Tuesday, 30 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jamil Chade

‘O governo brasileiro abandona temporariamente a estratégia de pedir a liberalização dos mercados estrangeiros para os produtos audiovisuais do País nas negociações comerciais internacionais, como na Organização Mundial do Comércio (OMC). A atitude, no entanto, não esbarra no trabalho que vem sendo feito pelo Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, para a busca de novos mercados. A questão é a ampliação de cotas para produtos estrangeiros nos países ricos, briga que o Brasil também vem travando em outras áreas, caso do agrobusiness – algodão e açúcar, por exemplo.

Durante a última década, o País insistiu na inclusão da liberalização dos serviços audiovisuais na agenda das negociações comerciais como forma de promover as exportações de telenovelas e filmes, especialmente para o mercado europeu.

Agora, com debate da criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav) e levando em conta a questão da diversidade cultural, o governo admite que está dando uma pausa e revendo o tema na agenda da OMC. Nas negociações para a criação de uma área de livre comércio entre o Mercosul e a Europa, o tema já foi retirado da agenda.

O Itamaraty sustenta que o tema da liberalização do comércio de audiovisuais não foi completamente rejeitado, mas que será dado um tempo até que as questões internas no País sobre o debate do audiovisual sejam resolvidas. Diplomatas brasileiros admitem, porém, que essa pausa significa adiar o debate na OMC e provavelmente não incluir o tema na agenda da atual rodada de negociações, planejada para ter resultados a partir de 2007.

Outro argumento seria o de que o País gostaria de esperar uma definição da Unesco referente ao tratamento que deve ser dado a produtos culturais. Mas, em Brasília, negociadores reconhecem que o motivo da exclusão do tema da agenda também é defensivo. O Brasil não quer solicitar que os mercados de outros países sejam abertos para que não acabe obrigado também a abrir ainda mais seu próprio mercado para produções estrangeiras. ‘O setor de audiovisuais era um dos poucos nas negociações de serviços onde tínhamos claros objetivos ofensivos’, reconheceu um funcionário do governo.

Curiosamente, o País está envolvido na promoção de uma conferência internacional que ocorrerá na Bahia, em abril, e que tem como objetivo formular estratégias para a exportação de outros bens culturais, como música e artesanato. A ONU está dando seu apoio ao governo nesse projeto e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, recentemente fez uma visita a Genebra para fechar os detalhes da organização do evento.

A ONU, porém, estima que o Brasil teria um importante potencial exportador de produtos audiovisuais e acredita que esse deve ser um setor a ser explorado. Mesmo com as barreiras impostas na Europa, as novelas brasileiras continuam sendo um sucesso. Um canal suíço mostra neste momento em seu horário nobre a novela Anjo Mau, de 1997, com Glória Pires. No Kosovo, há poucos anos, a novela Terra Nostra teve grande repercussão. Dados apresentados pela ONU indicam que o Brasil exporta US$ 200 milhões por ano em programas de TV, o que representa 30 mil horas de transmissão.’



IMPRENSA OFICIAL
Agência Câmara de Notícias

‘TV Câmara muda a partir desta segunda’, copyright Agência Câmara de Notícias (www.camara.gov.br), 11/02/2005

‘A TV Câmara, criada há sete anos para divulgar o trabalho parlamentar à sociedade, vai inaugurar nova fase. Nesta segunda-feira (14), às 18 horas, no Salão Negro do Congresso, o presidente João Paulo Cunha e o secretário de Comunicação Social da Casa, Márcio Araújo, apresentam a nova emissora e abrem à visitação uma exposição de 9 dos 16 novos cenários.

A mudança inclui nova grade de programação, cenários e vinhetas para antigos e novos programas. ‘Estamos dando um salto qualitativo de técnica e conteúdo’, explica a diretora da emissora, Sueli Navarro. ‘A TV Câmara participa da construção da cidadania do povo brasileiro, levando a informação real do que acontece no Plenário, nas comissões e nos corredores da Casa’.

Novo visual

A criação dos novos cenários foi entregue ao designer Ucho Carvalho, que trabalhou seis meses na criação de toda a concepção cenográfica dos programas, do auditório com 106 lugares e da nova redação de jornalismo, que ficará pronta no segundo semestre deste ano. ‘A transparência foi o ponto de partida para criar a imagem visual da TV Câmara, já que esse é um canal porta-voz das grandes decisões nacionais’, explica Carvalho, responsável pelos cenários de programas conhecidos em emissoras privadas de TV. Para executar as idéias do designer, foi convidado o artista plástico Wagner Hermuche, conhecido por seus projetos para o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Teatro Municipal do Rio de Janeiro e pela iluminação do sambódromo. ‘Procurei misturar materiais modernos, como policarbonato e alumínio, com madeiras nobres’, explicou Hermuche. ‘Além disso, usei painéis fotográficos, que, aliados à computação gráfica criada pela empresa brasiliense Mister Grafix, resultou em cenários diversificados, unindo a modernidade e a sobriedade que uma TV pública deve transmitir’.

Já o projeto de iluminação ficou a cargo de Peter Gasper, cuja equipe de 20 pessoas trabalhou na confecção dos detalhes visuais dos cenários. Mudanças na grade Uma das principais mudanças na grade de programação é o aumento do número de telejornais, a cargo do Núcleo de Jornalismo. As edições diárias, que atualmente são três, passarão para quatro, sendo três ao vivo e uma gravada. No mesmo núcleo, será lançado o programa ‘Bastidores’, que irá revelar para os cidadãos comuns detalhes desconhecidos das grandes votações da Casa. No Núcleo de Programas e Entrevistas, a novidade mais esperada é o ‘Câmara Ligada’, um programa de auditório onde o público jovem participará formulando perguntas a parlamentares convidados.

O terceiro núcleo – de Vídeos Especiais – é responsável por programas de caráter cultural, histórico e artístico e em 2004 recebeu o prêmio Wladmir Herzog pelo documentário ‘Florestan Fernandes- O Mestre’ e pela série ‘Contos da Resistência’. Entre os novos programas está ‘Brasileiros’, que conta com a parceria da Fundação Banco do Brasil e vai mostrar personagens comuns que se destacam pelos trabalhos que desenvolvem em suas comunidades. A emissora conta ainda com um Núcleo de Programação e com um arquivo de mais de 20 mil horas de gravação das atividades do Plenário e das comissões; e de três mil horas de imagens depositadas em banco de dados. A gestão do setor tecnológico e de equipamentos cabe à Infratec, que está implantando um dos sistemas de TV mais modernos do Brasil, totalmente digitalizado e com um servidor de vídeo que permite ao jornalista que está na redação assistir e editar em seu computador as imagens gravadas na rua.’