esse projeto traria para a profissão? E como ficaria a situação de jornalistas sem formação acadêmica, mas com anos de carreira?


Sérgio Murillo – Perde uma oportunidade para atualizar nossa regulamentação profissional que já tem quase 40 anos. Perde um instrumento para reafirmar e consolidar o conceito de que Jornalismo é uma atividade profissional de natureza pública e o acesso à profissão deve ser democrático, através de curso de graduação universitária, específico e oferecido com qualidade. Jornalistas sem formação específica e que atuavam até 1977 tiveram a oportunidade de obter o registro profissional. De lá para cá, o acesso a nossa profissão – com exceção de diagramação, reportagem fotográfica e cinematográfica e ilustração – é através de cursos de Jornalismo. Qualquer recuo em relação a isso é um grande retrocesso na nossa organização e um grande desserviço à sociedade.


E-FENAJ – Quanto ao Conselho Federal dos Jornalistas, o Zilvan pergunta se a FENAJ vai fazer uma cartilha de esclarecimentos sobre o tema? A Juliana pergunta de que maneira o Conselho poderia beneficiar os atuais universitários de Jornalismo? Há algum incentivo para estágios? E o Paulo Sousa questiona:


já que tivemos o veto presidencial, como a FENAJ vai trabalhar para reativar o CFJ no Congresso Nacional e não correr o risco deste mais uma vez ser reprovado?


Sérgio Murillo – O Congresso de Ouro Preto, que foi antecedido de assembléias e congressos estaduais em todos os estados, com a pauta exaustivamente divulgada, aprovou um plano de lutas para constituir o CFJ. Vamos imprimir o texto do projeto, incluindo o atual código de ética, e vamos distribuir 50 mil cópias. Vamos promover debates nas escolas, entidades da sociedade e locais de trabalho, que nos permitirem entrar. Vamos procurar apoio no parlamento que será eleito no final deste ano e, especialmente, na sociedade interessada em constituir e defender um sistema que assegure a responsabilidade social da mídia. Levantamos vôo novamente e ainda não há previsão de data e local de aterrissagem. Para a Juliana quero dizer o que tenho falado em todos os cursos de Jornalismo: os estudantes de Jornalismo são os principais interessados na criação de um conselho profissional para a nossa profissão. Lutar pelo CFJ é a melhor maneira de enfrentar o processo de diluição do Jornalismo como gênero, de degeneração como forma de conhecimento e extinção como atividade profissional. É a forma dos jornalistas terem autonomia sobre a sua profissão e de normatizar questões importantes, a exemplo do estágio como instrumento de aperfeiçoamento da formação.


E-FENAJ – Bem, agora estamos ‘quase’ no final da bateria de perguntas. O melhor agora é um rápido ping-pong mesmo. Considerações e perguntas finais do Bruno: a alegação de inconstitucionalidade do Ministério da Justiça foi frágil e o PLC 079/04 foi considerado constitucional pelas Comissões da Câmara e do Senado. Este fato não pode reforçar a ação quanto ao diploma no STF? Já que a cobertura jornalística sobre o PLC 079/2004 foi claramente tendenciosa, a FENAJ pretende entrar com algum processo contra alguma emissora ou jornal impresso?


Sérgio Murillo – O parecer do Ministério da Justiça é o episódio mais vergonhoso e revelador da posição subserviente deste governo em relação aos interesses estratégicos dos donos da mídia. Basta cotejar o texto com o parecer fajuto que a ANJ andou distribuindo. É praticamente o mesmo. O governo tinha à disposição a recente decisão da Justiça Federal de SP que reafirmou a legalidade e constitucionalidade da exigência da formação específica. É tudo uma questão de escolhas. E, mais uma vez, o governo escolheu a versão das empresas. Quanto à cobertura, bastava apenas adotar critérios jornalísticos de isenção, imparcialidade, pluralidade de versões. Mas preferiram a histeria e o linchamento.


E-FENAJ – As últimas perguntas do Paulo Sousa: qual a orientação da FENAJ em relação aos radialistas que ocupam no rádio a função de repórter, já que esta é uma função também do jornalista? Quando o STF vai julgar a constitucionalidade do diploma de jornalista?


Sérgio Murillo – Radialista exercendo funções de jornalista é desvio de função e irregularidade que deve ser denunciada nas delegacias regionais do Ministério do Trabalho. O único beneficiado com a promoção desse tipo de irregularidade é o patrão. Uma vez que os pisos dos radialistas são menores e a jornada de trabalho é maior. Perdem as categorias e, principalmente, a sociedade. Não há previsão de julgamento no Supremo. E desta vez, a pressa é das empresas.


E-FENAJ – Outras perguntas do Francisco Freitas: como está o encaminhamento da abertura de microempresa por jornalistas, claro, desde que não seja para criar novos PJs? O que a FENAJ e os Sindicatos estão fazendo para ampliar o mercado jornalístico regional? O BNDES não financiaria novos projetos de comunicação?


Sérgio Murillo – A FENAJ negociou com os líderes do governo e o relator da matéria a inclusão de empresas jornalísticas entre as que podem beneficiar-se com a adoção do SIMPLES. No tipo de enquadramento, tomamos o cuidado de não estimular esse flagelo que é a pejotização. O estatuto geral das micros e pequenas empresas está na pauta de votação da Câmara dos Deputados. Todo mundo é a favor, mas o Projeto não vai a plenário. O BNDS está oferecendo linhas de crédito para financiar o processo de digitalização das empresas de comunicação. Das grandes empresas, é claro.


E-FENAJ – As perguntas restantes do site ‘O Jornalista’: a grande mídia sempre é contrária a qualquer tipo de regulamentação no campo das comunicações. Já não passou da hora da FENAJ desmascarar esta falácia, com uma campanha explicativa para toda a sociedade? O governo Lula confunde liberdade de expressão com liberdade de empresa e monopólio? E o Ernesto Vianna, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro considera que a campanha orquestrada contra a FENAJ, com o veto ao PL, visa a encobrir também irregularidades muitas vezes cometidas pelas empresas e pergunta: afinal, querem transformar os jornalistas brasileiros em um exército Brancaleone, sem qualquer tipo de norma na carreira?


Sérgio Murillo – Voltamos à questão inicial. É claro que já passou da hora de denunciar tanta manipulação. Mas onde? Há aliados importantes nesse esforço de esclarecimento ao público e aos jornalistas, como é o caso do site O Jornalista. Mas só vamos disputar a consciência e o coração dos milhões dos brasileiros quando houver uma efetiva democratização dos meios de comunicação de massa. Ernesto Vianna tem razão: sem exageros, o empresariado de comunicação defende o cenário de lei nenhuma. Se não fosse a luta dos trabalhadores a consolidação de alguns direitos na lei, em algumas empresas de mídia, estaríamos trabalhando de graça.


E-FENAJ – O Fabrizio Maniezzo, que é jornalista italiano e está em Porto Velho, pergunta: não seria interessante tentar o apoio internacional da categoria para pressionar o presidente Lula a mudar de posição sobre o PLC 079/04?


Sérgio Murillo – Acho que nem a ONU reverte a posição do governo Lula. Essa postura de subserviência já foi explícita nos embates do CFJ e Ancinav e, especialmente, na definição do sistema de digitalização das transmissões dos sinais de rádio e TV, quando o governo cedeu aos interesses privados que dominam a mídia nacional. E o pior, é que os sinais apontam para um quadro muito mais preocupante em um segundo, e possível, governo Lula.


E-FENAJ – Os estudantes Luiz Fernando Fonteque, de Goiânia, e Angélica de Paula, que não identificou de onde é, perguntam o que os futuros jornalistas podem esperar do futuro do Jornalismo no Brasil com os desmandos praticados pelos patrões? Vale a pena passar quatro anos em uma faculdade se esforçando para conseguir um diploma que não valer nada?


Sérgio Murillo – Gabriel Garcia Marquez tem total razão: Jornalismo é a melhor profissão do mundo. Temos nossos problemas, e o principal é a ausência de princípios democráticos na relação das empresas com seus trabalhadores e com a sociedade. Ainda perseguimos, no Brasil, um valor que diversas outras categorias profissionais já alcançaram há muito tempo. A valorização do Jornalismo como profissão só será alcançada com muita disposição para a luta, ousadia nas propostas e coragem para os enfrentamentos. E garanto ao Luiz Fernando e Angélica que sempre encontrarão na FENAJ disposição para luta, coragem e ousadia na defesa dos interesses da categoria e das liberdades democráticas.


E-FENAJ – Agora para finalizar mesmo, o Luciano Faria comenta que menos de uma semana depois do veto presidencial ao projeto de lei 079/2004, a Rede Globo começou a exibir, no Jornal Nacional, uma série de reportagens sobre o chamado ‘rombo da previdência’, numa clara tentativa de preparar a opinião pública para o que os especialistas já vêm denominando de ‘a terceira reforma da previdência’. É possível deduzir que o governo trocou o veto à regulamentação profissional dos jornalistas pelo apoio da Globo à sua reforma?


Sérgio Murillo – Tudo é possível. No mesmo dia em que se recusou a divulgar uma nota da FENAJ, o Jornal Nacional, da Globo, fez uma reportagem sobre uma pesquisa a respeito da adoção de cotas raciais. A matéria conseguia a proeza de esconder que a maioria da população é favorável. Esse é justamente o problema. As empresas assumem posições e abusam do poder que exercem para viabilizá-las. Atuam, inclusive, como partido político, como fez a rede Globo em 1989. A sociedade brasileira é órfã de instrumentos que possam assegurar a responsabilização social da mídia. Temos ombudsmen em poucas empresas, observatórios em algumas escolas, a campanha contra baixaria e só. É necessário avançar com a constituição do CFJ e a aprovação da nova lei democrática de imprensa, que está há quase 10 anos esperando para ser votada na Câmara dos Deputados.


E-FENAJ – Obrigado por sua atenção, Sérgio Murillo. O próximo convidado de nossa entrevista coletiva é o presidente da Associação Brasileira para Proteção da Propriedade Intelectual dos Jornalistas (Apijor), Paulo Cannabrava Filho, que abordará o 3º Encontro Nacional da entidade e questões relativas ao direito autoral dos jornalistas. Para participar, encaminhe perguntas para boletim@fenaj.org.br, até as 18 horas do dia 15 de agosto, especificando, na linha de assunto, ‘Entrevistas da FENAJ’. A entrevista será disponibilizada no dia 17 de agosto.’


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O Globo


Segunda-feira, 7 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Virginia Salerno


Pesquisa eleitoral


‘Alguém sabe como se elabora uma pesquisa eleitoral? Como se aborda o sujeito a ser pesquisado, na rua, em casa ou nos laboratórios? Qual seria o tamanho da amostra a ser pesquisada, ou seja, o número de pessoas a serem pesquisadas? Quantos pesquisadores são necessários para uma determinada amostra? Se a maioria sabe a resposta a essas perguntas, tenho certeza de que poderemos mudar o futuro. Senão, acho que, infelizmente, continuaremos a votar na ‘cadeia produtiva’ viciada, daqueles que detêm o poder.


Em primeiro lugar, uma pesquisa eleitoral é uma pesquisa de opinião, portanto, das ciências sociais. Mas, para diagnosticar uma determinada situação, trata o ser humano como cobaias de um laboratório. Por exemplo, se queremos testar um determinado remédio, precisamos aplicá-lo em uma amostra da população de ratos, observarmos os que tomaram e os que não tomaram e compararmos os resultados. Na pesquisa de opinião, de maneira semelhante, fornecemos determinadas informações sobre pessoas, fatos ou coisas para, depois, sabermos como essas informações foram processadas pela mente humana, e como isto se revela em preferência, voto ou opinião. No entanto, muitas informações não chegam à amostra de população pesquisada, e assim o pesquisador precisa induzir os nossos pesquisados, mostrando listas de nomes que estarão supostamente competindo, no nosso caso, numa eleição.


Infere-se então que o percentual de uma determinada preferência é o retrato da totalidade da população – fenômeno matemático a que chamamos de pensamento indutivo. A estatística ultrapassa barreiras, leva ao conhecimento da ‘verdade’, e não há quem ouse duvidar!


Para o mundo físico, esta ‘verdade’ pode aproximar-se da realidade, vide os remédios que vêm salvando tantas vidas nos últimos séculos. Mas para as opiniões humanas temos um longo caminho a percorrer, alongado ainda pela massificação da comunicação e a pouca educação reflexiva da atualidade.


Continuemos. Ao longo desta cadeia informacional temos o ‘impulso’ da informação que, em um país capitalista, dá-se pelo capital, pelos interesses daqueles que o detêm. Além disso, temos os ‘deslizes ou incongruências naturais’ do ser humano, daquele que pesquisa e de quem é pesquisado. Como o pesquisador do campo vai escolher o indivíduo a ser pesquisado? Idade, gênero, condição econômica etc. Quais seriam estes critérios? Sem contar com a reação do pesquisado, que normalmente se sente testado, sensação nada confortável, principalmente, quando a pesquisa se dá nas ruas, nas calçadas, nas praças públicas.


Por isso, vejamos quantas situações precisam ser observadas, para que possamos, com segurança, chamar essas pesquisas de ‘verdades’. E reflitamos sobre quantos diagnósticos e prognósticos já foram inferidos e quantas decisões erradas foram tomadas, sejam pelo eleitor, sejam pelos caciques políticos ou pelos analistas de opinião.


VIRGINIA SALERNO é assessora técnica do Senado.’


FUNARTE NA WEB
Suzana Velasco


Funarte lança hoje site com acervo e rádio


‘Entra no ar hoje, a partir das 12h, o Canal Funarte (www.funarte.gov.br/canalfunarte), com informações sobre música e artes cênicas e visuais. O destaque do site, que comemora os 30 anos da instituição, é a Rádio Funarte, que terá uma programação contínua de músicas que fazem parte de seu acervo. Segundo Paulo César Soares, coordenador artístico da Funarte, 20 mil faixas serão digitalizadas e segmentadas em dez gêneros musicais, podendo ser acessadas pelo internauta independentemente da rádio.


– A fundação tem uma trajetória muito rica dentro da música popular, e essa digitalização será feita aos poucos, à medida que houver autorização. Temos faixas preciosas de Raphael Rabello, João Pernambuco, Braguinha, Assis Valente e Custódio Mesquita.


Site homenageia atores com mais de 80 anos


O conteúdo do site será cumulativo, com novo material a cada semana. Uma das seções homenageia grandes artistas, e a primeira falará sobre 22 atores que continuam em atuação depois dos 80 anos, como Dercy Gonçalves, Sérgio Britto, Paulo Autran, Tônia Carrero e Eva Todor. O site também terá uma seção de entrevistas, com depoimentos de artistas do projeto Pauta Funarte, de música e teatro.


– Estamos focados em serviço, em apontar caminhos para o internauta encontrar mais informações sobre o que precisar – diz Soares.’


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 7 de agosto de 2006


PUBLICIDADE
Ana Paula Lacerda


O marketing nas ondas do mar


‘Durante três meses, o navegador Beto Pandiani viajou pelos mares do Atlântico norte rumo à Groenlândia. Ele saiu de Nova York a bordo do catamarã Satellite III, um tipo de barco sem cabine que ele carinhosamente apelidou de ‘jangada high-tech’. Com a ajuda do colega Felipe Whitaker, em 90 dias eles concluíram com êxito a expedição, cruzando o Círculo Polar Ártico, na Latitude 66°5’ N.


A viagem, chamada Rota Boreal, foi toda documentada e seu relato está sendo lançado em livro esta semana, no Shopping Iguatemi, em São Paulo. Realizada no ano passado, já vinha sendo planejada desde 2004. ‘Uma viagem destas tem de ser planejada com pelo menos um ano e meio de antecedência’, conta Pandiani. E como todo projeto, tem seus custos. ‘A Rota Boreal custou cerca de R$ 400 mil’, calcula o navegador. ‘Seria impossível fazer a viagem sem apoio.’


A Semp Toshiba foi uma das empresas que patrocinou a empreitada. ‘Apoiamos e fornecemos os notebooks para que o Beto pudesse se comunicar com o resto do mundo enquanto estivesse no mar’, explica o gerente de marketing da empresa, Oswaldo Ubrig. ‘Faz doze anos que patrocinamos os projetos dele. Nós acreditamos que vale a pena apoiar alguém que faz com que o esporte se desenvolva cada vez mais.’ Como retorno, a Semp Toshiba testa seus equipamentos em condições adversas. ‘E temos também um ganho de imagem muito bom. Queremos estar associados à superação de limites.’


Os eventos de aventura no mar atraem a atenção geral. A última Volvo Ocean Race, regata de volta ao mundo – na qual a equipe do brasileiro Torben Grael ficou em 3º lugar – foi assistida por 1,3 bilhão de telespectadores, sem contar as pessoas que acompanharam a corrida pela internet. E o número de patrocinadores é crescente.


‘Quando preparo uma viagem, entro antes em contato com a mídia. Se houver interesse, é mais fácil conversar com os patrocinadores’, explica Pandiani. ‘Eu amo o que faço, mas isto também é o meu negócio, então o trato como tal.’


A Embraco, maior fabricante mundial de compressores, também apóia esse tipo de esporte. ‘Fornecemos compressores e equipamentos eletrônicos para o barco do Amir Klink’, conta o diretor de vendas e marketing da empresa, Laércio Hardt. ‘Foi ele que nos procurou a primeira vez. Mas vimos ali uma oportunidade de ajudar e também de testarmos nossos equipamentos nas condições mais adversas possíveis: gelo, mar e mudanças bruscas de temperatura.’


Harsdt estima que já tenham sido investidos mais de US$ 5 milhões em todos os projetos feitos com o navegador. Mas ele diz que o principal retorno é o de imagem.


‘O Amir tem uma preocupação enorme com o meio ambiente e é um visionário sem medo de desafios. Nós também temos estas preocupações, e elas ficam muito mais evidentes se associamos o nosso nome ao dele’, explica Harsdt. ‘No entanto, as empresas não podem esperar retorno de curto prazo. Não basta patrocinar um só evento. É preciso acreditar na filosofia do atleta e ter confiança em sua competência. Com o tempo, o valor dessas ações é reconhecido.’’


Patrícia Cançado


Campanhas atravessam lona do circo


‘Os patrocinadores do Cirque du Soleil montaram um circo à parte para receber o espetáculo mais aguardado do ano em São Paulo. Quem circular pela região onde foi armada a tenda do circo, na zona sul da cidade, vai perceber um clima parecido com o de Copa do Mundo nos próximos três meses.


Para pegar carona no apelo do circo mais famoso do mundo, vale tudo: desde shows exclusivos para clientes especiais e raspadinhas em supermercados para concorrer a ingressos até espalhar bonecas gigantes pela região e colocar televisores de plasma em pontos de ônibus.


A vinda do circo, que fez seu primeiro espetáculo na quinta-feira e fica na cidade até 22 de outubro, foi usada principalmente como pretexto para falar com um consumidor que tem muito dinheiro e é ávido por novidades. Em março, cinco meses antes da estréia, o Bradesco já fazia venda antecipada de ingressos para os seus 300 mil clientes Prime. O banco vendeu 40 mil ingressos só para os shows de São Paulo.


Além da campanha de massa, o Bradesco colocou bonecas de sete metros em três locais da cidade e espalhou cartões postais do Cirque du Soleil em bares e boates. Em setembro, o banco fará uma de suas últimas ações associadas ao circo. Trata-se de uma versão reduzida do espetáculo para 8 mil alunos da Fundação Bradesco.


O banco apostou alto na trupe. ‘Não podemos revelar os números, mas o investimento foi bem mais alto que o feito na exposição do Picasso, que ficou em torno de R$ 6 milhões’, diz Luca Cavalcante, diretor de marketing do Bradesco.


A Visa aproveitou o frisson em torno da trupe para paparicar seus melhores clientes, donos dos cartões Platinum e Infinite. Na segunda-feira passada, três dias antes da estréia oficial, o circo fez uma apresentação para 500 clientes na Casa Fasano. ‘Esse público aprecia coisas exclusivas, quer ter acesso antes de todo mundo’, diz Joseph Levy, diretor de marketing da Visa.


Além da Visa e do Bradesco, IBM e TAM também farão shows particulares ou sessões fechadas para clientes especiais. ‘É uma mídia dirigida, com dispersão zero. O anunciante sabe exatamente com quem está falando’, diz Eduardo Barrieu, diretor-comercial da CIE Brasil, produtora da temporada brasileira do Cirque.


A Gradiente gastou R$ 600 mil da sua verba de marketing anual de cerca de R$ 10 milhões para associar seu nome ao evento. A ação mais inusitada foi a de colocar quatro telas de plasma de 42 polegadas em cada um dos dois pontos de ônibus mais próximos à tenda do circo. Não, o objetivo da Gradiente não é vender TV de plasma para quem pega ônibus. O que ela pretende mesmo é chamar a atenção do público que for ao espetáculo e de quem passar pela região de carro ou a pé.


‘Essa foi uma forma de chegar mais próximo do nosso público. Daqui para frente, a Gradiente vai se concentrar em linhas mais nobres de eletrônicos’, diz Fernando Fischer, diretor de vendas e marketing da Gradiente. A companhia estreou no segmento de TVs de plasma no final do ano passado. No último mês, lançou uma linha de televisores com telas de cristal líquido (LCD).’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


A volta da superbabá


‘A superbabá do SBT está a procura de pais separados ou de mães solteiras com problemas com os filhos. Esse será um dos desafios da segunda temporada de Supernanny, que retorna ao ar em outubro ao SBT.


O reality show já voltou a ser gravado e a conselheira e babá de plantão Cris Poli está visitando sua quarta família. A intenção da produção do programa era gravar casos em outros Estados, mas Silvio Santos só liberou gravações no interior de São Paulo.


Os produtores agora estão atrás de filhos de pais separados ou mães solteiras – perfil que acabou faltando na primeira safra.


Entre as novidades da segunda temporada está o visual da superbabá. Cris Poli terá novo uniforme e novo penteado. Só os óculos é que o patrão não quer que ela mude, pois já fazem parte do visual. Supernanny também ganhará um cenário mais moderno para a análise dos casos, e vai apresentar novos métodos no programa, unindo-os aos já conhecidos, como o ‘cantinho da disciplina’.


Ah, e depois de virar uma revista, Supernanny também irá lançar um livro com a marca do programa, com dicas educacionais.


entre- linhas


A TV Cultura nega qualquer desequilíbrio na cobertura da agenda de campanha dos presidenciáveis no Jornal da Cultura. E envia relatório a esta coluna com o tempo cronometrado dado a cada um no noticiário, de 23 de julho a 1 de agosto.


No período aferido pela Cultura, Heloísa Helena teve mais tempo que os demais em duas edições (dias 23 e 28); Lula teve o maior tempo em quatro edições (dias 24, 29, 30 e 31) e Geraldo Alckmin, também em quatro edições (25, 26, 27 e 1 de agosto).


A Record anuncia seu Bicho do Mato para 19h15, mas a novela tem começado às 19h50. A emissora tem poupado a ficção e exposto mais o Jornal da Record à inglória missão de combater a novela sem intervalos da Globo, Cobras & Lagartos.


Por falar na novela, o superintende Comercial da Record comemora o faturamento do folhetim. Walter Zagari garante que os espaços comerciais da trama estão lotados e as cifras não são modestas: 30 segundos em rede nacional no horário, segundo a tabela da casa, valem R$ 167.420,00. O anúncio local (SP) de 30 segundos sai a R$ 39.687,00.


A parceria entre a Band e a SIC para a produção da novela Amores de Perdição, com base nas linhas de Camilo Castelo Branco, prevê considerável bateria de gravações em Portugal. Serão cenas para abastecer 50 capítulos.


No elenco da trama da Band estão confirmados Suzy Rêgo, Celso Frateschi, Adriano Reis e Antonio Grassi.


Churras na laje


João Gordo se despede hoje da primeira temporada do Gordo Visita, da MTV, comendo um churrasco e fazendo rima na laje com o rapper Helião. O chúrras, como eles dizem, foi gravado em Pirituba, na zona oeste de São Paulo. Gordo Visita vai ao ar às 22 horas.’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 7 de agosto de 2006


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Entediado


‘Enquanto os candidatos divulgavam suas primeiras informações de arrecadação e gastos, o ‘Fantástico’ estreava a série ‘E eu com isso?’, sobre os efeitos e a importância da política no cotidiano. É uma aparente resposta a campanhas de descrédito, como na MTV, que sugere jogar ‘tomates’ no governo e na oposição -e que já vinha sendo criticada pelo site Vermelho, do PC do B, e pelo ex-blog de Cesar Maia, entre outros.


No site Nomínimo, o blog de Guilherme Fiúza, que é do Rio, vai em linha oposta, apóia a campanha de voto nulo, forte na internet, e critica ‘a patrulha do bem’:


– O que é pior: voto nulo ou voto entediado? Eleitor entediado é capaz de eleger, por exemplo, a Rosinha.


A TV MORREU, VIVA A TV


No ABC.com, séries em streaming, como ‘Desperate Housewives’


A revista ‘Advertising Age’ noticiou que a experiência da ABC com programas via internet, em ‘streaming’, deu certo. Atingiu 87% de ‘recall’ da publicidade, contra 24% na TV. A presidente da rede diz que ‘foi um sucesso com os anunciantes’ e anuncia que o projeto volta em um mês.


Para o blogueiro de mídia Jeff Jarvis, do BuzzMachine e consultor de NYT.com e Guardian Unlimited, ‘a televisão pode dar adeus’ -ou, no original, ‘kiss its ass goodbye’.


ROUBE ESTA PLANTA


Tido como maior blog do mundo, o Boing Boing destaca que ‘o Brasil luta contra os surrupiadores de nomes das grandes farmacêuticas’, no post ‘Roube esta planta’:


– O Brasil está cansado [‘sick and tired’] de empresas roubando o nome de suas plantas e não vai aceitar mais!


Era elogio à ação ‘maravilhosamente pragmática’ do país que resiste há tempos aos ‘acordos cada vez mais draconianos de propriedade intelectual’: o Brasil enviou uma relação com mais de 5 mil nomes de plantas à OMC e países de todo o mundo, para constranger os ‘ladrões’.


O PRÓXIMO


O ‘Washington Post’ dedicou-se no domingo a especular sobre a América Latina pós-Fidel em longos artigos.


O mais destacado foi de um colunista do venezuelano ‘El Nacional’, ‘Hugo Chávez: o próximo Castro?’. Não, escreveu Ibsen Martínez, dizendo que o presidente venezuelano ‘não tem o ingrediente essencial de Fidel: a legitimidade’.


Foi inusitado ler, na primeira página do ‘WP’, que o cubano tem legitimidade como ‘líder do antiimperialismo’.


O FIM


A exemplo de Martínez, o ‘neocon’ americano Francis Fukuyama, escrevendo no ‘WP’ sob o título ‘O fim de Chávez – A história está contra ele’, contrapôs o venezuelano a Lula, Néstor Kirchner e outros esquerdistas regionais hoje convertidos a ‘políticas monetária e fiscal sadias’.


Em contraponto ao ‘bolivarismo’, Fukuyama elogiou -com restrições- programas como o Bolsa-Família, em implantação no Brasil e no México, e até o ‘orçamento participativo de Porto Alegre’.


PERDENDO


Por fim, no ‘WP’, Julia E. Sweig, diretora de América Latina do influente Council on Foreign Relations, ironizou a preocupação com o ‘cara do mal du jour’, disse que não há sucessor para Castro -e avisou que a região, ‘pós-Guerra Fria’, não reflete os desejos nem os pesadelos de Washington. Avisou mais:


– Enquanto a inclinação à esquerda enerva Washington politicamente, já se está perdendo a AL economicamente.


Para a China e a Europa.


PERTURBADOR


No ‘Financial Times’, texto de um membro do American Enterprise Institute estranha a ‘convergência entre emergentes e industrializados’.


Diz que, ok, é porque os ‘fundamentos econômicos’ de países como os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) vêm melhorando. Mas ‘a razão principal’ é que os fundamentos de países desenvolvidos como Itália e outros europeus ‘vêm se deteriorando’.


No título do artigo, ‘A perturbadora deterioração das economias desenvolvidas’.’


FUNARTE NA WEB
Raquel Cozer


Funarte coloca acervo na internet


‘O Projeto Pixinguinha, organizado pela Funarte (Fundação Nacional de Artes), deu pano para manga desde que surgiu, em 1977, tanto por trazer novos nomes da música nacional, como Djavan e Cássia Eller, quanto por promover memoráveis (e improváveis) encontros no palco, como Johnny Alf e o grupo A Cor do Som. Os shows foram interrompidos em 1997, voltaram em 2004, e, de lá para cá, seus registros em fitas cassete resistiram ao tempo nos arquivos da Funarte.


Nunca lançado em disco, o material passa direto para a era virtual. Mais de 4.000 canções interpretadas no projeto poderão ser ouvidas a partir de hoje no portal Canal Funarte, no endereço www.funarte.gov.br. Na página, terão vizinhos igualmente nobres, também saídos do acervo da instituição.


Entre o mais de um milhão de itens que a Funarte adquiriu em 30 anos, foram selecionadas cerca de 20 mil imagens e 23 mil músicas. O portal sediará preciosidades como os prestigiados 65 álbuns da Coleção Funarte, com composições de gente como Garoto e Custódio Mesquita em interpretações de Ney Matogrosso, Marlene e outros, e fotos de peças de teatro montadas no Rio dos anos 40 aos 80 (veja destaques ao lado).


O Canal Funarte, diz Vitor Ortiz, diretor do Centro de Programas Integrados da Funarte (Cepin), foi criado para ajudar no cumprimento de uma das finalidades da instituição: difundir a produção cultural do país. ‘Significa que uma parcela da arte nacional que até então estava restrita a quem ia pessoalmente à nossa sede, no Rio, estará ao alcance do mundo inteiro’, diz Ortiz.


A exemplo do que acontece em outros acervos sonoros virtuais, como o do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e o do Instituto Moreira Salles (IMS), as músicas ficarão disponíveis apenas para audição, e não para download. Isso acontece em respeito aos direitos autorais dos artistas envolvidos nas gravações -a Funarte assinou um contrato com a Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) para pagar os direitos referentes a cada música. Estas entrarão aos poucos na programação da rádio, que será atualizada semanalmente.


Levar o material para a internet é o movimento final de um trabalho -ainda em andamento- que inclui a digitalização e catalogação do acervo. Para isso e para a criação do portal, a Funarte recebeu um patrocínio de R$ 2 milhões da Petrobrás via lei de incentivo. ‘A parte mais difícil é tratar, digitalizar e catalogar. Muitos dos negativos, por exemplo, estavam em envelopes sem nenhuma informação’, conta Paulo Cesar Soares, coordenador artístico do Canal Funarte.


O portal deve servir ainda como instrumento de pesquisa. ‘Ele terá um papel de prestação de serviços, incluindo dados sobre leis de incentivo Brasil afora e informações sobre teatros no país’, diz Antônio Grassi, presidente da Funarte.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Atriz fica famosa com piada sobre maconha


‘Veterana atriz de teatro, Maria Alice Vergueiro, 71, ficou famosa na semana passada, quando um hilário curta gravado por três cineastas recém-formados foi parar no site de vídeos YouTube _que já incomoda as redes de TV por permitir que qualquer um coloque nele material próprio (e delas).


No vídeo, ‘Tapa na Pantera’, Maria Alice faz uma idosa que fuma maconha há 30 anos. ‘Não faço apologia da maconha. Eu fumo no cachimbo, porque o que faz mal é o papelzinho’, diz, irônica, no começo do curta (para assisti-lo entre em www.youtube.com e faça busca por ‘Tapa na Pantera’).


Depois, ela se diverte com a perda de memória causada pela maconha. Diz que a combate com um chá, mas não consegue se lembrar do nome da planta.


Em apenas uma semana, sem divulgação, o vídeo foi visto por mais de 150 mil espectadores, superando a audiência de vários programas de TV. ‘Esse público é maior do que a minha vida inteira no teatro’, disse Maria Alice à Folha. ‘Só fiquei conhecida agora’.


A atriz fez apenas uma novela, ‘Sassaricando’ (1987). ‘É muito chato. Eu não tenho o perfil da família global’, conta.


‘A gente fez a Maria Alice virar ícone adolescente. Vamos colocar mais vídeos na internet com ela’, diz Esmir Filho, 23, um dos três produtores do vídeo e vencedor do prêmio de melhor roteiro de curta no festival de Cannes deste ano.


NOVO HORÁRIOA Record planeja para a segunda quinzena de outubro a estréia de ‘E, Aí’, sua primeira novela das seis. Assim, conseguirá, como a Globo, manter três novelas diárias no ar.


INTERNACIONAL 1A Band poderá ter no ano que vem sua primeira afiliada fora do Brasil. A rede negocia com a KTV, a mais nova emissora aberta de Moçambique, uma parceria em que sua programação será transmitida naquele país lusófono quase simultaneamente ao Brasil.


INTERNACIONAL 2Segundo Roberto Lestinge, diretor de expansão internacional, até o Carnaval a Band deverá apenas vender programas. Depois, passará a ter uma afiliada, com direito a participação nas receitas da KTV.


NOVA CASA 1Depois de 25 anos de Globo, a atriz Tássia Camargo, 45, está de mudança para a Record, onde terá um contrato de três anos e atuará no núcleo central da próxima novela das oito.


NOVA CASA 2Tássia, que está no elenco de ‘Malhação’, mas fora do ar atualmente, diz que seu contrato com a Globo está vencendo. Como não havia previsão de quando ela voltaria ao ar, a Globo a liberou, conta. ‘Na Record terei a oportunidade de dirigir novelas’, afirma.


FUTURO INCERTOEstão mal no Ibope os telejornais de horário nobre do SBT. Na quinta passada, perderam para programa infantil da Cultura. Na sexta, voltaram a disputar o quinto lugar no ranking com a Rede TV!.’


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