Sunday, 28 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

IstoÉ explica divulgação
parcial da pesquisa Ibope

A explicação da revista IstoÉ para a publicação parcial da pesquisa Ibope sobre as eleições presidenciais deste ano – só saíram as simulações de 1° turno – é destacada nos principais jornais brasileiros nesta terça-feira. A Folha de S. Paulo, por exemplo, abre a reportagem sobre o assunto com o título ‘Revista nega ter beneficiado Garotinho’ e cita a negativa do jornalista Mário Simas Filho, redator-chefe do semanário, de que a enquete tenha sido encomendada pelo próprio Garotinho. Segundo Simas, a pesquisa foi ‘contratada, faturada e paga pela Editora Três’, responsável pela publicação da revista.


A novela da TV Digital vai se aproximando do fim – a data para a escolha do padrão a ser adotado no Brasil é 10 de fevereiro – e os últimos capítulos prometem emoções. Nesta terça, o Estadão e também a Folha informam que os EUA resolveram oferecer vantagens para que o Brasil opte pelo sistema norte-americano. O padrão americano já havia sido até descartado pelos técnicos brasileiros, mas a oferta pode recolocar o sistema na discussão poucos dias antes da decisão final.


Leia abaixo os textos desta terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 24 de janeiro de 2006


IBOPE & GAROTINHO
Marcelo Salinas e Marcela Campos


Revista nega ter beneficiado Garotinho


‘A revista ‘IstoÉ’ afirmou ontem que pagou pesquisa encomendada ao Ibope sobre as eleições presidenciais e negou que a avaliação do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB), incluída no levantamento, tenha sido feita para beneficiar o pré-candidato.


A Editora Três, que edita a ‘IstoÉ’, pediu que o Ibope fizesse questionamentos específicos para avaliar a opinião dos eleitores a respeito de Garotinho, mas não divulgou os resultados desse levantamento nem das intenções de voto para o segundo turno das eleições presidenciais.


De acordo com o jornalista Mário Simas Filho, redator-chefe da ‘IstoÉ’, a pesquisa foi ‘contratada, faturada e paga pela Editora Três’. A avaliação de Garotinho, disse ele, foi encomendada para fundamentar questões que serão feitas ao ex-governador no ciclo de entrevistas que a revista pretende fazer com os candidatos.


‘Essa pesquisa não foi feita para divulgação, mas para consulta interna de nossa redação. A exemplo do que fizemos na última eleição presidencial, uma vez definidos os candidatos, promoveremos uma série de entrevistas com todos eles. Encomendamos a pesquisa para orientar as perguntas que faremos, procurando formulá-las com base no que o eleitor tem de curiosidade sobre cada um deles’, afirmou o jornalista.


Simas Filho disse ainda que a revista contratará a mesma pesquisa qualitativa para todos os outros candidatos à Presidência. Sobre a não-publicação das simulações eleitorais para o segundo turno, ele afirmou: ‘Tomamos a decisão editorial de não publicar esses dados por entender que, como ainda não há candidaturas definidas, os números que retratam o cenário atual são do primeiro turno, e não do segundo, cuja análise seria ainda especulativa’.


Especialistas em pesquisas eleitorais ouvidos pela Folha afirmam que Garotinho acabou sendo beneficiado pela forma como a pesquisa foi divulgada.


Para o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas, ‘é inegável que a pesquisa qualitativa e a omissão de dados do segundo turno favorecem Garotinho na disputa interna do PMDB’. Ele exime o Ibope de responsabilidade, mas diz que faltou transparência da revista na divulgação da pesquisa: ‘Isso dá vazão à suspeita de que a pesquisa foi encomendada para o Garotinho’.


Na avaliação de Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, esse tipo de pesquisa qualitativa costuma ser contratada por partidos, para definição de estratégias de campanha política. ‘Ou são feitas para pautar campanhas eleitorais ou fazem parte de uma série que envolverá outros candidatos’, afirma. Nessa segunda hipótese, ele diz, ‘seria ideal que houvesse um cronograma público de pesquisas divulgado pela revista, para garantir isenção, equilíbrio e qualidade’. Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope, a Editora Três ainda não definiu um cronograma.


Nos cenários de segundo turno, Garotinho perderia de José Serra (54% a 26%) e Lula (49% a 30%). Contra Geraldo Alckmin, o peemedebista (38%) ficaria tecnicamente empatado com o tucano, que teria 37%. Serra e Lula também empatam tecnicamente (45% a 42%). Contra Alckmin, Lula lidera por 48% a 35%.’


FSP CONTESTADA
Painel do Leitor


Eduardo Jorge


‘‘A propósito da matéria ‘Ex-assessores de FHC são acusados de improbidade’ publicada na Folha de 21/1, apesar de reconhecer um esforço deste jornal de tratar a matéria com equilíbrio, considero que ela não traduz a integralidade do que eu disse à Folha. Minhas declarações -amparadas por extensa demonstração dos fatos- foram muito mais graves e enfáticas: trata-se de uma ação preparada e ajuizada com má-fé pelo procurador Lauro Pinto, clone e cúmplice do seu colega de triste memória Luiz Francisco; para fazê-lo ele praticou atos que estão definidos em lei como improbidade e como crime; a descrição de fatos que ele apresenta na ação é propositadamente falsificada e distorcida; a contabilidade das empresas prova sem qualquer dúvida -ao contrário do que alega para construir suspeitas- a existência de lucros muito superiores aos distribuídos; e não houve qualquer impedimento, por parte do secretário Everardo Maciel, em que se fizesse uma completa fiscalização das pessoas e empresas ligadas a mim. Tanto é assim que mais de uma dezena de pessoas e empresas foram submetidas a completa fiscalização, além das diligências fiscais para obtenção de informações em outras empresas. Na ‘investigação’ dos fatos o procurador segue escola e nem sequer ouviu qualquer dos acusados -apesar de ter intimado para declarações dezenas de pessoas, com a única finalidade, transmitida a essas mesmas pessoas, de ‘pegar Eduardo Jorge’. O sr. Lauro nem sequer teve coragem de anexar aos autos a íntegra do inquérito civil público, tal o descolamento de suas afirmativas da verdade encontrada nos autos. Por tudo isso não me resta outro caminho senão processá-lo judicialmente, já que os órgãos de administração superior do MPF se esquivam sistematicamente de investigar minhas denúncias -com provas- de que alguns procuradores se dedicam há anos a usar suas prerrogativas para exercer uma perseguição pessoal e politiqueira contra mim, sem que exista qualquer base moral ou jurídica para tanto.’ Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência da República (Rio de Janeiro, RJ)’


GOVERNO BUSH
Folha de S. Paulo


‘Time’ diz ter fotos de Bush com megalobista


‘A revista americana ‘Time’ reportou, no domingo, a existência de fotografias do presidente dos EUA, George W. Bush, junto do lobista Jack Abramoff.


O presidente Bush havia declarado que não o conhecia e que não se lembrava de ter se encontrado com Abramoff, que está sendo processado por corrupção e concordou em colaborar com investigações da Promotoria sobre atividades ilegais de lobistas nos EUA. Embora a ‘Time’ não tenha publicado tais fotografias, sua existência foi confirmada por outra revista, a ‘Washingtonian’.


Segundo a ‘Time’, as fotos retratam recepções formais ocorridas na Casa Branca.


Dan Bartlett, diretor de Comunicações da Casa Branca, afirmou ontem, em um programa de TV, que as fotos do presidente com Abramoff são só uma coincidência. ‘Ele [Bush] não tem uma relação pessoal com Abramoff.’ Com agências internacionais’


TV DIGITAL
Folha de S. Paulo


EUA prometem vantagens na TV digital


‘Na disputa com japoneses e europeus, os americanos começaram ontem uma série de demonstrações do seu padrão de TV digital (ATSC) para jornalistas, membros do governo federal, políticos e representantes da indústria.


Para conquistar a preferência do governo, das emissoras e fabricantes brasileiros, os americanos acenam com empréstimos para compra de equipamentos e financiamento para pesquisa e dizem que o Brasil terá ganhos exportando TVs se o seu modelo for escolhido. O governo promete uma decisão até meados de fevereiro.


‘É importante para os EUA [que o Brasil adote o modelo ATSC], mas é mais importante para o Brasil, que poderá aumentar suas exportações de aparelhos de TV para a América do Norte. Os EUA não produzem TV’, afirmou Robert Graves, presidente do Fórum ATSC – entidade criada para defender o padrão ATSC, da qual fazem parte empresas como Microsoft, LG Eletronics, emissoras como a Televisa (México) e CBS (EUA) e entidades de pesquisa como o MIT (Massachusets Institute of Technology).


A ATSC (Advanced Television Systems Comittee) é uma entidade internacional sem fins lucrativos que desenvolve padrões para TV digital, com cerca de 130 membros, a maior parte emissoras, fabricantes de equipamentos e de material eletrônico.


O principal argumento apresentado pelos americanos foi a economia de escala que o país teria ao adotar o padrão ATSC. Segundo eles, a indústria brasileira poderia fabricar os aparelhos de TV, os conversores (que seriam acoplados às TVs analógicas para que possam converter o sinal digital) e os demais equipamentos da TV digital a um custo mais baixo porque poderia produzir em grandes quantidades, uma vez que o mercado para o modelo ATSC seria maior.


‘Se o Brasil adotar esse padrão, asseguraria que ele fosse o escolhido em toda a América, e o país seria o principal exportador’, disse Graves. Ele informou ainda que a agência de fomento americana Opic (Overseas Private Investment Corporation) teria disponível cerca de US$ 150 milhões para ser investido no Brasil -por empresas americanas que poderiam estar associadas a brasileiras- em pesquisa. Graves disse também que o Eximbank americano poderia financiar emissoras brasileiras na compra de equipamentos produzidos nos EUA.


Na demonstração de ontem, os americanos mostraram como seria possível, durante uma transmissão de um jogo de futebol, ter mais detalhes sobre a partida (informações sobre os jogadores), responder a enquetes, acessar serviços como a consulta a base de dados da Receita Federal ou fazer compras usando os botões disponíveis no controle remoto. A interatividade da TV digital está presente também em outros padrões.


Na semana passada, representantes das emissoras de TV estiveram reunidos com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), as empresas apresentaram um documento no qual listavam as características que consideravam importantes na TV digital.


Segundo o ministro, por essas características, o padrão japonês seria o escolhido das emissoras. O ministério chegou a dizer que os americanos estariam praticamente descartados. Graves, no entanto, avalia que a oposição mais forte ao padrão americano venha da Globo. ‘A Globo parece querer desconsiderar as outras vantagens [do padrão americano], mas nós continuamos a tentar convencer a Globo. Achamos as outras emissoras mais receptivas.’’


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Parlamentares analisam hoje proposta da Casa


‘O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP), deverá se reunir hoje com parlamentares envolvidos com a implantação da TV digital para tentar fechar uma proposta consensual do Congresso para o assunto. Na última quinta-feira o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) apresentou projeto sobre o tema.


No texto do projeto do deputado petista não há definição sobre qual modelo de TV digital deverá ser adotado pelo Brasil. Pelo projeto, no entanto, a tecnologia digital seguirá o preceito de dar prioridade a padrões abertos, livres de restrições proprietárias quanto a sua cessão, alteração ou distribuição. Ou seja, teria vantagem na negociação com o Brasil quem oferecesse sua tecnologia sem cobrar royalties.


O projeto do parlamentar tem apenas seis artigos e trata do assunto de forma mais genérica, estabelecendo princípios para a ‘introdução da tecnologia digital nos serviços de radiodifusão’. De acordo com os princípios expostos no projeto de lei, ‘as tecnologias deverão ser selecionadas de modo a aumentar o número de prestadoras por localidade, maximizar a criação de novos postos de trabalho e contribuir para o desenvolvimento da indústria cultural e de produção de equipamentos no Brasil’.


O projeto estabelece ainda que ‘nenhuma tecnologia digital poderá provocar aumento no espaço ocupado no espectro [faixas de freqüência por onde as emissoras transmitem] por uma outorgada [emissora]’. Ou seja, as emissoras não ganharam mais freqüência. Pelo projeto do deputado, as emissoras ganhariam um canal adicional temporário para introduzir a TV digital. Depois de um período de transição, a emissora devolveria o antigo canal analógico à Anatel.’


PUBLICIDADE
Adriana Mattos


Publicitários travam a batalha do creme


‘A agência DPZ, de Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza, comprou espaço na mídia para deixar claro ontem, em um anúncio publicitário, que ‘sem celebridades nem cachês milionários, só com um pimentão comprado na feira’, conseguiu levar o protetor solar Sundown à liderança de mercado. Detalhe: a marca nem faz mais parte do portfólio de clientes da empresa.


Era uma resposta à Africa, de Nizan Guanaes, que cria as campanhas da top Gisele Bündchen para a marca Nivea, e teve a iniciativa de enviar um texto aos veículos de comunicação informando que após a recente campanha da agência, a companhia ganhou mercado. Com Gisele até abril de 2007, quando o contrato com a moça deve expirar, a linha Nivea Sun vendeu R$ 13,1 milhões em novembro e dezembro contra R$ 11 milhões em mesmo período de 2004, segundo dados da ACNielsen. O Sundown passou de R$ 80,7 milhões para R$ 85 milhões, alta de 5,3%.


Chamar os holofotes para o próprio trabalho não chega a ser novidade para o setor publicitário. Nizan Guanaes já foi à TV pedir que os anunciantes venham conhecer a companhia. Colocou a mão no bolso para fazer um anúncio veiculado hoje na mídia para dizer que a Africa foi eleita ‘a melhor agência do ano’ pelo Prêmio Caboré, aquele em que o nome do vencedor é anunciado num espetáculo estilo ‘Oscar’.


Com Cannes, a mesma coisa: as agências em geral bancam campanhas para dizer qual dos prêmios levou para casa. A DM9DDB, agência do grupo Ypy, que tem como outra controlada a própria Africa, de Guanaes, fez isso. No entanto, gastar dinheiro para defender publicamente um trabalho feito no passado, como a DPZ fez ontem, é bem mais raro.


Na DPZ, que desde o verão passado não tem mais o Sundown como cliente, o anúncio publicado na mídia deixa visível a frase: ‘Onde a criatividade é que faz a diferença’. E lembra que quando tinha a conta (perdida por causa de um alinhamento global do produto) a participação de mercado do protetor solar chegou a 71%. Detalhe: quem cuida dessa conta agora é a DM9DDB, a mesma que integra o grupo Ypy, que tem como sócio Nizan Guanaes, o mesmo que tem a conta da Nivea.’


GLOBO vs. RECORD
Daniel Castro


Globo ‘blinda’ ‘JN’ contra novela da Record


‘Depois do ‘susto’ da última quarta, em que na medição prévia do Ibope o ‘Jornal Nacional’ ficou cinco minutos atrás de ‘Prova de Amor’, a Globo passou a adiar o primeiro intervalo comercial do telejornal, para coincidi-lo com o fim da novela da Record.


Na sexta passada, o primeiro bloco do ‘JN’ durou 31 minutos (o normal são 15 minutos, com o primeiro ‘break’ às 20h30). O telejornal, que tem o comercial mais caro da TV brasileira, começou às 20h14 e só ‘parou’ às 20h45 _quando ‘Prova de Amor’ já tinha acabado (20h38). No sábado, o primeiro ‘break’ do ‘JN’ só ocorreu às 20h43.


A primeira notícia do ‘JN’ na sexta foi um crime à la ‘Cidade Alerta’: a estagiária acusada de ter mandado matar duas colegas de trabalho porque queria uma vaga numa empresa. Seguiram-se mais notícias policiais e populares. Nada de política no primeiro bloco (só no último). Os blocos seguintes foram curtíssimos (um de 3min15s, outro de 2min20s e o último de 3min). O telejornal deu 29 pontos; ‘Prova de Amor’, 19.


Outra medida tomada pela Globo foi voltar, desde ontem, a exibir a novela das sete, ‘Bang Bang’, a partir das 19h20, e não mais às 19h40 (horário de início de ‘Prova de Amor’). Assim, espera que a Record também inicie e termine ‘Prova de Amor’ mais cedo, sem concorrer com o ‘JN’. Mas a tendência é a Record exibir mais novela no horário do ‘JN’.


OUTRO CANAL


Quadrado A audiência do futebol aos domingos também não tem agradado à Globo. O Campeonato Paulista, nos dois últimos domingos (com Palmeiras e Santos), só deu 16 pontos na Grande SP _a meta é no mínimo 20. Na Record, o futebol marcou cinco.


Sombrio A audiência do ‘Charme’ (SBT) no último sábado foi de amargar o fim de semana de Adriane Galisteu: apenas dois pontos. O ‘Hebe’ também não foi bem. Deu média de 4,5 pontos no Ibope e empatou, durante quase uma hora, com uma reprise do ‘Terra Sertaneja’ (Band), apresentado pelo cantor country Juliano Cezar.


Ausência Autor de ‘Belíssima’, Silvio de Abreu recebeu a notícia de que Glória Pires ficará ausente das gravações da novela durante 15 dias. A atriz, vítima de hepatite, deve voltar a trabalhar na próxima semana. Abreu respirou aliviado. O afastamento poderia ser maior.


Combinado 1 Em campanha para disputar a Presidência da República pelo PSDB, o governador Geraldo Alckmin grava hoje à tarde uma edição do ‘Superpop’, o barraqueiro programa de Luciana Gimenez na Rede TV!.


Combinado 2 Alckmin participará do ‘Vai Encarar’, quadro que costuma constranger seus participantes com perguntas sobre escândalos pessoais. Mas a edição com Alckmin foi negociada. Só haverá perguntas polêmicas sobre seus opositores.’


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Novela da Record bate ‘JN’ no Grande Rio


‘A novela ‘Prova de Amor’ (Record) liderou a audiência no Grande Rio durante 17 minutos na última quinta, superando o ‘Jornal Nacional’ (Globo). Os dados, do Ibope, são consolidados. A novela, que é ambientada na cidade, bateu o ‘JN’ por 22 pontos a 20 entre 20h15 e 20h31 (cada ponto equivale a 34 mil domicílios). Foi a primeira vez que a produção ficou à frente da Globo no Rio, sede da Globo. Na véspera, ‘Prova de Amor’ venceu o ‘JN’ durante cinco minutos na prévia do Ibope na Grande São Paulo. Mas, nos dados consolidados do instituto, houve apenas empate.’


TELEVISÃO
Fernando Bonassi


Notas para uma televisão aberta bem burra mesmo


‘Uma televisão aberta bem burra mesmo começa com o fechamento a esmo de uma concessão, ou concussão, bem esperta. Alguém estará alerta para melhorar sua condição privada, quererá alguma coisa com a coisa pública ou precisará improvisar uma tal imagem lúdica da realidade que parecerá estar brincando quando, na verdade, estará é martelando em cheio as miragens de suas veleidades nos centros dos cérebros alheios…


São as necessidades imperiosas das hostes poderosas desses empresários da desinformação. Sua especialidade? A repetição antenada de certos ideais de civilização que enfim concretizarão a tão sonhada democracia de ocasião para as suas minorias. Claro que todos os demais cidadãos excluídos dessa transmissão ‘aos vivos’ poderão espernear ou reclamar com os bispos, mas há tantos compromissos mixos, micos orçamentários, burocracias de cartórios hereditários, pressões de noticiários arranjados, pronomes pessoais e sobrenomes especiais que se entupirão as torres de reprodução, impedindo a contestação circunstancial e gerando a cadeia (ou penitenciária) nacional da estupidificação.


Os processos de discussão da democratização poderão durar anos a mais do que uma daquelas novelas muito ruins, ou aquelas mais ou menos boas o suficiente para serem esticadas até romperem a passividade das salas de jantares. No que diz respeito aos empreendedores dessas relações de poder, os agregados que ajudarão a eleger preservarão os seus direitos adquiridos, com os dinheiros dos subsídios e demais empréstimos camaradas. Do outro lado dessa ‘parceria’ (ou palhaçada), uns negócios como esses criarão assim um telemercado de telecorrupção, em que até os teleguiados governos transitórios de oposição atirarão nos próprios pés, sendo devorados pela fé nos monstros que adularão e patrocinarão.


Como uma televisão bem burra, desde o início, agirá como tal, bem ou mal todo o processo de sua realização sofrerá a coerção imoral da indigência: os entrevistadores serão tão amigos dos entrevistados que as perguntas serão elogios recorrentes e as respostas conterão propostas indecentes; a chamada ‘grande história’ será um tipo de memória antiga, difusa e confusa, com personagens tão patéticos de éticos que se tornarão caquéticos de fazer rir, de forma que os contadores de piadas sem graça confundirão a comédia desgraçada dos acontecimentos.


Uma televisão bem burra se comportará como uma espécie de assessoria de imprensa de quem é notícia, já que as novidades que a imprensa apura nem sempre são o que mais ajuda, ou compensa, para a prosperidade e para a recompensa dos anunciantes.


Em casos beligerantes, uma televisão bem burra usará carros blindados e repórteres embutidos, como insetos escondidos nos fundilhos dos uniformes militares.


Uma televisão bem burra será religiosa e fundamentalista, preferindo as danações masoquistas e doações esquisitas dos padres e pastores aos devidos recibos registrados dos impostos coletados. Uma televisão bem burra sempre chamará de censura a sua falta de idéias, preferirá o normal ao diferente, o idiota ao surpreendente e o oficial ao moral, mantendo uma casta de estrelas bacanas, empregadas para se coçarem e aparecerem a peso de ouro, enquanto os touros empregados como otários de temporada serão os encarregados de levar a facada de fazer tudo por um nada de salário.


Numa televisão bem burra, as pesquisas de opinião opinarão mais do que a questão que as pesquisas investigarão, as histórias de amor serão comuns e tão vulgares que não se diferenciarão os programas protocolares com atrizes das garotas meretrizes de programas espetaculares.


Uma televisão bem burra acabará com toda a influência contraditória, pois sua concepção masturbatória de comunicação incluirá a multiplicação da audiência com a sistemática subtração da concorrência. Uma televisão bem burra, mas bem burra mesmo, concentrará a sua ingerência na criação, desenvolvimento, distribuição e exibição, deixando uma legião de produtores independentes locais de prato na mão e com fama de marginais culturais, enganadores venais e vagabundos audiovisuais.


Só mesmo o tal do jornalismo de fundo investigativo será mais provocativo em sua ficção superficial, estimulando a consumação final de mais e mais atos de mesmice consensual.


Quanto à criancice, as crianças serão educadas nos intervalos, pelos reclames estonteantes dos publicitários deslumbrados.


Aliás, a coragem da encenação dos diretores só será proporcional à ousadia dos vendedores de programação, ou ‘executivos de marketing’, como queiram. Numa televisão bem burra que se preza, os cenógrafos sempre serão mais importantes que os escritores, os escritores mais domesticados que os apresentadores, os apresentadores mais sensacionalistas que os estilistas, os estilistas mais influentes que os editores, os editores mais covardes que os pesquisadores e os maquiadores mais preparados que os atores.


Quanto aos telespectadores, cada um terá a televisão que merece, ou agüenta. Uma televisão aberta bem burra haverá de fazer do país a sua imagem e semelhança, nos livrando de todo o mal original da inteligência e da esperança no exercício da consciência para a verdadeira democracia.


Amém.’


CASO CHATÔ
Silvana Arantes


Fontes rejeita devolver R$ 30 mi por ‘Chatô’


‘O ator Guilherme Fontes refutou ontem a cobrança de R$ 30 milhões endereçada a ele pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), como ressarcimento ao Estado pelo uso de dinheiro público na produção do filme ‘Chatô’.


Em carta-cobrança enviada a Fontes em dezembro passado, a Ancine estabelecera 30 dias de prazo para que ele recolhesse o valor aos cofres públicos ou apresentasse o filme concluído.


Em carta protocolada ontem na Ancine, Fontes classifica a cobrança de ‘indevida’ e reitera seu pedido ao órgão para que renove o prazo de captação do orçamento que falta à conclusão do filme.


‘Chatô’ permanece inacabado desde 1999, quando suas filmagens foram interrompidas, sob suspeitas de irregularidade levantadas pelo MinC (Ministério da Cultura). O MinC havia autorizado o ator a captar R$ 12 milhões para a produção do filme, com benefício das leis de renúncia fiscal (Rouanet e do Audiovisual).


O TCU (Tribunal de Contas da União) inocentou Fontes das suspeitas de fraude depois de analisar sua prestação de contas. Em 2001, além de concluir que não havia desvios no uso do dinheiro, o TCU determinou ao MinC que renovasse os prazos para que Fontes captasse o restante de seu orçamento previsto. O ator havia reunido até ali R$ 8,5 milhões dos R$ 12 milhões autorizados.


Alberto Daudt, advogado de Fontes, afirma que a carta-cobrança da Ancine é ‘uma retaliação’ ao mandado de segurança com o qual ele tentou obrigar a agência, no ano passado, a renovar o prazo de captação para Fontes. A agência afirmou que não comentaria a declaração.


Segundo a assessoria da Ancine, a carta protocolada ontem por Fontes foi encaminhada à procuradoria da agência, ‘que fará o encaminhamento cabível’.


Daudt diz que estuda entrar com ação criminal contra a diretoria da Ancine, por prevaricação. Segundo o advogado, a agência agiu em desacordo com suas próprias normas, porque não calculou devidamente o valor da cobrança e enviou-a a Fontes sem lhe dar o direito de defesa.


‘Erraram feio ao me fazer essa cobrança’, diz Fontes, que afirma estar se ‘organizando para concluir o filme’. ‘Mas ainda estou refém desses caras [a diretoria da Ancine]. Eles me seqüestraram.’’


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O Globo


Terça-feira, 24 de janeiro de 2006


POLÍTICA CULTURAL
Orlando Senna


O renascimento do cinema nacional


‘Após a blitzkrieg Collor contra a atividade cinematográfica do país, quando a produção baixou a quase zero, o processo de recuperação está dando seus frutos: em 2005 foram lançados 51 filmes nacionais, ocupando 14% do mercado exibidor (a ocupação saltou de 6% para 22% em 2003 e estabilizou-se em 14% em 2004 e 2005). Neste início de ano, cerca de 130 filmes longos e 500 filmes curtos estão sendo realizados e estão apontados na Ancine mais de 60 lançamentos de filmes longos em 2006.


O processo foi acelerado no governo Lula, que aumentou em mais de 100% o investimento na atividade (em comparação com o governo anterior), estendeu os benefícios a todo o território nacional, concedeu fomento à distribuição, trabalha na ampliação das relações econômicas e operacionais da televisão com o cinema, está criando canais de exportação e propôs ao setor e à sociedade a adoção de um novo marco regulatório para a atividade audiovisual.


Uma política audiovisual inserida na prática do capitalismo democrático, cujos suportes são a diversidade cultural e a pluralidade empresarial. Aí se inclui o investimento e/ou ações governamentais em todos os aspectos culturais, sociais, geográficos e financeiros da atividade, visando à ampliação dos mercados nacional e internacional para os produtos brasileiros.


Uma política de mercado que, embora ainda tenha muito o que ser feito, já resultou em substancial aumento de bilheteria dos filmes nacionais nos últimos três anos e de sucessos comerciais marcantes, com vários filmes alcançando mais de 3 milhões de espectadores (‘Dois filhos de Francisco’, 6 milhões de espectadores, superou os blockbusters de Hollywood). São os melhores resultados do cinema brasileiro em três décadas e, de acordo com críticos e espectadores, a safra de melhor qualidade artística desde o Cinema Novo.


Um programa de governo com essa dimensão naturalmente suscita resistências e disputas em uma atividade essencialmente dependente da ação do Estado, já que provoca uma reacomodação dos atores de mercado, incorporando novos participantes e realinhando os modelos de negócio.


ORLANDO SENNA é cineasta e secretário para o Desenvolvimento das Artes Audiovisuais do Ministério da Cultura.’


ELEIÇÕES 2006
Ilimar Franco


Pesquisas: fora do foco da crise, Lula é avaliado pelas ações de governo


‘Os especialistas em pesquisas de intenções de voto avaliam que pode estar em curso um movimento de recuperação da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo, o que justificaria o resultado da última pesquisa Ibope/Isto É. Em relação à pesquisa CNI/Ibope, de dezembro, a diretora do instituto, Márcia Cavallari, afirmou que o presidente Lula teve um crescimento significativo na região Nordeste, entre os eleitores homens, os de menor renda familiar e os de baixo grau de instrução. Mas além do crescimento de Lula, Márcia aponta a redução das intenções de voto no candidato melhor colocado do PSDB, o prefeito José Serra.


– A pesquisa mostra dois movimentos. A recuperação do presidente Lula e o esvaziamento das intenções de voto em Serra – avalia Márcia.


Para a pesquisadora, o crescimento de Lula pode ser explicado como sendo o resultado da campanha publicitária de prestação de contas das ações de governo, da entrevista que o presidente concedeu ao programa ‘Fantástico’, da TV Globo, e também ao fato de o foco da crise política ter se deslocado do Executivo para o Congresso por causa da convocação extraordinária. Quanto à queda de Serra, ela diz que o desempenho do tucano pode ter sido resultado de uma ‘bolha’ provocada pelas inserções nacionais e redes nacionais e estaduais de rádio e televisão que o PSDB e a oposição tiveram naquele período. Em novembro, foram ao ar em rede nacional de televisão os programas do PSDB, dia 24, do PFL, dia oito, e do PDT, dia 17, sendo que os tucanos tiveram oito dias de inserções nacionais. O PFL contou com uma rede estadual no dia 24, e o PT no dia 21:


– Serra teve uma bolha momentânea, mas seus índices voltaram ao patamar de setembro.


‘Não há mais a comoção do início da crise’


O presidente do instituto Sensus, Ricardo Guedes, cuja pesquisa CNT/Sensus será divulgada na primeira quinzena de fevereiro, avalia que o crescimento de Lula se deve ao fato de ter passado o susto provocado pelas denúncias de que há corrupção no governo petista. Os eleitores também estariam prestando atenção nas realizações do governo Lula. Guedes chamou a atenção para a rejeição de 30% do presidente, que considera elevada. Na pesquisa CNT/Sensus, de novembro, a rejeição, medida em pergunta individual, foi de 47%, sendo que a rejeição medida pelo Ibope foi feita no sistema de lista, na qual o pesquisado opta por exclusão diante de várias alternativas.


– Não há mais a comoção do início da crise. O eleitor está mais racional e está avaliando o que cada um fez. E o governo tem realizações no social, na economia e que podem ter colaborado na sua recuperação – acha.


A pesquisa Ibope/Isto É mostra, tanto no cenário em que o adversário é Serra quanto no que é o governador Geraldo Alckmin, que as intenções de voto de Lula são superiores à sua média entre os homens, entre os que têm escolaridade até a oitava série, nos municípios de até 100 mil habitantes, entre os que ganham até cinco salários-mínimos e no Nordeste.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 24 de janeiro de 2006


IBOPE & GAROTINHO
O Estado de S. Paulo


‘IstoÉ’: 2.º turno não tem interesse jornalístico


‘A revista IstoÉ alegou ontem ter omitido os números do segundo turno presidencial apurados na última pesquisa Ibope por considerar que os dados não têm valor jornalístico. À TV Globo, que divulgou parte do levantamento na quinta-feira, a revista informara que não havia incluído o 2.º turno no levantamento encomendado ao instituto. ‘A revista não iria revelar algo que ela mesma não publicaria’, disse o redator-chefe da IstoÉ, Mário Simas Filho. ‘Hoje, dados sobre o 2.º turno são mera especulação.’ As perguntas específicas sobre Anthony Garotinho (PMDB), feitas pelo Ibope a 2002 entrevistados, servirão de base para uma entrevista a ser agendada com o ex-governador do Rio e não seriam publicadas, afirmou. Ele negou que Garotinho esteja por trás dos R$ 126 mil pagos ao Ibope e declarou que devem ser encomendados outros levantamentos com perguntas sobre os demais pré-candidatos.’


TV DIGITAL
Gerusa Marques


EUA ainda tentam vender sua TV digital


‘Os Estados Unidos vão oferecer ao Brasil contrapartidas comerciais e financeiras para convencer o governo a adotar o padrão norte-americano de TV digital. ‘As principais vantagens são maior possibilidade de exportação e custo mais baixo’, afirmou Robert Graves, presidente do Fórum ATSC, representante do padrão americano de TV digital. Ele assegura que o padrão americano poderá, a partir de junho, oferecer mobilidade – possibilidade de a TV digital funcionar em aparelhos em movimento -, um dos requisitos exigidos pelo Brasil para a escolha da tecnologia.


A falta de mobilidade levou técnicos brasileiros a recomendar a eliminação do padrão americano. Outros critérios exigidos são a interatividade, que permitirá, por exemplo, comprar produtos pela TV, e a possibilidade de transmitir imagens em definição padrão ou alta.


‘Estamos tentando explicar que a impressão de que a mobilidade está funcionando em outros sistemas não é verdade. O pacote completo do ATSC é melhor’, afirmou Graves, em sua apresentação à imprensa.


Além da americana, estão no páreo as tecnologias européia e japonesa – esta com a simpatia do ministro das Comunicações, Hélio Costa.


O ATSC acena com a possibilidade de o Brasil ter ganhos de escala, pois a parceria com os EUA permitiria que empresas nacionais desenvolvessem aplicativos de mobilidade e interatividade. O Brasil poderia produzir também televisores tanto para o mercado interno quanto para países que já utilizam a tecnologia, como EUA, Canadá e México.


Graves crê que a decisão do Brasil seria seguida pelos países vizinhos, criando um mercado maior para o sistema, o que resultaria em produtos mais baratos. A previsão é que só nos EUA sejam vendidos 34 milhões de televisores digitais em 2007 e 152 milhões em 2009.


Ele chama a atenção para o fato de os EUA não produzirem esses aparelhos. ‘Se o Brasil adotar o padrão japonês, é difícil ver a possibilidade de exportação’, observou. Ele destaca ainda vantagens técnicas do ATSC, como a robustez do sinal e a capacidade de cobertura, o que dificulta a perda do sinal.


Entre as contrapartidas oferecidas estariam também investimentos de US$ 150 milhões em projetos de inclusão digital no Brasil, com recursos da Overseas Private Investment Corporation (Opic ), agência de fomento do governo.


Além disso, o Eximbank americano disponibilizará uma linha de crédito, com juros de 3% a 4% ao ano, para a compra de equipamentos pelas emissoras brasileiras. Segundo ele, a preferência das emissoras pelo sistema japonês vem principalmente da Globo.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Pantanal é da Globo. E agora?


‘Que a Globo comprou os direitos de Pantanal, já é fato. O problema agora é o que vai fazer com a trama de Benedito Ruy Barbosa que assombrou sua audiência em 1990, quando foi ao ar na Manchete em versão desacreditada. O autor, que até Pantanal só escrevia tramas para o horário das 6 da Globo, quer uma nova versão da história na líder. A Globo não.


Benedito sonha em recontar a história com mais dinheiro para a produção e usando recursos tecnológicos. Dos planos da emissora passa longe a idéia de fazer um remake daquela que revolucionou a maneira de se fazer novelas. Antes de Pantanal, apenas 10% das cenas das tramas eram feitas em externas. Atualmente há folhetins que chegam a ter 40% de suas cenas gravadas fora dos estúdios.


Além de um formato novo, Pantanal praticamente triplicou a audiência da extinta Manchete fazendo com que ela roubasse pontos preciosos da Globo no horário.


Se não foi para fazer um remake, por que então a Globo comprou os direitos da trama?


A rede diz que é para Benedito reaproveitar elementos de Pantanal em outras novelas suas. Mas o autor não quer isso. Quer fazer um remake e ponto final.


O mais provável é que, com o crescimento da Record na produção de novelas, as investidas do SBT e a tentativa da Band de voltar a produzir teledramaturgia, a Globo tenha apenas se apressado para manter sob os seus domínios uma história tão interessante.


A saga da família Leôncio, que se transformava em uma das grandes criadoras de gado da região pantaneira sul-mato-grossense, tinha ficado oito anos na gaveta da Globo antes de ser comprada pela Manchete. Ao que tudo indica, voltará para a gaveta.’


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