Monday, 29 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Folha de S. Paulo


GOVERNO LULA
Lilian Christofoletti


PT prega liberdade de imprensa ‘radical’


‘Apontado por alguns petistas como o responsável pela crise política que
abalou o PT em 2005, o Campo Majoritário defendeu ontem a ‘radicalização da
liberdade de imprensa’ e garantiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que tem como aliadas siglas de direita, como o PP, é mais de esquerda
do que se imagina.


As afirmações fazem parte de um documento preparado pelo Campo Majoritário,
que será apresentado no 3º Congresso Nacional do PT, em agosto.


O documento diz que ‘a radicalização da liberdade de imprensa e seu
compromisso público’ fazem parte do ‘compromisso com o PT como partido
socialista e democrático’.


‘É preciso fortalecer a concepção de um sistema de comunicação que combine a
atuação do setor público, do setor privado e dos instrumentos de comunicação
comunitária’, diz mais adiante o texto.


A tese é defendida no momento em que o governo Lula anunciou o projeto uma TV
pública e criou a Secretaria de Comunicação Social para tocá-lo.


Diante das críticas sobre o distanciamento entre a prática do governo e a
ideologia petista, o documento afirma que ‘o governo Lula é mais de esquerda do
que foi caracterizado pela imprensa e, algumas vezes, por discursos de membros
do próprio governo’. O entendimento contrário, continua, revela ‘certa falta de
compreensão dos avanços propostos e alcançados nesses quatro anos’.


Na tese, a corrente petista informa que reconhece os erros do PT -não cita a
palavra mensalão-, defende o combate à corrupção e a reconquista do apoio dos
intelectuais e da militância. Pede ainda a retomada do debate sobre o socialismo
petista, sem que ele se torne uma ‘camisa-de-força’. ‘Socialismo, para o PT, não
deve ser confundido com estatização, mas entendido como socialização da
política’, diz o texto.


‘Não queremos refundar o PT’, disse ontem o presidente da sigla, Ricardo
Berzoini. ‘O que precisamos é construir um diálogo interno mais forte.’


‘O PT precisa ser contemporâneo, mas fundar de novo, não’, disse o deputado
João Paulo Cunha. Participaram ainda do ato o ministro Luiz Marinho
(Previdência), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e os senadores Aloizio
Mercadante e Eduardo Suplicy.


Acusado de envolvimento no mensalão, José Genoino aproveitou o encontro para
um ‘desabafo pessoal’. Disse não ter subscrito a tese, apesar da afinidade de
idéias. ‘Ainda estou num momento de autocrítica.’’



Denyse Godoy


Só jornalistas e brasileiros notam passagem de Lula por Washington


‘Acostumada a receber chefes de Estado com freqüência, Washington mal se deu
conta da presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no país ontem. A
cidade comemorava neste final de semana as cerejeiras, que começam a florir.


Sábado, manhã de sol, temperatura perto dos 15 graus, alguns poucos turistas
se aproximaram dos bloqueios que circundavam a Blair House -residência oficial
para hóspedes dos presidentes dos EUA- e se surpreendiam ao saber que era o
líder brasileiro quem estava lá desde a noite anterior. A notícia do encontro
entre George W. Bush e Lula teve pouco destaque nos jornais locais.


A Blair House fica na avenida Pensilvânia -do outro lado da rua, a cerca de
cem metros, está a Casa Branca. É formada por quatro pequenos prédios de três
andares (‘town houses’).


O principal deles, onde Lula pernoitou, foi construído em 1824, para moradia
de um médico e sua família. Em 1942, foi adquirido pelo governo americano. Uma
bandeira brasileira ontem tremulava na fachada -bandeira na qual o losango
amarelo aparecia desproporcionalmente pequeno.


Antes dos atentados de 11 de setembro de 2001, as vias e praças ao redor eram
abertas ao público. Agora, tudo está cercado por grades de ferro de um metro e
meio de altura. Guardas do serviço secreto uniformizado e agentes à paisana
faziam a vigilância.


Comitiva modesta


O esquema de segurança para a visita de Lula, porém, era bem simples.
Revistas pessoais, detectores de metais, cães farejadores examinando bolsas e
equipamentos. Tudo tranqüilo, organizado. Nem dá para comparar com o que
aconteceu quando Bush viajou ao Brasil, no início do mês passado, quando a
cidade de São Paulo parou para dar passagem à comitiva do americano.


A comitiva de Lula em Washington contava com apenas cinco veículos e poucos
batedores. Não havia ambulância junto, porque os trajetos em terra eram curtos,
e, em caso de emergência, seria fácil rumar para um hospital próximo.


Quando Bush passou por São Paulo com uma comitiva de 20 carros, outros 20 da
polícia local os acompanharam. Cachorros farejadores, agentes do serviço secreto
americano, revista detalhada a todos os que chegassem perto dos locais visitados
por ele, cerca de 4.000 homens mobilizados. Com o fechamento de ruas, seus
deslocamentos provocaram congestionamento no trânsito da capital paulista. Até o
aeroporto internacional de Guarulhos foi fechado para o pouso do Air Force One,
avião do presidente americano, o que causou atrasos nos vôos.


Fã de Lula


A estudante cearense Ana Paula Meireles, 24, perguntava-se se teria uma
chance de abordar Lula. A um segurança, entregou uma carta de apoio ao
presidente. ‘Aprecio o trabalho dele’, explicou. ‘Apesar de todos os problemas
que o país tem, reconheço a sua preocupação com os mais pobres.’


Ela, quatro amigas universitárias em Washington que havia arrastado consigo
para aquele passeio e oito jornalistas eram os únicos brasileiros esperando Lula
sair da casa.


Os repórteres brasileiros aguardavam talvez a única chance para abordar o
presidente e questioná-lo sobre a crise nos aeroportos (leia texto sobre as
declarações do presidente ao respeito do tema em Cotidiano). Ao chegar a
Washington, na sexta-feira à noite, Lula os havia frustrado.


Após mais quatro horas e meia de espera, o presidente finalmente apareceu.
Respondeu a três perguntas e foi embora, rumo a Camp David. Nem mesmo Ana Paula,
aos gritos, conseguiu chamar sua atenção.’


Danuza Leão


Por favor, me expliquem


‘EU ENTENDO de algumas coisas, mas de outras confesso minha total ignorância.
Do assunto Franklin Martins, por exemplo. Só para começar, o que faz uma pessoa
que ganha – e sem nem fazer muito esforço – entre R$ 50 mil e R$ 100 mil por
mês, se demitir para aceitar um cargo onde vai passar a ganhar R$ 8.000.
Estranho, não?


É bem verdade que nesse novo cargo ele vai ser, no lugar de jornalista,
ministro, e colado ao poder. Será então vaidade? Ambição?


Mas ainda tem mais; a pessoa em questão, Franklin Martins, era dos melhores
comentaristas políticos da TV, um homem corajoso, que não deixava de dizer o que
pensava em relação ao governo -esse mesmo governo de que agora é empregado.


Quem acompanhou os duros tempos da ditadura sabe que quem escreveu a famosa
carta aos militares, exigindo a libertação de 15 companheiros em troca da vida
do embaixador americano, Charles Elbrick, foi Franklin Martins. Bela carta,
aliás. Não passa pela cabeça de ninguém que uma pessoa com aqueles ideais aceite
ser porta-voz do governo do presidente Lula, a quem ele nunca poupou. Bela
jogada do presidente, aliás. Mas tem mais: além de porta-voz, é ele quem vai
cuidar de toda a publicidade do governo. Isso significa que se algum jornal
disser alguma coisa que ele ache que não caiu bem, ele tem o poder de cortar a
publicidade dos órgãos oficiais -Banco do Brasil, Caixa Econômica, e por aí vai.
Não só o poder como o dever, penso eu. Não vamos também nos esquecer de que um
dos 15 libertados no episódio do seqüestro do embaixador foi o ex-deputado
cassado José Dirceu, que não cansa de mexer seus pauzinhos para ser anistiado, e
agora já está metido até em negócios com o etanol.


Eu queria que alguém me explicasse se está certo Franklin Martins aceitar
esse emprego. Com isso ele joga no lixo sua biografia, o que talvez para ele não
tenha a menor importância. Mas para muita gente tem.


Eu, uma modesta cidadã, não vou acreditar mais em uma só palavra do que ele
disser, e vou ficar de olho nessa história da publicidade oficial, que vai estar
nas mãos dele.


Até agora não ouvi nem li ninguém falar sobre o assunto, dizer se ele fez bem
ou mal em assumir o tal cargo, se ele não deveria ter recusado. Em outros tempos
– até umas duas semanas atrás – eu ficaria orgulhosa de ser apresentada a esse
homem que teve coragem para tanta coisa.


Hoje, mais não. Será que é o passar dos anos que faz com que as pessoas
mudem? Ou eu estou completamente errada e ele tinha todo o direito de aceitar
ser porta-voz do governo Lula?


Preciso que alguém me esclareça, alguém em quem eu acredite, alguém que seja
correto, honesto, que não tenha mudado com o tempo. Que tenha conhecido Franklin
Martins profundamente, e que possa me explicar o que se passou com ele, se é
normal que as pessoas mudem, até para que eu entenda que a vida é assim mesmo, e
me conforme com isso, ou se continuo com minhas opiniões, mesmo sozinha, mesmo
que talvez errada.


E a única pessoa que gostaria que me falasse sobre isso, e na qual eu
acreditaria, chama-se Fernando Gabeira. Eles foram companheiros, Gabeira deve
entender.


Diga alguma coisa a respeito, Gabeira; diga tudo que você acha, Gabeira,
porque estou precisando de sua opinião.


Aliás, só da sua.’


MÍDIA & VIOLÊNCIA
Carlos Heitor Cony


Tempo de sangue


‘Havia um jornal no Rio cuja especialidade era cobrir assuntos policiais
-numa época em que a violência não havia atingido os níveis de hoje. Era mais
barato do que os concorrentes e vendia bem. O sujeito roubava uma galinha num
quintal de Marechal Hermes e tinha foto na primeira página, era apontado à
execração pública. Mas o que predominava eram os crimes de sangue, sobretudo os
adultérios e pecados afins.


Os órgãos de imprensa mais sérios, e os leitores igualmente sérios, diziam
que, se espremessem o jornal com força, pingaria sangue de suas páginas. Lembro
a manchete que fez sucesso: ‘O sangue correu na noite de núpcias’. Não se
tratava de um duplo sentido: no casamento de um bancário, em Olaria, o pau comeu
a noite toda e houve feridos em diversas gradações, inclusive a noiva, que foi
internada e precisou de uma transfusão de sangue.


Os noticiários da TV, com o aumento da violência, estão pingando sangue. Uns
pelos outros, pelo menos um terço do tempo é dedicado a assaltos, conflitos da
polícia com traficantes e vice-versa. Ninguém mais rouba galinhas dos quintais
-não há quintais, e as galinhas já chegam preparadas nos supermercados, as mais
sofisticadas com um termômetro na barriga para avisar que já estão assadas.


Semana passada, num dos telejornais com melhor ibope, contei cinco notícias
seguidas de casos policiais, nenhum deles importante: crimes mixurucas, rixas de
vizinhos, brigas de bar, um sujeito que não pagou o que devia e levou uma
facada, foi socorrido no Souza Aguiar.


Curiosamente, os adultérios fornecem pouca matéria-prima. Ainda existem, mas
de duas uma: ou são de gente conhecida e o noticiário tende a esconder a surra
que a mulher levou; ou são da plebe ignara e ocupam pouco espaço.’


GRAMPOS ILEGAIS
João Carlos Magalhães


Juiz libera grampos ilegais a governo do RN


‘O subsecretário da Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Maurílio Pinto
de Medeiros, conseguiu que fossem feitos, com ordens de um juiz ‘amigo’, grampos
telefônicos ilegais. O Ministério Público do Estado afirma que, desde 2003, ao
menos 500 pedidos foram feitos pelo juiz e por volta de mil telefones foram
interceptados de maneira irregular.


À Folha, o subsecretário disse que sabia da natureza irregular das escutas,
autorizadas por Carlos Adel, juiz da 12ª Vara de Execuções Penais de Natal, que
é considerado um amigo por Medeiros. Para ele, a urgência dos casos justificou a
ilegalidade. ‘Já disse várias vezes. Se eu for condenado por isso, para mim é
uma honra.’


Deputados estaduais opositores ao governo de Wilma de Faria (PSB) afirmam que
políticos, integrantes do Judiciário e empresários também foram espionados com a
prática (leia texto nesta página). Medeiros nega e diz que usou o artifício
apenas para investigar supostos criminosos foragidos.


A Procuradoria ainda investiga se houve uso político dos grampos. Até agora,
não há provas. Ela recomendou a suspensão da prática, alegando diversos aspectos
ilegais.


O juiz, dizem os promotores, não tinha competência para ordenar as escutas,
de acordo com a Lei Orgânica do Estado.


Sendo da área de execução penal (que cuida do acompanhamento da pena), ele é
incapaz de interferir na investigação e instrução penal.


Além disso, argumenta o Ministério Público, não havia processos nem
inquéritos para justificar as investigações.


O subsecretário pedia os grampos por meio de um simples ofício, com uma
indicação sumária dos números que queria interceptar. Medeiros disse à Folha
que, ao menos uma vez, o pedido foi mandado e autorizado durante a
madrugada.


A lei estadual 9.296, de 1996, que define as condições para que um grampo
seja realizado, diz que ‘em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a
situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada’.


Por último, o Ministério Público não acompanhava em nenhum momento as
gravações feitas, o que contraria a recomendação legal.


Outro lado


Medeiros citou alguns casos que, segundo ele, foram resolvidos graças aos
grampos. Um deles foi o seqüestro de um mulher que, ‘se fosse para seguir os
caminhos legais, se tivesse que passar pelo promotor, já tinha morrido todo
mundo’.


O juiz Adel foi procurado tanto na 12ª Vara, onde informaram que ele estava
de licença, como em sua casa. Até sexta-feira, ele não ligou de volta.


A Secretaria da Comunicação do governo emitiu uma nota, afirmando que a
nomeação de Medeiros tem motivação técnica e que ele, ‘há pelo menos 20 anos,
exerce cargos de chefia dentro da Segurança Pública do Estado’.’


***


Subsecretário tem imagem dúbia no RN


‘Maurílio Pinto de Medeiros, 65, o subsecretário que pediu os grampos
ilegais, tem imagem dúbia no Rio Grande do Norte.


Enquanto militantes de direitos humanos o acusam de ter liderado um grupo de
extermínio -o que ele nega-, colegas o congratulam como o melhor policial do
Estado.


As acusações foram feitas na CPI dos Grupos de Extermínio no Nordeste, de
2005, quando a comissão pediu que ele fosse investigado. Segundo depoimento de
Roberto Monte, presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos do RN,
Medeiros era líder de um grupo chamado Meninos de Ouro, composto por policiais
que supostamente promoviam chacinas em Natal.


Por outro lado, membros da PM e da Polícia Civil o consideram policial
eficiente. Apelidado de ‘Xerife’, é filho de outro policial famoso, Bento de
Medeiros, que, assim como o filho, dirigiu a Polícia Civil durante décadas.


Mesmo ocupando cargo de chefia na secretaria, Medeiros quase não desempenha
funções burocráticas. Ele é responsável por um grupo de investigação composto só
por policiais que escolheu.’


***


Criação de CPI dos grampos é rejeitada por Assembléia


‘Divulgada no último dia 13, a recomendação do Ministério Público do Rio
Grande do Norte sobre os grampos ilegais deu sustentação para a oposição na
Assembléia Legislativa tentar implantar uma CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) para investigar o caso.


Como apenas 7 de 24 parlamentares assinaram o requerimento, a comissão não
foi aprovada. É necessário que um terço da Casa (oito) aceite a CPI.


Para alguns deputados, os grampos foram usados para investigar políticos,
juízes, empresários e jornalistas. Eles dizem que as irregularidades tinham
anuência de superiores do governo potiguar.


‘Não há dúvida de que um número imenso de pessoas foi bisbilhotado
ilegalmente’, disse o deputado José Dias (PMDB). Ele diz que o suposto uso
político da prática foi feito nas eleições municipais de 2004 e ‘banalizado’ em
2006. A administração de Wilma de Faria (PSB) nega as suspeitas.


Robinson Faria (PMN), presidente da Assembléia, que não assinou o pedido de
CPI, disse que as acusações são graves, mas que ainda faltam ‘etapas para
queimar’, como requerimento de informações e depoimento dos
envolvidos.’


FSP / OMBUDSMAN
Folha de S. Paulo


Folha vai ter novo ombudsman a partir da próxima quinta


‘O jornalista Mário Magalhães, 42, será o novo ombudsman da Folha a partir do
dia 5 de abril. Ele substituirá Marcelo Beraba, 55, que ocupou o cargo nos
últimos três anos.


Jornalista há 21 anos, autor de livros-reportagens e com vários prêmios
ganhos na área, Magalhães vinha atuando como repórter especial na Sucursal do
Rio de Janeiro.


Ele será o oitavo profissional a ocupar o cargo de ombudsman desde 1989 -ano
em que a função foi criada na Folha, primeiro jornal a adotá-la no país.


Um dos principais desafios no posto, segundo ele, será ‘na condição de
representante dos leitores, contribuir para que a Folha produza um jornalismo de
mais qualidade, em um período de enormes transformações da mídia no mundo, sob o
impacto da internet’.


Para Magalhães, com a profusão de novas mídias e informações, atualmente ‘os
jornais impressos vivem uma crise que também é existencial’.


‘O jornal impresso de antigamente não serve mais hoje. Ele ainda precisa ser
a melhor síntese possível dos acontecimentos do dia anterior, mas isso não
basta. Deve contextualizar e aprofundar os fatos, jogar luz no que às vezes é
apenas superficial no jornalismo de outras plataformas’, afirma.


Entre suas principais funções, o ombudsman encaminha à Redação as reclamações
dos leitores, critica o jornal em sua coluna de domingo e redige, diariamente,
uma crítica interna. A fim de preservar sua isenção, as sugestões ou críticas do
ombudsman não têm caráter deliberativo no jornal.


O mandato é de um ano, renovável por mais dois, e o ombudsman não pode ser
demitido durante um período de seis meses após deixar o cargo.


Antes de Magalhães, ocuparam o cargo Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos,
Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg e
Marcelo Beraba.


Origem


A palavra ombudsman surgiu na Suécia, em 1810, para designar o defensor dos
cidadãos ameaçados pelo Parlamento. Com o tempo, foram surgindo ombudsmans em
empresas, universidades e hospitais. A idéia chegou à imprensa em 1967, quando
um jornal do Estado de Kentucky (EUA) indicou seu ombudsman.


Carioca, Magalhães se formou em jornalismo na Escola de Comunicação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) e iniciou sua carreira na
‘Tribuna da Imprensa’, em 1986, tendo passado por ‘O Globo’ e ‘O Estado de S.
Paulo’, sempre como repórter.


Ingressou na Folha em 1991 como editor-assistente do Folhateen. Foi
editor-assistente e repórter de Esporte, repórter da Sucursal do Rio e repórter
especial -função que exercia em 2003, quando deixou o jornal para escrever a
biografia do guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969). O livro, em fase de
conclusão, sairá pela Companhia das Letras. Em 2006, Magalhães voltou para a
Folha.


Entre prêmios e menções honrosas, ele recebeu duas vezes o Prêmio Folha de
Reportagem, duas vezes o Prêmio da Sociedade Interamericana de Imprensa, o
Prêmio Lorenzo Natali (da União Européia), o Prêmio Esso de Jornalismo, o Prêmio
Vladimir Herzog, a Medalha Chico Mendes e o Prêmio Direitos Humanos-RS.


Magalhães é também co-autor -com o fotógrafo Antônio Gaudério- do livro de
reportagens ‘Viagem ao País do Futebol’ (DBA, 1998) e autor do livro-reportagem
‘O Narcotráfico’ (Publifolha, 2000).’


FRANÇA
Alexandre Werneck


Desenhistas traçam show da política na França


‘O cenário político francês vive um momento singular. Não só porque as
eleições do próximo dia 22 podem levar ao poder a primeira presidente mulher da
história da França, a socialista Ségolène Royal. E nem tanto por ela estar
disputando em pé de igualdade com o ex-ministro do Interior e candidato de
direita Nicolas Sarkozy.


E nem ainda pelo fenômeno François Bayrou, mais ao centro. Mas também porque,
com o fim das eras François Miterrand (morto em 1996) e Jacques Chirac e a busca
por novos ícones políticos, a França parece ter feito uma opção curiosa: entre
um e outro candidato, o francês tem preferido o espetáculo, a transformação de
seus políticos em personagens.


Não passa uma semana sem que saia uma capa de revista sobre a juventude de
Sarkozy ou a família de Ségolène.


Para os cartunistas, que se esforçam para criticar a política transformando
em traços as idiossincrasias dos políticos, como todo esse teatro pode fazer
algum sentido?


Veja, por exemplo, René Pétillon e Riss. O primeiro, 61 anos, publicou há
pouco seu álbum ‘Ségolène’ (Albin Michel, 13 euros na internet). O outro, 41, é
o desenhista do livro ‘La face karchée de Sarkozy’ (Vents d’Ouest/ Fayard, 14
euros, cujo título significa algo como ‘A face oculta e revelada de Sarkozy’),
do jornalista Philippe Cohen e do advogado Richard Malka, lançado em 2006.


Convidados pela Folha para uma conversa conjunta, os dois concordam que a
política, que sempre foi alvo do humor dos cartunistas, vem assumindo um outro
desenho. E não são eles que o vêm traçando.


‘Desde a época de Miterrand os franceses se interessam pela vida privada de
seus políticos. O que é novo é que agora isso começa nos próprios candidatos.
Ségolène deixou fazerem matéria sobre os filhos dela e Sarkozy se deixou
fotografar com a mulher em casa. Há uma politização da vida privada mesmo’, diz
Pétillon, criador do famoso e enrolado detetive Jack Palmer.


‘Ségolène’ traz charges envolvendo os principais personagens políticos
franceses, Ségolène entre eles. É um livro de piadas curtas, das que poderiam
estar ao lado do editorial em jornais brasileiros.


Riss, ou Laurent Sourisseau, refere-se a seu personagem por seu apelido,
‘Sarkô’: ‘É um personagem que se dedica sobretudo a esse jogo de encenação na
mídia e essa marca é muito gritante na política atual’, diz ele, repórter e
desenhista ligado ao semanário satírico ‘Charlie-Hebdo’, no qual se especializou
em fazer coberturas jornalísticas em quadrinhos, entre elas a do Fórum Social
Mundial, em Porto Alegre.


No livro dele, Sarkozy aparece quase como um brinquedo do artista. O pequeno
Sarkô parece uma miniatura do adulto com os mais variados interlocutores, sempre
ironizando um de seus bordões, ‘Eu os esmagarei a todos’.’


***


Artistas se dividem ao retratar o controvertido Sarkozy


‘Os desenhistas franceses René Pétillon e Riss concordam que o desenho
político é um universo à parte, onde toda eleição é especial. Mas um mesmo
elemento une qualquer pleito: a dramaturgia própria.


Desenhista de um livro sobre o candidato da direita à Presidência da França,
Nicolas Sarkozy, Riss diz: ‘Sim, a política tem uma ‘mise en scene’ especial e é
isso que permite que ela vire quadrinho’ -enquanto confessa um certo tédio para
traçar ‘Sarkô’, um homem que, segundo ele, ‘faz sempre o mesmo número’.


Depois de um ano desenhando o personagem, Riss diz não agüentar mais vê-lo, o
que soa como metáfora das posições tanto dele como de Pétillon para as próximas
eleições francesas -os dois conversaram sobre o tema a convite da Folha.


Pétillon ‘gosta’ de Sarkozy por motivos diferentes: ‘É um ótimo personagem de
apoio para Chirac e [o primeiro-ministro] Villepin. Ele me inspira. Eu adoro
desenhar Chirac. É um personagem formidável.’


Pois bem, o atual presidente da França aparece de maneiras bastante
diferentes nos desenhos dos dois. Pétillon o faz malemolente, curvilíneo, com
seu marcante nariz alongado como o de um Pinochio. Já Riss traça a mesma
protuberância de forma aquilina, pontiaguda.


Uma explicação seria técnica: cartum ‘feito com traços mais simples,
despojados’, como explica o cartunista é muito diferente de quadrinho ‘que exige
uma preocupação com a narração, a atmosfera’, como diz o quadrinista. Apesar das
diferenças, um mesmo movimento os une os desenhistas: a indignação, sem
militância.


‘Em geral, aquilo que me inspira é o que me enerva. É uma dramatização da
minha reação. É para ser engraçado, mas tem que passar pela ironia’, diz
Pétillon. ‘É o interesse pela política que move o desenho, mas não se pode ser
militante. O objetivo não é lutar contra ou a favor de nada’, completa Riss.


Na França, a charge política não é tão publicada quanto no Brasil. Os dois
desenhistas lamentam que o desenho político seja relegado mais aos jornais
satíricos. Desconhecedores da vida política e jornalística brasileira, dizem que
seria difícil emplacar um gibi com um personagem como Lula.


‘Provavelmente, o único líder latino-americano que poderia interessar aos
franceses seria Fidel Castro’, diz Pétillon. ‘Poucos líderes do mundo
interessariam, aliás. Mas talvez George Bush’, completa Riss, com a expressão de
quem começa a maquinar alguma coisa.


A pergunta de Sarkô


O livro ‘La face karchée de Sarkozy’, no qual o candidato é traçado por Riss,
ocupa lugar especial na galeria da reinvenção da política pelo desenho.


Mais do que uma compilação de piadas, o álbum de 150 páginas é uma pesquisa
jornalística extensa, com bibliografia, fac-símiles de documentos,
reconstituição de fatos etc.


A diferença em relação a biografias habituais é o formato: a saga de Sarkozy
é contada como história em quadrinhos. Com balões e tudo. E a partir de uma
inusitada e fictícia pesquisa de doutorado apresentada na Sorbonne em 2098!


Nasceu de uma pergunta que intrigava o jornalista francês Philippe Cohen em
2004, quando ele começou a pesquisa, que durou um ano e meio.


‘Naquele momento, Sarkozy ocupava todos os horizontes da política francesa e
não havia dúvida de que ele seria presidente agora. E como é definitivamente um
personagem que não convém ao país, eu queria entender porque todo mundo o achava
indestrutível’, diz Cohen, 53, com passagens por veículos importantes em seu
país.


Para Cohen, a resposta para a pergunta é a mesma aplicável àquela sobre a
opção dele e de Richard Malka, advogado do ‘Charlie-Hebdo’, semanário em que
trabalha Riss, por fazer uma ‘bande dessinée’: a conversão dos atores políticos
contemporâneos em… atores.


‘Sarkozy não acredita na França, não crê em nenhuma idéia de fato, é cínico.
Seu traço ideológico mais forte é se converter em personagem, interpretar um
papel midiático’, diz.


O candidato de direita, entretanto, para ele, não está sozinho. Ele e a
socialista Ségolène Royal, são ambos ótimos para os quadrinhos, ou seja, operam
segundo a mesma mecânica:


‘Sou ligado a uma forma tradicional de política, do debate de idéias. E os
dois fundam a política em suas próprias personalidades’, afirma. ‘No caso de
Ségolène, o fato de ela colocar um vestido branco ou um vestido vermelho se
tornou mais importante do que sua mensagem.’’


TELEVISÃO
Laura Mattos


Alemão continua grosso e imaturo, diz chefe do ‘BBB’


‘Críticos, desistam: o ‘Big Brother’ ainda tem ‘vida longa’ na TV brasileira,
de acordo com o diretor do ‘reality show’, J.B. de Oliveira, o Boninho. E,
quando o público finalmente se cansar de espiar o cotidiano de anônimos, um
filhote, que confina famosos (como ‘Casa dos Artistas’), garantirá uma sobrevida
de duas a quatro edições ao programa, avalia.


Nesta terça-feira, o ‘BBB 7’ chega à final na Globo com a sintonia de mais de
60% das TVs ligadas no horário. Alemão -um cara grosso, imaturo e arrogante, nas
palavras do próprio Boninho- deverá levar o prêmio de R$ 1 milhão. ‘Bombado’,
cabelos loiros arrepiados, ele nem havia se inscrito para participar do
programa. Foi achado por produtores em uma danceteria. No confinamento, acredita
Boninho, mostrou ser um ‘bom moço’. Abaixo, o diretor nega que a edição tenha
favorecido Alemão e dá sua teoria sobre o fato de ele ter se tornado ‘herói’.


FOLHA – Até quando o ‘Big Brother’ sobreviverá na TV brasileira?


BONINHO – O programa tem vida longa. A edição brasileira é muito particular e
é o que dá fôlego ao formato.


FOLHA – Haverá uma migração para outros formatos, como o confinamento de
pessoas famosas?


BONINHO – A Globo ainda não pensa nisso, mas é uma opção que deverá garantir
de duas a quatro edições extras.


FOLHA – Após sete edições, não está cansado de dirigir o programa?


BONINHO – É um trabalho desgastante, são três meses de confinamento junto aos
participantes, mas é gratificante.


FOLHA – ‘Reality show’ virou um gênero televisivo definitivo e irá alternar o
espaço e a audiência com a teledramaturgia? Ou esse formato tem tempo
determinado de vida?


BONINHO – A teledramaturgia ainda é a base da TV brasileira, mas será
necessário diversificar cada vez mais. A crítica insiste em desacreditar o
‘reality show’, mas ele continua com toda força. O ‘Survivor’, por exemplo, que
no Brasil foi batizado de ‘No Limite’, foi um dos ‘realities’ pioneiros e ainda
faz sucesso nos Estados Unidos. O formato chegou para ficar.


FOLHA – Como compara o ‘BBB 7’ aos anteriores? Houve desgaste do formato ou a
resposta do público está sempre ligada ao elenco?


BONINHO – Elenco é fundamental. Para mim, esse foi o melhor ‘BBB’. A edição
foi a melhor, a mais fiel e criativa. Chegamos a incríveis 78% de participação e
41 de audiência no último domingo. Todo mundo fala do programa. O sucesso é
inegável.


FOLHA – O sucesso do ‘BBB’ 7 está ligado a Alemão, que não se inscreveu e foi
achado pela produção. Você vai atrás de perfis determinados?


BONINHO – São dez anos escolhendo personagens para ‘realities’, além disso,
tenho uma equipe maravilhosa que me assessora. O sucesso do Alemão foi
promovido, além de seu carisma, pelos outros participantes. A química do grupo é
extremamente importante.


FOLHA – Você imaginou, ao escalar Alemão, que ele seria ‘O Cara’ ou isso,
como outros ‘papéis’, o surpreendem ao longo do programa?


BONINHO – Ele foi apenas mais uma peça do nosso xadrez.


FOLHA – Bial perguntou no confessionário se os participantes confiam que
edição do programa seja a ‘realidade’ da casa. Essa é uma desconfiança dos
telespectadores?


BONINHO – Estamos no sétimo ‘BBB’. A Carolini tinha 14 anos quando viu o
programa pela primeira vez. É uma das que se julgam ‘experts’ em ‘BBB’. Como
autodefesa, alguns participantes falaram da edição. Colocamos as reclamações no
ar, e isso eles não sabem. A pergunta foi uma provocação só aos participantes,
usamos até detector de mentiras para dar ao público mais um elemento para
avaliar a visão deles.


FOLHA – Alemão se mostrou um cara grosso, imaturo e arrogante no início.
Agora é o ‘herói’ do Brasil. Três hipóteses: 1) Ele mudou absurdamente em dois
meses de confinamento; 2) Passou a desempenhar o papel de mocinho como
estratégia do jogo; 3) A edição é que o transformou em herói. Qual é a sua
opinião?


BONINHO – Nenhuma das alternativas. Ele é o que é, tem defeitos como todo
mundo, por isso é querido. Continua grosso, imaturo, mas, com 72 dias de
confinamento e muita pancada na casa, perdeu um pouco da arrogância. Por sua
vez, é um bom moço. Ficou com uma mulher, apaixonou-se por outra, fez um
triângulo, e o Brasil gostou. Não temos força para mascarar ou criar um herói.
Se ocorreu, foi coroação popular.


FOLHA – Se é óbvio que Alemão irá ganhar, por que o telespectador continua
preso ao programa?


BONINHO – Só se vence quando se cruza a linha final, e o jogo só acaba na
terça-feira.


FOLHA – Alemão irá namorar Siri ou dará um belo fora na moça quando sair da
casa com R$ 1 milhão?


BONINHO – Sou especialista em ‘reality’, mas ainda não desenvolvi a terceira
visão. Não posso prever o futuro dos ‘brothers’.’


Bruno Lima


Íris provoca choro e risos em participação no ‘Gran Hermano’ argentino


‘Sempre sorridente, a brasileira Íris Stefanelli, que passou a semana no
‘Gran Hermano’, o ‘Big Brother’ argentino, entendeu pouco do que aconteceu à sua
volta, mas conseguiu a proeza de fazer um participante chorar logo no dia em que
chegou à casa. Não por amor -por excesso de pimenta.


‘Falta sal’, reclamou a ex-sacoleira durante a preparação da comida. Um
argentino respondeu: ‘Não, está bom’. Mas ela pôs mais sal e pimenta. No dia
seguinte, para se redimir, voltou à cozinha. O filé ao molho madeira foi
devorado ao som de ‘Dança da Manivela’.


Após dizer que era esperado que Íris, por ser brasileira, ‘corresse sem roupa
pela casa’, o apresentador mostrou surpresa: ‘Ela não é tão desinibida’. Corte
para a mineira trocando de roupa sob o edredon ao som do tema de ‘Missão
Impossível’.


Papo vai, papo vem, alguém conta que Sebastián é gay. ‘Você é gay? Boiola?’,
pergunta Íris. ‘O meu irmão também.’ Samba. Risos. E mais samba. Conversar
mesmo, entre uma e outra lição de tango, era difícil.


A produção do canal Telefé é ‘mais boazinha’ que a brasileira, conclui ela.
Na Argentina, os participantes interagem com uma voz de homem, o ‘Gran
Hermano’.


Nesta semana, a voz serviu de intérprete e aparecia sempre que a conversa
travava. ‘Não tenho chance. Se ela ao menos me entendesse’, lamentou-se, no
confessionário, o participante Gabriel. ‘Quando não entendo, eles falam uma
palavra parecida’, disse Íris a Pedro Bial, que, arranhando o portunhol, entrou
ao vivo na TV argentina na quinta-feira.’


Bia Abramo


No BBB, ganham todos, menos o público


‘E PELO sétimo ano consecutivo, algum espertalhão está prestes a ganhar um
dinheiro que não fez por merecer. Ou alguém aí fora acha razoável que um rapaz
ou uma moça que tudo o que fez durante mais de dois meses foi se exibir e se
comportar feito um cretino/a diante das câmeras ganhe um prêmio de um milhão de
reais? Ora.


As famílias os amam aos gritos, é claro, Pedro Bial até que se esforça por
achar algo a dizer a respeito deles, mas o fato é que, a cada ‘BBB’, os
participantes são mais ralos, mais desinteressantes, mais idênticos entre si. Ou
bem porque o são mesmo, ou bem porque o efeito ‘realidade’ já se dissipou
totalmente, adestrados que estão para seus papéis. Tanto faz.


Cá e lá, no Brasil e Argentina, a mesma coisa. A diferença, ruim para nós, é
a maneira como o pobre ‘hermano’ foi tratado. De dar vergonha. Enganar é o que
importa: na base da brincadeira, os novos amigos ficavam ensinando o sujeito a
falar bobagem, grosserias por galanteios. Só porque não falava português, o
argentino era tomado por ignorante. A arrogância e a feroz xenofobia brasileira
em ação.


O adestramento dos participantes aos seus papéis e as interferências da
produção na escolha do elenco fizeram dessa edição a mais destituída de
interesse. O triângulo amoroso -tratava-se simplesmentente de um homem na
divisão típica entre a mulher para fruir e a mulher para esperar- poderia até
render um bom pornô, como quer uma produtora. Mas não há drama de verdade em
assistir um macho comuníssimo recusando a moça que o quer e querendo aquela que
se recusa. Velho demais, careta demais.


Quem ganha na semana que vem? Alguém quer mesmo saber? Por quê? Por qual
razão, a não ser uma necessidade completamente artificial de saber o final da
história, ver o desfecho? (Lembrando, artificial não é igual a falso; mas sim
postiço e, por extensão, posto no lugar de alguma outra coisa). Ainda por cima
neste caso: não há propriamente suspense a respeito do vencedor.


Na verdade, ganham todos -participantes, produção do programa, emissora,
diretores, patrocinadores, anunciantes. Menos o público. E nós, o que perdemos,
enquanto essa gente toda ganha dinheiro?’


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