Saturday, 04 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Folha de S. Paulo

OUVIDORIA
Nova ombudsman investigará reportagens

‘A jornalista Suzana Singer, 44, assume hoje as funções de ombudsman da Folha. Ela substitui o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, que exerceu o cargo por dois mandatos, de abril de 2008 a fevereiro deste ano.

Singer será a primeira ombudsman após a fusão das redações da Folha e da Folha Online. Ela incorporará ao seu trabalho a crítica ao noticiário da internet. ‘É um desafio novo, para o qual a função terá de se adequar, já que o noticiário muda quase a cada minuto.’

Entre as metas da nova ombudsman está a de ser mais ativa na localização de eventuais problemas de apuração das reportagens. ‘Pretendo, por exemplo, conversar com pessoas que foram entrevistadas pelo jornal’, diz Singer.

Além disso, a ombudsman tentará mobilizar novos leitores. ‘Quero incentivar quem nunca escreveu a dar sua opinião sobre a Folha’, diz.

Segundo Singer, a função, sobretudo em ano eleitoral, acaba atraindo um público mais afeito à militância política, geralmente comprometido com alguma candidatura.

Secretaria de Redação

Suzana Singer trabalha na Folha desde 1987. Foi secretária de Redação, na área de edição, entre março de 2004 e janeiro deste ano.

Nesse período, foi responsável pelo fechamento do jornal e pela Primeira Página em duas eleições municipais, na eleição presidencial de 2006 e na cobertura do mensalão, a mais grave crise política do governo Lula, deflagrada em 2005.

Ela é filha do economista Paul Singer, atual secretário de Economia Solidária do governo federal, e irmã do cientista político André Singer, que foi porta-voz do presidente Lula e atualmente é professor da USP.

Também jornalista, André trabalhou na Folha por vários anos e foi secretário de Redação no final dos anos 80.

‘O fato de ser filha e irmã de petistas não me constrange. Não tenho nenhuma inclinação partidária e sempre soube separar família e trabalho’, afirma a jornalista.

Ela já ocupou as funções de diretora de Revistas e editora de Cotidiano (então Cidades). Trabalhou, como repórter e em funções de chefia, nas editorias de Educação, Ciência e Suplementos.

Participou diretamente da criação do caderno Folhateen e do Guia da Folha, além de idealizar e implantar seções como Saúde e FolhaCorrida. Colaborou ainda no projeto dos cadernos Vitrine, Sinapse e da revista infantil DisneyExplora, já extintos.

‘Por ter saído há pouco da edição, sei bem das dificuldades que a Redação enfrenta. Não pretendo desculpar os erros que a Folha comete a cada dia. Vou criticar. Mas tentarei também apontar caminhos que ajudem a melhorar esse produto tão imperfeito que é o jornal diário’, diz Singer.

Suzana Singer é casada e tem dois filhos, uma menina de sete anos e um menino de quatro. Estudou no Jardim-Escola São Paulo, que não existe mais, e no colégio Santa Cruz. Formou-se em jornalismo pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e cursou ciências sociais na USP.

A nova ombudsman é conhecida pelo senso prático. Entre suas qualidades, colegas destacam a capacidade de trabalhar em equipe e o talento para transformar em assunto jornalístico aspectos da vida cotidiana ou tendências de comportamento da sociedade.

‘Num ambiente tantas vezes autocentrado e cheio de vaidades como é o das redações, a Suzana sempre orientou seu trabalho pela busca obsessiva dos interesses e das preocupações reais do público leitor. Essa é a sua marca’, diz o colunista Fernando de Barros e Silva.’

 

 

 

Função existe no jornal desde 1989

‘O mandato de ombudsman é anual e pode ser renovado duas vezes, totalizando no máximo três anos consecutivos para um mesmo profissional.

O ombudsman não pode ser demitido e, após o término do mandato, tem seis meses de estabilidade. Suas opiniões não expressam necessariamente as posições da Direção de Redação do jornal.

Suzana Singer será a 10ª ombudsman da Folha desde que a função foi criada, em 1989. O jornal foi o primeiro a instituir tal cargo no Brasil e ainda hoje são muito poucos os veículos de comunicação que o adotaram -entre eles, o UOL e o jornal ‘O Povo’, do Ceará.

Cabe ao ombudsman escrever uma crítica interna diária, que é distribuída aos jornalistas, encaminhar as queixas e apontamentos dos leitores e escrever uma coluna semanal, publicada aos domingos no caderno Brasil.

Antes de Singer, atuaram como representantes dos leitores Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba, Mário Magalhães e Carlos Eduardo Lins da Silva.’

 

 

 

CAMPANHA
Editorial

Regras demais

‘ENQUANTO não se oficializam as candidaturas para as eleições de outubro, multiplicam-se as tentativas de impor exagerado controle judicial sobre os mecanismos da disputa política.

Já foi objeto de críticas, neste espaço, a camisa-de-força que se pretende impor aos principais personagens do debate. José Serra e Dilma Rousseff participam de eventos, fazem declarações, acenam para a plateia. Só não podem -assim determina a cartilha do TSE- admitir aquilo que ninguém ignora, o fato de estarem desde já à caça de votos, de ocasiões publicitárias e de aliados na corrida presidencial.

Não se contesta a importância dos tribunais eleitorais no sentido de coibir os abusos de poder, a compra de votos, os lances baixos da disputa eleitoral. Não faz sentido pretender, todavia, que uma campanha à Presidência da República -ou a qualquer outro cargo eletivo- só possa existir quando se inicia o período previsto na lei.

Não bastasse o intuito de controlar as manifestações dos candidatos, parece agora impor-se sobre a própria sociedade civil o peso dessa regulamentação.

Vem de Rondônia um exemplo significativo. Um jornalista foi multado pela Justiça Eleitoral daquele Estado por ter veiculado mensagens eletrônicas contra o governador José de Anchieta Jr. (PSDB), que postula a reeleição.

Não cabe discutir o teor das opiniões do jornalista, ligado à oposição local. A lei prevê penas para a injúria, a calúnia e a difamação; mas está assegurado a qualquer brasileiro o direito de expressar-se livremente.

Proibiu-se o jornalista, entretanto, de citar o nome do governador. O caso é de flagrante censura prévia. Foi enquadrado sob a bizarra denominação de ‘propaganda eleitoral negativa’.

Tenta-se agora aplicar o dispositivo no caso da greve dos professores do Estado de São Paulo. Esta Folha reiteradamente condenou o viés político do movimento. De forma abusiva e sectária, a direção da Apeoesp não fez segredo, muito pelo contrário, de sua hostilidade ao governador José Serra e a suas intenções presidenciais.

Nem por isto se justifica o movimento do PSDB e do DEM, endossado pela própria Procuradoria-Geral da República, no sentido de punir a Apeoesp no Tribunal Superior Eleitoral, por ter realizado ‘propaganda eleitoral antecipada negativa’.

A greve foi política; não deveria ter sido política; esvaziou-se. Que a categoria dos professores avalie o saldo do movimento.

Opiniões violentas contra candidatos a cargos eletivos, em toda parte do país, circulam livremente na internet, na imprensa, nos celulares, nas conversas entre cidadãos.

Para casos de difamação, repita-se, existe o Código Penal. A legislação eleitoral torna-se abusiva, entretanto, quando pretende coibir a crítica. Com o conceito de ‘propaganda eleitoral negativa’, não é apenas a judicialização da política que dá mais um passo para instaurar-se no país, mas é também a censura que reaparece, com outro nome.’

 

 

 

Clóvis Rossi

Ciro e o rebuliço artificial

‘Só pode ser pela fraqueza até agora do debate eleitoral que causou ‘frisson’ jornalístico a transformação de Ciro Gomes em maionese, conforme a perfeita análise de Vera Magalhães, editora de Brasil desta Folha.

O que quer que Ciro diga ou faça não pode ser tomado pelo seu valor de face. Primeiro, porque tem compulsão pela mentira tola.

Lembra-se da campanha de 2002, quando disse que havia estudado a vida toda em escolas públicas, e era mentira? Segundo, porque já vinha se transformando em maionese nas pesquisas, o que dá pouco peso ao que diga ou faça, ainda que seja verdade.

Lula se acha todo-poderoso?

Sim, se acha. Mas já se achava quando mandou Ciro transferir seu título eleitoral para São Paulo, na perspectiva de ser candidato ao governo, e Ciro obedeceu mansamente. Só agora se lembrou de avisar que a candidatura seria um desrespeito a São Paulo (nem acho que seria, mas ou já era antes ou não pode ser só agora).

Dilma é menos preparada que Serra? Talvez sim, talvez não. Só a prova da maionese, digo do pudim, é que o demonstrará (alusão, para quem não sabe, a um velho ditado inglês segundo o qual só pode se saber se o pudim é bom ou ruim depois de prová-lo).

Mas qual é a autoridade de Ciro para decretar quem é melhor que quem? Na campanha de 2002, Ciro dizia que um eventual governo Lula seria uma aventura. Lula ganhou, e Ciro embarcou na ‘aventura’, transformando-se em ministro.

Nada impede, portanto, que, amanhã ou depois, Ciro Gomes aceite um convite para ser ministro de uma presidenta que ele considera menos preparada. Enfim, o impacto que a desistência de Ciro e o eventual uso na campanha de seu conhecido destempero terão a consistência e o prazo de validade de uma maionese.

Ou seja, um dia ou dois.’

 

 

 

Eliane Cantanhêde

O nosso Eyjafjallajoekull

‘Lula deu aquele sorriso encantador de serpentes, e Ciro Gomes manteve a candidatura a presidente e trocou o domicílio eleitoral do Ceará, onde foi governador e prefeito da capital, para São Paulo, onde não é nada. O PSB blefou, estimulando seu sonho presidencial enquanto negociava suas boquinhas com Lula e o PT nos Estados. E o PT e o eleitor paulista não lhe deram legenda nem opção.

Mas o grande vilão do complô contra Ciro foi… Ciro. Política é a arte de somar, articular, manipular, e ele só divide, confronta, se isola.

Depois de anos inativo no Ministério da Integração e na Câmara, nosso vulcão Eyjafjallajoekull entrou em erupção. Era questão de tempo.

Sua coleção de lavas é espetacular. Não mais aquelas de 2002, contra mulheres, radialistas, repórteres, mas a atual. Ele passou anos xingando a suposta arrogância de São Paulo, mas transferiu o título para lá. Chamou Serra de ‘figura detestável’, e agora diz que o tucano ‘é mais preparado, mais legítimo, mais capaz’ do que Dilma. Foi fiel amiguinho de Lula todos esses anos, mas acha que o presidente ‘está navegando na maionese’.

Sem disputar a Presidência nem o governo de São Paulo (o PT não deixou, e Mercadante vai hoje para o sacrifício), será que Ciro vai ter a pachorra de disputar a reeleição para a Câmara?!

Vejamos o que ele disse sobre seu mandato: ‘Nunca mais vou ser deputado na vida. Não tenho mais paciência de passar nove horas conversando fiado e não fazendo nada pela vida de ninguém’. Se for para a reeleição, estará naturalmente se candidatando a não fazer nada.

O importante, porém, é avaliar o efeito Eyjafjallajoekull na eleição, como todos estão fazendo. O PSB fica mais livre para acordos estaduais. PT e o PSDB avaliam perdas e ganhos e como atrair os 10% de eleitores que estão soltos no ar. Quanto a Ciro? A erupção logo perde a graça e passa. Os voos de Serra e Dilma continuam normalíssimos.’

 

 

 

TELEVISÃO
Lúcia Valentim Rodrigues e Vinícius Queiroz Galvão

‘Lost’ se perde em mais dúvidas

‘Falta pouco para terminar. Apenas quatro episódios separam ‘Lost’ de seu episódio final, em 23 de maio, nos EUA. No Brasil, a temporada passa com duas semanas de atraso, mas o canal AXN não quis divulgar uma data para o fim.

Falta muito para acabar. A série, criada por J.J. Abrams, Carlton Cuse e Damon Lindelof, deixou para o último mês de exibição mais dúvidas que respostas -na próxima terça, está programada uma reprise.

Mesmo os mistérios solucionados têm clima nebuloso ou não fecham as equações da série, iniciada em 2005, sobre um grupo de passageiros de um avião que cai numa ilha mágica e de localização incerta.

Nos episódios anteriores de ‘Lost’, o monstro diz a Sawyer que não pode cruzar o canal entre as duas ilhas na forma de fumaça, mas aparece diante de Michael na figura de Christian Shepard, em alto-mar, quando uma bomba explode e mata a tripulação do cargueiro.

Na primeira cena do final da quinta temporada, a caravela Pedra Negra surge num dia ensolarado de calmaria no mar. Neste ano, em ‘Ab Aeterno’, o mesmo navio chega à noite em meio a uma tempestade e se choca com a cabeça da estátua de mais de 20 metros num tsunami que o leva ilha adentro.

Além de erros de continuidade, alguns mistérios parecem ter sido jogados para debaixo do tapete e vão terminar sem solução. Por que os Outros falam latim? O que é a caixa mágica e como o pai de Locke surgiu na ilha? Mais do que os sobreviventes, perdidos mesmo estão os mais de 10 milhões de telespectadores só nos EUA.

E mesmo as explicações que foram dadas não encerram as dúvidas que as cercam. Se os sussurros são produzidos pelos mortos amarrados à ilha por problemas cármicos, por que anunciavam sempre a chegada ou a presença dos Outros, vivinhos da silva? Se os números estão atrelados a cada um dos candidatos, por que fazem Hurley ganhar na loteria e qual o papel deles na Dharma?

Para manter o espírito do seriado, os produtores vão deixar para os 45 minutos do segundo tempo os grandes mistérios da trama, como o que são a ilha, o Monstro de Fumaça, a relação entre Jacob e o Homem de Preto, a herança egípcia e a missão de cada personagem. ‘Across the Sea’, o 15º de um total de 18 episódios, deve concentrar algumas dessas respostas.

A lentidão em desvendar os segredos da ilha multiplicam as teorias na internet e criam devoções e ódios pela série.

Enquanto isso, as perguntas vêm aumentando. O capítulo da última terça respondeu a apenas uma. Em compensação, deixou no ar o terror de Sun ao ver Locke chegar à emergência do hospital com ela. De onde eles se conhecem na realidade alternativa? Aliás, o que é isso?

A tarefa de juntar os pedaços tampouco é fácil, principalmente se você não se lembrar de detalhes anteriores (nisso, a Lostpedia.com pode ajudar).

Os criadores prometeram em diversas entrevistas -inclusive à Folha- que tudo será explicado. Será um feito. Não de todo impossível, mas bem complicado. Mas sempre haverá um flashback para ajudar. Ou pelo menos desviar a atenção dos buracos pelo caminho.’

 

 

 

Joca Reiners Terron

Nada se resolve e tudo se complica

‘‘Seja bem-vindo ao primeiro testamento’ é o que parece dizer a sexta e última temporada do seriado ‘Lost’.

Não que o maniqueísmo exacerbado não estivesse presente desde o primeiro capítulo, mas nos últimos episódios essa tendência dicotômica chegou ao limite. A mitologia de ‘Lost’ remete cada vez mais à Bíblia, influência assumida pelos produtores em entrevistas.

Não é, evidentemente, a sua única referência literária. Além de citarem os livros de Júlio Verne, respiraram Stephen King. É dele o tijolão ‘The Stand’, originalmente publicado em 1978 e atualizado em 1990. Assim como em ‘Lost’, a trama é circunscrita a um período curto de tempo de 90 dias, mas os personagens ‘escapam’ para a frente e para trás. Há ainda toques de ‘O Fugitivo’ e também da série pioneira ‘Twin Peaks’, de David Lynch.

O hermetismo de Lynch é, precisamente, o principal ingrediente da fórmula radical da série da ABC. Assim como no universo bem maluco do cineasta, em ‘Lost’ nada se resolve e tudo se complica.

Não parece haver, entre produtores e roteiristas, alguém que verdadeiramente saiba as respostas pelas quais o público anseia. Todos, plateia e artistas, estão no mesmo bote à deriva.

Ou pior: maximizando exponencialmente a regra literária de ouro de Hemingway (aquela que afirma que uma história deve mostrar apenas a ponta do iceberg, enquanto o que realmente interessa permanece oculto sob a água), ‘Lost’ é um imenso iceberg submerso.

A não ser por um tipo chamado Gregg Nations (cujo perfil na Wikipedia deixa várias margens à dúvida de que ele não passa de mais um personagem entre tantos), roteirista e o responsável pela linha do tempo dos episódios (um imenso arquivo que determina todas as idas e vindas desde o início até o final), ninguém parece saber o destino de Jack, Sawyer, Kate e seu bando de náufragos. É um indicativo a ser levado em conta, porém, que Nations seja o responsável por guardar a sequência temporal da série.

O tempo é a palavra-chave em ‘Lost’, assim como parece ser em várias das séries mais interessantes da atualidade, sejam de ficção científica (como ‘Fringe’ e ‘FlashForward’) ou não. Até mesmo na aparentemente dissímile ‘The Wire’ o tempo faz sua participação.

‘Lost’ poderia, inclusive, se chamar ‘Flashback’, pois usa e abusa desse recurso, indo e voltando em meio às vidas pregressas e presentes dos personagens, fornecendo de modo bastante avaro fragmentos minúsculos de personalidade, sugerindo que o espectador costure sua própria colcha de retalhos. Como fazer, porém, para tapar os buracos?

O ‘cut up’, aliás, é outra técnica literária, desenvolvida por William S. Burroughs e Brion Gysin. Trata-se de um processo de montagem similar ao utilizado na indústria audiovisual, com a diferença de que, no ‘cut up’, se busca a anomalia do acaso por meio da colagem de elementos alheios entre si. Sob a influência da literatura mais experimental, ‘Lost’ tem sido responsável por justamente tornar cada vez mais comum o que deveria ser estranho.

JOCA REINERS TERRON é autor de ‘Sonho Interrompido por Guilhotina’ (Casa da Palavra)’

 

 

 

Andréa Michael

Globo estuda contratar seguranças para a Copa

‘Com uma equipe de 120 profissionais escalada para a cobertura da Copa do Mundo da África do Sul, Globo e SporTV estudam contratar seguranças para tentar evitar problemas em zonas mais violentas de cidades como Johannesburgo.

A Record, que não detém os direitos sobre os jogos -comprados por Globo e Band- mas quer produzir uma cobertura alternativa dos bastidores do evento, já assegurou os serviços de uma empresa privada para proteger seu caminhão link, o modelo que transporta equipamentos de transmissão.

Uma das razões do alarme é Hillbrow, na vizinhança do Ellis Park, em Johannesburgo, onde o Brasil estreia em 15 de junho, contra a Coreia do Norte. A taxa de homicídios registrada ali, entre março de 2008 e abril de 2009 (último dado disponível), foi de 88 por 100 mil habitantes -mais do que o dobro da média nacional e oito vezes a de São Paulo.

Em entrevista à Folha, no entanto, os correspondentes Renato Ribeiro (Globo), Luiz Monteiro (Record) e Henri Karam (Band), que estão na África do Sul em média há um ano, reclamaram mais da burocracia, entranhada na cultura do país. Contaram que, para filmar em qualquer lugar, é preciso passar e-mails, telefonar depois e, muitas vezes, receber um não.

‘É o Brasil de dez anos atrás, apesar de, em alguns casos, como na qualidade das rodovias, a África do Sul estar à nossa frente’, disse Karam, que aposta na vitória da Argentina.

Entre as mudanças em curso em Johannesburgo, Ribeiro destacou a implantação de um sistema público de transportes, até então inexistente. ‘Na inauguração [em março], os motoristas de vans, que aqui eles chamam de táxi, apedrejaram o ônibus Rea Vaya [estamos indo, em zulu].’

Já Monteiro gostou do custo de vida. ‘É possível comer filé, acompanhado de um bom vinho, por R$ 35.’

‘ARNESTO’ E PILLAR

Única atração da TV gravada em 95 canais de áudio, a mais nova versão do ‘Som Brasil’ completa quatro anos e inicia sua temporada 2010 na Globo com uma homenagem a Adoniran Barbosa, no dia 30. Patrícia Pillar, sua primeira apresentadora, foi escalada para o especial, que terá Demônios da Garoa, Arnaldo Antunes, Céu e Renegado. ‘O programa joga um olhar sobre o passado, com grandes mestres da nossa música, e traz os mais interessantes artistas do presente’, diz Patrícia. ‘Ser convidado hoje é uma distinção, mas no começo era difícil trazer as pessoas aqui’, lembra o diretor, Luiz Gleiser.

HERPES EM PÂNICO

É nos excessos que Gabi Herpes revive a apresentadora Marília Gabriela (GNT) no ‘Pânico na TV’. São muitos erres nos porquês, muitos gestos com as mãos e muita maquiagem em uma hora de preparação todas as sextas-feiras, quando o humorista Wellington Muniz se monta para interpretar a personagem na atração da Rede TV!. E a dúzia de óculos? ‘Foi por acaso. Era um toque pessoal. Eu estava experimentando um, coloquei outro, mais um, e aí ficou’, conta Muniz, 37 anos, 21 deles no humor.

TÍMIDA E BURRA

‘Sou o tipo de pessoa que não entra em um lugar sem chamar a atenção. E o pior é que, quando fico tímida, fico burra.’ Essa é uma das revelações que Fernanda Young fará no quadro ‘Frente à Frente’, do programa ‘MAG’ (FashionTV), do dia 28, às 22h. Autora consagrada com a série ‘Os Normais’, escrita em parceria com o marido, Alexandre Machado, Fernanda contará que tem dislexia, ‘terminou o colegial no supletivo’, fez três faculdades e não terminou nenhuma delas.

TRAPÉZIO

A Unicirco, ONG de Marcos Frota, fará uma apresentação especial em Brasília com atividades circenses para jovens inscritos em projetos do Pronasci, o programa de segurança do governo federal. Será em maio. Frota quer incluir atividades da Unicirco como parte da programação do Pronasci, mediante financiamento público. ‘Ainda vamos formatar essa ideia’, diz o ator. No ano passado, ele apresentou, sem sucesso, uma proposta de R$ 3 milhões para 18 meses.

BANDA LARGA

A recém-lançada TV Blinkxbrasil by ELO COMPANY, com transmissão pela internet, disponibilizará a partir de amanhã, em seu canal ELO CINEMA (www.elocinema.com.br), sete filmes inéditos do polêmico cineasta Sergio Bianchi, entre os quais os longas ‘Romance’ (1998), ‘A Causa Secreta’ (1994) e ‘Maldita Coincidência’ (1979). Em seus 16 canais, a nova TV exibe também conteúdos como esportes radicais e ecologia.’

 

 

 

Thiago Ney

Programa requenta situações de humor

‘Pouquíssimas crias da MTV se saem bem em outras redes. Porque uma coisa é experimentar linguagens e formatos em uma emissora que mira um público alvo relativamente pequeno (jovens das classes A e B). Já na televisão não-segmentada, o objetivo passa a ser agradar a todo mundo, e a liberdade de antes normalmente é castrada.

O apresentador Marcos Mion tenta quebrar essa sina com o ‘Legendários’ (sáb. 21h45; 10 anos), que estreou no último dia 10 na Record. Para escudá-lo no novo programa, levou vários nomes que estavam na MTV, como João Gordo e os integrantes do grupo Hermes & Renato.

‘Você que tá dodói no coração, você que tá cansado do que passa na televisão, nós somos o seu porto seguro. Começa agora o ‘Legendários’, anunciou Mion no início da estreia.

Levando-se em consideração os dois primeiros programas (nos dias 10 e 17, às 21h45), o ‘Legendários’ ainda não cumpriu a promessa de oxigenar o humor da televisão brasileira.

Os recursos utilizados aqui são velhos conhecidos, como pegadinhas e imitações. Algumas esquetes exalam cheiro de século passado (músicas brochantes? Brincadeira com enfermeira gostosa??).

O time é enorme (além dos citados acima, o ‘Legendários’ conta com Felipe Solari, Gui Pádua, Elcio Coronato, Miá Mello, a lista segue) e parece não haver espaço suficiente para todos (o programa tem duração de 75 minutos).

João Gordo tem a função de abordar e brincar com temas políticos e sociais. E se dá bem. Na estreia, saiu às ruas para tirar sarro da indústria das multas de São Paulo. No sábado seguinte, seu alvo foi José Roberto Arruda, o ex-governador cassado do Distrito Federal.

Há boas sacadas, como o quadro com ofertas de carros velhos -como um Diplomata caindo aos pedaços que faz de 0 a 100 km em ‘três minutos’ e possui um sistema de alarme vivo, um anão que grita quando a porta é arrombada.

Mas, como principal recheio, o ‘Legendários’, até aqui, requentou situações que são encontradas no ‘Pânico’, no ‘CQC’, no ‘Programa do Gugu’ e no ‘Caldeirão do Huck’…

Saltar de paraquedas da ponte Rio-Niterói não é algo que surpreenda ninguém. Pegadinha em shopping, mesmo com a nobre intenção de denunciar preconceitos, está longe de ser uma ideia original.

Claro que é difícil inovar, criar algo inesperado. Mas é o que Mion tenta nos vender quando não para de dizer que ‘Legendários’ está tentando mudar a TV. Por enquanto, é apenas mais do mesmo.’

 

 

 

TECNOLOGIA
Cristina Fibe

Aparelho duplica TV em locais remotos

‘Muito antes de o iPad, da Apple, permitir o acesso a conteúdos feitos para a TV em qualquer parte, uma pequena caixa chamada Slingbox já havia sido inventada: uma das pioneiras do chamado ‘placeshifting’ (troca de lugar), lançada em 2005, ela permite que o conteúdo de uma televisão (ou de TV paga, de DVD ou via satélite) seja visto em computadores ou telefones no mundo inteiro.

Cinco anos depois de chegar ao mercado, duas questões colocam a Slingbox em xeque: a primeira é a restrição cada vez maior a conteúdos pagos, o cerco à pirataria; a segunda, o desenvolvimento de sites que disponibilizam séries e filmes e de aparelhos como o iPad ou o Blackberry, que permitem o acesso aos programas a qualquer tempo.

Afastado desde o ano passado da empresa que detém os direitos da Slingbox, Blake Krikorian, cocriador da invenção ao lado do irmão Jason, diz à Folha que, para ele, as acusações de pirataria são falsas. ‘Fazer o download de conteúdo pirateado via ‘torrent’ [que permite trocas de arquivos] é algo que favorece a pirataria. Já a Slingbox permite que o cliente acesse o conteúdo pelo qual pagou em qualquer lugar.’

Esse é o principal argumento da empresa: se o consumidor paga mensalmente pelo serviço de TV fechada, por exemplo, deve poder assistir aos programas quando e onde bem entender. Por outro lado, para amainar a polêmica, o acesso é restrito a uma máquina por vez, para evitar que o dono do aparelho passe a senha aos amigos pelo mundo e todos assistam à estreia americana de ‘Lost’ simultaneamente, por exemplo.

Futuro

Questionado sobre a possibilidade de as novas tecnologias poderem acabar com a vida útil de uma caixa que requer a instalação cercada de fios e uma base fixa, Krikorian, que hoje trabalha no Clicker.com, espécie de guia de conteúdo de TV na internet, afirma que ‘isso não poderia estar mais distante da verdade’.

‘O Clicker complementa a visão da Sling. Quando começamos, tínhamos a ideia de conectar os consumidores ao conteúdo que eles adoravam, não importando onde ou a que aparelho estivessem assistindo ou ainda de onde o conteúdo estivesse vindo. Nós tivemos a visão do dia em que haveria ainda mais escolhas de conteúdo vindo de um número de fontes cada vez maior.’

Mas, enquanto os irmãos Krikorian sonhavam com um mundo de conteúdo aberto, a indústria aumentava as barreiras contra a programação on-line gratuita. ‘O acesso universal é inevitável. Mas o sistema trabalhará duro para desacelerar essa evolução até quando for possível’, diz.

Para Blake Krikorian, ‘tecnologias que rompam com isso, como a Sling, serão responsáveis pela aceleração da evolução. Na maior parte das vezes, aliás, essas tecnologias acabam sendo um favor para os donos de conteúdo, abrindo novas oportunidades’.

Por ora, no entanto, essa ‘desaceleração’ está tão grande que a tal visão que motivou a criação da Slingbox está apenas ‘20% realizada’, segundo Krikorian.’

 

 

 

 

******************

Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.
Folha de S. Paulo

Folha de S. Paulo

O Estado de S. Paulo

Comunique-se

Agência Carta Maior

Tiago Dória Weblog

Primeira Página