Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Folha de S. Paulo

INTERNET
Justiça condena Google por ofensa a padre no Orkut

‘A Justiça brasileira confirmou em segunda instância uma decisão que condenou o Google a indenizar em R$ 15 mil um sacerdote acusado de pedofilia na rede social Orkut.

A 12ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de Minas confirmou a decisão emitida em 16 de abril. A empresa pode recorrer.

Na ação judicial por danos morais, o sacerdote católico identificado como ‘J.R.’ alegou que um usuário anônimo o chamou ‘pedófilo’ e ‘ladrão’ em uma das comunidades virtuais da rede social administrada pelo Google.

O Google, que não se pronunciou se irá ou não recorrer, tinha manifestado que sua atividade é oferecer espaço aos usuários que ‘aceitam os termos no momento do registro’.’

 

 

 

TELEVISÃO
Laura Mattos

Sayad critica jornalismo da TV Cultura

‘A disputa de poder na TV Cultura, que a Folha levou a público nesta semana, já estava acirrada nos bastidores da Fundação Padre Anchieta (FPA), que administra o canal.

Ata da reunião do conselho curador da FPA à qual a Folha teve acesso registra críticas de João Sayad, secretário de Estado da Cultura de São Paulo, ao projeto de jornalismo apresentado por Paulo Markun, atual presidente da emissora. Ele propôs fazer pesquisas para aprovar as mudanças. Sayad disse ter ‘horror’ à ideia.

O conselho elege em maio novo dirigente da TV, e Markun perdeu apoio do governo estadual, que exerce forte influência entre conselheiros. Sayad foi escolhido para o cargo.

Em 8 de fevereiro, Markun apresentou ao conselho balanço de sua gestão, iniciada em 2007. Após detalhar os aspectos financeiros (como o aumento da receita, de R$ 184,5 milhões para R$ 215,5 milhões), admitiu que ‘a maior parte da energia do primeiro mandato não foi na programação’. ‘As demandas com investimento, marco regulatório, contrato de gestão etc. tomaram muito tempo’, afirmou.

Mencionou alguns dos programas criados em sua gestão, como ‘Tudo o que É Sólido Pode Derreter’ e ‘Ecoprático’.

As diferenças com Sayad vieram à tona quando Markun apresentou um projeto de mudanças no jornalismo. Após exibir um vídeo, disse estar trabalhando na criação de um telejornal e defendeu ‘apoiar as eventuais modificações em pesquisas qualitativas com pessoas da área da comunicação’. Citou problemas da estrutura: ‘Em Brasília, a Globo tem 32 equipes de jornalismo, a Record, 29 e a Cultura, duas.’ Afirmou que a concorrência das grandes redes, de canais de notícia e da internet ‘reduzem nossa margem de manobra’.

‘Espero curioso essas modificações, mas me preocupa a forma como foi colocada’, rebateu Sayad. ‘Menor número de jornalistas, menor volume de equipamentos, menor cobertura de outras cidades do país não devem ser vistos como restrição ao novo jornalismo. Devem ser ponto de partida.’

Para ele, essa ‘é a base do projeto’. ‘O jornalismo deve ser muito inovador, muito diferente, compatível com o caráter público.’ Sobre a ideia de Markun de usar pesquisas para validar as mudanças, foi contundente: ‘Tenho horror de fazer alguma coisa e verificá-la pela pesquisa. Parece um jogo de espelhos em que você se coloca à mercê das pesquisas quantitativas, qualitativas. Acho que é uma limitação. Queremos ver a criatividade, a iniciativa, a novidade da TV Cultura. Não cabe à opinião pública. Prefiro dizer que, se desagradar bastante, ótimo. Se for indiferente, péssimo’.

Procurado ontem pela Folha, Markun não comentou.’

 

 

 

Revista on-line acha roteiro de final de ‘Lost’

‘A revista on-line ‘Gawker’ mostrou a imagem de um pedaço de roteiro deixado em um restaurante no Havaí com um passo a passo de uma das cenas finais do seriado ‘Lost’.

No documento, há uma menção a Jack no Inferno, com o nariz sangrando, a esqueletos (que remetem a Adão e Eva) e a uma operação de subida de uma caverna com cordas. A ABC, que exibe o programa nos EUA, confirmou que a folha pertence à série e que ‘contém elementos reais’.’

 

 

 

LIVRO ELETRÔNICO
Fabio Victor

Formato e direitos travam e-book

‘Se livrarias virtuais brasileiras já têm milhares de livros eletrônicos à venda, por que tão poucos títulos são em português? Por que esse mercado, ascendente nos EUA, não deslanchou no Brasil? As perguntas, que circulam no meio editorial e entre leitores, não têm respostas prontas nem simples, mas por ora duas surgem como mais esclarecedoras.

Uma, inacreditável, é tecnológica: o país praticamente não tem mão de obra especializada para converter os livros para o formato escolhido até agora como padrão pelo mercado, o ePUB. A outra razão é empresarial: editoras, livrarias e autores não definiram um modelo de negócios, ou seja, não há consenso sobre o preço médio do livro, sobre a divisão de receitas entre as partes da cadeia produtiva e, o mais grave, a maioria das editoras terá de renegociar os contratos com os autores, já que os atuais não preveem direitos digitais.

No primeiro caso, chama a atenção a experiência da Zahar, pioneira na venda de e-books no país. A editora recorre a empresas na Índia e nas Filipinas, subcontratadas de firmas nos EUA, para transformar em ePUB os seus livros digitais.

Desenvolvido pelo IDPF (fórum internacional de publicações digitais) para ser o formato padrão do mercado, o ePUB é mais dinâmico que o popular PDF, pois o fluxo e o corpo do texto se adequam ao aparelho.

Após diagramar o livro, a Zahar envia o arquivo para a Ásia.

Quando ele volta, em formato ePUB, ‘perde a formatação e às vezes o conteúdo’, conta a diretora Mariana Zahar. Dá-se então um contato tortuoso com indianos ou filipinos, para que o serviço seja corrigido. ‘Vira um caos, é uma novela’, queixa-se. A editora, por isso, estuda voltar ao PDF.

O tradicional formato é defendido também por Carlos Eduardo Ernanny, dono da Gato Sabido, primeira loja de e-books do país. ‘É muito bizarro, há quatro meses tenho dois desenvolvedores de sistema sêniores trabalhando na criação de um conversor de formatos, e estamos apanhando.’

Ele afirma que insistirá, mas defende que ‘não se deve atrasar publicação de livro se só houver PDF, que é um formato gostoso de ser lido’.

‘Não adianta editoras quererem recuperar o passado inteiro. Ele está perdido’, diz Ernanny, outro a sofrer com os prestadores de serviço asiáticos. ‘É seríssimo. Os livros vêm sem cedilha nem hífen. Você também não entende o que eles falam, aquilo não é inglês.’

Recém-chegada à venda de e-books (começou as vendas neste mês), a Livraria Cultura diz ter especialistas que já convertem os livros para ePUB. ‘É gente daqui e de outro mundo’, despista o dono da rede, Pedro Herz, questionado sobre onde contratou a mão de obra.

A Cultura, apurou a Folha, já está convertendo sob encomenda para editoras. Mas Herz continua cético quanto a um crescimento veloz do livro digital. Em quase um mês, diz ter vendido apenas 134 e-books. ‘É muito pouco.’

O livreiro é um dos que defendem que o maior nó do mercado é a rediscussão dos direitos autorais. ‘O medo está aí. Isso vai inundar o Judiciário.’

Diretor da Singular, loja virtual do grupo Ediouro, Newton Neto concorda com Herz. Embora também seja cliente dos asiáticos para converter formatos, ele avalia que o debate sobre modelo de negócios e renegociação de direitos ainda está ‘muito aberto e confuso’.

Ainda incipiente na oferta de e-books, a Singular aposta também em outros canais, como a impressão sob demanda e a parceria com o Google na polêmica investida da multinacional para digitalizar todos os livros possíveis e negociar direitos só com quem buscá-los.

Outro entrave ao desenvolvimento do mercado no Brasil é o preço dos leitores eletrônicos. Todos são importados e custam em média US$ 250 (R$ 440), fora impostos, que podem dobrar o valor. A Gato Sabido vende seu Cool-er, inglês, ao preço final de R$ 750.’

 

 

 

 

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