Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Fernando Duarte

‘Os sindicatos ameaçam fazer o que nem mesmo os ataques alemães na Segunda Guerra Mundial conseguiram: tirar a BBC do ar. Ontem, funcionários do mais famoso conglomerado estatal de mídia do mundo anunciaram que farão quatro greves-relâmpago de 24 horas a partir do próximo dia 23, em protesto contra os planos de demissão de cerca de 3.800 funcionários. As paralisações foram anunciadas por três dos principais sindicatos do setor, incluindo a União Nacional dos Jornalistas (NUJ), e estão marcadas para 31 de maio e 1 de junho. A outra data ainda não está confirmada.


Segundo os sindicatos, a quarta paralisação será marcada de maneira a causar os maiores transtornos possíveis à programação de rádios e canais de TV da BBC. Pelo menos por enquanto, porém, a maior ameaça é mesmo em programas jornalísticos, em especial o serviço 24 horas e o ‘Breakfast’, o programa matinal de notícias mais famoso da TV britânica. Isso porque outras atrações em perigo são programas leves, como especiais de jardinagem e decoração de interiores. Pelo menos a princípio, o torneio de tênis de Wimbledon, uma das jóias da programação da BBC, escaparia da ira dos grevistas.


No rádio, o maior prejudicado deverá ser o ‘Today’, na Rádio 4, o mesmo programa que em 2003 provocou uma crise no governo Tony Blair ao acusá-lo de manipular informações para justificar a participação britânica na invasão do Iraque. Curiosamente, um programa sobre as atividades do premier também corre risco. O serviço de internet pode ser prejudicado.


Financiada por uma taxa cobrada dos domicílios britânicos com TV, cujo montante anual é de cerca de R$ 15 bilhões, a BBC optou pelos cortes de pessoal como forma de arrecadar fundos para reinvestir na qualidade da programação, que tem sido alvo de críticas do governo e do público. Há grande pressão para que parte das verbas do imposto da TV seja posta à disposição também de outros canais que apresentem programas de cunho cultural.


Os dois canais convencionais da BBC detêm 34,2% da audiência, os canais comerciais ficam com 37,7%, e as emissoras por assinatura, com 28,1%.’



Folha de S. Paulo


‘Funcionários da BBC farão 4 dias de greve’, copyright Folha de S. Paulo, 13/05/05


‘Jornalistas e técnicos da BBC, emissora de TV estatal britânica, decidiram fazer quatro dias de greve, em protesto contra os planos da diretoria de cortar 20% dos postos de trabalho no canal -cerca de 4.000 pessoas. A greve ocorrerá nos dias 23 e 31 de maio, 1º de junho e em outra data ainda não definida.’



EQUADOR


Folha de S. Paulo


‘População exige renúncia de todo o Congresso’, copyright Folha de S. Paulo, 13/05/05


‘A rádio equatoriana La Luna voltou a incitar a população a sair às ruas e a se manifestar contra os políticos do país. A emissora teve papel preponderante nos protestos populares ocorridos durante uma semana antes de o Congresso destituir o presidente Lúcio Gutiérrez, em 20 de abril. Ele está hoje asilado no Brasil.


O clima político estava tenso no Equador, mas não houve mobilizações populares. Apesar disso, parte da população ainda quer a renúncia de todos os deputados do país.


Ontem o Congresso destituiu quatro deputados. Eles perderam o mandato por terem se envolvido em um escândalo sexual. Desde a queda de Gutiérrez, 15 deputados equatorianos já perderam o cargo. No entanto, de acordo com especialistas, o Congresso decidiu expulsá-los para tranqüilizar a população.


‘Os congressistas temem outra manifestação. Os deputados foram expulsos para satisfazer os desejos do povo, mas isso não será suficiente’, afirmou Ernesto Freire, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Equador e professor da Universidade Andina Simón Bolívar.


Crítica à OEA


O Equador criticou um documento apresentado pela Organização de Estados Americanos, que expressa ‘preocupação com a estabilidade política do país’. O embaixador equatoriano Mario Alemán, que representa Quito na OEA, disse que as recomendações ‘são ilegítimas e uma intromissão na soberania do país’.’



INCLUSÃO DIGITAL


Mônica Tavares e Luciana Rodrigues


‘Isenção fiscal e microcrédito para PC popular’, copyright O Globo, 13/05/05


‘O governo divulgou ontem as linhas gerais do PC Conectado – programa de computador popular com acesso à internet, destinado à população de baixa renda. Para facilitar a compra do equipamento, o governo está propondo ao Conselho Monetário Nacional (CMN) o aumento do microcrédito de R$ 600 para R$ 1.200. A taxa de abertura do microcrédito é de R$ 40, com juros de 2% ao mês e pagamento em 24 meses.


Outra proposta feita pelo governo ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é a criação do FAT-Inclusão Digital. Seria uma linha de crédito direta ao correntista de banco público (Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste) para compra do PC Conectado. A taxa de juro do financiamento não deve passar de 2% ao mês. A proposta será analisada na próxima reunião do Codefat, dia 22.


O assessor da Presidência da República e coordenador do projeto, Cezar Alvarez, informou que o governo decidiu conceder isenção fiscal para os equipamentos até o valor de R$ 2.500. A isenção será do PIS/Cofins, o que equivale a uma renúncia fiscal de 9,5% do preço final do produto e terá validade até 31 de dezembro de 2006. O BNDES vai financiar o varejo e as indústrias para que eles ofereçam o PC Conectado com juros mais baixos que os atuais.


Os computadores com preço à vista até R$ 1.400, além de terem a isenção, também contarão com juros subsidiados. O chamado PC Conectado terá obrigatoriamente que rodar software livre, com um total de 27 aplicativos. A conexão à internet custará ao consumidor R$ 7,50 por 15 horas mensais, já considerados os impostos.


A expectativa de Cesar Alvarez é de que a prestação do PC Conectado não seja superior a R$ 70. O financiamento, segundo ele, deverá ser em 24 parcelas.


O anúncio oficial do programa ainda depende de uma negociação política entre o governo e o Congresso, porque a isenção fiscal somente poderá ser concedida depois de aprovação de projeto de lei ou medida provisória.


Para Rodrigo Baggio, fundador do Comitê para Democratização da Informática (CDI), organização hoje presente em 19 estados brasileiros e nove países, o programa do governo é um passo ainda modesto para ampliar a inclusão digital.


Ele lembra que apenas 17% dos brasileiros têm computador e só 13% acessam a internet. Além disso, somente mil municípios brasileiros, entre as mais de cinco mil cidades do país, têm infra-estrutura local de conexão com a internet. Por isso, Baggio defende a ampliação de infra-estrutura e investimentos para o acesso público aos computadores e à internet.’



Nelson Vasconcelos


‘Uma novela longe de chegar ao fim’, copyright O Globo, 13/05/05


‘A novela do PC Conectado tem três personagens principais: tecnologia, indústria e política. Graças a esse triângulo, o enredo arrastou-se por anos, pois eles não se entendiam nunca. A turma da tecnologia se esmerava em descobrir configuração e preço ideais para os computadores de baixo custo, a indústria fazia seu lobby e, no meio desse conflito, ficava a turma da política, que nunca tem pressa.


Mas agora parece que as personagens se entenderam e o projeto ensaia virar realidade. A configuração das máquinas (ver box ao lado) é básica, sob medida para iniciantes, que não precisam de muito poder de fogo. É um bom pontapé inicial, que despertaria a crítica de usuários mais exigentes, só que esse não é o público-alvo do PC Conectado. Se há algum problema com a configuração, é que ela inevitavelmente estará ultrapassada daqui a algum tempo, como acontece com qualquer outra máquina. Existe algum plano para financiar futuros upgrades desses PCs? Não. É um probleminha para o futuro.


A preferência pelo software livre (sem direitos autorais), para chateação da indústria do chamado software proprietário, é positiva porque significa menos custo inicial, mais concorrência no mercado e menos pirataria no setor. Os programas abertos oferecidos são compatíveis com as exigências da vida real, não deixando qualquer usuário à parte do mercado somente por falta de recursos.


O pacote de acesso à internet – de 15 horas mensais a R$ 7,50 – ainda é modesto, especialmente para os usuários em idade escolar ou que pretendem buscar emprego com a ajusta da rede. Mas pode melhorar se as operadoras de telefonia, por exemplo, decidirem mostrar que sabem o que é responsabilidade social, facilitando o acesso à rede para esse segmento. Taí um problemão imediato.


Enfim, a novela do PC Conectado ganha novo gás. E aguardemos os próximos capítulos: 1) críticas da indústria; 2) aumento do microcrédito; 3) venda das máquinas; 4) entrega; 5) assistência técnica. Serão capítulos emocionantes.’